7 de outubro de 2025 -
Cientistas capturaram uma nova visão alarmante de como a doença de
Parkinson pode começar. Uma proteína tóxica parece perfurar
pequenos buracos cintilantes nas células cerebrais, desgastando-as
lentamente em vez de destruí-las completamente.
Usando um
poderoso método de imagem, pesquisadores observaram esse processo se
desenrolar em tempo real, abrindo uma nova janela para os danos
ocultos por trás dos sintomas de Parkinson e apontando novas
maneiras de detectar a doença precocemente.
O Mistério do
Parkinson se Aprofunda
Uma proteína tóxica recém-identificada
pode conter o segredo de como a doença de Parkinson se desenvolve.
Cientistas da Universidade de Aarhus relatam que essa proteína cria
poros móveis nas membranas das células cerebrais e, com uma nova
técnica, conseguiram observar esses ataques moleculares se
desenrolarem em tempo real.
Os primeiros sinais do Parkinson
geralmente passam despercebidos. Um leve tremor nas mãos. Uma leve
rigidez. No entanto, com o passar do tempo, as células cerebrais
começam a morrer e os sintomas pioram. Por décadas, a razão por
trás desse declínio permaneceu obscura, mas os pesquisadores
acreditam estar mais perto de encontrar uma resposta.
Proteína
Descontrolada
O foco está em uma proteína chamada α-sinucleína.
Em um cérebro saudável, ela ajuda as células nervosas a se
comunicarem entre si. Na doença de Parkinson, no entanto, a proteína
começa a agir de forma diferente, aglomerando-se em formações
nocivas.
A maioria dos estudos anteriores se concentrou em
grandes aglomerados da proteína, chamados fibrilas, que podem ser
observados no tecido cerebral de pessoas com Parkinson. A nova
pesquisa, no entanto, destaca formas muito menores e mais perigosas:
oligômeros de α-sinucleína. Essas minúsculas estruturas parecem
perfurar as membranas das células nervosas com orifícios
microscópicos.
As descobertas foram publicadas na ACS Nano,
uma revista da Sociedade Química Americana.
O processo se desenrola em três etapas. Primeiro, os oligômeros se fixam à membrana, especialmente nas regiões curvas. Em seguida, inserem-se parcialmente na membrana. Finalmente, formam um poro que permite a passagem de moléculas e, potencialmente, perturba o equilíbrio interno da célula.
Mas esses não são buracos estáticos. Os poros abrem e fecham constantemente, como pequenas portas giratórias.
“Esse comportamento dinâmico pode ajudar a explicar por que as células não morrem imediatamente”, afirma Bo Volf Brøchner, doutorando e primeiro autor do estudo. “Se os poros permanecessem abertos, as células provavelmente entrariam em colapso muito rapidamente. Mas, como eles abrem e fecham, as próprias bombas da célula podem ser capazes de compensar temporariamente.”
Membrana Artificial
Filme Molecular em Câmera Lenta
Esta é
a primeira vez que essa dinâmica de poros foi observada em tempo
real. Isso foi possível graças a uma plataforma de análise de
vesícula única recém-desenvolvida, que permite aos pesquisadores
acompanhar as interações entre proteínas e vesículas
individuais.
Vesículas são pequenas bolhas artificiais que
imitam membranas celulares e servem como modelos simplificados de
células reais.
“É como assistir a um filme molecular em
câmera lenta”, explica Mette Galsgaard Malle. “Não só podemos
ver o que acontece, como também podemos testar como diferentes
moléculas afetam o processo. Isso torna a plataforma uma ferramenta
valiosa para a triagem de medicamentos.”
Longo Caminho para
o Tratamento
De fato, a equipe já testou nanocorpos – pequenos
fragmentos de anticorpos – desenvolvidos para se ligar
especificamente a esses oligômeros. Eles se mostram promissores como
ferramentas de diagnóstico altamente seletivas. No entanto, como
tratamento, ainda há um longo caminho a percorrer.
“Os
nanocorpos não bloquearam a formação dos poros”, afirma Bo Volf
Brøchner. “Mas ainda podem ajudar a detectar oligômeros em
estágios muito iniciais da doença. Isso é crucial, já que o
Parkinson normalmente só é diagnosticado após a ocorrência de
danos neuronais significativos.”
O estudo também mostra que
os poros não se formam aleatoriamente. Eles tendem a surgir em tipos
específicos de membrana – especialmente aquelas que se assemelham
às membranas das mitocôndrias, as fábricas de energia da célula.
Isso pode indicar que o dano começa ali.
Um Passo de Cada
Vez
No entanto, os pesquisadores enfatizam que o estudo foi
conduzido em sistemas modelo – não em células vivas. O próximo
passo será replicar as descobertas em tecido biológico, onde
fatores mais complexos entram em jogo.
“Criamos uma
configuração experimental limpa, onde podemos medir uma coisa de
cada vez. Esse é o ponto forte desta plataforma”, afirma Mette
Galsgaard Malle. “Mas agora precisamos dar o próximo passo e
investigar o que acontece em sistemas biológicos mais
complexos.”
Referência: “Rastreamento de vesícula única
de oligômeros de α-sinucleína revela formação de poros por um
modelo de três estágios” por Bo Volf Bro̷chner, Xialin Zhang,
Janni Nielsen, Jo̷rgen Kjems, Daniel E. Otzen e Mette Galsgaard
Malle, 12 de agosto de 2025, ACS Nano.
DOI:
10.1021/acsnano.5c04005
O trabalho foi iniciado e
supervisionado pelo Professor Daniel E. Otzen (iNANO/MBG) em conjunto
com o Professor Jørgen Kjems (iNANO/MBG). Fonte: scitechdaily.


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