Brasil, 30 de
Janeiro de 2021 - Segundo dados da Organização Mundial da Saúde
(OMS), cerca de 1% da população mundial com mais de 65 anos é
portadora da doença, indicando que mais de 4 milhões de pessoas
vivem com Parkinson no mundo atualmente.
“Com o aumento da
expectativa de vida da população, a estimativa é que esse número
dobre pelos próximos 20 anos”, destaca o Dr. Nilton Lara,
neurocirurgião da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
Parkinson é uma
doença progressiva do sistema neurológico que afeta principalmente
o cérebro. Com a evolução do quadro, mudanças cognitivas e
comportamentais tendem a impactar severamente o dia a dia dos
pacientes.
O médico ressalta
que, embora o Parkinson não tenha cura, atualmente a medicina conta
com diversos recursos que contribuem para causar sintomas da doença.
“Com o tratamento adequado, é possível devolver ao paciente mais
autonomia, fazendo com que ele tenha qualidade de vida por mais
tempo”, explica.
De acordo com o Dr.
Nilton, o tratamento com medicamentos costuma trazer ótimos
resultados em pacientes por um período de 5 a 10 anos. No entanto,
ao longo do tempo, os remédios começam a causar efeitos que podem
ser mais prejudiciais que os sintomas da doença. “Esse é o melhor
momento para realizar a cirurgia”, afirma.
Como funciona a
cirurgia
A cirurgia consiste
no implante de eletrodos em pontos específicos do cérebro,
conectado a um neuroestimulador. “Ele funciona como um marca-passo,
trata-se de um equipamento muito pequeno implantado sob a pele na
região abdominal ou abaixo da clavícula”, explica o médico.
Ele destaca que o
procedimento é pouco invasivo e pode ser executado sob sedação,
permitindo recuperação rápida. A partir daí, o implante é
regulado progressivamente e leva cerca de 3 meses para chegar ao
ponto de estimulação máxima.
“A estimulação
associada aos sintomas motores, o tremor, a rigidez e os movimentos
involuntários, além de reduzir os problemas com equilíbrio, a
marcha e a fala, levando o paciente a adquirir mais independência
para se locomover e se comunicar”, complementa.
Esses foram alguns
dos benefícios obtidos pelo paciente do Dr. Nilton, Lucas, 56, que
fez uma cirurgia quando já apresentava sintomas altamente
incapacitantes.
Diagnosticado aos 42
anos de idade, a doença evoluiu muito ao longo dos anos,
comprometendo suas funções motoras e cognitivas. “Ele tinha
muitos tremores, rigidez, marcha comprometida e perda da qualidade
vocal, além de sofrer com insônia e depressão”, conta Josiane,
esposa de Lucas.
Depois de realizar o
implante com o neuroestimulador, o paciente afirma ter percebido
melhoras importantes logo nos primeiros dias. “Voltei a ter mais
qualidade de vida, consigo ser mais independente e tenho minha
capacidade intelectual preservada. Se não fizesse a cirurgia,
estaria fisicamente dependente de um cuidador. ”
O médico ressalta
que o apoio de uma equipe multidisciplinar também é muito
importante para a melhora na qualidade de vida do paciente, como no
caso de Lucas, que faz acompanhamento com especialistas, como
fonoaudiólogos e fisioterapeutas.
“Esse suporte faz
toda a diferença, pois como terapias de reabilitação a
potencializar os resultados e, principalmente, ampliar o bem-estar do
paciente”, destaca o especialista. “Hoje sou uma pessoa muito
grata pela oportunidade de ter feito essa cirurgia. O meu único
desejo é ter uma vida longa com essa qualidade atual de vida. Tenho
muitos planos e sonhos, e agora sei que consigo realizar-los”,
finaliza o paciente. Fonte: Montanhas capixabas.