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quarta-feira, 1 de maio de 2024

Investigadores estudam novo fármaco para o tratamento do Parkinson

01/05/2024 - A doença de Parkinson é um distúrbio neurodegenerativo que resulta da perda de neurónios que produzem um importante neurotransmissor, a dopamina, responsável por processos fisiológicos como cognição, memória, emoções e o controlo do movimento.

Uma equipa de investigadores do Departamento de Química e Bioquímica da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) está a trabalhar num novo fármaco para o tratamento da doença de Parkinson, mais eficiente e com menos efeitos secundários do que os atualmente usados.

Os fármacos existentes no mercado têm como objetivo aumentar a produção de dopamina no sistema nervoso central. No entanto, ao longo dos anos, estes medicamentos perdem eficácia, havendo necessidade de administrar doses mais elevadas, o que resulta em efeitos secundários que, em muitos casos, podem até exacerbar os sintomas da doença.

“O nosso alvo é diferente: focamo-nos na modulação dos recetores de dopamina”, começa por explicar Ivo Dias, investigador do Laboratório Associado para a Química Verde (LAQV-REQUIMTE) na FCUP que lidera a equipa de investigação.

“O que acontece na doença de Parkinson é que os baixos níveis de dopamina não são suficientes para ativar os recetores de forma adequada e, por conseguinte, comprometem a ativação dos circuitos dopaminérgicos. O que nós pretendemos é aumentar a afinidade destes recetores para a dopamina e, assim, conseguir que os sintomas motores sejam atenuados mesmo a concentrações baixas deste neurotransmissor”, salienta.

Melhorar em laboratório um potencial fármaco que existe naturalmente no nosso corpo

Para isso, os investigadores da FCUP estão a desenvolver, em laboratório, no âmbito do projeto DynaPro, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, análogos de um neuropéptido, a melanostatina. A melanostatina, descoberta nos anos 70, existe naturalmente no nosso corpo, e é conhecida pela sua atividade anti-Parkinson, já comprovada em ensaios clínicos. O objetivo é melhorar o seu potencial terapêutico, tornando-a num candidato a fármaco: com maior estabilidade biológica e absorção ao nível gastrointestinal melhorada.

“Descobrimos que um dos três aminoácidos que compõem esta substância pode ser modificado a nível estrutural sem prejudicar a atividade moduladora dos receptores da dopamina: a prolina”, descreve o investigador.

E é com base nesta modificação que a equipa da FCUP, no âmbito do projeto DynaPro, já alcançou resultados promissores. Juntamente com os parceiros da Universidade de Santiago de Compostela, verificaram que os compostos desenvolvidos em laboratório não só são mais eficientes, como também não apresentam toxicidade em células neuronais. “Verificámos que alguns dos nossos análogos são ainda mais potentes do que a melanostatina, conseguindo ativar os recetores a uma concentração ainda mais baixa de dopamina”, conta.

Uma abordagem terapêutica pioneira com resultados promissores

Com esta nova abordagem farmacológica, há também uma vantagem ao nível dos efeitos secundários: “são muito reduzidos porque a melanostatina não tem atividade na ausência de dopamina”.

A equipa da FCUP é uma das poucas do mundo a trabalhar nesta abordagem terapêutica e é a única em Portugal a focar-se nos moduladores dos recetores de dopamina, nos quais se incluem a melanostatina.

O projeto DynaPro termina ainda este ano e os investigadores preparam-se, dado os resultados promissores, para apresentar um pedido de patente.

Como próximos passos, pretendem realizar ensaios com modelos in vivo para testar o potencial terapêutico destes compostos em diferentes espécies animais.

Este projeto é liderado pelo LAQV-REQUIMTE na FCUP e integra também investigadores da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade do País Basco e das Faculdades de Farmácia da Universidade do Porto e da Universidade de Santiago de Compostela.

Da equipa da FCUP fazem parte Ivo Dias e José Enrique Borges, professores na FCUP e investigadores integrados do LAQV-REQUIMTE, e os investigadores do LAQV-REQUIMTE Sara Reis, Hugo Almeida e Beatriz Lima, estudantes de doutoramento em Química Sustentável da FCUP e Xavier Correia, alumnusda FCUP e também investigador deste centro de investigação.

Conta ainda com a participação da investigadora Vera Costa, da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e dos professores Xerardo Mera da Universidade de Santiago de Compostela e Humberto Díaz, da Universidade do País Basco. Fonte: Tamega.

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Investigadores do Porto estudam novo fármaco para tratamento do Parkinson

O objetivo dos investigadores é tornar a melanostatina “um candidato a fármaco, com maior estabilidade biológica e absorção ao nível gastrointestinal melhorada”.

© Créditos: Shutterstock

12 abril 2024 - Investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) estão a trabalhar num novo fármaco “mais eficiente e com menos efeitos secundários” para a doença de Parkinson, foi revelado esta quinta-feira.

Em comunicado, a FCUP afirma hoje, em que se assinala o Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson, que os investigadores acreditam que o novo fármaco terá “menos efeitos secundários do que os atualmente usados”.

A doença de Parkinson resulta da perda de neurónios que produzem um importante neurotransmissor - dopamina - que é responsável por processos fisiológicos como a memória, emoções, controlo de movimento.

Os fármacos atualmente usados têm como principal objetivo aumentar a produção de dopamina no sistema nervoso central.

“No entanto, ao longo dos anos, estes medicamentos perdem eficácia, havendo necessidade de administrar doses mais elevadas, o que resulta em efeitos secundários que, em muitos casos, podem até exacerbar os sintomas da doença”, destaca a FCUP.

Para reverter esses efeitos, os investigadores focaram-se na modulação dos recetores de dopamina e estão a desenvolver em laboratório “análogos de um neuropéptido”, nomeadamete da melanostatina.

Descoberta nos anos 1970, a melanostatina existe naturalmente no organismo, tendo sido comprovado em ensaios clínicos a sua atividade anti-Parkinson.

O objetivo dos investigadores é tornar a melanostatina “um candidato a fármaco, com maior estabilidade biológica e absorção ao nível gastrointestinal melhorada”.

Citado no comunicado, o investigador do Laboratório Associado para a Química Verde (LAQV-REQUIMTE) da FCUP, Ivo Dias, salienta que “um dos três aminoácidos que compõem esta substância [melanostatina] pode ser modificado a nível estrutural sem prejudicar a atividade moduladora dos recetores da dopamina”.

Esta modificação já permitiu aos investigadores alcançarem “resultados promissores”, ao verificarem que os compostos desenvolvidos em laboratório “não só são mais eficientes, como também não apresentam toxicidade em células neuronais”.

“Verificámos que alguns dos nossos análogos são ainda mais potentes do que a melanostatina, conseguindo ativar os recetores a uma concentração ainda mais baixa de dopamina”, refere o investigador.

Nesta nova abordagem, os efeitos secundários “são muito reduzidos porque a melanostatina não tem atividade na ausência de dopamina”.

Os investigadores pretendem entretanto realizar ensaios com modelos ‘in vivo’ para testar o potencial terapêutico da solução desvendada em diferentes espécies animais.

A investigação é desenvolvida no âmbito do projeto DynaPro, que termina este ano e é financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).

Face aos resultados, os investigadores tencionam apresentar um pedido de patente.

Liderado pelo LAQV-REQUIMTE, o projeto integra investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade do País Basco e das Faculdades de Farmácia da Universidade do Porto e da Universidade de Santiago de Compostela. Fonte: Contacto