Objetivo: atualização nos dispositivos de “Deep Brain Stimulation” aplicáveis ao parkinson. Abordamos critérios de elegibilidade (devo ou não devo fazer? qual a época adequada?) e inovações como DBS adaptativo (aDBS). Atenção: a partir de maio/20 fui impedido arbitrariamente de compartilhar postagens com o facebook. Com isto este presente blog substituirá o doencadeparkinson PONTO blogspot.com, abrangendo a doença de forma geral.
sábado, 9 de agosto de 2025
Ciclismo, estimulação profunda pode religar o cérebro com Parkinson
Estudo: Combinação de abordagens produz mudanças na atividade neural
4 de agosto de 2025 - Quando combinado com estimulação cerebral profunda (DBS), um programa de exercícios dinâmico baseado em ciclismo para pessoas com doença de Parkinson produz mudanças na atividade cerebral indicativas de potencial religação neural, de acordo com um estudo. A pesquisa foi conduzida nos Hospitais Universitários de Cleveland e no Veterans Affairs Northeast Ohio Healthcare System, por meio de seu Centro de Estimulação Elétrica Funcional de Cleveland.
"Já estabelecemos ao longo de anos de estudo que os regimes de ciclismo dinâmico são benéficos para o tratamento do tremor de Parkinson", disse Aasef Shaikh, MD, PhD, que liderou a equipe de pesquisa, em um comunicado à imprensa do hospital. "O estudo mais recente adiciona o uso de estimulação cerebral profunda e um programa de exercícios contínuo para visualizar como o exercício de longo prazo pode estar reconectando as conexões neurais no cérebro."
Embora os sinais cerebrais não tenham mudado notavelmente após uma sessão de exercícios, a participação em várias sessões ao longo de quatro semanas produziu mudanças cumulativas. As alterações específicas nas propriedades do sinal sugeriram que o cérebro mudou em resposta às mudanças nas condições por meio do processo de neuroplasticidade. A neuroplasticidade, a capacidade do cérebro de mudar e se adaptar ao longo do tempo em resposta à experiência, aprendizado ou lesão, pode ajudar a promover a recuperação funcional no Parkinson e em outras condições neurológicas.
Shaikh e sua equipe descreveram suas descobertas no estudo, "Correlatos eletrofisiológicos do ciclo dinâmico na doença de Parkinson", publicado na revista Clinical Neurophysiology. O laboratório de Shaikh faz parte dos Hospitais Universitários. Ele também atua no Centro Médico do Departamento de Assuntos de Veteranos Louis Stokes Cleveland. Fonte: parkinsonsnewstoday.
sexta-feira, 8 de agosto de 2025
Suplicy apresenta melhora de 54% nos sintomas do Parkinson após tratamento com cannabis medicinal
Estudo de caso com uso de THC destaca avanços em mobilidade, qualidade de vida e sono
Suplicy apresenta melhora de 54% nos sintomas do Parkinson após tratamento com cannabis medicinal
08/08/2025 - Deputado estadual de São Paulo Eduardo Suplicy, de 83 anos, apresentou uma redução de 54,55% nos escores da Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson (UPDRS)
Após oito meses de tratamento com cannabis medicinal, o deputado estadual de São Paulo Eduardo Suplicy, de 83 anos, apresentou uma redução de 54,55% nos escores da Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson (UPDRS).
O resultado indica uma melhora significativa nos sintomas motores da Doença de Parkinson (DP), como mobilidade, bradicinesia e tremores nas mãos. A evolução permitiu ao parlamentar recuperar funções essenciais do dia a dia, como amarrar cadarços, escrever com clareza e segurar uma xícara sem derramar.
Os benefícios secundários relatados incluem melhora da qualidade de vida, sono, comunicação e redução de sintomas depressivos e ansiosos. Nenhum efeito adverso significativo foi registrado ao longo do tratamento.
Os resultados foram publicados em julho de 2025 na Revista Brasileira de Farmacognosia, em um estudo de caso que detalha a evolução clínica de Suplicy. A dose utilizada — 18,25 mg de tetraidrocanabinol (THC) por dia, dividida em três administrações — foi suficiente para alcançar o pico de bem-estar físico relatado pelo paciente. Com o tempo, a dose foi passada para 20mg de THC por dia, divididos no café, almoço e janta.
A Doença de Parkinson é uma condição neurodegenerativa progressiva, caracterizada por sintomas motores (como tremores, rigidez e instabilidade postural) e manifestações não motoras. Antes de iniciar o uso da cannabis, Suplicy utilizava apenas Levodopa, medicamento convencional para a DP, mas apresentava sintomas motores graves, como tremores intensos e dificuldade para caminhar.
A cannabis foi introduzida como tratamento complementar. Apesar do uso de doses consideradas altas de THC, o paciente relatou poucos efeitos adversos. Isso se deve, em parte, à baixa biodisponibilidade da administração oral — apenas 4% a 12% do THC atinge a corrente sanguínea nesse formato, em comparação com até 35% por inalação. Suplicy não apresentou sedação ou letargia, indicando ausência de acúmulo de canabinoides no organismo.
Os autores do estudo sugerem que os dados obtidos podem inaugurar uma nova linha de pesquisa focada no uso oral de doses elevadas de THC no tratamento da Doença de Parkinson e outras condições neurológicas. No entanto, destacam a necessidade de estudos mais robustos, com amostras maiores e metodologia controlada, para confirmar os efeitos observados. Fonte: Sechat.
Parkinson e coração: o que a respiração tem a ver com a saúde cardíaca
Estudo mostra que treinamento muscular inspiratório pode ajudar o organismo a se adaptar melhor a mudanças provocadas pelo Parkinson
08/08/2025 - De repente, o corpo se curva, o passo fica mais lento, as mãos tremem, a fala enfraquece e a memória recente começa a falhar. Esses sinais, muitas vezes associados ao envelhecimento, podem também ser sintomas da doença de Parkinson, uma condição neurológica progressiva que afeta principalmente pessoas com mais de 60 anos.
Descrita pela primeira vez em 1817, pelo médico britânico James Parkinson, a doença é a segunda condição neurodegenerativa mais comum no mundo, perdendo apenas para o Alzheimer. Estima-se que cerca de 1% das pessoas com mais de 65 anos convivam com o Parkinson. No Brasil, esse número gira em torno de 200 mil pacientes diagnosticados.
Por que decidi pesquisar Parkinson?
Há alguns anos, decidi me aprofundar no estudo da doença de Parkinson impulsionado pela sua forte relação com o sistema nervoso autônomo, meu foco de estudo desde o começo da carreira.
Como pesquisador do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Universidade Federal Fluminense, busco entender não apenas como a doença afeta o sistema nervoso autônomo, mas também como o corpo pode se adaptar, mesmo em meio à degeneração neurológica. E, recentemente, isso nos levou a investigar algo aparentemente simples, mas extremamente promissor: a respiração.
No dia 21 de julho, tivemos a satisfação de ver nosso artigo científico publicado no periódico Autonomic Neuroscience: Basic and Clinical, da editora Elsevier. O estudo aponta que um treinamento respiratório feito em casa pode melhorar a função autonômica cardíaca de pacientes com Parkinson.
Treinar os músculos da respiração: uma proposta sem remédio
A proposta do nosso estudo foi testar os efeitos do treinamento muscular inspiratório, conhecido pela sigla TMI, que é um tipo de exercício feito com aparelhos simples, que aumentam a resistência à inspiração, fortalecendo os músculos responsáveis por puxar o ar para os pulmões.
Essa técnica já é usada com sucesso em diversas populações, como atletas, idosos e pessoas com doenças respiratórias. No nosso caso, queríamos saber se esse treinamento poderia melhorar o controle autonômico do coração, ou seja, a forma como o sistema nervoso regula, automaticamente, a frequência cardíaca e a resposta do corpo a mudanças posturais, como levantar-se de uma cadeira ou da cama.
O sistema nervoso autônomo possui dois ramos principais: o simpático, que acelera o coração em situações de estresse, e o parassimpático ou vagal, que atua como freio, diminuindo a frequência cardíaca em momentos de repouso. Em pacientes com Parkinson, esse equilíbrio costuma estar comprometido, especialmente durante situações de estresse postural, como a mudança da posição sentada para a em pé, o que pode levar a tonturas, queda de pressão e até desmaios.
Nosso experimento: respiração e sistema nervoso
No estudo, avaliamos oito pacientes com doença de Parkinson e oito voluntários saudáveis, em idades semelhantes. Eles passaram por cinco semanas de treinamento muscular inspiratório em casa, utilizando aparelhos simples que aumentam a resistência à inspiração.
Antes e depois do programa, medimos dois indicadores principais: a pressão inspiratória máxima — uma medida da força dos músculos respiratórios; e a variabilidade da frequência cardíaca — uma forma de avaliar a saúde do sistema nervoso autônomo, especialmente a atividade vagal.
Os testes foram feitos em duas situações: na posição sentada que foi identificada como repouso, e durante estresse ortostático, que é uma situação em que o corpo é desafiado a manter a pressão arterial estável ao ficar em pé.
Resultados promissores, especialmente para quem tem Parkinson
Ambos os grupos (com e sem Parkinson) apresentaram melhora na força muscular inspiratória e na atividade vagal em repouso. Mas o que mais nos chamou a atenção foi que apenas os pacientes com Parkinson mostraram melhora na resposta do coração ao estresse ortostático após o treinamento.
Isso sugere que esse tipo de treinamento pode ajudar o organismo a se adaptar melhor a mudanças posturais, o que pode reduzir sintomas como tonturas, fadiga e até quedas, tão comuns em pessoas com Parkinson.
Por que a respiração afeta o coração?
A relação entre respiração e batimentos cardíacos é profunda. A cada inspiração, o coração tende a acelerar levemente; ao expirar, ele desacelera. Esse fenômeno é regulado, em grande parte, pelo nervo vago, importante componente do sistema nervoso parassimpático.
O treinamento inspiratório parece influenciar esse equilíbrio ao prolongar o tempo da expiração, o que favorece a ação vagal sobre o coração. Em outras palavras: ao treinar os músculos respiratórios, estamos estimulando uma parte do sistema nervoso que protege o coração e ajuda a controlar a pressão arterial.
O que já sabíamos e o que ainda precisamos saber
Nossos achados estão em linha com nosso estudo anterior de revisão sistemática da literatura, publicado no Archives of Gerontology and Geriatrics que mostra que o treinamento inspiratório pode melhorar a modulação vagal cardíaca, a pressão arterial e o desempenho físico mesmo em idosos considerados saudáveis. Mas o nosso recém publicado artigo traz um dado novo: apenas cinco semanas de treinamento já são suficientes para gerar benefícios autonômicos relevantes, destacando ainda a forma segura e prática, pois foi realizado no próprio ambiente domiciliar dos pacientes.
Claro que ainda temos muito a investigar. Nosso estudo foi um piloto, com número reduzido de participantes. E não avaliamos pacientes com Parkinson avançado e com sintomas severos da doença, e que exigiriam acompanhamento mais rigoroso.
Planejamos ampliar a amostra e incluir testes mais detalhados de disfunção autonômica, como o teste de inclinação (head-up tilt). Mas já podemos dizer que o treinamento inspiratório se mostra uma ferramenta promissora, barata e de fácil aplicação no manejo da doença.
Nossa pesquisa, apoiada pela Capes e pela Faperj, mostra que é possível buscar alternativas não farmacológicas, seguras e acessíveis para melhorar a qualidade de vida de quem convive com o Parkinson. Acreditamos e nosso estudo mostra que o corpo, mesmo diante da neurodegeneração, ainda pode aprender, adaptar-se e responder a estímulos simples como o ato de respirar melhor. Fonte: metropoles.
quinta-feira, 7 de agosto de 2025
Não há regras quando se trata da doença de Parkinson
É frustrante quando os sintomas não seguem nenhum padrão discernível
Sempre fui bastante organizado e lógico. Gosto de conhecer as regras e o "porquê" por trás das coisas. Meu cérebro procura padrões nos quais posso confiar para prever ou explicar tudo. Crescendo em uma família onde meu pai ensinava ciências da sétima e oitava séries, sempre fui encorajado a procurar esse tipo de regra.
O mundo físico tem leis que o guiam - regras específicas de como as coisas agem. Essas leis estão sempre em vigor e sempre funcionam da mesma maneira. Por exemplo, uma das regras da física que guiam nosso universo é a terceira lei do movimento de Newton, afirmando que para cada ação, há uma reação igual e oposta. Eu gosto dessa lei. Faz sentido; você pode ver isso acontecer no mundo. E é verdade para todos e todos os objetos.
No entanto, a medicina e a doença não têm muitas leis lógicas e demonstráveis, e a doença de Parkinson não segue nenhuma regra.
Eu tenho Parkinson idiopático, a forma mais comum da doença. Idiopático é apenas uma palavra chique para "não sabemos por quê". Não existem regras ou fórmulas para quem tem Parkinson ou por quê. Felizmente, descobrimos o mecanismo da doença - o corpo pára de produzir dopamina suficiente - mas não temos regras para nos dizer por que ela aparece quando e onde aparece ou por que aparece de maneiras tão diferentes. Temos ideias, e médicos e cientistas estão procurando respostas, mas ainda não sabemos.
O que é irritante para alguém como eu, que quer conhecer e seguir as regras.
Meu Parkinson também veio cedo, quando fui diagnosticado aos 36 anos. O início geralmente ocorre em meados dos anos 60 de uma pessoa - outra regra que esta doença não seguiu.
As pessoas costumam dizer: "Se você conheceu uma pessoa com Parkinson, conheceu uma pessoa com Parkinson". Isso significa que existem tantos sintomas possíveis, e cada pessoa experimenta sua própria mistura deles a qualquer momento. Mesmo dentro de você, você pode ter uma reação diferente a uma dose de sua medicação de um dia para o outro. Eu tinha um avô com Parkinson e ele tinha tremores terríveis. Para mim, os tremores sempre foram um sintoma muito menor. Não há padrão.
Pode ser tão incrivelmente frustrante. Às vezes você só quer estar no controle novamente.
Mas não há controle do Parkinson e não há leis que ele deva obedecer. Nós só podemos administrá-lo.
Criando minhas próprias regras
Então, eu criei minhas próprias regras. Elas começam com a graça: dar graça a mim mesma quando estou me sentindo mal ou meus remédios não fazem efeito como eu esperava. Eu também dou graça ao meu marido, amigos e família quando eles ficam frustrados comigo e com a doença. Graça inclui tentar não ficar chateado um com o outro, mas em vez disso ficar bravo com a doença e lutar contra ela juntos.
Outra regra é desistir das expectativas sobre o quão bom algo será e quão ruim pode ser. Eu nunca sei quanto tempo um período bom ou ruim vai durar. Mas eu sei que vai acabar, então eu me apego ao bem o máximo que posso e lembro que o mal não durará para sempre.
Minha última regra é lembrar que a única coisa que controlo é como enfrento o mundo. Esta regra se aplica a todos, não apenas aos pacientes e cuidadores de Parkinson. Quando me sinto fora de controle e frustrado, tento respirar, lembro-me de dar graça e sei que isso também passará. Fonte: Parkinsonsnewstoday.
Laboratório pede aprovação para tratamento com células-tronco para Parkinson
05/08/2025 - Estudo clínico feito em sete pacientes mostrou melhora dos sintomas em quatro
O laboratório japonês Sumitomo Pharma anunciou nesta terça-feira (5) que apresentou um pedido de autorização para comercializar um tratamento contra a doença de Parkinson que consiste em transplantar células-tronco no cérebro de um paciente, após um estudo clínico bem-sucedido.
O ensaio mostrou que o tratamento, que utiliza células-tronco pluripotentes induzidas (iPS), era seguro e eficaz para melhorar os sintomas, segundo os pesquisadores da Universidade de Kyoto.
As células iPS, criadas a partir de células adultas, são reprogramadas geneticamente para se multiplicarem em qualquer tipo de célula, segundo o local do corpo onde são transplantadas.
O estudo se concentrou em sete pacientes com doença de Parkinson, com idades entre 50 e 69 anos: cada um recebeu cinco ou dez milhões de células implantadas nos dois lados do cérebro.
As células iPS procedentes de doadores saudáveis foram transformadas em precursores de células cerebrais produtoras de dopamina, que já não estão presentes nas pessoas com a doença de Parkinson.
Os pacientes foram monitorados por dois anos e não foram observados efeitos adversos significativos, segundo o estudo. Quatro pacientes mostraram uma melhora de seus sintomas.
Os resultados do ensaio clínico, coordenado pela Universidade de Kyoto, foram publicados na revista científica "Nature" em abril.
A Sumitomo Pharma também está conduzindo um ensaio clínico nos Estados Unidos.
A doença de Parkinson, que ao lado do Alzheimer é uma das principais patologias que afetam o cérebro, é uma enfermidade neurológica crônica e degenerativa que afeta o sistema motor, provocando frequentemente tremores e dificuldades motoras.
Mais de 10 milhões de pessoas sofrem da doença de Parkinson em todo o mundo, segundo a Fundação Parkinson, uma das principais organizações americanas dedicadas à luta contra a doença.
As terapias disponíveis atualmente "melhoram os sintomas sem frear nem deter a progressão da doença", explica a fundação.
As células iPS são criadas estimulando células maduras, já especializadas, para devolvê-las a um estado juvenil, o que equivale a clonar sem recorrer a um embrião.
As células podem ser transformadas em diferentes tipos de células e seu uso é um setor-chave da pesquisa médica. Fonte: correiodopovo.
Conexão entre microbiota intestinal e Parkinson pode abrir caminho para novos tratamentos
07/08/2025 -Jacy Bezerra Parmera comenta a respeito de estudos que revelam que o Parkinson pode começar no intestino e que o transplante de microbiota surge como esperança de tratamento modificador da doença
Uma proteína chamada alfa-sinucleína, quando mal agregada, está associada ao Parkinson e também é encontrada no intestino
Um artigo científico aponta ligações entre a microbiota intestinal e a doença de Parkinson, o que aumenta as possibilidades de tratamento, uma vez que a relação entre patologias no cérebro e alterações no microbioma intestinal podem levar a novas terapias. A médica Jacy Bezerra Parmera, neurologista do Hospital das Clínicas e docente da Faculdade de Medicina (FM) da USP, explica: “São décadas de estudo, hoje o que se acredita – tem o estudo dinamarquês, que é um estudo novo– é que existam pessoas nas quais a doença de Parkinson se inicia no cérebro. Inclusive, nós chamamos esse grupo de pessoas de brain first, primeiro cérebro. E existem outros grupos de pessoas em que a doença se iniciaria no intestino. E daí nós chamamos esse grupo de indivíduos de body first. Então existe essa linha de pesquisa em doença de Parkinson associada à microbiota intestinal e ao intestino.
Jacy reforça que cerca de 90% dos pacientes com Parkinson sofrem de constipação e outros distúrbios gastrointestinais, sintomas que muitas vezes precedem os problemas motores, como tremores e rigidez. Uma proteína chamada alfa-sinucleína, quando mal agregada, está associada ao Parkinson e também é encontrada no intestino. “Essa proteína é encontrada no intestino e acredita-se que a hiperprodução dessa proteína possa estar relacionada a alterações da microbiota. Você, renovando a microbiota intestinal, poderia diminuir a hiperprodução dessa proteína alterada”, explica a especialista.
O tratamento testado na Bélgica – o transplante de microbiota fecal (TMF) – busca restaurar o equilíbrio intestinal. Jacy explica que esses ensaios clínicos ainda estão em fases iniciais (1 e 2), sendo realizados principalmente em centros europeus e norte-americanos. Ela ressaltou que, atualmente, não existem estudos específicos sobre essa abordagem para Parkinson no Brasil.
Mais evidências
A neurologista destaca a necessidade de mais evidências para comprovar se esse método pode se tornar um tratamento modificador da doença – capaz de interromper sua progressão, e não apenas aliviar sintomas. Ela enfatiza que, embora os tratamentos sintomáticos atuais sejam eficazes, a medicina ainda carece de terapias que possam estacionar o avanço do Parkinson.
Jacy destaca que é possível oferecer qualidade de vida aos pacientes mesmo com os tratamentos atuais. “Hoje, a gente tem tratamentos medicamentosos que conseguem conter os sintomas por décadas”, explica. Além dos medicamentos, ela cita a importância da estimulação cerebral profunda para casos mais avançados e reforça a necessidade de acompanhamento multidisciplinar, incluindo fisioterapia e cuidados nutricionais.
Sobre os próximos passos da pesquisa, a neurologista é enfática: “É possível que existam pessoas que comecem no cérebro e outras no intestino. (…) Embora a gente tenha um tratamento sintomático eficaz, a gente realmente precisa muito de um tratamento modificador para estacionar a doença.”. Ela acredita que, quanto mais linhas de pesquisa forem exploradas, maiores as chances de se encontrar terapias inovadoras. “É importante a gente entender e diminuir o estigma da doença de Parkinson, no sentido de que, às vezes, as pessoas recebem o diagnóstico e acham que não vão ter tratamento, que não vão conseguir mais trabalhar, o que não é verdade”, finaliza. Fonte: usp.
segunda-feira, 4 de agosto de 2025
Médico local lidera estudo sobre tratamento de terapia gênica para pacientes com Parkinson
18 de fevereiro de 2016 - PITTSBURGH (KDKA) - Quando parte do cérebro não está mais funcionando corretamente, seria possível adicionar algo para melhorar a função?
O neurocirurgião Dr. Mark Richardson está tentando descobrir.
"O que estamos tentando fazer com este estudo é repor uma enzima que é perdida à medida que as células se degeneram na doença de Parkinson", disse o Dr. Richardson. "A enzima ajuda o cérebro a produzir dopamina."
A dopamina, substância química do cérebro, é importante para manter os movimentos suaves. O problema na doença de Parkinson é a falta de dopamina devido ao desgaste das células cerebrais, resultando em tremores, rigidez e lentidão nos movimentos.
As pessoas podem tomar medicamentos para a doença de Parkinson, mas pode haver flutuações nos sintomas e, em doses mais altas, efeitos colaterais.
"Normalmente, na doença de Parkinson, esses sintomas têm altos e baixos, e podem ser muito bem mascarados pela medicação, mas, infelizmente, o que tende a acontecer com todos esses pacientes é uma progressão para uma montanha-russa de altos e baixos durante o dia", disse o Dr. Richardson.
O Dr. Richardson lidera parte de um estudo, inicialmente financiado pela Fundação Michael J. Fox e agora por uma empresa de bioterapia, para verificar se a inserção de um gene em uma parte específica do cérebro será o gatilho para uma maior produção de dopamina.
"A ideia de cirurgia cerebral para uma doença crônica é muito diferente de continuar tomando medicamentos", disse o Dr. Richardson.
O gene é introduzido no cérebro através do crânio por um tubo fino e transportado por um vírus.
"A ideia de um vírus provavelmente soa muito assustadora para algumas pessoas. Mas esse vírus não consegue se reproduzir", disse o Dr. Richardson. "Ele consegue se inserir em uma célula e só pode fazer uma coisa lá. Pode liberar o gene para permitir que essa enzima seja produzida."
O Dr. Richardson e o pesquisador principal em São Francisco estão buscando 20 pacientes para participar. Eles serão acompanhados por três anos, e sua necessidade de medicação será avaliada e comparada antes e depois.
Para se qualificar, é preciso ter entre 40 e 70 anos e tomar certos medicamentos para a doença de Parkinson por pelo menos três anos, com flutuações crescentes nos movimentos.
O Dr. Richardson espera que a terapia genética resulte em dias mais tranquilos e menos sintomas.
"Se conseguirmos demonstrar que este é um pequeno grupo de pacientes, o estudo será expandido", disse o Dr. Richardson. "Com um pouco de sorte, na próxima década, veremos a terapia genética aceita como uma opção de tratamento comprovada e viável." Fonte: cbsnews.
sábado, 2 de agosto de 2025
Será que as centopéias são a chave para o alívio da dor e o tratamento do Parkinson?
2 de agosto de 2025 (HealthDay News) — Para se defenderem de predadores, as centopéias liberam compostos defensivos que poderão um dia desempenhar um papel no tratamento da dor e de doenças neurológicas.
"Esses compostos são bastante complexos, então levará algum tempo para serem sintetizados em laboratório", disse a química Emily Meyers, cuja pesquisa se especializa em aproveitar a química de fontes ecológicas pouco exploradas em nome da descoberta de medicamentos.
Ela e seus colegas da Virginia Tech identificaram recentemente estruturas complexas nas secreções naturais das centopéias que podem influenciar neurorreceptores específicos no cérebro das formigas, de acordo com um comunicado à imprensa do campus.
A equipe publicou suas descobertas no início deste mês no Journal of the American Chemical Society.
Os compostos recém-descobertos fazem parte de uma classe de alcaloides naturais.
O nome que a equipe de Meyers deu a eles — andrognatanóis e andrognatinas — é uma homenagem à centopéia do campus de Blackburg, na Virginia Tech, que eles estudaram. Seu nome científico é Andrognathus corticarius, mas é mais conhecida como centopéia Hokie, uma homenagem ao mascote da Virginia Tech.
Para o estudo, os pesquisadores coletaram as criaturas sob galhos e folhas caídas na mata do campus. Em seguida, usaram uma variedade de ferramentas para identificar os compostos contidos nas glândulas de defesa das centopéias.
Uma descoberta surpreendente: os insetos liberam os compostos não apenas para afastar predadores, mas também para compartilhar sua localização com familiares.
Os compostos deixam as formigas — um suposto predador — desorientadas. Algumas delas também interagem com um único neurorreceptor chamado Sigma-1, que tem sido implicado em distúrbios cerebrais como depressão, esquizofrenia, doença de Parkinson e doença de Lou Gehrig.
Meyers e o entomologista Paul Marek já haviam descoberto que essa família de compostos pode ter potencial para tratar dores e alguns distúrbios neurológicos. O próximo passo é encontrar um laboratório para produzi-los em maiores quantidades e aprender mais sobre eles.
Quando quantidades maiores estiverem disponíveis, sua equipe espera aprender mais sobre suas propriedades e potencial no desenvolvimento de medicamentos. Fonte: usnews.
sexta-feira, 1 de agosto de 2025
Fotofobia do roqueiro Ozzy Osbourne teve origem no Parkinson
31-07-2025 - Segundo o oftalmologista, Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier, de Campinas (São Paulo) a fotofobia ou aversão aguda à luz que fazia Ozzy Osbourne usar óculos escuros o tempo todo, foi causada pelo parkinsonismo e certamente pelo olho seco decorrente do tratamento da doença. Este anúncio do médico brasileiro sobre a privação crônica de luz pelo vocalista e Pai do Heavy Metal, renovou atenção sobre o Parkinson. No caso do músico foi uma alteração genética.
Veja o que diz o Médico brasileiro sobre o assunto.
A privação crônica de luz pelo vocalista Ozzy Osbourne, pai do Heavy Metal, renovou a atenção sobre o Parkinson quando tornou o diagnóstico público, mas seu caso estava longe de ser típico. Foi decorrente de uma alteração gênica conforme relato dele mesmo em 2020. Segundo o oftalmologista, Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier, a fotofobia ou aversão aguda à luz que fazia Osbourne usar óculos escuros o tempo todo, foi causada pelo parkinsonismo e certamente pelo olho seco decorrente do tratamento da doença.
Queiroz Neto explica que o bloqueio contante da luz afetou o relógio biológico do cantor. Isso porque, todas as nossas funções biológicas, da temperatura corporal, à pressão arterial, níveis hormonais, entre outras são comandadas pela luminosidade dia/noite no período de 24 horas. Por isso, no caso de Osborne a fotofobia foi além do desconforto em locais iluminados, atingiu a saúde do cantor.
Risco e gatilhos da fotofobia
Oftalmologista ressalta que a fotofobia é mais frequente entre albinos, pessoas loiras e sobretudo nas que têm olhos claros porque a íris, parte colorida o olho, tem menos melanina. Por isso uma quantidade maior de luz chega à retina e sensibiliza as células fotorreceptoras, embora o desconforto não ocorra com todos. Em alguns casos a fotofobia é idiopática, ou seja, uma sensibilidade maior à luz, de causa desconhecida. Em outros, o oftalmologista afirma que pode ser causada por:
·Olho seco, uma evaporação da camada aquosa do filme lacrimal ou diminuição da camada lipídica que mantém a lágrima suspensa no olho.
·Astigmatismo, alteração no formato da córnea que normalmente é esférica se torna ovalada;
·Ceratocone, enfraquecimento das fibras de colágeno da córnea que toma o formato de um cone;
·Enxaqueca, que pode estar associada a alterações na visão, na circulação, no sistema digestivo ou indicar doenças neurológicas .
·Cicatrizes na córnea e doenças inflamatórias oculares às vezes relacionadas com reumatismo;
·Doenças inflamatórias como conjuntivite, toxoplasmose, herpes e outras;
·Doenças infecciosas como toxoplasmose, herpes e outras;
·Doenças psicológicas, psiquiátricas e neurológicas, entre elas o Parkinson.
Medicamentos fotossensibilizantes
Queiroz Neto afirma que diversos tipos de medicamentos têm como efeito colateral a fotofobia que desaparece quando a doença não é crônica e o tratamento é interrompido. São eles: anticolinérgicos utilizados no tratamento de Parkinson, anti-histamínicos, alguns antidepressivos, cloroquina, hidroxicloroquina, corticoides, alguns antibióticos como a tetraciclina e anti-hipertensivos.
Tratamento
O tratamento depende da análise do oftalmologista e varia de acordo com a causa do desconforto. Nos casos idiopáticos Queiroz Neto afirma que a única forma de reduzir o desconforto é usar óculos escuros com proteção ultravioleta, de preferência fechado na lateral. Em muitos pacientes a fotofobia desaparece espontaneamente, mas a recomendação é consultar um oftalmologista para prevenir complicações. Fonte: noticiario.

