quinta-feira, 8 de julho de 2021

Distanciamento social afeta qualidade de vida de pessoas com doença de Parkinson

Maria Elisa Pimentel Piemonte comenta o impacto do estresse da pandemia e da interrupção de serviços de tratamento para as pessoas com Parkinson durante o distanciamento social

07/07/2021 - Um estudo realizado desde abril do ano passado mostra os impactos da pandemia em pessoas com a doença de Parkinson. A professora Maria Elisa Pimentel Piemonte, do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, comenta os dados da pesquisa em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição. “A doença de Parkinson é complexa porque envolve alterações motoras e não motoras que, somadas, interferem na independência da pessoa na realização de atividades diárias, além de ser incurável e progressiva”, contextualiza a professora. Com isso, a pessoa acometida com a doença e seus familiares percebem a perda na qualidade de vida à medida que a doença se agrava.

“Nosso interesse na pesquisa foi investigar qual o impacto do estresse da pandemia e da interrupção de serviços de tratamento para as pessoas com a doença de Parkinson durante o distanciamento social”, explica Maria Elisa. Ela também esclarece que o estudo se iniciou no final de abril do ano passado e que as pessoas entrevistadas já relatavam estar dentro do isolamento social ao longo de sete semanas. “A gente considerou o quanto o distanciamento social poderia afetar as alterações motoras e não motoras da doença, a qualidade de vida, e demos um foco específico na saúde mental dessas pessoas”, ressalta. A partir disso, o estudo apontou que as pessoas acometidas com Parkinson relataram agravamento e alterações nos domínios considerados. “Essa piora em cada domínio é resultado de fatores combinados, ou seja, o distanciamento social tem um impacto multidimensional”, explica a professora.

Em comparação a outros países, de acordo com Maria Elisa, o Brasil ainda engatinha na telemedicina e muitos profissionais são resistentes a esse método de tratamento. “Outros países conseguiram se organizar para amparar essas pessoas a distância muito mais rápido do que aconteceu no Brasil”, revela. Na esfera nacional, o estudo esteve presente em 14 centros espalhados pelas cinco regiões do Brasil. “O estudo também apontou que o índice de vulnerabilidade da região tem um impacto mais importante que o individual”, destaca. Para Maria Elisa, é preciso analisar a complexidade dessas condições da doença de forma mais cuidadosa, rever as regiões com maior vulnerabilidade social que têm impacto sobre a doença e aprender com a situação para outros eventos que afetem a saúde da população.

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