sexta-feira, 3 de maio de 2024

Doença de Parkinson altera sensações corporais das emoções

03/05/2024 - As descrições dos pacientes com doença de Parkinson sobre suas sensações corporais relacionadas às emoções diferem daquelas dos indivíduos saudáveis.


[Imagem: Clinical Neurosciences/University of Turku]

As emoções e a fisiologia

As emoções têm um grande impacto na forma como agimos e regulam os nossos hormônios e muitas das funções vitais do corpo. As emoções também podem estar associadas a fortes reações e sensações físicas, como aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial quando levamos um susto ou sentimos um frio na barriga em um primeiro encontro.

As emoções também se refletem nos sintomas de muitos distúrbios neurológicos e psiquiátricos, sendo que as emoções negativas, em particular, muitas vezes aumentam os sintomas das doenças.

Kalle Niemi e colegas da Universidade de Turku (Finlândia) queriam saber detalhes de como isso se desenrola especificamente no caso da doença de Parkinson.

Além de ser um distúrbio neurológico do movimento, caracterizada por sintomas motores, como lentidão, rigidez e tremor, a doença de Parkinson também está associada a vários sintomas não motores, como depressão, ansiedade e disfunção do sistema nervoso autônomo - disfunção do sistema nervoso autônomo influencia, por exemplo, a circulação sanguínea e o funcionamento do trato gastrointestinal.

Emoções em pacientes de Parkinson

Os voluntários foram questionados sobre seus sintomas e suas sensações corporais associadas a diferentes emoções (raiva, nojo, medo, felicidade, tristeza, surpresa e neutralidade), desenhando-os em um mapa do corpo humano usando um mouse de computador.

Os resultados mostraram que pessoas com doença de Parkinson apresentam diferenças significativas em todas as sensações corporais relacionadas às emoções básicas quando comparadas com os indivíduos saudáveis - para comparação, veja aqui um mapa das emoções nas pessoas saudáveis.

As diferenças foram mais pronunciadas nas sensações corporais de raiva. Enquanto nas pessoas saudáveis a raiva se concentra na região do peito, nas pessoas com doença de Parkinson a sensação corporal de raiva migra para a região abdominal à medida que a doença progride, o que é consistente com a disfunção do sistema nervoso autônomo associada à doença.

Anormalidades emocionais

Anormalidades emocionais são comuns em transtornos psiquiátricos, mas este estudo é o primeiro a mostrar anormalidades nas sensações corporais relacionadas às emoções em um distúrbio neurológico. Os resultados podem abrir novas perspectivas sobre os sintomas e possivelmente até mesmo sobre o tratamento dos sintomas em distúrbios neurológicos.

"Os resultados do nosso estudo levantam muitas questões interessantes sobre o papel das emoções nos sintomas da doença de Parkinson. Estender o nosso método de investigação a outras doenças oferece novas possibilidades para a investigação em neurologia," disse o professor Juho Joutsa. Fonte: Diariodasaude

quarta-feira, 1 de maio de 2024

Investigadores estudam novo fármaco para o tratamento do Parkinson

01/05/2024 - A doença de Parkinson é um distúrbio neurodegenerativo que resulta da perda de neurónios que produzem um importante neurotransmissor, a dopamina, responsável por processos fisiológicos como cognição, memória, emoções e o controlo do movimento.

Uma equipa de investigadores do Departamento de Química e Bioquímica da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) está a trabalhar num novo fármaco para o tratamento da doença de Parkinson, mais eficiente e com menos efeitos secundários do que os atualmente usados.

Os fármacos existentes no mercado têm como objetivo aumentar a produção de dopamina no sistema nervoso central. No entanto, ao longo dos anos, estes medicamentos perdem eficácia, havendo necessidade de administrar doses mais elevadas, o que resulta em efeitos secundários que, em muitos casos, podem até exacerbar os sintomas da doença.

“O nosso alvo é diferente: focamo-nos na modulação dos recetores de dopamina”, começa por explicar Ivo Dias, investigador do Laboratório Associado para a Química Verde (LAQV-REQUIMTE) na FCUP que lidera a equipa de investigação.

“O que acontece na doença de Parkinson é que os baixos níveis de dopamina não são suficientes para ativar os recetores de forma adequada e, por conseguinte, comprometem a ativação dos circuitos dopaminérgicos. O que nós pretendemos é aumentar a afinidade destes recetores para a dopamina e, assim, conseguir que os sintomas motores sejam atenuados mesmo a concentrações baixas deste neurotransmissor”, salienta.

Melhorar em laboratório um potencial fármaco que existe naturalmente no nosso corpo

Para isso, os investigadores da FCUP estão a desenvolver, em laboratório, no âmbito do projeto DynaPro, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, análogos de um neuropéptido, a melanostatina. A melanostatina, descoberta nos anos 70, existe naturalmente no nosso corpo, e é conhecida pela sua atividade anti-Parkinson, já comprovada em ensaios clínicos. O objetivo é melhorar o seu potencial terapêutico, tornando-a num candidato a fármaco: com maior estabilidade biológica e absorção ao nível gastrointestinal melhorada.

“Descobrimos que um dos três aminoácidos que compõem esta substância pode ser modificado a nível estrutural sem prejudicar a atividade moduladora dos receptores da dopamina: a prolina”, descreve o investigador.

E é com base nesta modificação que a equipa da FCUP, no âmbito do projeto DynaPro, já alcançou resultados promissores. Juntamente com os parceiros da Universidade de Santiago de Compostela, verificaram que os compostos desenvolvidos em laboratório não só são mais eficientes, como também não apresentam toxicidade em células neuronais. “Verificámos que alguns dos nossos análogos são ainda mais potentes do que a melanostatina, conseguindo ativar os recetores a uma concentração ainda mais baixa de dopamina”, conta.

Uma abordagem terapêutica pioneira com resultados promissores

Com esta nova abordagem farmacológica, há também uma vantagem ao nível dos efeitos secundários: “são muito reduzidos porque a melanostatina não tem atividade na ausência de dopamina”.

A equipa da FCUP é uma das poucas do mundo a trabalhar nesta abordagem terapêutica e é a única em Portugal a focar-se nos moduladores dos recetores de dopamina, nos quais se incluem a melanostatina.

O projeto DynaPro termina ainda este ano e os investigadores preparam-se, dado os resultados promissores, para apresentar um pedido de patente.

Como próximos passos, pretendem realizar ensaios com modelos in vivo para testar o potencial terapêutico destes compostos em diferentes espécies animais.

Este projeto é liderado pelo LAQV-REQUIMTE na FCUP e integra também investigadores da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade do País Basco e das Faculdades de Farmácia da Universidade do Porto e da Universidade de Santiago de Compostela.

Da equipa da FCUP fazem parte Ivo Dias e José Enrique Borges, professores na FCUP e investigadores integrados do LAQV-REQUIMTE, e os investigadores do LAQV-REQUIMTE Sara Reis, Hugo Almeida e Beatriz Lima, estudantes de doutoramento em Química Sustentável da FCUP e Xavier Correia, alumnusda FCUP e também investigador deste centro de investigação.

Conta ainda com a participação da investigadora Vera Costa, da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e dos professores Xerardo Mera da Universidade de Santiago de Compostela e Humberto Díaz, da Universidade do País Basco. Fonte: Tamega.

A busca por Anticorpos para tratar a doença de Parkinson

 

terça-feira, 30 de abril de 2024

Safranal exerce um efeito neuroprotetor na doença de Parkinson com supressão da ativação da inflamação NLRP3

2024 Abr 29 - Resumo

Fundo: A doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa comum do sistema nervoso central. A neuroinflamação é uma das características neuropatológicas significativas. Como uma medicina tradicional chinesa, Safranal exerce efeitos anti-inflamatórios em várias doenças, no entanto, se ele desempenha um efeito semelhante na DP ainda não está claro. O estudo teve como objetivo investigar os efeitos e o mecanismo do Safranal na DP.

Métodos: O modelo de PD em camundongos foi estabelecido primeiramente por 1-Metil-4-fenil-1,2,3,6-tetrahidropiridina MPTP. Em seguida, o grau de rigidez muscular, a função neuromuscular, o retardo motor e a capacidade de coordenação motora foram examinados observando e testando o comportamento do movimento do camundongo. A coloração de imunofluorescência foi utilizada para observar a expressão da tirosina hidroxilase (HT). O conteúdo de dopamina (DA) do estriado foi detectado por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). A expressão dos marcadores relacionados ao inflamassoma NLRP3, IL-1β e Capase-1 de HT e NLRP3 foi detectada por Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real (qRT-PCR) e western blotting (WB), respectivamente.

Resultados: Através de testes comportamentais, o rato de Parkinson apresentou uma maior rigidez muscular e tensão neuromuscular, um maior retardo motor e distúrbios de atividade, juntamente com uma pior coordenação motora em comparação com o grupo sham. Simultaneamente, o conteúdo de AD e a expressão de HT no estriado estavam diminuídos. No entanto, após o uso do tratamento com Safranal, os sintomas patológicos acima do camundongo Parkinson melhoraram em comparação com o grupo não tratado com Safranal, o conteúdo de AD e a expressão de HT também aumentaram em graus variados. Surpreendentemente, observou-se uma supressão da inflamação NLRP3 no estriado do rato de Parkinson.

Conclusões: Safranal desempenhou um efeito neuroprotetor sobre a doença de Parkinson e seu mecanismo foi relacionado à inibição da ativação do inflamassoma NLRP3. Fonte: Pubmed.

segunda-feira, 29 de abril de 2024

Diagnóstico

Imbé, 29 de abril, 2a feira, de 2024.

Chove aos cântaros lá fora. Hoje completo 68 anos e em março de 1998, aos 42 anos, recebi o diagnóstico de Parkinson. São 26 anos com os sintomas variando e a cada dia que passa se agravando. Atualmente os que mais estão incomodando são a dificuldade para caminhar, a apraxia de abertura dos olhos, a bradicinesia, a hipotensão ortostática e a disartria. Uso os termos difíceis para dourar as pílulas do meu coquetel, sejam de antidepressivo, agonista dopaminérgico, memantina ou fludrocortisona.

Apesar disso tenho caido no chão repetitivamente, estando com as pernas machucadas..., enfim, estou perdendo a batalha, apesar de tentar resistir, bravamente penso eu. Em janeiro assumi o antidepressivo, que tem me feito bem, afinal reduziu um pouco a apatia.

O maior problema é o futuro, obscuro, ante a perspectiva de tratamentos, a curto e médio prazos mais eficazes no tratamento objetivo do Parkinson, que o eliminem ou tornem mais lenta sua evolução. Mas vamos tentando viver um dia depois do outro da melhor maneira possivel, mesmo que seja  aos trancos e barrancos.

É a velha história: Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come!

E viva a M_C_NH_! Minha "táuba" de salvação, se não física, que seja pelo menos mental...

domingo, 28 de abril de 2024

'O paciente e toda a família sofrem', diz médico sobre Parkinson e Alzheimer

28 de abril de 2024 - Segundo médico neurologista Theo Germano Perecin, Alzheimer e Parkinson têm efeitos, também, para pessoas próximas aos pacientes

Consideradas comuns no Brasil, as doenças de Parkinson e Alzheimer acometem mais de 150 mil pessoas por ano, cada uma, segundo o Ministério da Saúde. Principalmente os idosos, com idade acima de 60 anos. As duas doenças são conhecidas, também, pelos sintomas clássicos que tomam conta dos pacientes.

No Alzheimer, questões relacionadas à memória e demência. Já o Parkinson, tem como característica os tremores e a rigidez nos movimentos são considerados sinais clássicos. Mas os efeitos delas são, também, externos: o sofrimento atinge também os familiares dos pacientes que foram diagnosticados.

“Assistir a um familiar perdendo seus domínios, a independência, traz um sofrimento grande”, diz o neurologista Theo Germano Perecin. Porém, segundo o médico, novos avanços em pesquisas da área trazem esperanças para um tratamento eficaz, e que, por vezes, são de fácil alcance para as pessoas. “A atividade física também é extremamente importante no tratamento do Parkinson. No Alzheimer, existe uma linha de medicamentos que são de ordem imunológica que tem se mostrado com uma ação eficiente”, disse o especialista.

Porém, ele garante que uma forma de se prevenir dessas doenças está no estilo de vida saudável: criar bons hábitos, evitar excesso de álcool, tabagismo, substâncias químicas nocivas. Mas ainda há esperança para que uma das bebidas mais consumidas no Brasil tenha um papel importante no desenvolvimento de novos tratamentos. “Tem um trabalho interessante que diz que a ingestão diária da cafeína pode ajudar na prevenção do Parkinson. Isso é interessante e deixa todo mundo feliz, principalmente no Brasil”, disse o médico.

Confira os principais pontos da entrevista do neurologista Theo Germano Perecin ao JP.

Como o Parkinson e o Alzheimer agem? Quais são as principais características de cada uma das doenças?

As duas doenças são de caráter neurodegenerativo, progressivo, que interfere na qualidade de vida das pessoas, na autonomia, na capacidade de produção, do trabalho, e que acarreta um impacto muito grande tanto no indivíduo como na família. As duas doenças têm a fisiopatologia diferente. Primeiro, falando do Parkinson, se trata de uma doença neurodegenerativa, com incidência em pessoas com mais de 65 anos, embora apareça em pessoas mais jovens. Ela evolui com sintomas que a gente divide entre motores, como a lentidão, rigidez, tremor, principalmente tremor em repouso, instabilidade postural. E alguns sintomas não motores, como alterações no sono, gastrointestinais, olfato, problemas de ansiedade e depressão. Disfunções cognitivas também podem acontecer no Parkinson, principalmente em fases de evolução mais longa.

O Alzheimer, seria uma doença também de caráter neurodegenerativo, e que acomete inicialmente a questão de memória, orientação espacial, orientação do tempo, linguagem, a capacidade de julgamento, e também até na capacidade de executar as tarefas. Ela se divide, principalmente, em dois grupos, o tardio, em pessoas com mais de 65 anos, e precoce, que seria em pessoas de 30 a 60 anos. Esse segundo caso é mais raro. O Alzheimer é a principal causa de demência. Em torno de 50% de todas as demências são consequência da doença de Alzheimer.

Existe uma frase popular sobre o Alzheimer que diz que quem sofre mais com a doença são as pessoas que acompanham o paciente. Pode-se considerar essa afirmação como verdadeira? No caso da doença de Alzheimer, quando um familiar é acometido pela doença, o paciente sofre, mas toda a família sofre. Você assistir a um familiar perdendo seus domínios, a independência da capacidade de julgamento, memória recente. Por vezes a capacidade do reconhecimento de um familiar próximo, as alterações comportamentais. Isso realmente traz um sofrimento grande para a família. Além disso, também, exige um trabalho muito grande de monitoração da pessoa, pois ela vai perdendo a independência, exigindo um atendimento próximo, um cuidado muito próximo do paciente, que interfere muito na qualidade de vida de toda a família. Realmente, a família toda sente.

O que, exatamente, causa esse tipo de doença nas pessoas? A doença de Parkinson é causada por uma perda de neurônios responsáveis pela produção e liberação de dopamina. E, consequentemente, essa escassez vai causar todos os sintomas relacionados à doença. Pode ser uma combinação de fatores genéticos, pré-disponíveis, e fatores ambientais. No passado foi descrito o contato com alguns herbicidas que no nosso meio já são mais difíceis de encontrar. A idade também é um fator de risco. Em pessoas com mais de 60 anos ela tem uma incidência maior em homens do que nas mulheres. E, também, uma etiologia genética, complexa, envolvendo vários grupos de genes. Então, tem uma influência hereditária que é em torno de 15% dos casos há a presença de mais pessoas acometidas. Seria uma combinação multifatorial. Fatores genéticos, ambientais, idade, fatores familiares.

Também tem incidência de Parkinson relacionada a traumatismos cranianos repetitivos, como classicamente já foram descritos casos de pugilistas, futebolistas também. Quanto ao Alzheimer, ele tem fatores de risco mais relacionados ao estilo de vida. Por exemplo, doenças que não foram bem tratadas, abuso do alcool, do cigarro, drogas tem relação. E também o fator idade, quanto maior a idade, maior a chance de desenvolver a doença.

Com o avanço da tecnologia e da medicina, percebemos uma melhora no tratamento de doenças que antes eram consideradas incuráveis, como o câncer, por exemplo. Quais foram os avanços da medicina em relação ao Parkinson e ao Alzheimer? Com o Parkinson, se divide entre medicamentos, que agem em diversas situações clínicas. Os remédios que a gente usa tem uma reação melhor conforme os sintomas clínicos. Muitas vezes o paciente precisa de uma combinação de vários medicamentos para atingir vários pontos. A atividade física também é extremamente importante no tratamento do Parkinson. Em casos de difícil controle, reação ruim à medicação, efeitos colaterais ou falta de resposta também no Parkinson existe a possibilidade de realizar o tratamento cirúrgico e também dispositivos estimuladores profundos, que podem trazer uma melhora clínica nesses casos que são de mais difícil controle ou que não há resposta adequada do medicamento.

Quanto ao Alzheimer, o tratamento também envolve uma atendimento multidisciplinar, com a estimulação pela atividade física, terapia ocupacional, social, atividades mentais e medicamentos. São medicamentos para hiperestimular a memória, e às vezes medicamentos para tratar o sono, depressão e por vezes até quadros psicóticos que podem acompanhar a doença durante a evolução.

Pesquisas são feitas intensamente, a nível mundial, para tentar novos meios de se combater a doença, estabilizar ou, quem sabe, até reverter os sintomas da doença, que é devastadora. No entanto, ainda é um desafio. Existe uma linha de medicamentos que são de ordem imunológica que tem se mostrado com uma ação eficiente, embora discreta, em casos recentes, em determinados pacientes que receberam essa medicação. Ainda é precoce para dizer que o tratamento vai ser por esse meio, mas abre uma esperança boa nessa linha de drogas novas que tendem a sair no futuro.

E há alguma forma de se evitar ou, pelo menos, frear o desenvolvimento dessas doenças?

No Parkinson basicamente o diagnóstico é clínico: exame físico e análise da história clínica do paciente. Por vezes a gente usa alguns exames para afastar outras doenças ou reforçar o raciocínio. Mas, ainda assim, o diagnóstico é totalmente clínico.

Para se prevenir a doença, seria necessário criar bons hábitos, evitar excesso de álcool, tabagismo, substâncias químicas nocivas. No Parkinson também seria interessante tentar evitar atividades que exponham a traumatismos cranianos repetitivos. E também a necessidade de se tomar cuidado com alguns remédios que são para o tratamento de alguma determinada doença, mas algumas pessoas possuem uma sensibilidade maior e podem desenvolver um parkinsonismo medicamentoso. Nesses casos, o tratamento é simplesmente suspender o tratamento envolvido, e há uma chance de uma resolução total. Tem um trabalho interessante que diz que a ingestão diária da cafeína pode ajudar na prevenção do Parkinson. Isso é interessante e deixa todo mundo feliz, principalmente no Brasil.

O diagnóstico do Alzheimer, também é clínico. A gente estuda para afastar outras doenças. Existem algumas ferramentas que podem ajudar a reforçar o diagnóstico.

Mas o diagnóstico precoce ainda é muito difícil. Mesmo se você fizer exame genético e tendo uma condição genética fortemente favorável, não há certeza de que se desenvolva. No Alzheimer, a prevenção também seria evitar hábitos ruins, álcool, cigarro, substâncias nocivas e tratar muito bem as doenças de base, como a hipertensão, doenças metabólicas. Fonte: Sampi.

Por que este fator pode aumentar o risco de Parkinson?

Estudo equaciona possível relação entre solidão e sintomas do distúrbio cognitivo


27 de abril de 2024 - Com mais de 250 mil casos diagnosticados no Brasil e aproximadamente quatro milhões em todo o mundo, o Parkinson é tema constante de estudos e pesquisas científicas que buscam entender os impactos e causas do distúrbio.

Recentemente, uma equipe de pesquisadores descobriu um novo fator que está associado a um risco aumentado de desenvolver a doença de Parkinson. Para entender a suposta relação, os cientistas analisaram os perfis de saúde de 491.603 participantes num período de 15 anos.

No início da análise, todos os participantes não tinham diagnóstico de Parkinson. No entanto, 2.822 acabaram recebendo o diagnóstico da doença no período de acompanhamento. Afinal, o que pode explicar os diagnósticos observados?

Para os especialistas, os indivíduos que relataram sentir-se solitários apresentaram maior risco de desenvolver a doença de Parkinson; uma associação que permaneceu após contabilizar situações como:

Índice de massa corporal

Risco genético da doença de Parkinson

Fumar

Atividade física

Diabetes

Hipertensão

AVC

Ataque cardíaco

Depressão

A solidão não foi, contudo, um fator de risco para a doença de Parkinson. Ao menos durante os primeiros cinco anos. Isso porque os resultados indicam que sentir-se sozinho por mais de cinco anos aumenta o risco da doença de Parkinson. Por isso, as descobertas aumentam a evidência de que a solidão é um determinante psicossocial substancial da saúde.

Fatores de risco do Parkinson

Ainda de acordo com os especialistas, uma combinação de alterações genéticas e fatores ambientais pode ser responsável pelo aparecimento da doença de Parkinson. Alguns dos fatores de risco incluem a idade avançada, histórico familiar da doença, predisposição genética, gênero masculino, exposição a toxinas ambientais, traumas cranianos, estresse oxidativo e inflamação crônica do sistema nervoso.

Embora esses fatores possam aumentar a probabilidade de desenvolver a doença, ter um ou mais deles não garante o desenvolvimento da condição.

Sintomas de Parkinson

A doença de Parkinson se manifesta através de uma variedade de sintoma; são eles:

Tremores

Lentidão nos movimentos voluntários

Rigidez muscular

Instabilidade postural

Mudanças na escrita, com a caligrafia pequena e ilegível

Alterações na fala. Fonte: Catraca Livre.

sexta-feira, 26 de abril de 2024

Impacto da dieta nas bactérias intestinais oferece novas pistas no manejo da doença de Parkinson

Abr 25 2024 - Um estudo recente da doença de Parkinson de Npj investiga a associação entre a dieta e a composição do microbioma intestinal em um esforço para identificar as vias funcionais que afetam pacientes com doença de Parkinson (DP).

Estudo: Dieta e o microbioma intestinal em pacientes com doença de Parkinson. Crédito de imagem: Chinnapong / Shutterstock.com

Dieta e risco de DP

A DP é uma das doenças neurodegenerativas mais comuns associadas ao envelhecimento. Alguns sintomas comuns associados à DP incluem comprometimento motor progressivo, bem como sintomas não motores, como disfunção gastrointestinal (GI), depressão, constipação e comprometimento cognitivo. Sintomas específicos não motores podem se manifestar décadas antes do diagnóstico clínico durante seus estágios prodrômicos.

Estudos prévios mostraram que a dieta desempenha um papel crítico na incidência e progressão da DP. Por exemplo, aqueles que aderem a uma dieta de alta qualidade medida pelo Escore de Dieta Mediterrânea alternativo (aMED) e Índice de Alimentação Saudável Alternativa (IAE) estão em menor risco de DP, enquanto pontuações mais baixas do Índice de Alimentação Saudável (IES) – 2015 foram associadas à constipação crônica e hiposmia em pacientes com DP.

Anteriormente, foi estabelecida uma correlação entre comprometimento cognitivo e baixa ingestão de fibras. Além disso, muitos pacientes diagnosticados com DP em uma idade relativamente mais jovem relataram maiores hábitos de consumo de açúcar.

A má alimentação e o envelhecimento modificam a composição do microbioma intestinal, no qual a concentração de bactérias benéficas diminui e as bactérias nocivas aumentam. A síntese inadequada de nutrientes essenciais do microbioma intestinal e os níveis elevados de toxinas podem resultar em neurodegeneração e neuroinflamação.

Os pacientes com DP geralmente exibem níveis mais baixos de bactérias produtoras de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), como Coprococcus e Butyricicicoccus, bem como níveis mais altos de Akkermansia, bactérias pró-inflamatórias. É importante ressaltar que os AGCC têm propriedades anti-inflamatórias que influenciam o sistema nervoso entérico, modulam a inflamação no sistema nervoso central e apoiam o desenvolvimento normal da microglia.

Até o momento, poucos estudos examinaram o papel da dieta no desenvolvimento e progressão da DP. Portanto, pesquisas adicionais são necessárias para explorar essa relação e, finalmente, usar esses achados para desenvolver intervenções adequadas para aliviar os sintomas gastrointestinais na DP.

Sobre o estudo

O presente estudo investigou a associação entre dieta e diversidade microbiana intestinal, composição, abundância e seu metagenoma previsto em pacientes com DP. Para esse fim, uma análise transversal foi realizada usando um subgrupo de pacientes com DP do estudo Parkinson's Environment and Gene (PEG) que recrutou 832 pacientes com DP entre 2001-2007 (PEG1) e 2011-2017 (PEG2).

Foram recrutados pacientes diagnosticados com DP nos últimos três a cinco anos, residentes na Califórnia há pelo menos cinco anos e sem outras condições neurológicas ou doença terminal. Amostras fecais foram coletadas de pacientes que foram recontatados entre 2017-2020 (PEG-Gut).

Um total de 85 participantes preencheu todos os critérios de elegibilidade e foram considerados na análise atual. A coorte do estudo preencheu o Questionário de História da Dieta II (DHQ II) para avaliação dietética. A qualidade da dieta foi mensurada por meio do HEI-2015, com escores totais variando entre zero e 100 pontos.

Achados do estudo

A maioria dos participantes do estudo era de homens de ascendência europeia, não fumantes, com sobrepeso e com boa escolaridade. Curiosamente, a maioria dos pacientes com DP desenvolveu constipação no tercil de escore mais baixo do IQD.

Consistente com relatos anteriores, o estudo atual confirmou os benefícios de uma dieta de alta qualidade na manutenção de um intestino saudável em pacientes com DP. Uma dieta saudável leva à redução de bactérias pró-inflamatórias putativas, que são abundantemente encontradas em pacientes com DP em comparação com indivíduos saudáveis.

A adesão a uma dieta de alta qualidade com alto escore no IQD aumentou a abundância de bactérias produtoras de AGCC, como Coprococcus1, Ruminococcaceae, Butyricicoccus, grupo NK4A214, Hydrogenoanaerobacterium, Romboutsia, Negativibacillus e Ruminococcaceae UCG-003 em pacientes com DP. Essas bactérias sintetizam butirato que reduz a inflamação, fornecendo energia para as células epiteliais intestinais e fortalecendo o epitélio intestinal.

Aqueles que relataram maior consumo de açúcar de adição apresentaram níveis reduzidos de Romboutsia, Butyricicoccus e Coprococcus 1. Níveis aumentados de bactérias produtoras de amiloide, Klebsiella, também foram observados.

Pacientes com DP frequentemente exibem níveis aumentados de citocinas pró-inflamatórias no soro e no cólon, o que reflete inflamação sistêmica que poderia ativar a micróglia. A ativação da microglia está inerentemente associada à progressão da DP.

Mecanisticamente, uma dieta saudável diminui a degradação da taurina, a biossíntese de lipopolissacarídeos, bem como o número de lipopolissacarídeos circulantes e a inflamação sistêmica na DP. Uma dieta saudável em pacientes com DP também aumenta os gêneros da família Ruminococcaceae no intestino, o que suporta o metabolismo da taurina e reduz a degradação da taurina.

Conclusões

O presente estudo indicou que uma dieta saudável poderia ser extremamente benéfica para os pacientes com DP, pois poderia reduzir os sintomas motores e não motores, bem como retardar a progressão da doença. Além disso, uma dieta saudável aumenta os níveis de bactérias putativas produtoras de butirato anti-inflamatório e diminui as bactérias pró-inflamatórias putativas em pacientes com DP.

Assim, os achados do estudo enfatizam a importância da adesão a uma dieta de alta qualidade desde o diagnóstico inicial da DP, pois poderia ajudar a manter um microbioma saudável e retardar a progressão da doença. No entanto, deve-se notar que a capacidade de manter uma dieta saudável pode se tornar cada vez mais difícil à medida que a doença progride. Fonte: News-medical.

Exenatido e Parkinson

260424 - Exenatido e Parkinson.


Por que pesticida eleva risco de Parkinson? Explicação é genética

Um estudo descobriu como a exposição a longo prazo ao pesticida pode aumentar o risco da doença em algumas pessoas.

Imagem: Shutterstock/Virrage Images

26/04/2024 - O contato recorrente com pesticidas foi associado ao maior risco de desenvolvimento do Parkinson há décadas. No entanto, o motivo pelo qual o produto químico pode causar a doença em algumas pessoas e em outras não, era um mistério. Uma nova investigação da UCLA Health pode finalmente elucidar essa questão com a descoberta de que certas variantes genéticas estão por trás disso.

A pesquisa chegou à conclusão com uma análise de dados genéticos de 800 moradores do Vale Central, na Califórnia, que tiveram exposição a pesticidas por mais de uma década antes de desenvolverem o Parkinson. Detalhes foram publicados no npj Parkinson’s Disease.

As variantes genéticas

Os cientistas direcionaram seus esforços para encontrar genes raros ligados aos lisossomos, conhecidos como “sacos digestivos” das células, que acreditam estar associados ao Parkinson.

Eles compararam os genes dos indivíduos expostos aos pesticidas com amostras da população em geral para tentar encontrar possíveis diferenças entre eles.

Assim, descobriram uma predisposição genética que provoca certas alterações de genes, posteriormente fortalecidos pela exposição aos pesticidas.

Essa variação parece ter um efeito prejudicial no funcionamento das proteínas do nosso organismo, gerando incapacidade das células de quebrar proteínas ruins.

Com a exposição aos pesticidas, a consequência foi um acúmulo de tóxicos que ajudou a gerar a doença.

Autofagia e o Parkinson

Em nosso cérebro, há uma proteína chamada alfa-sinucleína, que, no caso de pessoas com Parkinson, se acumula demais e forma aglomerados chamados corpos de Lewy. Pesquisas anteriores descobriram que pequenas mudanças em certos genes, relacionados à autofagia (o processo em que a célula se livra das proteínas ruins), podem contribuir para esse acúmulo.

Segundo Brent Fogel, autor do estudo, uma predisposição genética origina pequenas alterações nos genes que normalmente não causam problemas, mas quando as pessoas estão expostas a certos produtos químicos, como pesticidas, o cenário muda. Basicamente, nossos genes podem não ser um problema por si só, mas em certas situações podem nos deixar mais propensos a desenvolver doenças como o Parkinson.

Existem outras variantes genéticas?

As descobertas do estudo levantam a possibilidade de que outras variações genéticas possam influenciar o aparecimento do Parkinson nesta população, incluindo uma possível relação com outros processos do organismo afetados por diferentes tipos de pesticidas.

Os pesquisadores acreditam que se for possível entender o porquê certas pessoas desenvolveram a doença, talvez possam tomar medidas para agir na origem do problema. Fonte: Olhardigital.