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quarta-feira, 10 de abril de 2024

Pesquisa investiga relação de fungos e leveduras com Parkinson

Estudo conclui que organismos podem desempenhar papel-chave na origem e na evolução da doença

09 ABR 2024 - Não é por mero acaso que o intestino também é chamado de “segundo cérebro”. Mais do que uma simples metáfora, essa designação reflete a importância do sistema digestivo para o bem-estar geral do organismo. Além de absorver nutrientes e eliminar resíduos, esse órgão abriga a segunda maior quantidade de neurônios do corpo humano, conta com uma vasta comunidade de microrganismos e mantém uma intricada rede de comunicação com o sistema nervoso central (SNC). O intestino está diretamente relacionado com o surgimento de transtornos de humor e cognição e de doenças neuropsiquiátricas.

Uma pesquisa realizada recentemente na Unicamp concluiu que fungos e leveduras presentes na microbiota intestinal – o conjunto de microrganismos que habitam o intestino – podem desempenhar um papel-chave na origem e evolução de uma dessas doenças, o Parkinson. Os achados resultaram de uma revisão bibliográfica conduzida pelo biólogo Dionísio Pedro Amorim Neto, doutorando da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), e foram publicados no periódico Fungal Biology Reviews.

Foto do biólogo Dionísio Pedro Amorim Neto / O biólogo Dionísio Pedro Amorim Neto: debruçando-se sobre mais de cem estudos

Em seu doutorado, o cientista investiga a ação de bactérias e leveduras que participam da fermentação do café. Alguns estudos já apontaram que o consumo regular dessa bebida reduz a propensão das pessoas a desenvolverem Parkinson. A hipótese é de que, além da cafeína, também contribuem para esse efeito os microrganismos presentes na fermentação do café. A maioria das pesquisas sobre o tema, no entanto, investigou apenas a relação das bactérias intestinais com a doença, deixando de lado vírus, fungos etc. O objetivo de Amorim, a partir dessa constatação, é propor um modelo de triagem capaz de selecionar as leveduras responsáveis por proteger o organismo contra o Parkinson.

“Eu lia e relia artigos nas bases de dados e nunca encontrava nada sobre a relação de fungos e leveduras com o Parkinson”, comenta o autor. “No entanto, quando a gente olha para outras doenças neurodegenerativas, como a esclerose múltipla ou a síndrome amiotrófica lateral, os fungos intestinais desempenham um papel. Isso nos leva a crer que o mesmo acontece com o Parkinson, que também implica processos como neurodegeneração, neuroinflamação e estresse oxidativo. Sendo assim, eu propus ao meu orientador verificar o estado da arte das pesquisas sobre o tema”, relata o pesquisador, orientado pelo docente Anderson de Souza Sant’Ana, coordenador do Laboratório de Microbiologia Quantitativa de Alimentos (LMQA) da FEA.

Em busca dos resultados almejados, o autor debruçou-se sobre mais de cem estudos publicados nas principais bases de dados científicos do mundo. Em um primeiro momento, avaliou artigos publicados sobre bactérias para entender o que já se sabia sobre o tema. Em seguida, realizou pesquisas que associassem as palavras-chave obtidas nas pesquisas sobre bactérias com os termos “fungos” e/ou “leveduras”. Os achados sugerem que fungos e leveduras, ou seus metabólitos secundários, poderiam tanto proteger dos como induzir os principais sintomas clínicos do Parkinson. Sugerem, ainda, que os fungos funcionariam como uma peça-chave na etiologia – causas e origens – dessa doença.

Achados

Embora se desconheça a causa exata do Parkinson, sabe-se que entre 85% e 90% dos casos são esporádicos, ou seja, causados por uma combinação de fatores ambientais como exposição a infecções e a poluentes, dieta e danos cerebrais. Contudo, nos últimos anos, diversos estudos vêm apontando conexões entre o intestino e o cérebro como um importante fator no caso de doenças neurodegenerativas, havendo alguns caminhos possíveis para explicar essa relação.

De acordo com Amorim, um desses caminhos consiste na hipótese de que alguns metabólitos produzidos pelos microrganismos intestinais caiam na corrente sanguínea e cheguem até o cérebro. Uma segunda sugere ser determinante o contato desses metabólitos com as células do epitélio intestinal. “Porque eles vão estar muito próximos do intestino, vão estimular essas células que, por sua vez, vão estimular os neurônios ali presentes. Porém uma terceira opção é a possibilidade de, estimuladas, as células neuroendócrinas, que têm propriedades de células intestinais e de neurônios, se conectarem ao nervo vago e acarretarem a doença”, explica.

Foto do professor Anderson de Souza Sant’Ana / O professor Anderson de Souza Sant’Ana, coordenador do LMQA e orientador da pequisa

Durante a investigação, o autor conseguiu encontrar semelhanças entre a ação de bactérias e de fungos no eixo intestino-cérebro quando se trata da doença de Parkinson. Por exemplo, pesquisas já comprovaram que bactérias são capazes de inibir o estresse oxidativo – que ocorre quando os níveis de antioxidantes no corpo encontram-se abaixo do desejado – e o processo inflamatório intestinal e neuronal. Resultados semelhantes foram observados em estudos com fungos probióticos em modelos de síndrome do intestino irritável e depressão. Ao mesmo tempo, extratos de fungos filamentosos capazes de induzir o estresse oxidativo e matar linhagens de neurônios em laboratórios – fatores associados ao Parkinson – também foram observados em alguns levantamentos. Tais indícios levaram os pesquisadores à hipótese de que os fungos intestinais desempenham um papel relevante na doença de Parkinson.

Segundo o doutorando, “já foi demonstrado que algumas espécies do gênero Candida encontram-se em maior número no intestino de pacientes com a doença de Parkinson. Então, a alteração da composição intestinal no caso desses microrganismos, chamada de disbiose, pode influenciar o curso da doença. Algumas micotoxinas também podem induzir a morte neuronal e o aumento da expressão da alfa-sinucleína, a principal proteína relacionada à doença de Parkinson. De outro lado, o intestino também tem as leveduras com ação probiótica, que podem ter efeitos benéficos”.

Apesar dos resultados promissores de sua pesquisa, Amorim alerta haver ainda uma grande lacuna nos estudos sobre a relação das leveduras com o Parkinson, o que impossibilita estabelecer uma visão geral sobre o tema. Para se ter uma ideia, são conhecidos apenas quatro estudos em todo o mundo investigando a composição fúngica do intestino de pacientes com Parkinson. E esses trabalhos possuem resultados e abordagens metodológicas bastante divergentes.

“No artigo, enfatizei o que ainda não sabemos. A gente não sabe qual é a interação dos fungos com as bactérias, por exemplo. Ninguém pegou um fungo, aplicou um modelo e verificou se ele ficou doente. Então, ainda há muito trabalho de pesquisa a ser realizado e parte dessa investigação será feita durante meu doutorado”, finaliza.

Matéria publicada originalmente no Jornal da Unicamp. Fonte: Unicamp.

terça-feira, 5 de março de 2024

Microbiota intestinal e a intrínseca relação com a Doença de Parkinson

2024-03-04 - Introdução: A microbiota intestinal possui um papel significativo no desenvolvimento e na homeostase de diferentes sistemas do corpo, incluindo o sistema nervoso central (SNC). A disbiose intestinal pode desempenhar um papel importante no desenvolvimento da doença de Parkinson (DP).

Objetivos: Analisar a relação da microbiota intestinal com a doença de Parkinson, bem como avaliar o uso de probióticos como terapia.

Metodologia: Trata-se de uma revisão narrativa realizada em bases de dados científicos digitais National Libary of Medicine (NLM) utilizando os descritores (DeCS/MeSH) utilizados, por sua vez, foram "Dysbiosis", "Parkinson Disease", "probiotics" e “gastrointestinal microbiome”. Esse processo foi composto por quatro etapas: identificação, seleção, elegibilidade e inclusão.

Resultados: Pacientes com DP frequentemente apresentam disbiose intestinal. Ela está envolvida na secreção de ácidos graxos de cadeia curta e moduladores neuroinflamatórios como, dopamina, serotonina e GABA. Além disso, tem indício da relação nos corpos de Lewy. Nesse sentido, o uso de probióticos mostrou redução pontos positivos no tratamento, redução de sintomas e até prevenção da DP.

Conclusão: A disbiose intestinal representa um fator de risco no desenvolvimento da DP e o uso de probióticos pode ser uma alternativa terapêutica. Fonte: Ojs brazilianjournals.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

O papel da microbiota intestinal e da dieta como fatores moduladores no curso das doenças de Alzheimer e Parkinson

(Este artigo pertence à Edição Especial Dieta e Eixo Microbiota-Intestino-Cérebro em Doenças Neurodegenerativas)

19 January 2024 - Resumo

Muitos pesquisadores propõem a manipulação da microbiota para prevenir e tratar doenças relacionadas. O eixo cérebro-intestino é um objeto que continua sendo alvo de pesquisas modernas, e não é sem razão que muitos pesquisadores o enriquecem com microbiota e dieta em seu nome. Numerosas conexões e correlações mútuas tornaram-se a base para a busca de respostas para muitas questões relacionadas à patologia e também à fisiologia humana. Distúrbios dessa homeostase, bem como a própria disbiose, acompanham doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson. Fortemente dependente de fatores externos, a modulação do microbioma intestinal representa uma oportunidade para avançar no tratamento de doenças neurodegenerativas. Intervenções probióticas, intervenções simbióticas ou transplante fecal podem, sem dúvida, apoiar o processo bioterapêutico. Um papel especial é desempenhado pela dieta, que fornece metabólitos que afetam diretamente o corpo e a microbiota. Uma visão holística do organismo humano é, portanto, essencial. Original em inglês, tradução Google, revisão Hugo. Fonte: Mdpi.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Novas evidências sugerem ligação entre a saúde intestinal e a doença de Parkinson

DECEMBER 12, 2023 - Embora estudos anteriores sugiram que a doença de Parkinson começa no intestino e se espalha para o cérebro, ainda não se sabe como o processo ocorre. Agora, um estudo pré-clínico liderado por pesquisadores da Duke Health fornece novas evidências que reforçam a conexão intestino-cérebro.

Reportando em 8 de dezembro na revista JCI Insight, a equipe descreve um processo no qual uma proteína encontrada no intestino chamada alfa-sinucleína (⍺-sinucleína) viaja através do sistema nervoso e atinge nervos suscetíveis no cérebro.

“É quando as proteínas alfa-sinucleína são corrompidas que este sistema de transporte se torna um problema”, disse o autor sênior Rodger Liddle, M.D., professor do Departamento de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade Duke. “Se estiverem corrompidos no intestino e depois forem capazes de se espalhar para o cérebro, podem formar aglomerados conhecidos como corpos de Lewy, que são a marca registrada da doença de Parkinson e de outras formas de demência”.

A doença de Parkinson é uma doença degenerativa de longa duração que prejudica os movimentos voluntários. Estima-se que até 10 milhões de pessoas em todo o mundo vivam com a doença.

Há evidências crescentes de que o intestino desempenha um papel no desenvolvimento do Parkinson. Uma pista é que os sintomas gastrointestinais, como a constipação, geralmente ocorrem antes do declínio das habilidades motoras.

Liddle e colegas concentraram-se em células especializadas que revestem o intestino, chamadas células enteroendócrinas. Essas células reagem ao ambiente e detectam substâncias tóxicas como herbicidas e pesticidas no intestino; eles também abrigam ⍺-sinucleína.

Em experiências com culturas de células e ratos, os investigadores descobriram que as células enteroendócrinas transportam a ⍺-sinucleína das células da mucosa intestinal para o tronco cerebral através do nervo vago – a superestrada do corpo que liga o intestino e o cérebro.

“Nossa hipótese é que algo no intestino esteja corrompendo a ⍺-sinucleína, causando seu mau desdobramento”, disse Liddle. "Se se tratam de substâncias tóxicas ou alguma outra exposição, não sabemos. Mas demonstramos aqui que existe uma rota para que a ⍺-sinucleína patologicamente mal dobrada seja transportada das células enteroendócrinas para o cérebro, onde podem se agregar para formar o corpo de Lewy depósitos."

Liddle disse que a equipe de pesquisa conseguiu conter a propagação da ⍺-sinucleína cortando o nervo vago dos animais. A descoberta estabelece as bases para o desenvolvimento de terapias que possam bloquear o sistema de transporte ou redefinir a sinalização alterada do intestino-cérebro. Original em inglês, tradução Google, revisão Hugo. Fonte: Medicalxpress.

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Parkinson e prisão de ventre: a origem da doença pode estar no intestino

 28 août 2023 - Parkinson et constipation: l’origine de la maladie pourrait bien être dans les intestins.

Quatro distúrbios intestinais associados ao aumento do risco de Parkinson

Um estudo descobriu que quatro distúrbios intestinais estão associados a um risco aumentado de desenvolver a doença de Parkinson Depositphotos

August 27, 2023 - Um novo estudo descobriu que distúrbios gastrointestinais específicos estão associados a um risco aumentado de desenvolver a doença de Parkinson. A pesquisa fornece mais evidências para apoiar a hipótese de que a doença neurodegenerativa começa no intestino.

Acredita-se que uma das características da doença de Parkinson (DP) seja a deposição anormal de corpos de Lewy, compostos principalmente pela proteína tóxica alfa-sinucleína mal dobrada, não apenas no sistema nervoso central, mas também no sistema nervoso entérico, que controla o trato gastrointestinal.

O facto de estes depósitos poderem ser encontrados em ambos os locais levou o anatomista alemão Heiko Braak e os seus colegas a levantar a hipótese de que a DP começa quando um agente estranho entra no corpo através do nariz ou do sistema gastrointestinal e viaja para o sistema nervoso central através do nervo vago. Embora a hipótese de Braak permaneça controversa, estudos anteriores a apoiaram. Agora, investigadores da Clínica Mayo, no Arizona, realizaram um estudo em grande escala para testar a hipótese, investigando a associação entre condições gastrointestinais e o risco de desenvolver DP.

Os pesquisadores usaram dados da TriNetX, uma rede nacional de registros médicos eletrônicos dos EUA, para comparar 24.624 pessoas que foram diagnosticadas com DP de causa desconhecida com aquelas que foram diagnosticadas com outras condições neurológicas, como doença de Alzheimer (19.046) ou doenças cerebrovasculares (23.942) e um grupo de comparação de 24.624 sem nenhuma dessas condições.

Primeiro, aqueles com DP foram comparados com pessoas de outros grupos por idade, sexo, raça e etnia, e duração do diagnóstico para comparar a frequência de problemas intestinais que apareceram nos registros médicos eletrônicos por uma média de seis anos antes do diagnóstico com PD.

Os investigadores testaram então a hipótese de Braak de uma forma diferente, dividindo todos os participantes diagnosticados com qualquer uma das 18 doenças intestinais em grupos separados. As pessoas nesses grupos foram comparadas com pessoas com uma condição intestinal específica, e seus registros médicos foram monitorados durante cinco anos para ver quantas desenvolveram DP ou outro distúrbio neurológico.

Ambas as análises indicaram que quatro condições intestinais estavam associadas a um risco aumentado de diagnóstico de DP em comparação com outras condições neurológicas. Especificamente, gastroparesia (retardo no esvaziamento do estômago), disfagia (dificuldade em engolir) e constipação foram associadas a um risco mais que duplicado de DP nos cinco anos anteriores ao diagnóstico. A síndrome do intestino irritável (SII) sem diarreia foi associada a um aumento de 17% no risco.

Embora nem a doença inflamatória intestinal nem a vagotomia, a remoção do nervo vago para tratar a úlcera péptica, estivessem associadas a um risco aumentado de DP, descobriu-se que eram mais prevalentes antes do início da doença de Alzheimer ou da doença cerebrovascular.

Curiosamente, descobriu-se que a remoção do apêndice protege contra a DP, levando os investigadores a questionar o seu papel potencial no processo da doença subjacente à doença.

Como este estudo foi observacional, não foi possível estabelecer uma relação causal entre as condições intestinais e a DP. E os investigadores estão cientes de que o estudo teve algumas limitações, nomeadamente que o período de acompanhamento foi relativamente curto e a informação de diagnóstico nos registos médicos pode ter sido incompleta.

No entanto, concluem que os resultados do estudo são importantes para o diagnóstico da DP.

“Este estudo é o primeiro a estabelecer evidências observacionais substanciais de que o diagnóstico clínico não apenas de constipação, mas também de disfagia, gastroparesia e síndrome do intestino irritável sem diarreia pode prever especificamente o desenvolvimento da doença de Parkinson”, disseram os pesquisadores.

O estudo foi publicado na revista Gut. Original em inglês, tradução Google, revisão Hugo. Fonte: Newatlas.

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Transplante de microbiota fecal na doença de Parkinson - Um estudo piloto clínico randomizado de dose repetida controlado por placebo

02 March 2023 - Antecedentes e propósito: O microbioma intestinal desempenha um papel primordial na patogênese de distúrbios neurodegenerativos e pode fornecer uma oportunidade para a modificação da doença. Realizamos um estudo clínico piloto observando a segurança do transplante de microbiota fecal (FMT), seu efeito no microbioma e a melhora dos sintomas na doença de Parkinson.

Métodos: Este foi um estudo piloto randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, em que o produto FMT liofilizado administrado por via oral ou placebo correspondente foi administrado a 12 indivíduos com doença de Parkinson leve a moderada com constipação duas vezes por semana durante 12 semanas. Os indivíduos foram acompanhados quanto à segurança e melhora clínica por 9 meses adicionais (duração total do estudo 12 meses).

Resultados: O transplante de microbiota fecal causou sintomas gastrointestinais superiores transitórios não graves. Um sujeito que recebeu FMT foi diagnosticado com câncer metastático não relacionado e foi removido do estudo. A diversidade beta (taxa) do microbioma foi semelhante comparando os grupos placebo e FMT no início do estudo, no entanto, para indivíduos randomizados para FMT, aumentou significativamente em 6 semanas (p = 0,008) e 13 semanas (p = 0,0008). Após o tratamento com FMT, as proporções de famílias seletivas dentro do filo Firmicutes aumentaram significativamente, enquanto a proporção de microbiota pertencente a Proteobacteria foi significativamente reduzida. Achados motores objetivos mostraram apenas melhora temporária, enquanto melhorias nos sintomas subjetivos foram relatadas em comparação com a linha de base no grupo que recebeu FMT. A constipação, os tempos transitórios intestinais (NS) e o índice de motilidade intestinal (p = 0,0374) melhoraram no grupo FMT.

Conclusões: Indivíduos com doença de Parkinson toleraram multidose de FMT e experimentaram aumento da diversidade do microbioma intestinal que foi associado à redução da constipação e melhora do trânsito intestinal e da motilidade intestinal. A administração de transplante de microbiota fecal melhorou os sintomas motores e não motores subjetivos.

Registro de ensaio clínico: ClinicalTrial.gov, identificador: NCT03671785.

Introdução

A desregulação do eixo microbioma-intestino-cérebro é uma patotiologia crucial que precede os sintomas motores na doença de Parkinson. Uma hipótese de trabalho é que os agregados de alfa-sinucleína se espalham de maneira semelhante a um príon do intestino para a substância negra do tronco cerebral (SN) e córtex através dos nervos vago e glossofaríngeo (1). As alterações do microbioma intestinal associadas à doença de Parkinson preveem alterações relevantes para a doença, significativas nas funções metabólicas (2) e na progressão da doença (3). Os medicamentos para Parkinson também podem ter efeitos importantes no microbioma intestinal (4).

Em um modelo de camundongo da doença de Parkinson, o transplante de microbiota fecal (FMT) reduziu as alterações da microbiota intestinal e diminuiu a inflamação ativando a microglia e os astrócitos no SN (5). Em outro estudo da doença de Parkinson induzida por MPTP em camundongos, o FMT reduziu os sintomas, diminuiu a expressão de alfa-sinucleína, inibiu a ativação da microglia e bloqueou a sinalização de TLR4/P13K/AKT/NF-KB no SN (6).

No presente estudo piloto, procuramos determinar a segurança e a tolerabilidade de doses múltiplas de microbiota fecal administradas a indivíduos com doença de Parkinson leve a moderada. Além disso, esperávamos (a) mostrar alterações no microbioma intestinal com múltiplas doses de FMT; (b) determinar os efeitos do FMT na constipação; e (c) coletar dados preliminares sobre outros efeitos na doença de Parkinson. O transplante de microbiota fecal foi examinado em uma variedade de distúrbios médicos associados a microbiomas intestinais alterados, onde aumentos na diversidade pós-tratamento da microbiota colônica foram frequentemente associados a melhorias na saúde (7). ... (segue...) Original em inglês, tradução Google, revisão Hugo. Fonte: Frontiersin.

quinta-feira, 25 de maio de 2023

Conheça a bactéria intestinal que pode ser a principal responsável pelo Parkinson

De acordo com especialistas, a descoberta pode contribuir para a luta contra a doença

25/05/2023 - O Parkinson é uma doença neurodegenerativa que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, ela pode prejudicar significativamente a qualidade de vida dos pacientes, provocando rigidez, tremores e dificuldades de movimento e outros sintomas que limitam a independência e a capacidade de realizar tarefas diárias, embora não haja cura conhecida, os avanços na medicina têm permitido um melhor controle dos sintomas.

Uma nova descoberta pode mudar a forma como a ciência enxerga o desenvolvimento do Parkinson, de acordo com um novo estudo realizado por um grupo de pesquisadores da universidade de Helsinki, na Finlândia, e publicado na revista científica Frontiers in Cellular and Infection Microbiology, um dos causadores da doença de Parkinson poderia ser uma bactéria intestinal.

O estudo coletou amostras de fezes de 10 pacientes com Parkinson e de 10 pessoas saudáveis (seus respectivos parceiros), depois, isolou dessas fezes um grupo de bactérias chamado de Desulfovibrio, então, usou essas bactérias para a alimentação de um verme e avaliou se aconteceria o acúmulo de uma proteína dentro deles: A alfassinucleína, cuja forma defeituosa está relacionada à doença de Parkinson.

Finalmente, verificou-se que os vermes que se alimentaram das bactérias de pessoas com Parkinson desenvolveram esse acúmulo em maior intensidade do que os vermes que se alimentaram das bactérias de pessoas sem Parkinson, além disso, observaram que os primeiros vermes morreram mais do que os últimos.

Segundo o neurocirurgião especialista em Parkinson, Dr. Bruno Burjaili, pesquisas que buscam compreender melhor o surgimento da doença de Parkinson ajudam a direcionar melhor o desenvolvimento de técnicas que busquem prevenir, diagnosticar e tratar a doença.

“Os resultados do estudo sugerem que essa bactéria, nas pessoas que têm doença de Parkinson, pode ser um dos fatores responsáveis pelo acúmulo da proteína defeituosa que já sabemos estar relacionado ao problema, resta sabermos se esses achados serão confirmados e melhor detalhados por outros estudos, para esclarecermos se, na prática, atacar essas bactérias ajudará na luta contra a doença, e como fazer isso” Explica o Dr. Bruno Burjaili. Fonte: Belem.

quarta-feira, 24 de maio de 2023

Toxinas de bactérias intestinais: um gatilho oculto para a doença de Parkinson?

May 24 2023 - Por muito tempo, os pesquisadores levantaram a hipótese de que as endotoxinas lipopolissacarídicas (LPS) liberadas da membrana externa de bactérias Gram-negativas, por exemplo, Bacteroides fragilis residentes no intestino e Escherichia coli, contribuem para a patogênese da doença de Parkinson (DP).

Em um artigo recente publicado na revista Movement Disorders, os pesquisadores revisaram essa hipótese, descrevendo as evidências que sustentam essa teoria e suas limitações para testar se as endotoxinas do LPS realmente contribuem substancialmente para a patogênese da DP.

Study: The Endotoxin Hypothesis of Parkinson's Study: The Endotoxin Hypothesis of Parkinson's Disease. Crédito da imagem: Kateryna Kon / Shutterstock

Background
Além das bactérias residentes no intestino, as infecções bacterianas, como a periodontite (doença da gengiva), aumentam o LPS inflamatório encontrado no sangue e no cérebro e o risco de DP. A dieta também afeta os níveis circulantes de LPS, especialmente refeições com alto teor de gordura que desencadeiam endotoxemia metabólica.

No entanto, a principal causa do aumento dos níveis de LPS no sangue é o aumento da permeabilidade intestinal. No intestino, as endotoxinas são relativamente benignas; no entanto, quando translocados para a corrente sanguínea, eles promovem a agregação de α-sinucleína para desencadear inflamação sistêmica e cerebral que exacerba a perda neuronal.

Curiosamente, uma vez que a DP é uma doença neurodegenerativa biologicamente heterogênea, as endotoxinas elevadas de LPS no soro podem ser particularmente relevantes para a patogênese da doença em apenas um subgrupo de pacientes com DP. Consequentemente, os sintomas gastrointestinais (GI) iniciais na DP também não são universais, com apenas cerca de 30% dos pacientes com DP de início recente relatando constipação.

Sobre este estudo
Neste estudo, cerca de 25% dos pacientes com DP apresentaram níveis de endotoxina mais elevados do que qualquer um dos controles; no entanto, 70% dos pacientes com DP apresentaram níveis normais de endotoxina sérica. Seu conjunto de amostras compreendia apenas 41 pacientes com DP e controles (pequeno conjunto de amostras). Portanto, seria interessante monitorar os níveis séricos de LPS de pacientes com DP ao longo de dias, meses e anos e verificar se eles se elevam transitoriamente ou permanentemente em relação à progressão da DP.

Em seguida, os autores levantaram os desafios técnicos na quantificação de LPS usando amostras de sangue humano. Neste estudo, eles usaram o ensaio de lisado de amebócito Limulus (LAL) e encontraram um nível médio de LPS ~ 60% maior no soro de pacientes com DP. Este teste quantifica a atividade biológica de amostras contendo LPS em unidades de endotoxina (EU) para induzir a coagulação sanguínea do caranguejo-ferradura Limulus. Variando com a fonte LPS, um EU equivale aproximadamente a 100 pg LPS.

No entanto, uma vez que as concentrações sanguíneas de LPS são tão baixas, a maioria dos ensaios comerciais falha na detecção de LPS. Além disso, a meia-vida do LPS no sangue é curta. Assim, os pesquisadores enfatizaram o uso de plasma (não soro) para quantificação de LPS em pacientes com DP usando tubos de coleta com baixas concentrações de heparina.

Além disso, os pesquisadores destacaram que a exposição acidental e a injeção de LPS em humanos saudáveis podem induzir vários sintomas não motores observados em pacientes com DP. A base fisiopatológica da DP é multifatorial, levantando a possibilidade de que os sintomas da doença induzidos por LPS não sejam únicos. Experimentos em camundongos demonstraram que a endotoxina periférica aumenta a permeabilidade da barreira hematoencefálica (BHE) e a absorção de α-sinucleína no cérebro dos camundongos. Essa observação ajudou os pesquisadores a chegar a uma hipótese de duplo impacto para a DP: níveis aumentados de endotoxina LPS combinados com α-sinucleína agregável conduzem à perda neuronal relacionada à DP.

Em segundo lugar, os autores observaram que a microglia, macrófagos cerebrais que medeiam a imunidade inata e a inflamação, tornam-se ativadas na substância negra de pacientes com DP. Mesmo em voluntários humanos saudáveis, a injeção intravenosa de LPS induziu uma ativação microglial robusta na maioria das áreas do cérebro em pouco tempo. Durante condições hipóxicas (e na presença de interferon-gama), o LPS induziu a sintase do óxido nítrico (iNOS) na glia para matar os neurônios.

Além disso, eles identificaram a base genética de como a endotoxina LPS ativou o gene SNCA que expressa a α-sinucleína que desencadeou a neuropatologia. A hipótese da endotoxina, portanto, pode ser relevante para as formas idiopática e genética da DP.

Conclusão
Para concluir, se a hipótese da endotoxina se mantiver, os pesquisadores destacaram a necessidade de avaliar muitas estratégias terapêuticas direcionadas à DP em ensaios clínicos. Primeiro, as terapias devem manipular o perfil bacteriano intestinal para reduzir as espécies produtoras de endotoxinas e tentar reduzir a permeabilidade intestinal. Técnicas como transplante de microbiota fecal (FMT) e uso de anti-inflamatórios não esteróides (AINE) podem ajudar a atingir esses objetivos.

Para proteger os animais da sepse Gram-negativa, eles devem ser vacinados apenas com LPS desintoxicado para induzir anticorpos anti-LPS. Drogas que reduzem a expressão e a atividade do receptor LPS TLR4, por exemplo, candesartana, podem ser uma intervenção válida. Da mesma forma, o bloqueio do receptor 3 do complemento e do receptor P2Y6 poderia dificultar a resposta microglial ao LPS.

Mais importante ainda, os ensaios que testam múltiplas variantes da hipótese da endotoxina requerem a seleção do paciente de acordo com seus níveis basais de endotoxina. Além disso, esses estudos devem quantificar o LPS e seus marcadores longitudinalmente em grandes coortes de DP e prodrômicos. No entanto, os mecanismos relacionados à endotoxina LPS parecem altamente relevantes em um subconjunto de pacientes com DP. Original em inglês, tradução Google, revisão Hugo. Fonte: News-medical.

terça-feira, 9 de maio de 2023

Cepa de bactérias intestinais contribui para o desenvolvimento da doença de Parkinson

Ilustração computadorizada de células nervosas humanas afetadas por corpos de Lewy (pequenas esferas vermelhas dentro do citoplasma dos neurônios) no cérebro de um paciente com doença de Parkinson. Os corpos de Lewy são acúmulos anormais de proteínas que se desenvolvem dentro das células nervosas na doença de Parkinson, demência de corpos de Lewy e alguns outros distúrbios neurológicos. Crédito: KATERYNA KON/BIBLIOTECA DE FOTOS CIENTÍFICAS/Getty Images

9 May 2023 - Strain of gut bacteria contributes to the development of Parkinson’s disease

Bactéria aquática comum pode ser a principal causa do Parkinson

08 de Maio de 2023 - Uma equipe de cientistas finlandeses descobriram que um micróbio comum a ambientes úmidos e pantanosos pode ter um papel importante no desenvolvimento da doença de Parkinson, já que elimina compostos que levam ao desenvolvimento de proteínas em células cerebrais responsáveis pela formação de aglomerados tóxicos, ligados à doença neurodegenerativa.

A pesquisa vem na esteira de estudos anteriores, que já demonstravam uma ligação entre a presença de altas concentrações de bactérias da cepa Desulfovibrio nas fezes de pacientes e uma maior severidade em seus casos de Parkinson. Com a descoberta, o diagnóstico da doença poderá ser mais fácil no futuro, e uma porta para possíveis tratamentos direcionados à bactéria e suas substâncias excretadas também pode ter sido apontada.

Um exemplar de Desulfovibrio vulgaris, bactéria que pode ser a principal causa ambiental para o desenvolvimento do Parkinson (Imagem: Graham Bradley/Domínio Público)

O passado e o presente do Parkinson

Desde que James Parkinson descreveu a doença neurológica pela primeira vez, há cerca de 200 anos, muitos esforços para explicar as causas da perda acentuada de coordenação motora fina com a idade vêm sendo feitos. Já descobrimos que pequenas inclusões chamadas corpos de Lewy surgem nas células de certas regiões cerebrais em pacientes da condição, por exemplo.

Pesquisas mais recentes descobriram que a maior parte dos corpos de Lewy é composta da proteína α-sinucleína, que tem um papel importante na liberação de neurotransmissores. Ainda não é claro como estes aglomerados contribuem para o Parkinson, mas suspeita-se que as concentrações da proteína — chamadas protofibrilas — impeçam o funcionamento satisfatório das células nervosas.

O que ainda não se conhece é a causa inicial da aglomeração de α-sinucleína, e a resposta não é exatamente genética: apenas 10% a 15% dos casos são herdados. As condições ambientais, então, são as principais suspeitas, e já há estudos ligando as bactérias intestinais às chances de desenvolver sintomas de Parkinson. Agora, o dedo foi apontado para o principal causador provável da doença — o Desulfovibrio.

Corpos de Lewy, aglomerados de alfa-sinucleína presentes em pacientes com Parkinson (Imagem: Suraj Rajan/CC-BY-3.0)

Revelando a bactéria

Per Saris, microbiólogo da Universidade de Helsinki, reuniu uma pequena equipe e coletou amostras fecais de 10 pacientes de Parkinson e seus parceiros saudáveis, isolando as cepas de Desulfovibrio presentes em seus intestinos para investigar a questão mais a fundo. Dois grupos de controle de bactérias diferentes, de outro gênero da biologia, receberam espécimes do nematoide (um tipo de verme) Caenorhabditis elegans modificados para expressar a α-sinucleína humana.

Análises estatísticas feitas nas observações microscópicas da cabeça dos nematóides mostraram que os que receberam o Desulfovibrio de fato tinham mais chances de produzir aglomerados de α-sinucleína, além destes serem maiores. As cepas de Desulfovibrio dos pacientes com Parkinson eram melhores em agregar as proteínas nos nematoides do que as de seus parceiros saudáveis.

Os vermes com cepas de pacientes da doença ainda morriam em número maior do que os dos grupos de controle. Mesmo que sejamos muito diferentes das minúsculas criaturas, o experimento já dá grande abertura para avaliar estratégias de identificação da doença e possíveis curas, ainda que não possamos fazer os mesmos experimentos com humanos.

Na imagem, é possível ver o nematoide do estudo com aglomerados de alfa-sinucleína, os pontos brilhantes apontados (Imagem: Huynh et al./Front. Cell. Infect. Microbiol.)

Para o futuro, vislumbra-se controlar a progressão da doença usando terapias que mirem no sistema digestivo e nervos próximos ao invés de intervir unicamente no cérebro. Depois de serem eliminadas do intestino, as bactérias Desulfovibrio param de formar aglomerados de α-sinucleína nas células do órgão, de onde vão até o cérebro através do nervo vago, como as proteínas de príon. O tempo dirá como poderemos aproveitar completamente a descoberta. Fonte: Canaltech. Veja também aqui: 09/05/2023 - Bactérias intestinais podem ser a chave para prevenir a doença de Parkinson, dizem cientistas finlandeses.

quinta-feira, 4 de maio de 2023

segunda-feira, 20 de março de 2023

Qual o papel da disbiose na doença de Parkinson?

Obs.: Resumidamente. A disbiose é uma condição clínica que acontece quando a microbiota intestinal está sofrendo algum desequilíbrio de bactérias. Isto é, quando o número de bactérias patogênicas, que fazem mal para o organismo, é superior ao número de “bactérias do bem”.

Mar 19 2023 - A doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa incurável que afeta uma em cada cem pessoas em todo o mundo, perdendo apenas para a doença de Alzheimer no número de pessoas afetadas. No entanto, o mecanismo pelo qual ela surge ainda não está claro. Em um novo trabalho de pesquisa, cientistas da Universidade de Genebra, Centre Médical Universitaire, Suíça, se uniram a outros para explorar o papel desempenhado pela disbiose intestinal na patogênese da DP.

Introdução
A DP é uma condição multifatorial, com herança poligênica em mais de um terço dos casos que apresentam variantes genéticas de alto risco. No entanto, fatores ambientais, como poluição do ar e exposição a pesticidas, modificações epigenéticas do genoma e mudanças relacionadas ao envelhecimento também desempenham um papel. Por outro lado, fatores de estilo de vida como tabaco, café e prática de esportes têm um efeito protetor.

A necessidade de entender como os fatores de risco ambientais afetam a ocorrência da DP está impulsionando a pesquisa atual sobre sua ligação com a microbiota humana – a soma de todos os micróbios dentro e fora do corpo humano durante a vida. A microbiota é conhecida por desempenhar vários papéis essenciais no funcionamento normal dos processos metabólicos, imunológicos, nutricionais e outros do corpo.

Origem periférica da DP?
O estudo atual, publicado na revista Revue Neurologique, é baseado na hipótese de que a disbiose, ou variações não saudáveis no intestino e na microbiota oral, é um componente chave da patogênese da DP. Essa visão é baseada na observação de que metade dos indivíduos recém-diagnosticados relatou uma história de redução do olfato e constipação, enquanto um quarto apresentou inchaço pós-prandial e um em cada sete apresentou perda do paladar.

Esses sintomas já estavam presentes muito antes do diagnóstico da DP, baseados na presença de sintomas motores como rigidez, acinesia e tremor, causados por alterações degenerativas no sistema nervoso central (SNC). As autópsias mostraram os agregados característicos de α-sinucleína no SNC, como esperado, mas também no sistema nervoso periférico (SNP). Estes estavam presentes em níveis mais altos nos neurônios da parte superior do corpo em comparação com a parte inferior do corpo e no material de biópsia intestinal coletado antes do diagnóstico clínico de DP.

Essas observações levaram à hipótese de dois golpes de Braak et al., que considerou uma origem periférica da DP (no nariz e no intestino), que então evoluiu para envolver o cérebro. Recentemente, descobriu-se que dois terços dos pacientes com DP têm esse padrão de "primeiro o corpo", mas o restante tinha um modelo de "primeiro o cérebro", afetando inicialmente o bulbo olfatório ou a amígdala. A doença então se espalha contralateralmente através das sinapses com a formação de mais polímeros patológicos, com agregados de α-sinucleína sendo um catalisador para o dobramento incorreto da α-sinucleína adjacente.

Simultaneamente, há diminuição da quebra de α-sinucleína, fazendo com que a proteína anormal se acumule, e disfunção mitocondrial causando aumento do estresse oxidativo. A neuroinflamação é outro componente chave neste ciclo vicioso, ajudando a iniciar e promover a disseminação da DP. É comum a outras condições inflamatórias crônicas, como doença de Crohn e colite ulcerativa, que aumentam o risco de DP.

Citocinas inflamatórias aumentadas são encontradas nos fluidos corporais na DP, com microglia dentro da substância negra mostrando maior ativação em comparação aos controles. Inflamação intestinal e maior permeabilidade também estão presentes na DP, promovendo o acúmulo de agregados de α-sinucleína que podem então se propagar para o cérebro através do nervo vago.

O eixo intestino-cérebro
O microbioma oral é contribuído por aproximadamente 770 espécies de bactérias com muitas outras espécies microbianas. Cada uma das regiões intraorais possui seu próprio tipo de comunidade, que é afetada pela exposição a componentes da dieta, tabaco, atendimento odontológico ou uso de antibióticos.

A microbiota oral muda com os fatores do hospedeiro ao longo da vida do indivíduo. Seus efeitos benéficos incluem a prevenção de infecções e o metabolismo de nitratos e outras substâncias vasoativas. Afeta a microbiota em muitos outros locais do corpo relacionados, como o intestino e os pulmões.

A disbiose oral contribui para endocardite infecciosa, artrite, doença autoimune e diabetes, bem como alguns tipos de câncer de boca, pâncreas e cólon.

O microbioma intestinal compreende todos os micróbios do trato digestivo humano, da boca ao ânus. Ajuda a manter e fortalecer a barreira epitelial intestinal, promove o desenvolvimento do sistema imunológico e a maturação do tecido linfóide associado ao intestino, inibe a colonização do intestino por patógenos potenciais e regula os processos intestinais, como motilidade, diferenciação dos diferentes tipos de células, suprimento vascular do intestino e o crescimento do sistema nervoso entérico.

Ele também decompõe a fibra dietética que permanece não digerida no intestino, produzindo subprodutos valiosos, como ácidos graxos de cadeia curta (SCFAs), que possuem propriedades anti-inflamatórias, além de proteger o tecido neural contra lesões. Estes servem como fonte de energia para as células do cólon, mantendo a parede do cólon intacta como uma defesa contra a entrada de micróbios intestinais no sangue e no sistema.

O intestino e o cérebro conversam entre si por meio de impulsos nervosos, vias de resposta imune e produtos químicos endócrinos. Os sinais cerebrais regulam o microbioma intestinal alterando a velocidade do trânsito intestinal, a quantidade e a natureza das secreções intestinais e a permeabilidade da parede intestinal. O intestino, por sua vez, ajuda a modular a resposta imune, as secreções endócrinas, a sinalização neural e os níveis de neurotransmissores por meio de suas interações com o cérebro impulsionadas pelo microbioma.

O que o estudo mostrou?
No presente estudo, os pesquisadores encontraram disbiose do intestino e da cavidade oral em pacientes com DP. Algumas espécies intestinais aumentaram na DP, como as famílias Akkermansiaceae, Bifidobacteriaceae e Ruminococcaceae, enquanto Lachnospiraceae e Prevotellaceae apresentaram declínio. Na boca, a abundância relativa de Firmicutes, Lactobacillaceae, Scardovia e Actinomyces, entre outros, aumentou na DP.

A disbiose foi associada a uma maior frequência de sintomas motores e não motores, incluindo constipação e polineuropatia. Em modelos animais, apenas os indivíduos com maior risco genético para DP desenvolveram sintomas de DP na presença de disbiose. Isso indica que a disbiose contribui para um maior risco de DP, mas não a causa.

Os mecanismos subjacentes provavelmente incluem uma série de alterações metabólicas. A presença de disbiose leva à redução da produção de SCFAs e maior permeabilidade intestinal. Por sua vez, isso causa inflamação sistêmica e intestinal, produção de amiloide a partir de bactérias intestinais que promovem a agregação de α-sinucleína e uma redução no número de bactérias que produzem SCFAs.

Mais proteínas são fermentadas, liberando metabólitos tóxicos como o p-cresol, causando constipação. Isso favorece as bactérias de crescimento lento ou aquelas com fontes alternativas de energia. A disbiose também foi associada ao déficit de ácido fólico e à hiper-homocisteinemia, talvez contribuindo para a polineuropatia.

Eventualmente, disbiose oral e intestinal reduzem a eficácia da levodopa, a droga mais eficaz a ser utilizada no controle da DP. A levodopa absorvida no jejuno é transformada em dopamina dentro do lúmen intestinal via dopa descarboxilase bacteriana intestinal. A dopamina diminui a motilidade intestinal e pode desencadear a colonização de bactérias patogênicas.

"Um aumento no número de bactérias que metabolizam a levodopa diminui a eficácia da terapia de reposição de dopamina, criando um círculo vicioso que aumenta o supercrescimento bacteriano".

Intervenções
Várias intervenções foram propostas que poderiam restaurar a microbiota intestinal ao seu estado saudável. Isso inclui intervenções dietéticas, probióticos, descontaminação intestinal e transplante de microbiota fecal.

A composição da microbiota pode ajudar a diagnosticar a DP, embora seu desempenho deixe muito a desejar. A indução de alterações no microbioma intestinal pode ser um alvo terapêutico, usando estratégias dietéticas como a dieta mediterrânea (MD) ou FMT, por exemplo. Isso pode ocorrer por meio dos efeitos das bactérias protetoras na barreira epitelial do intestino, redução da inflamação, maior sensibilidade à insulina e redução da produção de prostaglandinas.

A dieta cetogênica e as modificações da DM destinadas a reduzir a hipertensão e a neurodegeneração também podem retardar o início da DP. A terapia de descontaminação intestinal é uma técnica interessante que esvazia o intestino por enema seguido de rifaximina oral e polietilenoglicol por sete e dez dias, respectivamente, e mostrou alguns bons resultados em estudos iniciais.

Quais são as implicações?
A DP parece estar intimamente ligada à disbiose intestinal e oral.

"Como a composição da microbiota pode ser modificada, as intervenções destinadas a corrigir a disbiose abrem um novo caminho para a pesquisa terapêutica. Além disso, as comunidades microbianas podem representar um novo biomarcador da DP." Original em inglês, tradução Google, revisão Hugo. Fonte: News-medical.