Vem uma situação difícil, tu "pega" o carro, vai no médico e volta com um diagnóstico de parkinson.
O casamento já tinha dançado.
O remédio, Prolopa, te faz bem, e tu, na tua santa ignorância, pensa que é só um parkinsonzinho, que o bicho não é tão brabo assim.
A vida continua, o trabalho continua…, passam-se uns 4 anos.
O remédio, o mesmo remédio, passa a não te fazer bem, e até passa a fazer mal, não apenas fisicamente, mas mentalmente, trazendo entre outras coisas, ideações suicidas, que juro, até então constava explicitamente na bula.
A família, filhos na faixa de até 13 anos são igualmente impactados, e até hoje, passados 20 anos do diagnóstico, minha relação com eles é complicada. Me ausentei no papel de pai enquanto lutava e continuo lutando com o inimigo.
Hoje sei, não é parkinsonzinho. O buraco é mais embaixo. É lento, mesmo com dbs, e progressivo mesmo com dbs.
Depois de implantar dbs, num primeiro momento mal sucedido, por implante deslocado de eletrodo, sentir os efeitos deletérios físicos e mentais do coquetel de drogas constituído por levodopa (Prolopa), pramipexole (Mirapex ER), Amantadina (Mantidam), Stalevo e eventualmente Comtan, ansiolíticos, etc… posso dizer: sobrevivi, roto e esfarrapado, mas a luta continua.
O dbs foi corrigido e estou, sob certo aspecto, melhor do que na época pós diagnóstico. Não tomo nenhum remédio que afete o comportamento, estou limpo! E só isto compensa, a lucidez. A melhor coisa. Amém. Já me arrastei de 4 pois não conseguia caminhar, daí pra outras coisas… O resto é mais meio quilo de farofa..., mas a luta continua. Chegaremos lá de pé, ou quase lá, e lúcidos. Talvez um ópiozinho nas derradeiras, mas até então, me considero lúcido.
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