Mostrando postagens com marcador estágios. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador estágios. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Estudo global identifica marcadores para os cinco estágios clínicos da doença de Parkinson

Ao criar uma nova métrica, pesquisadores vislumbram a possibilidade de avanços diagnósticos e de tratamento para a doença que se estima acometer cerca de 4 milhões de pessoas no mundo

18/12/2024 - A partir de um estudo que analisou imagens cerebrais de mais de 2,5 mil pessoas com doença de Parkinson em 20 países diferentes, cientistas conseguiram identificar padrões de neurodegeneração e criar métricas para cada uma das cinco etapas clínicas da doença.

O trabalho, publicado na NPJ Parkinson’s Disease, consiste em um salto para o entendimento do Parkinson. Isso porque as análises e o volume de dados obtido no estudo podem permitir desdobramentos importantes não só para avanços diagnósticos como também possibilitar que novos tratamentos sejam testados e monitorizados como nunca.

Estima-se que aproximadamente 4 milhões de pessoas no mundo tenham doença de Parkinson. Trata-se de uma doença neurológica progressiva que afeta algumas estruturas do cérebro, sobretudo as áreas relacionadas aos movimentos. A progressão da doença é variável e desigual entre os pacientes, podendo levar até 20 anos para passar por todos os estágios. Na fase inicial, surgem os primeiros sinais de tremores, rigidez muscular e lentidão de movimentos em apenas um lado do corpo. Depois os sintomas se tornam bilaterais. No último estágio, há dependência de cadeira de rodas para se locomover, já que a rigidez nas pernas impede o paciente de caminhar.

“Há muitos anos o diagnóstico clínico, apoiado por alguns exames complementares, é bem estabelecido. No entanto, pela primeira vez, foi possível relacionar a escala de progressão da doença – os cinco estágios de sintomas clínicos – com as alterações quantitativas nas imagens cerebrais”, explica Fernando Cendes, pesquisador responsável do Instituto de Pesquisa sobre Neurociências e Neurotecnologia (BRAINN) – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP, com sede na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O BRAINN é um dos institutos que integram o Consórcio Enigma, rede internacional que reúne cientistas em genômica de imagem, neurologia e psiquiatria para compreender a estrutura e função do cérebro, com base em ressonância magnética de alta resolução, dados genéticos e outras informações de pacientes com epilepsia, Parkinson, Alzheimer, autismo, esquizofrenia e outras doenças neurodegenerativas.

Cendes explica que na doença de Parkinson ocorrem alterações na estrutura cerebral dos chamados núcleos da base, ou gânglios basais – áreas do cérebro ligadas ao movimento automático. No entanto, o estudo permitiu comprovar a existência de alterações progressivas em outras áreas corticais, até então menos envolvidas na doença.

“Observamos que, conforme cada estágio da doença avançava, havia um grau maior de atrofia ou hipertrofia não só nas estruturas ligadas ao movimento, mas também em outras áreas corticais. E são essas combinações de atrofia e hipertrofia que estão relacionadas com o estágio da doença”, afirma.

“Mas não foi apenas isso que observamos, várias dessas estruturas apresentavam também diferenças na forma. Elas tinham alterado sua configuração espacial. Algumas regiões do tálamo [estrutura cuja função é retransmitir informações dos sentidos para o córtex cerebral] ficaram mais espessas. Outras regiões, como as amígdalas [que desempenham um papel na regulação do comportamento social e emoções] ficaram atrofiadas”, diz.

O pesquisador explica que essas alterações não são observadas a olho nu. “São medidas submilimétricas. No entanto, com programas e uso de inteligência artificial é possível identificar padrões e, no futuro, monitorizar essas alterações”, conta.

Empurrão para novos tratamentos

Ao estipular uma métrica para quantificar as alterações cerebrais relacionadas aos estágios da doença de Parkinson, o estudo pode ter vários desdobramentos. A começar pelo suporte a melhores diagnósticos. “Os dados morfométricos que obtivemos com esse trabalho são medidas sensíveis e reprodutíveis, o que permite ser um suporte ao diagnóstico clínico. Com a infinidade de dados que obtivemos nesse estudo, é possível, com o auxílio da inteligência artificial, criar programas que auxiliem a clínica”, diz.

Outros desdobramentos estão no campo dos tratamentos. Atualmente, o Parkinson é uma doença que não tem cura, sendo tratada apenas a deficiência de dopamina – neurotransmissor que os neurônios dos parkinsonianos deixam de produzir – e cuja ausência desencadeia todas as alterações cerebrais e sintomas.

No entanto, com o passar do tempo, a doença não fica restrita aos núcleos de base, atingindo outras áreas do cérebro, e os pacientes tendem a apresentar outros sintomas não motores, como depressão, ansiedade, distúrbios do sono e alterações cognitivas como perda de memória e eventualmente demência.

“Os resultados desse trabalho possibilitam novas formas de monitorizar tratamentos que venham a ser desenvolvidos no futuro. O grande objetivo em relação à doença tem sido a busca por um tratamento que barre o processo neurodegenerativo ou, pelo menos, reduza a velocidade de sua progressão. E essas medidas que identificamos são essenciais para avaliar futuras terapias, certificando-se que elas estão funcionando de uma forma global, não só nas áreas cerebrais ligadas ao movimento, mas nas outras que também sofrem alterações”, ressalta.

Uma terceira repercussão do estudo — que analisou um montante grande de dados — não vai para o campo da medicina, mas para o da ciência de dados. “É uma coorte muito grande com diferentes países, grupos de estudo, estágios da doença e, inclusive, tipos de dados. Portanto, a inovação do estudo não está apenas em identificar essas métricas relativas aos estágios da doença de Parkinson, mas também em todo o trabalho referente aos dados. Todo o tipo de análise utilizado no trabalho consistiu em um grande avanço para que novos estudos usando inteligência artificial, e sobre outras doenças, sejam realizados”, sentencia Cendes.

O artigo A worldwide study of subcortical shape as a marker for clinical staging in Parkinson’s disease pode ser lido em: https://www.nature.com/articles/s41531-024-00825-9. Fonte: APM.

terça-feira, 14 de setembro de 2021

Quais são os 5 estágios da doença de Parkinson? Aqui está o que acontece em cada estágio

Os sintomas tendem a surgir lentamente na maioria das pessoas, especialmente no estágio inicial da doença de Parkinson. Veja o que esperar à medida que a doença progride.

CRÉDITO: ADOBESTOCK

September 14, 2021 - Os estágios da doença de Parkinson podem ajudar a dar à pessoa e ao médico uma ideia de como o distúrbio pode progredir. A doença é caracterizada por certos sintomas característicos (tremor de repouso, rigidez e lentidão de movimentos), mas não há dois casos iguais da doença.

Uma pessoa pode apresentar apenas sintomas leves que não interrompem suas atividades diárias nos estágios iniciais da doença de Parkinson. Com o tempo, as pessoas com doença de Parkinson podem desenvolver problemas graves de mobilidade que tornam difícil ficar de pé ou andar.

Embora não haja como prever como será o cronograma dos estágios da doença de Parkinson de qualquer indivíduo, entender o que esperar durante o curso da doença pode ajudar você e o cuidador a planejarem com antecedência.

Quais são os 5 estágios da doença de Parkinson?
A doença de Parkinson é um distúrbio do movimento neurológico que é progressivo, o que significa que os sintomas pioram com o tempo. De acordo com a Fundação de Parkinson, a maioria das pessoas passa pelos estágios da doença de Parkinson gradualmente (e se os sintomas piorarem rapidamente, ao longo de dias ou semanas, pode ser um sinal de que algo mais está acontecendo).

Não há teste de laboratório que possa dizer a uma pessoa em que estágio sua doença se encontra. Em vez disso, é baseado na gravidade dos sintomas de movimento de uma pessoa e no quanto a doença afeta sua capacidade de viver a vida diária.

Embora os estágios da doença de Parkinson possam parecer um pouco diferentes para cada pessoa, aqui está um padrão típico da doença, de acordo com a Fundação de Parkinson:

Estágio 1
Nos estágios iniciais da doença de Parkinson, uma pessoa pode ter sintomas motores leves, como um tremor, mas ainda pode levar sua vida diária, seja trabalhando, fazendo pequenas tarefas ou desfrutando de hobbies, sem incidentes. Os sintomas de movimento geralmente ocorrem apenas em um lado do corpo envolvido. A doença de Parkinson no estágio 1 pode incluir mudanças nas expressões faciais, na postura ou no andar de uma pessoa.

Estágio 2
Os sintomas se tornam mais perceptíveis no estágio 2 da doença de Parkinson. Dificuldades de movimento e rigidez muscular tendem a afetar ambos os lados do corpo e as tarefas podem se tornar mais demoradas. A pessoa nesta fase do Parkinson também pode ter problemas para andar ou manter uma boa postura.

Estágio 3
O estágio 3 é considerado doença de Parkinson em estágio intermediário. É quando uma pessoa freqüentemente começa a perder o equilíbrio e aumenta o risco de cair. (Aqui estão algumas dicas sobre como evitar quedas em casa conforme você envelhece).

Atividades cotidianas como cozinhar, limpar, vestir e comer podem ser mais desafiadoras, mas a maioria das pessoas com doença de Parkinson no estágio 3 ainda são totalmente independentes.

Estágio 4
No estágio 4 da doença de Parkinson, a pessoa começa a apresentar sintomas mais graves e debilitantes. Eles podem precisar usar um andador ou outra forma de assistência para se locomover. Você pode precisar de ajuda em tempo integral para morar em sua casa à medida que progride no estágio médio a avançado de Parkinson.

Estágio 5
Este é o estágio mais avançado da doença e os sintomas podem ser intensos. Uma pessoa com doença de Parkinson em estágio avançado geralmente tem rigidez nas pernas que a impede de ficar em pé ou andar. Eles podem precisar usar uma cadeira de rodas ou não conseguir sair da cama e precisar de cuidados de enfermagem 24 horas por dia, 7 dias por semana, enquanto convivem com o estágio 5 da doença de Parkinson. Alucinações e delírios também se tornam mais prováveis ​​neste estágio.

Os médicos podem se referir a esses estágios do Parkinson como a escala Hoehn e Yahr: os estágios 1 e 2 são considerados estágios iniciais; os estágios 2 e 3 são considerados intermediários; e os estágios 4 e 5 são considerados estágio final.

Quais são os sintomas não motores do Parkinson?
Os estágios da doença de Parkinson são definidos pela gravidade dos sintomas motores de um paciente e o quanto esses sintomas afetam a capacidade de funcionar todos os dias. Mas há sintomas não motores que têm maior probabilidade de se desenvolver mais tarde na doença também, e o médico pode levá-los em consideração ao avaliar alguém com o transtorno.

Por exemplo, pessoas com doença de Parkinson em estágio avançado podem ter dificuldade para mastigar, comer, falar ou engolir ("disfagia"), que é considerado um sintoma motor e não motor. A disfagia, em particular, pode causar sérios problemas de saúde, como desnutrição, desidratação e aspiração.

Nos estágios finais da doença de Parkinson, uma pessoa pode desenvolver mudanças cognitivas, incluindo lentidão de memória ou pensamento, dificuldade de planejamento e realização de tarefas e dificuldade de concentração. (De acordo com a Fundação de Parkinson, aproximadamente 50% das pessoas com Parkinson terão alguma forma de deficiência cognitiva, e isso pode levar à demência total para alguns.) Ou eles podem notar mudanças em sua saúde óssea ou visão.


Mas não há como dizer com certeza se ou quando esses sintomas ocorrerão em qualquer indivíduo porque os sintomas da doença de Parkinson variam de pessoa para pessoa.

Com que rapidez a doença de Parkinson progride?
As pessoas tendem a passar pelos estágios da doença de Parkinson lentamente, geralmente ao longo dos anos. A pesquisa mostrou que a doença tende a progredir menos rapidamente em pessoas que são diagnosticadas em uma idade mais jovem (digamos, na casa dos 50 anos) do que aquelas diagnosticadas mais tarde na vida.

Além do mais, a doença de Parkinson pode começar décadas antes que o paciente perceba um único sintoma motor.

“Nós sabemos que a doença de Parkinson na verdade começa muitos, muitos anos antes de você ver aquele tremor ou aquele arrastar de pés,” Lynda Nwabuobi, MD, professora assistente de neurologia clínica no Instituto Weill Cornell de Doenças e Distúrbios do Movimento de Parkinson, disse à Health. "Achamos que há pelo menos 30 anos."

Esse estágio inicial da doença de Parkinson é chamado de estágio "pré-motor". Isso acontece antes de uma pessoa ser diagnosticada e pode incluir sintomas como perda do olfato, distúrbio de comportamento do sono REM (quando uma pessoa representa seus sonhos) e constipação.

“Os pacientes costumam dizer: 'Sim, há muitos e muitos anos não tenho um bom olfato'”, diz o Dr. Nwabuobi. "Ou o cônjuge diz: 'Ele chuta muito durante o sono. Faz isso desde que nos casamos.'"

Mas a realidade é que, como acontece com os sintomas da doença de Parkinson, a progressão da doença varia de pessoa para pessoa. “Algumas pessoas têm Parkinson há dois anos e não estão indo muito bem”, diz o Dr. Nwabuobi. “E então algumas pessoas têm Parkinson há 20 anos e estão indo muito bem e vivendo suas vidas”.

Felizmente, os tratamentos podem ajudar uma pessoa a controlar os sintomas e a ter uma vida mais funcional em vários estágios da doença de Parkinson.

"Temos muitos medicamentos muito bons", diz o Dr. Nwabuobi. "Eu digo às pessoas: 'Se você vai pegar uma doença neurodegenerativa, o Parkinson não é ruim'." Original em inglês, tradução Google, revisão Hugo. Fonte: Health. Veja também aqui: May 03, 2021 My Parkinsons Team.