January 5, 2021 - A Randomized Trial of Focused-Ultrasound Subthalamotomy for Parkinson Disease.
Objetivo: atualização nos dispositivos de “Deep Brain Stimulation” aplicáveis ao parkinson. Abordamos critérios de elegibilidade (devo ou não devo fazer? qual a época adequada?) e inovações como DBS adaptativo (aDBS). Atenção: a partir de maio/20 fui impedido arbitrariamente de compartilhar postagens com o facebook. Com isto este presente blog substituirá o doencadeparkinson PONTO blogspot.com, abrangendo a doença de forma geral.
quarta-feira, 6 de janeiro de 2021
Enzima artificial pode levar a um novo tratamento para a doença de Parkinson
6 de janeiro de 2021 - Uma equipe de pesquisadores criou uma enzima artificial que pode ajudar a formar um novo tratamento para a doença neurodegenerativa de Parkinson.
A equipe da Johns Hopkins Medicine criou a enzima que impede a propagação da alfa-sinucleína mal dobrada - a proteína que causa a doença de Parkinson. A proteína alfa-sinucleína viaja do intestino para o cérebro, onde se une em grupos letais conhecidos como "corpos de Lewy", que causam a morte das células cerebrais.
O estudo foi publicado na revista Nano Today.
Enzimas artificiais
As enzimas artificiais foram criadas pela equipe por suas propriedades antioxidantes e são combinações nanométricas de platina e cobre chamadas de ‘nanoligas bimetálicas PtCu’. A capacidade antioxidante depende em grande parte da composição da liga, dizem os pesquisadores.
O pesquisador sênior do estudo Xiaobo Mao, professor assistente de neurologia da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, disse: “O estresse oxidativo causado por espécies reativas de oxigênio é inevitável e aumenta com a idade devido à lentidão mecanística em processos como a degradação de proteínas. Isso indica a importância dos antioxidantes, porque na doença de Parkinson, espécies de oxigênio reativas em trânsito promovem a disseminação de alfa-sinucleína mal dobrada, levando a piores sintomas. ”
Como eles funcionam? Os pesquisadores dizem que as enzimas comem espécies reativas de oxigênio, uma vez injetadas no cérebro, o que ajuda a prevenir danos aos neurônios.
No modelo de fibrila dos pesquisadores, que replica o processo de neurodegeneração dos corpos de Lewy, a nanoenzima diminui a patologia induzida pela alfa-sinucleína e inibe a neurotoxicidade, além de diminuir as espécies reativas de oxigênio e impedir a alfa-sinucleína de passar da célula para célula e da substância negra ao estriado dorsal.
Mao já colaborou no passado com o especialista em doença de Parkinson Ted Dawson, professor de neurologia e diretor do Instituto de Engenharia Celular da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, que acrescentou evidências de que a alfa-sinucleína mal dobrada viaja ao longo do nervo vago do intestino ao cérebro.
Mao espera que novas pesquisas possam conectar as duas descobertas e levar a um tratamento para a doença de Parkinson direcionado ao intestino. Ele disse: “Nós sabemos que as nanoenzimas funcionam quando injetadas diretamente no cérebro. Agora, gostaríamos de ver se as nanoenzimas podem bloquear a progressão da doença induzida pela alfa-sinucleína patogênica viajando do intestino, através da barreira hematoencefálica e para o cérebro.” Original em inglês, tradução Google, revisão Hugo. Fonte: Healtheuropa.
“Esperamos abrir uma porta para novos tratamentos na doença de Parkinson”
Investigador Noam Shemesh, vencedor do Prémio Mantero Belard
Em entrevista à VISÃO, o investigador Noam Shemesh, vencedor do Prémio Mantero Belard, explica em que consiste a sua nova abordagem para detetar mais precocemente a doença de Parkinson e permitir, assim, testar “uma terapia de edição de genes” para tentar travar a doença nas fases iniciais
05.01.2021 -Noam Shemesh lidera a equipa galardoada com o Prémio Mantero Belard, atribuído pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. É um dos vencedores deste ano dos Prémios Santa Casa Neurociências e a sua investigação traz aos doentes de Parkinson uma nova esperança de, no futuro, virem a ter novos tratamentos e uma melhor qualidade de vida. À VISÃO, o investigador explicou como pretende desenvolver uma metodologia de deteção precoce da doença e compreender melhor os mecanismos que levam à deterioração da função cerebral nesses doentes. Por isso, a equipa quer compreender as relações básicas entre genes específicos e a Doença de Parkinson.
Esta “inovadora” abordagem também pode “permitir testar adicionalmente uma nova terapia de edição de genes para ver se a doença pode ser travada nas suas fases iniciais”. Além de ter impacto significativo na investigação feita noutras doenças neurodegenerativas.
Noam Shemesh acredita que esta abordagem se traduz num avanço científico, uma vez que “as doenças neurodegenerativas são descobertas demasiado tarde e as opções de tratamento são muito limitadas”. A agravar, lamenta, “não existem tratamentos capazes de impedir o aparecimento, travar a progressão ou alterar o decurso da doença”, gerando “grande sofrimento nos doentes e nos seus familiares”. Por isso, a equipa de Noam Shemesh vai tentar trazer uma nova luz com a investigação que está a desenvolver na Fundação D. Anna de Sommer Champalimaud e Dr. Carlos Montez Champalimaud.
Qual é o objetivo do projeto que coordena e que foi distinguido com o Prémio Mantero Belard 2020?
Queremos colmatar uma lacuna ao nível da percepção de como as mudanças moleculares na doença de Parkinson afetam a atividade neural do cérebro e conduzem aos seus terríveis resultados funcionais. Ou seja, queremos compreender como é que as mudanças moleculares em células específicas criam desequilíbrios na atividade cerebral. E depois perceber como esses mesmos desequilíbrios se coordenam para se traduzirem numa patologia severa chamada doença de Parkinson.
Em que consiste o seu projeto “Da expressão genética à função das redes neuronais: estabelecendo a ponte na doença de Parkinson”?
Consiste em utilizar o auge da tecnologia – a ressonância magnética – juntamente com ferramentas genéticas, como a edição genética e a estimulação optogenética, para investigar as alterações que ocorrem no cérebro no decurso da doença de Parkinson. Vamos, assim, fazer uma caracterização microarquitetónica do cérebro, durante o curso temporal da doença, e uma caracterização específica da função dopaminérgica em todo o cérebro. Estamos, por isso, otimistas que esta abordagem terapêutica permitirá detetar estados muito precoces da doença. Isto permitir-nos-á adicionalmente testar uma nova e excelente terapia de edição de genes para depois ver se a doença pode ser travada nas suas fases iniciais.
Em que é que esta abordagem terapêutica se diferencia da que já existe?
A nossa abordagem é diferente, porque visa a ativação cerebral mesoscópica e a microarquitetura de tecidos como base da doença. E depois vamos-nos direcionar para aspetos específicos da atividade cerebral que se tornam anómalos. A utilização da ressonância magnética facilita muito esta abordagem.
Quais são as etapas deste projeto?
São três e bastante complexas. A primeira etapa consiste em recorrer aos scanners de ressonância magnética que temos, na Fundação Champalimaud, para estudar a microarquitetura e o funcionamento do cérebro no decurso da doença. O que, mais tarde, pode vir a permitir uma deteção precoce da doença. Numa segunda fase, vamos aproveitar as manipulações optogenéticas para desencadear atividade em estruturas dopaminérgicas específicas no cérebro e caraterizar como é que o sistema dopaminérgico se torna anómalo ao longo do tempo. Por último, vamos utilizar as novas técnicas de edição de genes para testar um potencial tratamento precoce para a doença.
Esta investigação terá aplicação clínica, no futuro?
Embora este projeto seja de natureza científica básica, acreditamos que a sua fruição poderia dar início a uma nova era para a aplicação clínica de algumas das nossas metodologias. Uma vez comprovada a eficácia das nossas ideias sobre como caraterizar a doença prematuramente, estas podem ser potencialmente traduzidas para a clínica e/ou gerar melhores metodologias de imagem para a deteção da doença de Parkinson. Os elementos de tratamento do projeto, se comprovadamente bem sucedidos, podem eventualmente levar a novos progressos com grande importância clínica no futuro.
Esperamos que, ao desenvolver uma metodologia de deteção precoce da doença de Parkinson e ao compreendermos melhor os mecanismos que levam à deterioração da função cerebral nesses doentes, possamos abrir uma porta para novos tratamentos
NOAM SHEMESH, COORDENADOR DO PROJETO GALARDOADO COM O PRÉMIO MANTERO BELARD 2020
Pretende, assim, desenvolver um tratamento inovador e trazer uma nova esperança para estes doentes?
Um dos maiores problemas das doenças neurodegenerativas é que são descobertas demasiado tarde e depois as opções de tratamento são muito limitadas. Não existem tratamentos capazes de impedir o aparecimento, travar a progressão ou alterar o decurso da doença. Assim, precisamos de muita investigação para compreender os mecanismos que levam ao seu aparecimento.Daí a importância do nosso projeto que visa a compreensão das relações básicas entre genes específicos e a Doença de Parkinson. A nossa investigação também pode trazer esperança para uma eventual aplicação como tratamento. Por isso, esperamos que, ao desenvolver uma metodologia de deteção precoce da doença de Parkinson e ao compreendermos melhor os mecanismos que levam à deterioração da função cerebral nesses doentes, possamos abrir a porta para novos tratamentos. Ou seja, para que surjam novos tratamentos que possam melhorar a vida destes doentes se forem aplicados numa fase precoce da doença.
Quando é que os doentes poderão beneficiar desta terapia?
Em hebraico, temos um ditado: “A profecia foi dada aos tolos”. É impossível prever quando é que estas terapias podem ser benéficas, mas temos a certeza de que o nosso projeto será um avanço no conhecimento e que ele próprio fará avançar a humanidade na procura de tratamentos. Podemos afirmar que o nosso projeto, pelo seu caráter inovador, irá trazer novas ideias que, no futuro, poderão ser adaptadas para intervenções terapêuticas nos doentes. Também acreditamos que a abordagem aqui apresentada é bastante geral e poderá abranger outras doenças neurodegenerativas.
Porque é que a sua equipa decidiu estudar a doença de Parkinson?
Porque é uma doença devastadora, generalizada e socialmente importante, que gera grande sofrimento nos doentes e nos seus familiares, além de acarretar, a nível mundial, um significativo esforço socioeconómico. Há alguns aspetos particulares que tornam a doença mais recetiva ao nosso tipo de investigação e é uma grande honra poder investigá-la com o generoso apoio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa através do Prémio Mantero Belard.
PRÉMIOS SANTA CASA NA ÁREA DAS NEUROCIÊNCIAS
Prémio Mantero Belard
Criado em 2013
Distingue a investigação científica ou clínica no âmbito das doenças neurodegenerativas, associadas ao envelhecimento, como Parkinson e Alzheimer, que possibilite o surgimento de novas estratégias no tratamento e restabelecimento das funções neurológicas.
Valor: 200 mil euros
Prémio Melo e Castro
Criado em 2013
Promove a descoberta de soluções para a reabilitação de lesões vertebromedulares de natureza traumática e não traumática (adquiridas ou congénitas).
Valor: 200 mil euros
Prémio João Lobo Antunes
Criado em 2017
Foi concebido como homenagem ao médico, neurocirurgião e cientista. Destina-se a licenciados em Medicina, em regime de internato médico, e visa estimular a cultura científica e a investigação clínica na área das Neurociências, sem esquecer o princípio de João Lobo Antunes relativo à humanização do ato médico, “os seus pacientes e as suas histórias”.
Valor: 40 mil euros
Fonte: Visão.
terça-feira, 5 de janeiro de 2021
Entrega não invasiva de nanopartículas carregadas de levodopa ao cérebro via vasculatura linfática para melhorar o tratamento da doença de Parkinson
SENTENÇA MANTÉM SÓCIO DEFICIENTE EM SOCIEDADE
04/01/2021 - Em 2015, entrou em vigor o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13,146/2015), que tem como finalidade a igualdade de atos da vida civil das pessoas com deficiência, excluindo o conceito de incapacidade anteriormente vigente em nossa legislação.
Logo, essas pessoas, anteriormente consideradas como incapazes, passaram a poder responder por seus atos, com participação ativa na sociedade, já que a Lei permite a elas o exercício de todos os atos da vida civil, bem como a escolha de seu curador/representante.
Assim, a pessoa com deficiência pode pertencer à sociedade empresária. Entretanto, existe dispositivo legal que possibilita a exclusão desse sócio se os demais sócios comprovarem que ele gera prejuízos à sociedade, conforme determina o artigo 1.030 do Código Civil.
Em 06 de novembro de 2020, a 5ª Câmara Cível de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Rio Grande Sul julgou improcedente o pedido de dissolução parcial da sociedade para exclusão de sócio interditado judicialmente por possuir Parkinson, mantendo a decisão proferida em primeira instância. (Apelação nº 002244-59.2020.8.21.7000 – Des. Relatora Lusmary Fátima Trully da Silva).
Nesse caso, os demais sócios pediram a exclusão do sócio acometido por Parkinson pelo fato de ele ser representado por sua esposa, que não tinha conhecimento técnico quanto a atividade que seu cônjuge exercia na empresa, bem como em decorrência de previsão no contrato social com base no artigo 1.030 do Código Civil.
Entretanto, os autores da ação não conseguiram comprovar os prejuízos causados pela atual condição do réu, uma vez que a empresa continua a prosperar, registrando considerável aumento no faturamento.
A manutenção da sentença se deu pelo fato de o sócio réu não exercer função de gerência, inexistindo impeditivo para a curadora (esposa do sócio) atuar nos “bastidores” da empresa.
Por fim, a desembargadora asseverou que “(…) no que toca ao apontamento de que ausente possibilidade de diálogo entre a curadora nomeada e os demais sócios, bem como de falta de conhecimento empresarial da curadora e sua idade avançada, o que, conforme alegado pelos recorrentes, dificulta o seu entendimento, de igual forma, não está amparado no correspondente conjunto probatório, tampouco serve para evidenciar a arguição de prejuízo à sociedade”.
A decisão proferida está de acordo com os entendimentos atualizados de inclusão e equidade entre pessoas com diferentes características, assegurando a manutenção do sócio deficiente que, além de no passado ter ajudado no desenvolvimento da empresa, necessita de valores para a manutenção de seu tratamento e de seus familiares. Fonte: Gaiofatoegalvao.
Nanodiamantes para detetar a Doença de Parkinson.
05012021 - Nanodiamantes para detetar a Doença de Parkinson.
segunda-feira, 4 de janeiro de 2021
Doença de Parkinson: Covid-19 agrava os sintomas, perturba o atendimento
Os pesquisadores temem que a SARS-CoV-2 possa ter impacto neurológico de longo prazo.
Jan 4, 2021 - A pandemia Covid-19 atrapalhou a vida diária de todos, mas para os pacientes com doença de Parkinson, a pandemia cobrou um preço adicional. BreakingMED está republicando este relatório, publicado pela primeira vez em setembro, como parte de sua série de análises clínicas de fim de ano para dar aos usuários uma oportunidade de uma segunda chance de se aprofundar nas consequências específicas da pandemia na comunidade DP.
Os resultados de uma pesquisa com adultos com e sem doença de Parkinson (DP) sugeriram que a pandemia de Covid-19 em andamento teve um impacto dramático nos sintomas motores e não motores da DP e levou a interrupções significativas no atendimento.
“De cerca de 5.000 pessoas com DP, cerca de 1% tinha um diagnóstico definitivo ou provável de Covid-19, e 75% das pessoas infectadas experimentaram sintomas novos ou agravantes relacionados à DP”, escreveu Caroline M. Tanner, MD, PhD, do Departamento de Neurologia do Instituto Weill de Neurociências da Universidade da Califórnia em São Francisco e colegas relataram no Journal of Parkinson's Disease. “Para pessoas com DP sem Covid-19, as interrupções eram frequentes nos cuidados médicos relacionados com a DP (64%), atividades diárias essenciais (35%), exercícios (21%) e atividades sociais (57%) e contribuíram para o agravamento de sintomas motores e não motores, especialmente em grupos de risco específicos. Atividades compensatórias, como telemedicina, exercícios online e programas sociais são importantes, embora não estejam disponíveis para todos. Como as diretrizes para pandemia e distanciamento social provavelmente durarão algum tempo, estratégias direcionadas devem ser desenvolvidas para fornecer suporte aos pacientes com todos os níveis de recursos.”
Para seu estudo, Tanner e colegas convidaram os participantes do estudo online Fox Insight, com ou sem DP, para completar uma pesquisa de 23 de abril a 23 de maio de 2020. Pacientes com dados diagnósticos ou demográficos ausentes e pacientes que relataram um diagnóstico de DP antes da idade 25 foram excluídos. Dos 9.762 pacientes no Fox Insight, 7.209 responderam (taxa de resposta de ~ 74%), 5.429 dos quais tinham DP e 1.452 dos quais não.
Os pesquisadores observaram que os entrevistados com DP eram mais velhos, mais frequentemente do sexo masculino, tinham uma prevalência maior de doenças cardíacas, tinham uma prevalência mais baixa de condições imunocomprometedoras e doenças pulmonares e tinham renda familiar mais baixa do que aqueles sem DP.
“Os diagnósticos de Covid-19 foram relatados por 51 pessoas com DP (22 definitivos, 29 prováveis) e 26 pessoas sem DP (7 definitivos, 19 prováveis)”, relataram. “Testes positivos foram relatados em 17 pessoas com DP e 6 sem DP. Uma pessoa com DP relatou um teste de Covid-19 positivo, mas era assintomático e não foi incluído nas análises das características da doença associada a Covid-19.”
Covid-19 e sintomas da doença de Parkinson
Tanner e colegas descobriram que, entre os entrevistados que relataram infecção por Covid-19, “pessoas com DP relataram piora de muitos sintomas relacionados à DP. Novos sintomas motores foram relatados por 18%, e 55% relataram piora de pelo menos um sintoma motor existente. Sintomas não motores novos e agravantes foram relatados para todos os domínios: humor (20% novo, 51% piora), cognição (7,8% novo, 41% piora), sono (12% novo, 59% piora) e autonômico (7,8 % novo, 29% piorando).”
Pacientes com DP que desenvolvem doenças infecciosas frequentemente relatam piora dos sintomas de DP, observaram os autores do estudo, “possivelmente devido à inflamação sistêmica, alteração da sinalização dopaminérgica ou mudanças na absorção do medicamento ou farmacocinética. O agravamento dos sintomas devido a uma infecção direta do SNC [sistema nervoso central] por SARS-CoV-2 é menos provável. Embora Covid-19 tenha sido associado a alterações na neuroimagem e o RNA SARS-CoV-2 tenha sido detectado no líquido cefalorraquidiano, uma série recente de autópsias de pacientes que morreram com Covid-19 - todos com alteração do estado mental - não encontrou imunohistoquímica evidência de encefalite ou invasão viral no tecido cerebral. A exacerbação dos sintomas de DP durante o Covid-19 pode ser em parte devido à reação inflamatória característica da doença. O relato consistente de exacerbação dos sintomas em pessoas com DP devido à Covid-19 enfatiza a necessidade de considerar a Covid-19 como uma possível explicação para o agravamento repentino dos sintomas relacionados à DP”.
Tanner e colegas também descobriram que os respondentes da pesquisa com Covid-19, com e sem DP, relataram novo início de hiposmia, uma capacidade reduzida de cheirar e detectar odores - e os pacientes com DP que já tinham hiposmia relataram piora deste sintoma enquanto infectados com Covid -19. Este sintoma foi relatado em uma taxa semelhante a relatórios subjetivos em estudos anteriores, eles observaram.
Interrupções no atendimento relacionado à DP
Embora a grande maioria dos entrevistados com DP não tenha desenvolvido Covid-19, 62% relataram alterações nos cuidados de saúde como resultado da pandemia, incluindo cancelamentos de consultas, redução do atendimento domiciliar ou problemas para preencher prescrições. “Pessoas com DP não diagnosticadas com Covid-19 relataram interrupção do atendimento médico (64%), exercícios (21%) e atividades sociais (57%) e piora dos sintomas motores (43%) e não motores (52%),”Tanner e seus colegas relataram.
Notavelmente, a interrupção no atendimento médico foi mais comum entre aqueles com maior duração de DP (41% de duração de DP> 9 anos vs 32% para a duração de DP de 0–3 anos, odds ratio ajustada [aOR] = 1,47, IC de 95% 1,26-1,73, P <0,001), apontaram os autores do estudo. Enquanto isso, raça e baixa renda foram ambas independentemente associadas à dificuldade de obter medicamentos para DP (raça não branca 13% vs 7,3%, aOR 1,98 IC 95% 1,05–3,45, P = 0,023, e menor renda 10% vs 7,2%, aOR 1,36, IC de 95% 1,07-1,72, P = 0,01), com pacientes Latinos relatando a maior interrupção (14% vs 7,5%, 1,61, IC de 95% 0,93-2,63, P = 0,07).
“As consultas de telemedicina foram relatadas por 39% das pessoas com DP”, acrescentaram os autores do estudo, “mas aqueles com renda familiar mais baixa eram menos propensos a comparecer às consultas de saúde por meio da telemedicina (40% vs 35%, aOR 0,79, IC 95% 0,69, 0,90, P <0,001).”
Trinta e cinco por cento dos entrevistados com DP relataram que pelo menos uma atividade diária essencial foi interrompida durante a pandemia, eles escreveram. Essas interrupções foram mais comumente relatadas entre pacientes que moravam sozinhos em comparação com outros com DP, incluindo alimentos (12% versus 8,7%) e cuidados domiciliares / tarefas domésticas (15% versus 9%). Além disso, 21% e 57% dos entrevistados com DP relataram ter cancelado exercícios ou atividades sociais, respectivamente. Embora muitos entrevistados tenham encontrado formas alternativas de realizar essas atividades, como aulas online, os pacientes com DP com menor renda eram menos propensos a relatar meios alternativos de exercício (32% versus 44%) ou atividades sociais (49% versus 58%) e mais Os pacientes com DP eram menos propensos a usar formas alternativas de exercício (39% versus 44%).
A pandemia também prejudicou a participação dos pacientes na pesquisa em andamento - dos 16% dos pacientes com DP sem Covid-19 que relataram participar da pesquisa, 40% tiveram que cancelar e 35% tiveram que adiar as visitas de pesquisa em pessoa, e 25% foram incapazes para participar em visitas de pesquisa por meio de métodos alternativos.
Essas interrupções no atendimento aparentemente tiveram um impacto substancial nos resultados dos pacientes, escreveram Tanner e colegas, com pacientes que experimentaram interrupções no atendimento mais propensos a relatar o agravamento dos sintomas de DP em todos os domínios (sintomas motores: 56% versus 36%; problemas cognitivos: 24% versus 4%; sintomas de humor: 42% versus 30%; sintomas autonômicos: 27% versus 17%; e problemas de sono: 42% versus 31% [P para todos <0,001]). “Novos sintomas motores de início, em particular, foram mais prováveis naqueles que tiveram interrupção do atendimento médico (8,2% contra 5,1% aOR 1,63, IC 95% 1,31-2,04, P <0,001)”, observaram.
“Os entrevistados que experimentaram interrupções de exercícios, atividades sociais ou foram solicitados a isolar-se também foram mais propensos a relatar o agravamento dos sintomas de DP,” Tanner e colegas adicionaram.
Os autores do estudo observaram que o fato de 35% das pessoas com nível socioeconômico mais baixo serem capazes de usar os recursos da telemedicina para continuar o atendimento é encorajador e sugere que esse serviço pode ser expandido ainda mais; no entanto, eles também observaram que é vital minimizar os efeitos adversos das interrupções do tratamento, continuando a manter as precauções de segurança. O estudo também sugere que os pacientes com DP mais longa e os que vivem sozinhos precisam de atenção mais específica, e que as barreiras socioeconômicas e raciais existentes aos cuidados de saúde foram ainda mais exacerbadas pela pandemia, acrescentaram.
Parkinsonismo: a terceira onda da pandemia Covid-19?
Tanner e colegas também observaram que seu estudo levanta questões importantes para análises futuras, incluindo o potencial de repercussões neurológicas de longo prazo para pacientes que desenvolvem infecção por SARS-CoV-2.
“A hiposmia prediz mudanças clínicas e patológicas associadas à DP”, escreveram eles. “Essa associação, entre outras manifestações neurológicas em pessoas com Covid-19, gerou preocupações sobre a possibilidade de a infecção por SARS-CoV-2 desencadear neurodegeneração de longo prazo, como foi observado após a pandemia de 1917-1918 [gripe espanhola]. Esta pesquisa fornecerá informações de linha de base úteis para o acompanhamento dos entrevistados com Covid-19, para ver se o parkinsonismo ou outras doenças neurodegenerativas se desenvolvem em pessoas sem DP, ou se um curso clínico diferente ocorre naqueles com DP.”
Este sentimento ecoou as preocupações levantadas em uma revisão dos sintomas neurológicos relatados associados à infecção por Covid-19, publicada este mês no Journal of Parkinson's Disease, em que Kevin J. Barnham, PhD, do Florey Institute of Neuroscience and Mental Health, the University de Melbourne, e o Melbourne Dementia Research Centre em Parkville, Austrália, e colegas alertaram que o parkinsonismo pode vir a ser a “terceira onda” da pandemia Covid-19.
“Pode haver uma miríade de potenciais complicações neurológicas e neuropsiquiátricas de longo prazo secundárias à infecção por SARS-CoV-2, incluindo uma ligação potencial ao agravamento do parkinsonismo em pacientes com DP e possivelmente até mesmo efeitos neurológicos retardados, incluindo parkinsonismo”, escreveram eles. “Resta saber se as infecções virais por Covid-19 serão mais tarde associadas ao parkinsonismo, como é o caso de outros vírus. Além disso, ao contrário de muitas condições neurológicas, como a neuropatia, existem ferramentas emergentes disponíveis para identificar o parkinsonismo no início do processo da doença. Como tal, esta revisão serve como um 'chamado às armas' para a comunidade neurológica em preparação para uma onda potencial de parkinsonismo que está por vir. ”
Barnham e colegas apontaram para várias revisões sistemáticas e relatos de casos que relataram sintomas neurológicos em pacientes com Covid-19, incluindo doença cerebrovascular aguda, tontura, dor de cabeça, hipogeusia, comprometimento da consciência, síndrome de Guillain-Barre, neuralgia, epilepsia, ataxia, encefalite e hiposmia. No entanto, eles também reconheceram que “não há dados suficientes neste estágio para quantificar o risco aumentado de desenvolver parkinsonismo associado ao Covid-19”.
No entanto, eles encorajaram os pesquisadores a realizar estudos de base populacional dos sintomas neurológicos da infecção por SARS-CoV-2, e pediram "um investimento substancial na identificação, diagnóstico e tratamento precoce de DP e parkinsonismo para ajudar os médicos a melhor ferramentas disponíveis para lidar com um influxo potencial de parkinsonismo ao longo do próximo meio século. ”
Para seu próprio estudo, Tanner e colegas observaram várias limitações, incluindo uma taxa de resposta modesta, dependência de autorrelato, incapacidade de capturar casos de Covid-19 que resultaram em morte e sub-representação entre certas populações. No entanto, eles argumentaram que esta pesquisa fornece uma oportunidade útil para avaliar os efeitos de longo prazo do Covid-19 na progressão da DP e os impactos sociais e de saúde pública da pandemia nesta população de pacientes.
“A pandemia Covid-19 provavelmente terá repercussões de longo prazo; a intervenção para mitigar esses efeitos em nossos pacientes deve começar o mais rápido possível ”, acrescentaram.
John McKenna, Editor Associado, BreakingMED ™
Tanner relatou doações da Parkinson Foundation, Gateway LLC, Roche / Genentech, Parkinson Study Group, Michael J. Fox Foundation, NIH / NIA, NIH / NINDS, VA Merit, Dept of Defense, Biogen Idec, Roche Genentech e feed pessoal da Biogen Idec , Acorda, Adamas Therapeutics, Amneal, CNS Ratings, Gray Matter LLC, Northwestern University, Partnets, Harvard, Guidemark Health, Acadia, Neurocrine, Lundbeck e Cadent. Original em inglês, tradução Google, revisão Hugo. Fonte: Physiciansweekly.