Estudo analisa movimentos clínicos e gera dados que podem ajudar os pesquisadores. (Foto: Reprodução)
2 de junho de 2024 - Uma pesquisa científica, realizada em parceira entre a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a universidade britânica Bradfor, visa usar a inteligência artificial para estabelecer parâmetros e, assim, conseguir identificar o Parkinson ainda em estágio inicial.
Atualmente, o diagnóstico é clínico e, normalmente, quando o paciente chega ao consultório médico, está em um estágio avançado da doença.
Além de facilitar o diagnóstico, a pesquisa quer também mapear precocemente a condição, ou seja, fazer com que aquele paciente que tem uma tendência ao Parkinson faça o tratamento o quanto antes.
O Parkinson é uma condição neurológica resultado da degeneração das células no cérebro que produzem a dopamina. Como consequência, os movimentos do corpo são afetados, causando tremores, rigidez muscular e dificuldade na fala, por exemplo.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais frequente no mundo, atrás apenas do Alzheimer. Cerca de 4 milhões de pessoas no mundo vivem com a doença, sendo aproximadamente 200 mil no Brasil. De acordo com a Secretaria de Saúde do Paraná, são 20 mil pessoas com a condição no estado.
O Parkinson não tem cura, e o tratamento serve para amenizar os sintomas. Com a evolução das análises, o estudo deve ajudar médicos a escolherem tratamentos e medicamentos de forma mais precisa, o que deve melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Há doze anos, a Sandra Salomão Cury Riechi percebeu que os tremores nas mãos se tornaram frequentes. Além disso, o equilíbrio faltava e os movimentos ficaram mais rígidos. “Comecei a tremer mais do que era visível. Daí uma amiga minha falou: ‘Sandra, você está tremendo muito’. Eu fui no meu médico, um psiquiatra, que recomendou que eu fosse a um neuro”, lembra.
Voluntariado
Ao procurar um médico, o diagnóstico: Parkinson. Hoje, ela é presidente da Associação Parkinson Paraná e é uma das pacientes voluntárias do estudo da UFPR.
O avanço é silencioso e, quando o paciente chega ao consultório, normalmente está em fase avançada. Esse foi um dos motivos que levaram os pesquisadores da UFPR a começarem os estudos.
No Centro de Estudos do Comportamento Motor são feitos testes com os pacientes voluntário. São avaliados movimentos como o da pinça.
Em outro teste, um celular é colocado na perna e um sensor avalia a frequência do movimento de subir e descer o calcanhar. Os gestos são captados pelas câmeras e transmitidos para um aplicativo de computador, que transforma em dados para análise.
O professor André Rodacki, doutor em exercícios e ciências do esporte, é um dos pesquisadores do Departamento de Educação Física da UFPR que atua no estudo. Ele explica que as análises dos comportamentos dos pacientes podem ajudar muito os médicos a estabelecerem as dosagens.
“Se a gente conseguir fazer essa identificação dos diferentes estágios, e também conseguir fazer o mapeamento dos estágios que precedem a doença, talvez seja uma grande possibilidade de a gente fazer um diagnóstico precoce, o que seria extremamente importante para todos envolvidos com o Parkinson, para que eu tenha condições de dar ferramentas para que uma intervenção, uma ação medicamentosa ou de tratamento comece a ser efetuada muito mais precocemente”, afirma o pesquisador.
Ramzi Jaber, aluno de pós- doutorado da Universidade de Bradford, é um dos pesquisadores que participam do estudo e esteve em Curitiba para coletar amostras, que agora vão ser analisadas por médicos.
“Nossa colaboração com a Universidade Federal do Paraná é desenvolver um sistema usando visão computacional e técnicas de inteligência artificial para quantificar os distúrbios do movimento associados ao Parkinson. […] Nosso foco principal é extrair parâmetros clínicos significativos a partir de gravações de vídeos de tarefas simples de clínicos como o ‘tocar de dedo'”, disse.
Mudanças sutis
O pesquisador André Rodacki explica que, no caso do Parkinson, muitas vezes é difícil identificar pequenas melhorias ou pequenas deteriorações do movimento.
Os testes em desenvolvimento no estudo podem ajudar a mapear essas alterações de forma mais acurada e identificar se o tratamento está surtindo efeito.
Além de facilitar o diagnóstico do estágio do Parkinson, a pesquisa quer também mapear precocemente a condição, ou seja, fazer com que aquele paciente que tem uma tendência ao Parkinson faça o tratamento o quanto antes. As informações são do G1. Fonte: O Sul.