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quinta-feira, 4 de julho de 2024

Pesquisa associa vacina de tétano a menor risco de Parkinson

04/07/2024 - A vacina contra o tétano poderia reduzir o risco de uma pessoa desenvolver Parkinson, sugere um novo estudo israelense. Segundo os autores, os resultados apontam para um envolvimento da bactéria causadora da infecção no surgimento da doença degenerativa. Conforme mostrou um algoritmo criado pelos pesquisadores, quanto mais recente a dose, maior o efeito protetivo. A vacinação também pareceu retardar a progressão da doença.

Os pesquisadores especulam que a toxina da bactéria Clostridium tetani, causadora do tétano, poderia estar presente no trato gastrointestinal e migrar para o sistema respiratório, incluindo seios paranasais, o que levaria a danos nos nervos. Mas os próprios autores reconhecem que a simples presença do patógeno não seria suficiente para promover o Parkinson.

Os dados são de uma pesquisa observacional conduzida por cientistas da Universidade de Tel Aviv e da Leumit Health Services, organização que mantém registros eletrônicos médicos completos das últimas duas décadas. Eles acompanharam 1.446 pacientes adultos que receberam diagnóstico de Parkinson entre 45 e 75 anos de idade e os compararam a um grupo controle formado por mais de 7 mil pessoas. Entre os diagnosticados, 1,9% tinham tomado a vacina no período avaliado, contra 3,1% dos demais.

A doença de Parkinson é multifatorial e não há uma única causa. Sabe-se que ela está relacionada a diversos fatores, inclusive ambientais, como contato com solventes, metais pesados e toxinas, além de problemas hormonais e do próprio envelhecimento. Em alguns casos, a condição se deve a mutações genéticas. “Daí a dificuldade em desenvolver um remédio capaz de curá-la”, explica o neurologista André Felício, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Neuroinflamação e toxinas são mecanismos conhecidos que deflagram doenças neurodegenerativas, entre elas, o Parkinson. Seja no bulbo olfatório ou no intestino, esse processo começa na periferia até chegar ao cérebro”, explica Felício.

Mas, segundo o médico, é preciso muita cautela com os resultados desse estudo, que ainda não foi revisado por pares. “A pesquisa aponta na direção de infecções e toxinas que ingerimos ou inalamos ao longo da vida e que poderiam, por exemplo, mudar a flora bacteriana ou a flora no pavilhão olfatório. A partir daí, inicia-se o processo de neurodegeneração”, diz o especialista. “No entanto, essa relação é ainda timidamente explorada na literatura científica e o veículo de publicação é bem frágil. O ideal seria que fosse publicado numa revista melhor”, ressalta o especialista.

O Parkinson é uma doença crônica neurodegenerativa causada pela queda na produção de dopamina, um neurotransmissor envolvido no controle motor. Além dos sintomas clássicos, como tremores, lentidão e rigidez nas articulações, pode haver ansiedade, depressão, demência, entre outros. Não há cura, mas dá para controlar os sintomas com remédios. Alguns pacientes podem se beneficiar da estimulação cerebral profunda, que usa uma espécie de marca-passo implantado cirurgicamente e produz um estímulo elétrico capaz de modular as estruturas nervosas envolvidas nos sintomas.

Já o tétano é uma infecção causada pela toxina da bactéria Clostridium tetani, que está presente em ambientes como solo, poeira, fezes de animais e vegetação. O risco, portanto, não está só em pregos enferrujados. O agente infeccioso entra no organismo por meio de ferimentos ou lesões e causa rigidez muscular, podendo levar à insuficiência respiratória e à morte.

No Brasil, a vacina contra o tétano é administrada juntamente com as de coqueluche e difteria e faz parte do Calendário Nacional de Vacinação. Ela é oferecida para bebês em três doses (aos 2, 4 e 6 meses de vida), com reforços aos 15 meses e aos 4 anos. Adultos devem tomar reforços a cada dez anos, ou a cada cinco em caso de ferimentos graves. Fonte: Isto é.

sábado, 1 de junho de 2024

A doença de Parkinson poderia ser prevenida por uma vacina recente contra o tétano

A doença de Parkinson pode ser causada por uma infeção com bactérias do tétano. Pelo menos, assim defende uma nova ideia radical.

1 JUNHO, 2024 - Segundo o New Scientist, a alegação decorre da descoberta de que as pessoas que foram recentemente vacinadas contra o tétano para prevenir uma infeção de feridas têm metade da probabilidade de mais tarde serem diagnosticadas com Parkinson.

“Quanto mais próximo da data da vacina, menor é a probabilidade de os indivíduos serem diagnosticados com a doença de Parkinson”, afirma Ariel Israel, da Universidade de Telavive, em Israel.

Os resultados sugerem que as vacinas contra o tétano, amplamente disponíveis, podem prevenir ou tratar a doença de Parkinson, embora primeiro tenham de ser repetidos. Se se confirmarem, “são grandes notícias”.

A doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa que afeta geralmente pessoas idosas e que provoca tremores e dificuldades de movimento. É causada pela morte progressiva de um subconjunto de células cerebrais que controlam o movimento, mas o seu desencadeamento é desconhecido.

Os investigadores analisaram os registos de um prestador de cuidados de saúde em Israel para verificar se algum tipo de vacinas administradas na idade adulta estava associado a um maior ou menos risco de Parkinson.

Escolheram cerca de 1500 pessoas que tinham sido diagnosticadas entre os 45 e os 75 anos e comparam-nas com um grupo de controlo cinco vezes maior, selecionado para ter características semelhantes às das pessoas com a doença.

Descobriram que 1,6% das pessoas com Parkinson tinham um registo de vacinação contra o tétano antes do diagnóstico, em comparação com 3,2% das pessoas sem a doença.

O efeito protetor foi também maior nas pessoas que tomaram a vacina mais recentemente, não tendo ninguém desenvolvido Parkinson nos dois anos seguintes à vacinação.

Sabe-se que o C. tetani — a bactéria que causa a doença — liberta uma toxina que danifica as células nervosas. De facto, são os efeitos desta toxina que causam os espasmos musculares característicos após a infeção tetânica de uma ferida.

A vacina contra o tétano é uma versão alterada desta toxina, que faz com que o sistema imunitário produza anticorpos que também são eficazes contra a toxina verdadeira.

O C. tetani pode viver de forma inofensiva no intestino humano e Israel especula que a doença de Parkinson pode surgir se, de alguma forma, se transferir para o nariz, onde quaisquer toxinas libertadas poderiam viajar pelas células nervosas até ao cérebro.

“Sabemos que esta toxina pode viajar ao longo dos neurónios”, afirma. “Não creio que a simples presença do Clostridium tetani algures no microbioma seja suficiente para causar a doença”. Há provavelmente outros fatores, como os genéticos, que fazem com que algumas pessoas sejam particularmente sensíveis aos danos causados pela toxina”.

Roger Barker, da Universidade de Cambridge, diz que a análise considerou um número muito pequeno de pessoas ao comparar as que tomaram a vacina em intervalos diferentes antes de desenvolverem Parkinson.

“É por isso que é difícil tirar conclusões definitivas“, afirma. “Mas penso que é interessante e que vale a pena analisá-lo noutras populações”.

Claire Bale, da Instituição de caridade Parkinson’s UK, afirma que os resultados levantam a “possibilidade interessante de as vacinas contra o tétano poderem oferecer proteção contra o desenvolvimento da doença de Parkinson e até mesmo retardar a progressão da doença, uma vez que isto é algo que os tratamentos atuais não conseguem fazer, seria extremamente significativo se se concretizasse”. Fonte: Zap aeiou.