Por Emily Earlenbaugh/Cannigma
04 DEZ 2020 - A cannabis interage diretamente com um sistema em nosso corpo que ajuda a regular nossas respostas imunológicas e sabemos que pode ser útil no tratamento de doenças autoimunes.
Substâncias presentes na planta de cannabis como o THC (tetraidrocanabinol) e o CBD (canabidiol), chamados de canabinoides, interagem diretamente com o sistema endocanabinoide do corpo. Esses compostos imitam substâncias químicas naturais que o corpo produz, as quais podem desencadear uma ampla variedade de efeitos em funções como sono, fome, dor e humor.
Parte do papel do sistema endocanabinoide é manter a homeostase ou o equilíbrio do sistema imunológico. Embora a literatura contenha algumas contradições sobre como exatamente isso funciona, geralmente é considerado um “guardião” do sistema imunológico – evitando que ele cause respostas inflamatórias avassaladoras.
A supressão do sistema imunológico pode tornar os canabinóides úteis em condições em que as respostas imunológicas se voltam contra o próprio corpo do paciente. Na verdade, muitas doenças autoimunes, como artrite reumatóide, esclerose múltipla e diabetes, já foram associadas à desregulação do sistema endocanabinóide.
Ainda assim, em casos de infecção por patógenos, os pesquisadores alertam que esses efeitos imunossupressores podem ser problemáticos – suprimindo as respostas imunológicas naturais e necessárias do corpo.
Pesquisa sobre cannabis para a saúde imunológica
Além de tratar doenças autoimunes, suprimir as respostas imunológicas pode, em algumas outras situações, ser desejável ao lidar com certas infecções. Quando sob ataque de uma infecção, nosso corpo às vezes entra em sepse – produzindo uma resposta inflamatória sistêmica que pode levar à morte. Reduzir essa resposta pode salvar vidas.
Pesquisas em animais mostram que estimular os receptores endocanabinoides com canabinoides, como os da cannabis, pode reduzir a inflamação relacionada à infecção, em alguns casos também reduzindo a taxa geral de mortalidade. Alguns estudos também mostraram que melhorou a recuperação de infecções como a malária.
Em outros experimentos com animais, a redução da estimulação desses mesmos receptores levou ao aumento da sobrevivência à infecção. E, em alguns experimentos, a estimulação desses receptores diminuiu a resposta imunológica contra infecções como candida, legionella pneumophila e influenza.
Esses estudos em animais apresentam um quadro um tanto conflituoso, e os estudos em humanos têm sido extremamente limitados.
Benefícios e danos potenciais
Curiosamente, apesar dos dados de estudos em animais, os primeiros estudos em humanos duplo-cegos e controlados por placebo não encontraram alterações imunológicas observadas com o uso de THC. Mais tarde, porém, alguns efeitos imunossupressores foram encontrados na pesquisa em humanos. Notavelmente, porém, no mesmo estudo, esse efeito foi revertido em dois pacientes que tiveram exposição de longo prazo à cannabis. Portanto, é possível que os efeitos de longo prazo da cannabis sejam diferentes do uso agudo no que diz respeito à resposta imunológica.
Ainda assim, embora os pesquisadores tenham encontrado diferenças imunológicas em humanos devido ao uso de cannabis, eles não confirmaram que essas alterações tornam os usuários de cannabis mais suscetíveis à infecção.
Portanto, embora de certa forma os canabinoides sejam promissores no tratamento de infecções virais (como a redução da sepse), eles também podem representar riscos, como suprimir as respostas imunológicas necessárias.
Os pesquisadores relatam que os canabinoides têm potencial como tratamentos para doenças infecciosas, mas dizem que são necessárias mais pesquisas para aprender exatamente como usá-los de uma forma que garanta que eles estão ajudando e não prejudicando nossas chances contra uma infecção. Fonte: ABRACE.
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