Imagem Ilustrativa.Créditos: Itamar Crispim/Fiocruz
Os pacientes com essa
doença enfrentam, entre outras, complicações relacionadas à fala;
é aí que entra a IA
6/6/2023 - A doença de
Parkinson é um dos principais desafios da medicina. Relaciona-se ao
sistema nervoso, é progressiva, afeta o movimento e é
neurodegenerativa.
Os pacientes com essa
condição enfrentam, entre outros problemas, várias complicações
relacionadas à fala, incluindo disartria (perda ou dificuldade de
articular palavras devido a problemas nos músculos que ajudam a
falar) e distúrbios de linguagem.
Por isso, a ciência
continua em busca de respostas para diagnosticar rapidamente e
permitir um tratamento precoce da doença.
Com essa expectativa, a
Inteligência Artificial (IA) entre em campo. Um grupo de
pesquisadores avaliou características de fala entre pacientes com
Parkinson.
A tecnologia de
Processamento de Linguagem Natural (NLP) é um ramo da IA, que se
concentra em permitir que os computadores entendam e interpretem
grandes quantidades de dados da linguagem humana, utilizando modelos
estatísticos para identificar padrões.
Como os pacientes com
Parkinson sofrem com inúmeros problemas relacionados à fala,
incluindo produção e uso prejudicado da linguagem, o grupo usou a
PNL para analisar diferenças detectáveis em padrões com base em 37
características, usando textos artesanais.
A análise concluiu que
os pacientes usaram menos nomes comuns e próprios e menos conectores
de texto. Por outro lado, eles utilizaram uma porcentagem maior de
verbos por frase.
Katsunori Yokoi,
diretor do estudo e pesquisador da Escola de Medicina da Universidade
de Nagoya, no Japão, disse: “Quando solicitado a falar sobre seu
dia pela manhã, uma paciente com Parkinson pode dizer algo como o
seguinte, por exemplo: ‘Acordei às 4h50. Achei um pouco cedo, mas
levantei. Levei cerca de meia hora para ir ao banheiro. Então, me
lavei e me vesti por volta das 5h30. Meu marido fez o café da manhã.
Tomei café da manhã após às 6. Depois, escovei os dentes e me
preparei para sair’”.
Yokoi prosseguiu:
“Enquanto alguém no grupo de controle saudável pode dizer algo
assim: ‘Bem, de manhã, acordei às 6 horas, me vesti e, sim, lavei
o rosto. Então, alimentei meu gato e meu cachorro. Minha filha fez
uma refeição, mas eu disse a ela que não podia comer e, hum, eu
bebi um pouco de água’”.
O pesquisador, reunindo
as informações dos dois casos, concluiu: “Apesar de serem
exemplos que criamos de conversas que refletem as características de
pessoas com Parkinson versus pessoas que não têm a doença, o que
se pode notar é que a duração total é semelhante. No entanto,
aqueles que lidam com a doença falam em frases mais curtas do que os
indivíduos do grupo de controle, resultando em mais verbos na
análise de aprendizado de máquina. O público saudável também usa
mais conectores, como ‘bom’ ou ‘hum’, para encadear frases”.
De acordo com o diretor
do estudo, o aspecto mais promissor da pesquisa é que a equipe
realizou o trabalho em pacientes que ainda não apresentavam um grau
avançado de comprometimento cognitivo relacionado ao Parkinson.
Portanto, suas descobertas oferecem um meio potencial de detecção
precoce para distinguir pacientes com a doença.
“Nossos resultados
sugerem que, mesmo na ausência de comprometimento cognitivo, as
conversas dos pacientes com a patologia diferiam das de pessoas
saudáveis”, destacou Masahisa Katsuno, outro diretor do estudo.
“Quando tentamos
identificar pacientes doentes ou controles saudáveis, com base
nessas mudanças na conversa, conseguimos identificar os primeiros
com mais de 80% de precisão. Este resultado sugere a possibilidade
de uma análise de linguagem usando processamento natural para
diagnosticar a doença de Parkinson”, acrescentou Katsuno.
Patologia é frequente
e está relacionada à idade
A doença de Parkinson
é considerada uma das patologias neurodegenerativas mais frequentes,
relacionada com a idade. Afeta 1% das pessoas maiores de 60 anos e
0,3% da população em geral, segundo informações da Escola de
Medicina da Universidade do Texas (EUA).
O estudo foi liderado
por Masahisa Katsuno e Katsunori Yokoi, da Escola de Medicina da
Universidade de Nagoya, em colaboração com a Aichi Prefectural
University e a Toyohashi University of Technology no Japão. Também
participaram da investigação Yurie Iribe, Norihide Kitaoka, Maki
Sato e Akihiro Hori. Os resultados do estudo foram publicados na
revista Parkinsonism & Related Disorders, de acordo com o site
Infobae. Fonte: Revista Forum.