Cemitério do Karajá (Foto: Religión Digital) |
eu quero só
esta cruz de pau
com chuva e sol,
este sete palmos
e a Ressurreição!
Mas para viver
eu já quero ter
a parte que me cabe
no latifúndio seu:
que a terra não é sua,
seu doutor Ninguém!
A terra é de todos
Porque é de Deus!
Para descansar...
Mas para viver,
terra eu quero ter.
Com Incra ou sem Incra,
com lei ou sem lei.
Que outra Lei mais alta
já a Terra nos deu
a todos os pobres
sem voz e sem vez;
que os filhos da gente
são gente também!
Para descansar...
Mas para viver,
terra exijo ter.
Dinheiro e arame
não nos vão deter.
Mil facões zangados
cortam para valer.
Dois mil braços juntos
cercam terra e céu.
Para descansar...
Mas para viver,
terra e liberdade
eu preciso ter.
E não peço esmola
nem compro o que é meu.
A Sudam e o diabo
podem se vender:
gente não se vende,
nem se compra Deus!
Para descansar...
Dom Pedro Casaldáliga