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sexta-feira, 8 de julho de 2022

Idosos ao volante. "Quero continuar a ter a minha independência"

por SARA PORTO

08/07/2022 - Segundo os dados do IMT, em Portugal, com título de condução válido com mais de 90 anos, há 765 mulheres e 8.289 homens. Uns por gosto, outros por necessidade...No mês passado, Candida Uderzo, uma italiana com 100 anos, surpreendeu o mundo ao renovar a sua carta de condução.

Em bebés brincamos com carrinhos miniatura. Em criança há quem receba e se deslumbre com carrinhos telecomandados ou mesmo por aqueles maiores a bateria, alimentando o imaginário daquilo que será conduzir. Quando a adolescência se aproxima e com ela o desejo de independência, uma das primeiras coisas que nos vem ao pensamento é tirar a carta, comprar um carro e “percorrer o mundo”. Mas e quando passam os anos? Como é que o envelhecimento acaba por interferir na condução? Em que idade se perde as competências para fazê-lo e de que forma se lida com isso? No mês passado, o mundo ficou a conhecer a história de Candida Uderzo, uma italiana centenária com carta de condução renovada. A idosa teve a sua carta de condução renovada aos 100 anos de idade, tornando-se, segundo o The Guardian, “pelo menos a terceira centenária do país, nos últimos anos, considerada apta para se sentar ao volante”. De acordo com o jornal britânico, a italiana recebeu uma nova carta de condução após passar no exame oftalmológico numa escola de condução na província de Vicenza, no norte de Itália.

Interrogada pelo Corriere della Sera, sobre o porquê de com essa idade continuar a querer conduzir, Candida revelou que gosta de ter “autonomia” e de “não ter de depender do seu filho para se deslocar a qualquer lado”. Além disso, a centenária avançou que a sua visão “é tão boa que consegue ler o jornal sem precisar de óculos”: “Estou feliz com esta renovação e também me fará sentir um pouco mais livre”, avançou Uderzo ao jornal italiano. “Tenho sorte, tenho 100 anos de idade, e ser tão saudável é uma surpresa para mim também!”, contou. Segundo a mesma, o segredo para a vitalidade passa por saber “desfrutar da vida”. Depois de ter ficado viúva aos 52 anos, foi no exercício físico que “encontrou uma forma de manter o seu corpo e mente jovens”. As longas caminhadas com amigos ajudaram-na a “lidar com a dor” e, depois de se reformar, juntou-se a um grupo de caminhadas, não perdendo um único passeio desde então. “Todos os domingos às seis da manhã estou pronta para ir”, adiantou. Além de Candida, no ano passado, um homem na Sicília que fez 100 anos também celebrou a renovação da sua carta de condução ao comprar um carro novo, dizendo, na altura, à imprensa local, que “nunca tinha tido um acidente na sua vida”. A verdade é que, atualmente, os idosos conduzem com mais frequência e até uma idade mais tardia e, normalmente, para um idoso a decisão de deixar de fazê-lo pode ser um tema bastante delicado. Em Portugal, por exemplo, com o título de condução válido com mais de 90 anos, existem 765 mulheres e 8 289 homens. Gustavo é um deles, e aos 95 anos diz que se sente mais do que apto para conduzir. “Era o que faltava não me deixarem conduzir. Faço toda a minha via normal e não perdi as faculdades de conduzir”.

A lei portuguesa

Segundo o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), em Portugal, legalmente, não existe uma idade limite para se deixar de conduzir. De acordo com os dados fornecidos pelo instituto, em 2021 e 2022 até dia 28 de junho foram 1 179 571 os pedidos de revalidação – 136 345 de pessoas com mais de 80 anos. A revalidação da carta de condução dos condutores do Grupo 1 (cat. AM, A1, A2, A, B1, B, BE e T) que tenham idade igual ou superior a 60 anos “está condicionada à apresentação de atestado médico que comprove as condições mínimas de aptidão física e mental”. “Os condutores com idade igual ou superior a 70 anos que pretendam revalidar a sua carta de condução devem apresentar ao médico que os avaliar o relatório do seu médico assistente no qual conste informação sobre os seus antecedentes (com indicação de eventuais doenças cardiovasculares e neurológicas, diabetes e perturbações do foro psiquiátrico)”, elucidou o IMT, acrescentando que “quanto à revalidação da carta de condução dos condutores do Grupo 2 (cat. C1, C1E, C, CE, D1, D1E, D, DE e B e BE com o averbamento da 997), que tenham idade igual ou superior a 50 anos para além do atestado médico estão também obrigados a apresentar certificado de avaliação psicológica”.

No que toca ao número total de condutores com mais de 80 anos, por idade e género (dados de 01/06/2022), são 26 862 as mulheres que com mais de 80 anos conduzem e 138 262 os homens, ou seja, 165 124 pessoas. No ano passado, no entanto, o número era mais baixo: 160 608. Isto, tendo em conta, explica o IMT, que a partir do ano 2021, “a licença de condução de veículos agrícolas foi extinta e a habilitação na categoria de veículos agrícolas transitou para a carta de condução, o qque poderá impactar no aumento de número de títulos de condução ativos”. “Na medida em que a maioria dos condutores de tratores agrícolas são condutores mais idosos”, sublinhou o instituto. Além disso, o IMT fez questão de frisar que o gráfico correspondente ao número de condutores por faixa etária, “diz respeito ao número de condutores independentemente da categoria a que se encontram habilitados, ou seja, abrange condutores das categorias”. “Os menores que se encontram contabilizados podem conduzir ciclomotores de duas rodas caracterizados por um motor de combustão interna de cilindrada não superior a 50 cm3, com velocidade máxima em patamar e por construção não superior a 45 km/h, ou cuja potência nominal máxima contínua não seja superior a 4 kW, se o motor for elétrico e frequentem com aproveitamento ação especial de formação ministrada por entidade autorizada para o efeito pelo IMT”, esclareceu o organismo, acrescentando que os de 16 anos podem conduzir “veículos de duas ou três rodas e quadriciclos ligeiros”.

O risco de acidentes rodoviários

Apesar destes altos números, segundo o Lares Online (plataforma informativa especializada em consultoria de equipamentos e serviços de cuidados para idosos), “o risco de acidente rodoviário aumenta em condutores com mais de 75 anos ou idosos que só conduzem esporadicamente”. E, apesar de não existir uma base científica que permita afirmar que os condutores com mais idade são aqueles que têm maior propensão para causar acidentes rodoviários, de acordo com a plataforma, “são cada vez mais frequentes as notícias de sinistros que envolvem idosos”. Em dezembro do ano passado, por exemplo, um homem de 79 anos percorreu dez quilómetros em contramão na A1 porque se tinha enganado no caminho. Há três semanas, um veículo ligeiro onde seguia um casal de idosos com cerca de 70 anos despistou-se e capotou na autoestrada A1, na zona de Estarreja, no distrito de Aveiro. O homem que seguia ao volante da viatura ficou encarcerado e não resistiu aos ferimentos, acabando por falecer, tendo o óbito sido declarado no local. A esposa, por sua vez, foi levada para o hospital em estado grave. Segundo a plataforma, a maioria dos acidentes com condutores idosos acontece “a baixas velocidades, em cruzamentos ou em caso de alteração de sentido”. Porquê? Devido à diminuição, com o passar dos anos, das “nossas capacidades físicas, funcionais e cognitivas”. E, quando assim o é, o cenário “deixa de ser seguro, tanto para os próprios idosos, como para outros condutores e peões”, lê-se no Lares Online. Por essa razão, a legislação portuguesa prevê que a carta de condução seja revalidada à medida que o condutor vai envelhecendo. Segundo o IMT, até aos 60 anos esta tem que ser revalidada de 15 em 15 anos, depois dessa idade – momento em que a pessoa já é considerada idosa (classificação da Organização Mundial de Saúde) – passa a ter que fazer a revalidação aos 65 anos, aos 70 anos e, a partir dessa idade, de dois em dois anos.

A complexidade da sinalização

Júlio Nunes, de 81 anos, natural de Sines, passou a sua infância no campo, com os pais e os quatro irmãos. Aos 7 anos já ajudava o pai nos trabalhos da lavoura e construía os seus próprios brinquedos, utilizando os mais diversos materiais. Contudo, só começou a conduzir no ano 1972 e nunca tinha pegado num carro antes disso. “Ao contrário de muita gente da minha idade, que costumava pegar no carro logo em novo com ajuda do pai, a primeira vez que peguei num foi mesmo numa escola de condução, com um instrutor!”, contou o artesão ao i, orgulhoso. Nessa altura a única coisa que tinha conduzido tinha sido uma bicicleta a pedal, mas desde muito jovem que queria tirar a carta. “Sempre quis tirar a carta, mas naquela altura, as condições não permitiam. Ganhava-se muito pouco! Assim que eu me vi com a possibilidade, quando juntei um dinheirinho, foi a primeira coisa que fiz. Passei logo!”, lembrou, reforçando que era uma coisa que queria tanto que “não teve problemas nenhuns em aprender”. “Sentia-me muito bem ao volante. Era uma forma de independência. Lembro-me de uma vez em que o meu instrutor foi dar uma volta de carro comigo e saiu do carro… Disse-me depois para arrancar sozinho, dar a volta e regressar. Tinha tido poucas aulas, andava sempre com ele… Mas eu fui e vim! Não é que me sentisse plenamente seguro, mas foi uma boa sensação. Desde aí, nunca parei”, afirmou. O seu primeiro carro foi um Fiat 600 D que comprou por 18 contos: “Era o único dinheiro que tinha, fiquei mesmo sem nada”, revelou. A maior parte das grandes viagens era para levar a sua filha, que é música, aos concertos. “Sempre a acompanhei e, por isso, ao longo da vida ainda fiz muitos quilómetros”, explicou. Em todos estes anos, Júlio não teve um único acidente, segundo o mesmo, por “ser muito cuidadoso”. Interrogado sobre as diferenças que sente com o passar do tempo, Júlio conta que só começou a senti-las no ano passado: “Ando mais devagarinho e tenho muito mais cuidado, por causa dos reflexos. Eu às vezes não consigo reagir logo, por isso preciso de ter mais calma. Temos de estar atentos à visão, à audição e, nesta idade, principalmente não confiar nos outros”, alertou, lamentando que “isto hoje já não é como era antigamente”. “Parece que as pessoas já não querem saber das regras da estrada… Então em cidades pequenas com piscas… É muito perigoso. Não colocam, não sabemos para onde vão virar. Como os meus reflexos já não são os mesmos, tenho de ter mais cuidado nesse tipo de situação, por exemplo. Eu não entro nos cruzamentos e rotundas sem os carros passarem primeiro”, admitiu. Além disso, para si, hoje em dia “há tanto sinal diferente de quando tirou a carta que a maior parte deles nem sequer os vê”. “Não reparo neles. É uma coisa muito automática”, lamenta. Se antes gostava, agora, conduzir chega mesmo a aborrecê-lo! “Até evito! Estou mais em casa. Antes ia passear, ver família, praia… Agora vou às compras. Já não tenho aquele vício de estar sempre a pegar no carro”, afirmou. Contudo, deseja ter essa possibilidade durante mais anos. “Enquanto me deixarem, enquanto os exames forem deixando”, suspirou.

O gosto pela condução

Osvaldo Godinho, de Vila Nova de Santo André, de 85 anos, começou a conduzir em 1959 e, ao contrário de Júlio, aprendeu em casa com os seus familiares. Depois de ter as técnicas aprimoradas e ser maior de idade, propôs-se a exame e passou. “Tirei a carta com 19 anos, mas já conduzia muito! Nessa altura era normal isso acontecer! Roubava o carro do meu pai à noite e ia dar umas voltas. Era para fazer ‘banga’, como se dizia na altura. Para dar charme!”, brincou com o i. Para si, “era uma maravilha”: “Aproveitava todos os minutinhos para dar uma voltinha. E depois as boleias… Dava boleias a toda a gente! O amigo, a amiga… Sozinho não me dava tanto prazer. Gostava de fazê-lo com companhia”, explicou. Interrogado sobre o seu primeiro carro, numa tímida gargalhada, Osvaldo relembrou que o teve em 1961. “Eu era oficial da zona de guerra e nós ganhávamos mais ou menos bem. Tinha dinheirinho. Quando passei para Luanda, havia aquele êxodo, muita gente a ir embora… Vi um DKW amarelo e bege (nunca mais me esqueço) e comprei. A pronto pagamento! Foi o meu primeiro carro. Era um carro jeitosinho, andava depressa. Depois comecei a entrar em gincanas e ralis. Gostava muito de adrenalina”, contou o agora escritor. Antes de ficar viúvo, também gostava de fazer grandes viagens. “Gostava muito de passear. Quando a minha mulher era viva, saíamos daqui e dizíamos que logo voltávamos… Sem destino, sem rumo… Adorava. Agora sozinho isso já não acontece com regularidade. É diferente!”, lamentou. Apesar de ver passar os anos, Osvaldo acredita que a sua relação com a condução não foi mudando. “Sempre guiei com muito cuidado e muita atenção. Talvez tenha melhorado com a experiência, na verdade. Não sinto quaisquer falhas. Talvez na reação… Não tenho a que tinha! Mas na visão não sinto diferença nenhuma. Uso óculos!”, defendeu. Foi nas estradas que sentiu uma maior diferença. “Nas estradas mudou muito, claro! Eram estradas de terra batida, que mudaram para asfalto. Senti, claro, uma diferença muito grande! Em África eram só buracos! Areia, barro… No tempo da chuva era muito complicado! A gente para fazer 100 quilómetros, demorávamos para aí umas três horas”, elucidou. Tal como Júlio, o escritor pretende conduzir por mais anos. “Sinto-me apto para isso! Continuo a gostar de conduzir como gostava! Eu deliro! Sempre que tenho oportunidade, pego sempre o carro! Quero continuar a ser independente”, reforçou.

Uma questão de necessidade

Camila, natural de Grândola, atualmente com 85 anos, tal como Osvaldo, começou a conduzir “menor de idade”, revelou em risos ao i. Teve de esperar a maioridade para fazer o exame de condução e, quando chegou o momento, “tinha estudado o código, aprendido a conduzir e só faltava o exame”. “Tirei a carta ainda não tinha 19 anos”, sublinhou. Quando começou a conduzir, diz que se sentia muito bem, por ser uma forma de autonomia Contudo, “como não tinha dinheiro para um carro, tirei a carta de condução e comprei uma bicicleta”, afirmou em tom de gargalhada. Camila era professora e ia para a escola de bicicleta naqueles dias em que se atrasava. “Era na aldeia do Futuro, aqui ao lado de Grândola. Era fácil! Mas quando passei para uma escola que era a seis quilómetros e depois uma a 13, já me custava muito. Tive de comprar um carrinho numa oficina, daquelas oficinas de pessoas conhecidas de família... Um Volkswagen muito antigo que hoje valeria um dinheirão!”, lembrou. “O que é que lhe fiz? O rapaz que me arranjava o carro, dizia sempre: ‘Quando pensar em vender esse carro, lembre-se de mim Dona Camila! Eu gosto tanto dele’. Tinha 20 e poucos anos. Depois casei, já não precisava dele e então o meu marido teve a ideia de oferecermos o carro ao rapaz. Ficou radiante. Depois arranjou e foi com ele para corridas, desfiles de carros antigos, etc.”.

Segundo a mesma, habituou-se rapidamente a estar ao volante e, como o seu marido era “adepto de trocar de carro com alguma regularidade”, ao longo da vida, a professora reformada conduziu inúmeros, “todos muito diferentes uns dos outros”. “Tinha de me habituar!”, frisou. Nessa altura gostava de conduzir... “Agora, não conduzo por gostar ou desgostar. Conduzo porque é necessário. As coisas são todas longe da minha casa… Quando o meu marido morreu, vendi o carrão que ele tinha (era muito grande para mim) e comprei um daqueles pequeninos, muito jeitosos, que andam por aí. As coisas de que eu preciso são longe da minha casa, suficientemente longe para eu me cansar! Se eu for no meu carro, vou confortavelmente instalada e não me canso, já que todos os meus gestos são mecânicos”, explicou, reforçando que “é raro o dia em que não conduza. “Aliás, recentemente fiquei doente (fui operada a um cancro) e continuei a conduzir para todo o lado. O carro dá-me muita independência. Para Évora, para o Hospital do Litoral Alentejano, para pegar compras…”. Relativamente ao que mudou, Camila admite que só a vontade e a obrigatoriedade de ter de conduzir sempre de óculos. “São feitos de propósito para isso. São para ver melhor ao longe”, contou.

Interrogada sobre se, quando passou o exame de condução e comprou o seu primeiro carro, sentiu discriminação por ser mulher, a professora admitiu que não: “Quando tirei a carta não havia preconceito relativamente às mulheres ao volante. Havia dificuldades económicas e comentavam mais as raparigas que andavam de bicicleta. Até porque na nossa terra, quando eu andava na escola primária, havia uma senhora muito rica, que era a única senhora em Grândola que tinha carta de condução e guiava. Toda a gente a admirava. Era muito generosa. Ajudava muita gente, porque ganhou uma grande herança”, elucidou. Mas quando comprou a bicicleta, sentiu sempre muitos olhares: “Quando saía da escola, havia quem se risse, ou dissesse alguma coisa. Precisei de pedir à minha mãe que me fizesse umas calças. As saias levantavam e ela fez-me um par de calças. Era a única na vila de bicicleta e um par de calças. Nunca mais deixei as calças”, lembrou entre risos.

Apesar dos idosos, normalmente, conduzirem com mais cuidado, segundo o Lar Online, “a probabilidade de terem um acidente é maior por cada quilómetro percorrido”. Porquê? Já que são um grupo de risco por serem “mais propensos a sofrer de doenças que podem influenciar a capacidade de conduzir”, tais como problemas cardíacos e pulmonares, diabetes, demência (incluindo Alzheimer), Parkinson ou artrite. Além disso, muitos deles tomam medicamentos que “podem ter efeitos secundários que prejudicam a condução, como sonolência, tonturas, tremores e confusão mental”. “Em média, um condutor toma 12 decisões por minuto, e a circulação em ambiente rodoviário requer a avaliação de situações complexas e tomadas de decisão que sejam executadas com rapidez e adequação”, lê-se na plataforma. De acordo com o Lar Online, enquanto os jovens que estão ao volante, têm mais acidentes “causados por condução sob o efeito do álcool, excesso de velocidade ou ultrapassagens perigosas”, grande parte dos acidentes com idosos “são as baixas velocidades e devem-se às mudanças que ocorrem nas suas capacidades funcionais, que condicionam uma mobilidade segura”.

Tanto Júlio, como Osvaldo e Camila, sentem-se aptos para conduzir e voltarão a renovar a carta de condução se os exames assim o permitirem. Fonte: Sapo.

terça-feira, 24 de agosto de 2021

Direção e Parkinson

May 21, 2018 - Dirigir ou não dirigir? Os membros do MyParkinsonsTeam lutam com essa questão regularmente. Como tremores, fadiga e outros sintomas dificultam o manuseio seguro do carro, a família e os amigos costumam pedir aos membros que parem de dirigir. “Minha esposa e filhos me imploraram para desistir de minhas chaves no outono passado, por medo de eu CAUSAR um acidente tanto quanto entrar em um”, explicou um membro. “Eu evito a rodovia e não dirijo à noite', escreveu outro. Perder a independência de dirigir é o maior medo de muitos membros. “Estou relutante em desistir de dirigir porque quero me agarrar ao último pedaço de independência que tenho!” um membro compartilhou. Outros membros do MyParkinsonsTeam encontraram maneiras de se adaptar: “Aluguei uma scooter com mobilidade que uso como meio de transporte”. Conectar-se com outras pessoas afetadas pelo Parkinson pode ser útil ao tomar decisões sobre como dirigir.

No MyParkinsonsTeam, a rede social e grupo de apoio online para aqueles que vivem com Parkinson, os membros falam sobre uma série de experiências pessoais e lutas. Dirigir é um dos 10 principais tópicos mais discutidos.

Aqui estão alguns tópicos de perguntas e respostas sobre como dirigir (questões com links na fonte):

• Alguém mais experimentou restrições de direção?

• A sonolência significa que você não deve dirigir?

• Gostaria de saber quantas pessoas ainda se sentem confortáveis ​​ao dirigir. Para vocês que não dirigem mais, qual foi o fator decisivo?

Aqui estão algumas conversas sobre como dirigir:

Posso controlar o tremor na mão direita, mas dirigir o provoca. Embora amudança de posição no volante pare o tremor.

Fui diagnosticado em 2011. Ainda estou dirigindo, mas tento minimizar por causa dos meus nervos.

Estou começando a notar efeitos colaterais do tratamento. Posso ter ataques de ansiedade ao dirigir.

Original em inglês, tradução Google, revisão Hugo. Fonte: MyParkinsonsTeam.

quinta-feira, 18 de junho de 2020

À procura de um carro novo

JUNE 18, 2020 - Dirigir. É uma atividade cotidiana que tomamos como certa e mais uma parte de nossa independência que a doença de Parkinson pode eventualmente tirar de nós.

Dirigir é uma tarefa complexa que se torna cada vez mais difícil à medida que o Parkinson progride. No entanto, muitas pessoas com o Parkinson jovem esperam continuar dirigindo por anos sem dificuldade.

Se você se questionar sobre suas habilidades de direção, existem maneiras de avaliar a situação. A Associação de Especialistas em Reabilitação de Motoristas procura promover "a excelência no campo da reabilitação de motoristas em apoio à mobilidade segura e independente". Ela fornece especialistas em reabilitação de motoristas para ajudar pessoas de todas as idades e habilidades a explorar as opções de transporte.

Na minha opinião, minhas habilidades de dirigir não eram um problema. Mas certas situações provocaram ansiedade e começaram a me preocupar. Comecei a perder a confiança na minha condução. Então, decidi tentar um formulário de auto-classificação on-line da AAA. Concedido, era para idosos com 65 anos ou mais, mas eu decidi que o Parkinson me qualificou para usá-lo também.

Minha pontuação foi um "Go!" Isso significa que eu sou um motorista seguro.

Apesar dessa pontuação encorajadora, decidi que era hora de começar a avaliar carros novos. Meu carro atual é ótimo, mas não possui recursos de segurança de assistência ao motorista, como carros mais novos.

A busca de um carro novo
Fiz uma lista de recursos obrigatórios e parti para encontrar um carro. Armado com minha lista de verificação, que incluía a necessidade de acomodar um motorista de 1,5 metro, iniciei minha busca pelo carro perfeito. Visitei quase todos os revendedores da região e sentei-me em vários carros. Eu literalmente apenas sentei neles.

Eu imediatamente eliminei um carro se não pudesse ver completamente o capô. Esse requisito eliminou quase todos eles. Alguns departamentos de vendas gostaram da minha abordagem, enquanto outros ficaram irritados com ela. No entanto, não senti a necessidade de "tentar" se não pudesse ver o capô do carro, o que significava que a estrada estava completamente fora de cena.

Outro requisito que muitos departamentos de vendas não entendiam eram bancos de força. Expliquei que os assentos elétricos são essenciais para mim porque tenho Parkinson e meu lado esquerdo é o meu lado dominante. Bombear manualmente a altura de um assento manual me atrasará em tudo.

Isso geralmente foi seguido por um olhar de descrença, ao qual eu respondi: "Sim, eu tenho Parkinson e não, não vou tentar." Para o próximo.

Minha lista obrigatória é prática, exceto talvez um item: deve ser um carro bonito. Eu dirigi um "carro mãe" prático nos últimos 20 anos.

Por fim, os recursos mais importantes são aqueles que me fornecem ajuda extra para segurança. Os pacotes de assistência ao motorista não substituem um motorista seguro. Mas eles podem ajudar o "Go!" motorista continuar a ser um motorista confiante e seguro.

Atualização: Eu tenho um carro! É um Volvo XC40 bonito e "novo para mim". Original em inglês, tradução Google, revisão Hugo. Fonte: Parkinsons News Today.

É uma ironia traduzir esta matéria para brasileiros como eu. O carro citado custa no Brasil valores entre R$ 177.950 a R$ 245.950, ou seja, cerca de 45 mil dólares. Mesmo com desconto de 30% previsto para PNE. Quem pode? Eu, tu, ele,  não! Exceções existem, mas não compensa. O cara dirige até onde quer ir e, ao chegar lá, não consegue descer...

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

A estimulação cerebral para Parkinson pode beneficiar pacientes na direção de veículos

December 18, 2013 - A estimulação profunda do cérebro (DBS) parece ter um efeito positivo sobre a capacidade de condução de pacientes com doença de Parkinson (DP), mostra nova pesquisa.

Um estudo conduzido por pesquisadores da University Medical Center Hamburg- Eppendorf, na Alemanha mostrou que os pacientes com doença de Parkinson que tinham DBS no núcleo subtalâmico (STN) poderiam dirigir de forma tão segura como as pessoas saudáveis ​​e com mais segurança do que os pacientes com doença de Parkinson que não receberam DBS.

Embora os resultados do estudo não devam alertar pacientes com DP a se submeter ao DBS apenas para voltar ao volante, os resultados devem estimular os médicos a não restringir a condução em pacientes com DP que tiveram este procedimento, disse o autor principal Carsten Buhmann, MD, ao Medscape Medical news.

"Os médicos não devem gerir os pacientes que tiveram a estimulação profunda do cérebro de forma mais restritiva do que os pacientes que não o têm", disse o Dr. Buhmann. "É claro, devemos analisar cuidadosamente se estes doentes podem dirigir tudo, mas não há nenhuma razão para pensar que uma vez que tenham sido operados, que haverá um problema em relação à condução."

Pacientes que têm DBS provavelmente conduzem um pouco melhor do que faziam antes de seu implante, mas, acrescentou, este estudo não prova.

Os resultados foram publicados on-line 18 de dezembro em Neurology.

Performance na Direção
O estudo incluiu 23 pacientes que haviam sido submetidos ao DBS no STN, 21 pacientes com DP que não tiveram DBS, e 21 controles, pareados por idade, sexo, cognição e experiência de condução.

Todos os participantes possuíam uma carta de condução válida e foram classificados como experientes (tendo dirigido um carro pelo menos uma vez por semana, durante mais de 30 minutos nos últimos 3 anos). 

Dr. Carsten Buhmann 
Nenhum dos participantes tinha o campo visual prejudicado. Todos os participantes tiveram uma pontuação no Mini Exame do Estado Mental de pelo menos 26 de 30 pontos.

Após 5 minutos de prática em um estacionamento virtual, os participantes foram testados para a velocidade e precisão ao dirigir em um carro automático simulado. A simulação incluiu um teste de trajeto urbano exigindo de 1,7 km com uma sequência aleatória de cenários.

O desempenho no simulador de direção reflete a capacidade de condução na vida real. O simulador inclui situações chave de trânsito - como"atravessar cruzamentos de rua","seguir e mudar de pista" e" passar uma rotatória".

Os pesquisadores contaram o número de erros de condução os categorizaram como leve, moderado, grave e muito grave.

Eles analisaram o tempo total e o tempo de condução imprecisa, número do erro, taxa de erro (número por vez), a gravidade de erros, e a soma da pontuação de erros. A pontuação soma ponderada tanto do número como da gravidade das falhas. Por exemplo, três pequenos erros foram menos perigosos do que um erro muito grave, e por isso levou a uma menor - pontuação - ou melhor.

Resultados Surpreendentes
Os resultados mostraram que o aumento da idade leva à condução imprecisa, número de erros, erros moderados, erros graves, e pontuação total de erros em todos os pacientes com DP e déficits cognitivos leves também tiveram uma influência negativa sobre a performance de condução em todos os participantes. 

O tempo total de condução foi significativamente maior em ambos os grupos DP do que nos controles e foi significativamente maior em pacientes com doença de Parkinson submetidos a DBS do que naqueles que não tinham. A média de velocidade foi de 41,2 km / h em controles, 32,5 km / h em grupo sem DBS, e 25,8 km / h em grupo DBS.

Comparados com os controles, os pacientes com DP não DBS tiveram desempenho significativamente pior em todas as categorias, exceto em erros moderados. Em contraste, aqueles que tinham sido submetidos a DBS não tiveram um desempenho significativamente pior do que o controle em qualquer categoria, de fato, o número de pequenos erros foi muito mais baixo no grupo de DBS ( 3,8 ) do que nos grupos não - DBS ( 11.4 ) e ainda menor do que nos controles ( 7,5) (P para controles vs pacientes não -DBS = 0,001 ; P para pacientes não -DBS vs DBS <.001 ; P para controles vs pacientes DBS = 0,043 ).

A pontuação total, que é o parâmetro mais importante de acordo com o Dr. Buhmann, foi significativamente pior ( P = 0,44 ) em pacientes sem DBS ( 25,6) do que nos controles ( 16,3 ), mas não foi significativamente pior nos pacientes com DBS ( 19,5 ) que nos controles. Embora a soma do placar tenha sido melhor no DBS que o grupo não -DBS, ele só perdeu devido à significância estatística.

Os pesquisadores interpretaram esses resultados como significando que os pacientes que tinham DBS dirigiram com mais cuidado e com mais segurança do que os pacientes sem DBS, disse o Dr. Buhmann.

Os resultados foram um pouco "surpreendentes", dadas as diferenças na gravidade da doença, acrescentou. Pacientes com DBS tinham DP por uma média de 14,0 anos, em comparação com 6,0 anos para os pacientes não - DBS, e a média de pontuação de Hoehn e Yahr foi de 3,0 para o grupo DBS e 1,9 para o grupo não -DBS.

"Embora os pacientes DBS levassem melhor pontuação, eles foram clinicamente mais afetados, o que significa que tinham DP por um longo tempo e estavam mais gravemente afetados de acordo com escores motores", disse Dr. Buhmann.

Parte 2
Em uma segunda parte do estudo, os pacientes que se submeteram a DBS concluíram exames de condução sob três condições:
Estimulação on ( STIM );
Estimulação (OFF );
Estimulação off, com levodopa ( LD ) dada em uma dose que criou um estado clínico idêntico (motor -wise) a que estariam com a estimulação on.

Os pesquisadores descobriram que a média da Scale Unified Parkinson Disease Rating III em pacientes com DBS foi quase idêntico ao STIM ( 15.39 ) como com LD ( 15.57 ), e foi significativamente melhor do que na condição OFF ( 24.52 ). Isso indica a função motora semelhante em teste é executada com STIM e LD.

No entanto, a condução era mais precisa no grupo DBS com STIM do que com LD. A taxa de erro, o número de erros, erros leves e moderados, e soma da pontuação dos erros foram menores nos STIM e mais alto em OFF, com todos os parâmetros em LD entre STIM e OFF. A soma da pontuação dos erros foi significativamente melhor para a condição STIM ( 20.16 ) do que para a condição LD ( 23.69 ). 

"Embora os efeitos motores com levodopa e estimulação fossem semelhantes, quase idênticos, a condução era melhor com a estimulação do que com a medicação, então deve haver algo por trás do aspecto motor que favorece o DBS em relação a medicação", disse o Dr. Buhmann.

A pior condução com LD em comparação com STIM pode ser parcialmente explicada pela inversão da relação entre a dopamina e cognição, disseram os autores. Eles observaram que houve um erro de condução grave uma vez em 4 pacientes na condição LD, mas apenas uma vez em um paciente na condição STIM e nenhum na condição OFF.

Primeiro estudo desse tipo
O tremor ocorreu em 3 pacientes na condição OFF e discinesias ocorreram em 6 pacientes na condição de LD, mas isso não teve influência significativa sobre os parâmetros de condução. Nos seis pacientes, as doses de levodopa no estado de LD não influenciou a incidência de discinesias ( P = 0,294 ).

O estudo também constatou condução mais lenta, mas mais precisa em pacientes com escores mais elevados de Hoehn e Yahr e de condução mais precisa em pacientes com história de doença. Em contraste com a velocidade de condução, a segurança de condução não foi maior nos motoristas experientes.

O trajeto da condução foi relativamente curto, por isso os resultados do presente estudo podem ser limitados ao centro da cidade ou bairro onde se deu. A condução para longas distâncias pode ser pior em pacientes com DP devido a problemas com a sustentação da atenção, observam os autores.

O estudo sugere que DBS pode ter uma influência positiva nas habilidades não motoras relevantes para a condução. Pesquisas anteriores já haviam sugerido que o DBS no STN pode melhorar seletivamente a aprendizagem processual implícita, possivelmente alterando a saída gânglios basais para o córtex frontal.

O Dr. Buhmann aponta para este que foi o primeiro estudo a analisar o impacto sobre a condução da DBS em pacientes com DP.

"Até agora, não tínhamos certeza como a estimulação cerebral profunda afetaria a condução", disse ele." Por um lado, ele pode aumentar a capacidade de condução, melhorando os problemas motores que ocorrem com a doença de Parkinson, mas, por outro lado, podem dificultar a condução porque o procedimento provoca um potencial declínio nas habilidades cognitivas executivas."

Conclusões
Comentando para Medscape Medical News, Kathleen Shannon, MD, da Universidade de Rush, em Chicago, Illinois, disse que o estudo era pequeno e por não olhar para pacientes com DP antes e depois DBS, as conclusões são "muito suaves", embora seja "reconfortante" que os resultados "não tenham sido terríveis."

"Não podemos dizer se era pior do que antes, mas era melhor do que as pessoas que não tiveram a estimulação cerebral profunda", disse ela.

Determinar a capacidade de condução em pacientes com doença de Parkinson é um "grande desafio", disse Shannon."Não há basicamente nada que você possa fazer no consultório para dizer se alguém pode ou não pode dirigir, é sempre uma situação arriscada."

No entanto, qualquer centro de reabilitação "que se preze" terá equipamento profissional, incluindo um simulador de direção.

O novo estudo não vai mudar a prática atual do Dr. Shannon quando se trata de aconselhar os pacientes com DP com a condução.

"Nós estávamos nos inclinando para ser um pouco mais cuidadosos com as pessoas que tinham DBS por causa de possíveis problemas com algumas das funções cognitivas superiores que podem estar relacionados ao DBS", disse ela.

As decisões sobre a condução é feita "na base do caso a caso" e considera "toda a pessoa", acrescentou.

É necessário um estudo prospectivo a olhar para os pacientes antes e depois do DBS, disse Shannon.

O estudo foi apoiado pelo Georg & Jürgen Rickertsen Stiftung Hamburgo. O Dr. Buhmann relata ter recebido apoio de pesquisadores da Georg & Jürgen Rickertsen Stiftung Hamburgo. Ele atuou no conselho consultivo científico para GSK e UCB Pharma e recebeu honorários por palestras da GSK, Medtronic, Orion Pharma, e UCB. Dr. Shannon não declarou relações financeiras relevantes. (original em inglês, tradução Google, revisão Hugo) Fonte: MedScape.