terça-feira, 4 de junho de 2024

Suplicy trata Parkinson com Cannabis e a transforma em nova bandeira de luta

Diagnosticado com a doença há meses, deputado agora luta para que os mais pobres tenham acesso ao óleo derivado da planta da maconha

Suplicy mostra o óleo à base de Cannabis. / Créditos: Reprodução de Vídeo

4/6/2024 - O deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP), 82 anos e 44 de vida pública, descobriu em setembro do ano passado que tem a doença de Parkinson. A partir disto, ele resolveu se tratar com derivados da Cannabis Sativa, a planta da maconha.

Segundo entrevista ao jornalista Lucas Veloso, da coluna Viva Bem, do UOL, Suplicy conheceu a Associação Flor da Vida, em Franca (SP). No local, pacientes com doenças crônicas ou síndromes raras, especialmente crianças, são medicados com Cannabis medicinal.

Suplicy: Como a cannabis medicinal pode ajudar no tratamento de Parkinson

Após conversar com pacientes e familiares, ele ficou impressionado com o trabalho da organização e indicou que escreveria uma carta à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) com seu relato do que viu e de como gostou das ações feitas ali. A agência é responsável por regulamentar e fiscalizar o uso da planta no país.

Pouco depois, o deputado passou a tomar as primeiras gotas de CBD (canabidiol), medicamento feito a partir da Cannabis sativa, inicialmente importado. "O primeiro óleo tinha uma cor diferente, porque era em doses da Cannabis medicinal infantil. Fui tomando pouco a pouco: cinco gotas por dia", lembra.

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

Após algumas semanas, Suplicy aumentou a dosagem gradativamente e passou a tomar a versão para adultos. Na primeira semana, foram cinco gotas, três vezes ao dia. Depois, seis gotas, sete, oito e, então, passou a tomar nove gotas após cada refeição.

Atualmente, Suplicy toma 27 gotas diárias, de manhã, após o café da manhã, depois do almoço e após jantar, e relata vários pontos positivos, entre eles o sumiço das dores musculares que sentia na perna.

À medida em que a doença avançava, tarefas comuns do cotidiano, como usar o celular, ler e segurar o papel com um pronunciamento foram ficando mais difíceis por conta dos tremores. Os sintomas, no entanto, acabaram com o uso do medicamento.

“Também passei a andar com maior firmeza, e eu faço isso, sempre fui um bom esportista”, afirma ele.

Apoio

Suplicy conta que recebeu apoio da família e também de todas as artes, apesar de a Cannabis ainda ser um tabu na sociedade. "As pessoas perguntam como está a minha saúde, eu conto o progresso que tenho tido", pontua.

Há, no entanto, um longo caminho a percorrer. Atualmente, no Brasil, o tratamento com Cannabis medicinal não faz parte dos métodos tradicionais. Suplicy se submete ao que é chamado no jargão como “off-label”, “fora da bula”, em tradução livre. Na prática, é receitar um remédio já comercializado para uma função diferente da estipulada na bula e autorizada para comercialização.

Uma nova luta

A causa da Cannabis medicinal, bem como o seu acesso às pessoas mais pobres, se transformou em mais uma bandeira do parlamentar nos últimos meses, ele que já era um conhecido defensor dos direitos humanos e da renda básica.

"Procuro colaborar cada vez mais para que a legislação brasileira seja mais adequada para permitir que as pessoas mais pobres, nas áreas periféricas de nossas cidades ou no campo, possam ter acesso ao tratamento", diz. Fonte: Revista Fórum.

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