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sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Precisamos desafiar os modelos atuais da doença de Parkinson.

Avanços ocorrerão quando repensarmos o modelo completamente.

24 de setembro de 2025 - Muitas civilizações antigas acreditavam que a Terra era plana. Essa visão de mundo estava atrelada à imagem simples e familiar de um plano plano com bordas das quais você poderia cair.

É claro que a Terra nunca foi plana, mas milhares de anos atrás, pode ter parecido assim. Essa era a armadilha.

Hoje, quando olho para a pesquisa sobre Parkinson e o ecossistema médico em torno dela, não posso deixar de sentir que estamos cometendo o mesmo erro. Estamos nos apegando a um modelo de mundo ultrapassado — não porque seja preciso, mas porque é familiar, institucionalmente aceito e mais fácil de mensurar.

Na minha busca por terapias, a necessidade é a mãe da invenção
O mapa plano do Parkinson
Observe a maioria das pesquisas sobre Parkinson nas últimas duas décadas e você verá um foco obsessivo na descoberta de medicamentos com mecanismo de ação, alvos genéticos, interações com receptores, aglomerados de alfa-sinucleína e intrincadas vias moleculares.

Isso é importante, sim — mas também incompleto. É como estudar o vento analisando folhas individuais de grama. Você pode entender como a grama se move, mas não perceber o vento.

Esse hiperfoco nos aprisionou em uma mentalidade excessivamente reducionista: uma doença, um medicamento, um mecanismo. Enquanto isso, o Parkinson continua a se comportar mais como um transtorno sistêmico de interrupção de padrões — que afeta o movimento, a cognição, o humor, o sono, a função intestinal, o processamento sensorial e muito mais.

Não é um único ponto em um mapa. É o próprio mapa que está distorcido.

Avanços vêm de mudanças de perspectiva
A história nos diz que avanços acontecem quando desafiamos o modelo, não apenas o ajustamos.

Copérnico revolucionou a astronomia ao colocar o Sol no centro do universo, não a Terra.

Darwin revolucionou a biologia ao redefinir a mudança como evolução gradual, não como um design estático.


Einstein revolucionou a física ao mostrar que o espaço e o tempo se curvam.

Semmelweis salvou vidas ao levantar a hipótese de que contaminantes nas mãos de estudantes de medicina (e não o ar poluído) causavam infecção.

Nenhum desses foram apenas ajustes técnicos. Foram atualizações conceituais.

No caso do Parkinson, ainda estamos esperando por esse tipo de avanço — uma reformulação que nos mostre que temos olhado para a doença de lado, ou de cabeça para baixo.

E acho que já passamos da hora.

O que estamos perdendo?
Deixe-me fazer uma pergunta perigosa: e se o modelo estiver errado?

E se o Parkinson não for primariamente uma doença da dopamina, mas um distúrbio de integração sensorial que começa décadas antes do aparecimento dos sintomas motores?

E se o problema não for a morte de neurônios, mas sim o funcionamento incorreto das redes — como se o tempo e os ciclos de feedback do cérebro começassem a se dessincronizar como uma banda de jazz perdendo o ritmo?

E se parássemos de olhar para o Parkinson através de um microscópio e começássemos a olhar através de uma lente sistêmica, onde percepção, movimento, emoção e atenção são todos parte do mesmo padrão dinâmico?

E se já tivermos a maioria dos ingredientes básicos para uma inovação — sensores vestíveis, feedback tátil, tecnologia visual imersiva, plataformas de engajamento do paciente — mas não os estivermos combinando porque ainda estamos presos à ideia de que o mundo é plano?

Além da molécula: O ciclo de feedback humano
Não estou dizendo que devemos abandonar a pesquisa e o desenvolvimento farmacêutico. Precisamos de medicamentos. Mas também precisamos expandir nosso modelo de ação — de moléculas para mecanismos, sim, mas também para dinâmicas, comportamentos e experiências sensoriais.

Terapia não precisa significar comprimidos.

E se criássemos sistemas de estimulação adaptativa que retreinassem o sistema nervoso usando luz, som, toque, ritmo e feedback? E se pudéssemos levar o cérebro a novos padrões da mesma forma que reabilitamos um músculo ou recalibramos um termostato?

Isso não é ficção científica. Já está acontecendo em áreas adjacentes: neurofeedback, reabilitação em realidade virtual, intervenções de processamento sensorial para autismo, estimulação coordenada de redefinição para zumbido.

Mas o Parkinson ainda está preso aos modelos antigos: medicamento ou nada, gerenciamento de sintomas em vez de treinamento de sistemas, dados de clínicas em vez de vidas reais.

Não precisamos apenas de uma nova terapia. Precisamos de uma nova visão de mundo.

Virando o telescópio
Aqui está a ironia: muitos dos maiores erros da história não foram devido à falta de inteligência, mas sim à falta de imaginação. Todos tinham acesso às mesmas evidências, mas nem todos sabiam como enxergá-las.

Precisamos virar o telescópio, olhando não apenas mais profundamente para o cérebro, mas de forma mais ampla, através da experiência.

Isso significa capacitar os pacientes a cocriar e cotestar novas ferramentas. Significa tratar a percepção, o ritmo, a coordenação e o feedback como cidadãos de primeira classe em nossos modelos de doença. Significa construir terapias dinâmicas, não prescrições estáticas.

Acima de tudo, significa ver o Parkinson não como um problema linear com uma cura linear, mas como um desafio multidimensional que requer uma abordagem multissectorial. Fonte: parkinsonsnewstoday.


É o que espero, pois estão muito lentos os avanços...