domingo, 27 de abril de 2025

Dr. Kalil e neurologista discutem o que a ciência sabe sobre o Parkinson

Doença neurodegenerativa é a segunda mais comum no mundo e afeta 20 mil pessoas só no Brasil

26/04/2025 - O Parkinson, segunda doença neurodegenerativa mais prevalente no mundo, afeta mais de 10 milhões de pessoas no mundo, sendo 200 mil apenas no Brasil. Apesar de sua significativa incidência, a compreensão completa de suas causas e possibilidades de cura ainda são um desafio para a comunidade científica.

“É uma doença multifatorial, porque você tem questões genéticas, você tem questões ambientais que já estão inclusive comprovadas como pesticida, exposição agrotóxica como causa”, explica Sara Casagrande, neurologista do Hospital das Clínicas.

A diversidade de fatores envolvidos no desenvolvimento da condição tem levado a descobertas intrigantes. Sara destaca que foi identificado um tipo genético da doença que não apresenta alfa-sinucleína, considerada um marcador importante. Esse achado desafia as concepções tradicionais e estimula novas linhas de pesquisa.

A especialista aponta para uma mudança de foco das discussões nos congressos mundiais que envolvem os subtipos de Parkinson com a classificação genética, classificação de imagem, classificação de marcadores metabólicos e biomarcadores. Uma abordagem que vai além do tremor e não tremor.

O futuro do diagnóstico e tratamento do Parkinson estaria apontando para uma abordagem mais individualizada. A especialista prevê uma caracterização mais detalhada: “A gente não vai dar um nome de Parkinson. A gente vai dar paciente, alfa-sinucleína positivo, tremulante, a gente vai juntar clínica, imagem, biomarcadores para tratar com uma medicina de precisão”.

Esta abordagem personalizada promete revolucionar o tratamento da doença, permitindo intervenções mais específicas e potencialmente mais eficazes para cada paciente. Fonte: CNN

segunda-feira, 21 de abril de 2025

Qual a chance dos anticorpos monoclonais levarem à cura do Parkinson? Resposta da IA.

A chance dos anticorpos monoclonais levarem à cura do Parkinson é um tópico de grande interesse na comunidade científica. Embora os anticorpos monoclonais tenham mostrado eficácia no tratamento de diversas doenças, incluindo alguns tipos de câncer e doenças autoimunes, sua aplicação no tratamento da doença de Parkinson ainda está em estágios iniciais de pesquisa.

Como funcionam os anticorpos monoclonais?

Os anticorpos monoclonais são moléculas projetadas para se ligar a alvos específicos no organismo, bloqueando ou modulando sua ação. No contexto da doença de Parkinson, os pesquisadores estão explorando o uso de anticorpos monoclonais para¹:

- Reduzir a inflamação: Alguns anticorpos monoclonais podem ajudar a reduzir a inflamação no cérebro, que é característica da doença de Parkinson.

- Inibir a agregação de proteínas: A doença de Parkinson é caracterizada pela agregação de proteínas anormais no cérebro, como a alfa-sinucleína. Os anticorpos monoclonais podem ajudar a inibir essa agregação.

Desafios e perspectivas

Embora os anticorpos monoclonais mostrem promessa, há desafios significativos a serem superados antes que possam ser considerados uma cura para a doença de Parkinson. Alguns desses desafios incluem²:

Embora os anticorpos monoclonais mostrem promessa, há desafios significativos a serem superados antes que possam ser considerados uma cura para a doença de Parkinson. Alguns desses desafios incluem²:

- Eficácia: Ainda não está claro se os anticorpos monoclonais podem ser eficazes em reduzir os sintomas da doença de Parkinson a longo prazo.

- Segurança: Os anticorpos monoclonais podem ter efeitos colaterais graves, como reações alérgicas ou aumento do risco de infecções.

- Acesso ao cérebro: Os anticorpos monoclonais precisam ser capazes de atravessar a barreira hematoencefálica para alcançar o cérebro, o que é um desafio significativo.

Em resumo, embora os anticorpos monoclonais sejam uma área promissora de pesquisa para a doença de Parkinson, ainda há muito trabalho a ser feito antes que possam ser considerados uma cura. É fundamental continuar as pesquisas e os ensaios clínicos para entender melhor o potencial dos anticorpos monoclonais no tratamento da doença de Parkinson.

Supressão imunológica proposta como forma de retardar a progressão do Parkinson

Pesquisadores testaram azatioprina para verificar se ela reduzia a inflamação cerebral

17 de abril de 2025 - Suprimir o sistema imunológico para reduzir a inflamação cerebral, um conhecido fator contribuinte para a progressão da doença de Parkinson, pode oferecer uma nova estratégia promissora para retardar a doença, sugerem os primeiros resultados de um estudo.

Especificamente, a azatioprina, um medicamento comumente usado que suprime a atividade imunológica, reduz os sintomas motores e melhora a função cognitiva em pessoas com a doença em estágio inicial.

Os resultados preliminares do estudo de Fase 2 AZA/PD (ISRCTN14616801) foram apresentados em uma sessão oral intitulada "Azatioprina para a doença de Parkinson: Um estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo (AZA-PD)", na Conferência Internacional sobre Doenças de Alzheimer e Parkinson (DA/PD) e Distúrbios Neurológicos Relacionados deste ano.

“Atualmente, não há terapias disponíveis para curar ou retardar a progressão da doença de Parkinson. Sabemos que a inflamação no cérebro é um fator, mas esta é a primeira vez que conseguimos demonstrar que podemos lidar com isso suprimindo o sistema imunológico, com potencial para trazer benefícios aos pacientes”, afirmou Caroline Williams-Gray, PhD, líder do estudo e principal pesquisadora associada do Departamento de Neurociências Clínicas da Universidade de Cambridge, em uma reportagem.

O Parkinson é uma doença neurodegenerativa progressiva causada pela perda gradual de células nervosas que produzem dopamina, uma substância química cerebral envolvida no controle motor. À medida que os níveis de dopamina caem, os pacientes apresentam vários sintomas motores, como tremores, rigidez e lentidão de movimentos, ou bradicinesia.

Os tratamentos existentes se concentram no controle dos sintomas, em vez de retardar ou interromper a progressão da doença. Embora terapias dopaminérgicas, como a levodopa, aliviem os sintomas motores ao repor a dopamina, elas não abordam adequadamente os sintomas não motores, como problemas de equilíbrio, alterações de humor ou declínio cognitivo, que decorrem de danos cerebrais mais amplos.

Pesquisas emergentes sugerem que o sistema imunológico pode desempenhar um papel significativo na progressão do Parkinson, e a neuroinflamação crônica é cada vez mais reconhecida como contribuinte para o dano neuronal contínuo. Isso torna o sistema imunológico um alvo atraente para potenciais terapias modificadoras da doença.

Retardando a progressão do Parkinson com a supressão do sistema imunológico

Pesquisadores da Universidade de Cambridge estão testando se a azatioprina pode ajudar a retardar a progressão do Parkinson suprimindo o sistema imunológico. O estudo é financiado pelo Cambridge Centre for Parkinson-Plus and Cure Parkinson’s. A azatioprina, vendida como Azasan, Imuran e genéricos, e frequentemente usada em condições relacionadas ao sistema imunológico, como esclerose múltipla e artrite reumatoide, é um composto semelhante à purina que interfere na produção de ácidos nucleicos, os blocos de construção do DNA, necessários para a proliferação de células imunes.

O estudo AZA/PD incluiu 66 pessoas com Parkinson em estágio inicial, consideradas de alto risco de progressão da doença, mas sem outras condições inflamatórias ou imunológicas. Os participantes foram randomizados para receber azatioprina ou placebo diariamente por um ano, seguido por um período de monitoramento de seis meses. A azatioprina foi administrada em comprimido, iniciando com 1 mg/kg e aumentando para 2 mg/kg após um mês, se os exames de sangue e as avaliações clínicas permitissem.

Os participantes do estudo tiveram consultas regulares de monitoramento a cada duas semanas inicialmente, com ajustes na dose com base nos perfis clínicos, como resultados de exames de sangue e eventos adversos. Os intervalos de monitoramento foram estendidos para cada três meses assim que os participantes se estabilizaram.

O objetivo principal foi avaliar as mudanças na capacidade de caminhar e nas funções motoras centrais, como equilíbrio e postura, ao longo de um ano, utilizando a Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson da Sociedade de Distúrbios do Movimento (MDS-UPDRS) no período em que os medicamentos são menos eficazes e os sintomas mais aparentes, denominado estado de desligamento. Uma pontuação foi calculada usando a soma de itens específicos da Parte III da MDS-UPDRS, incluindo avaliação da fala, expressão facial, levantar-se de uma cadeira, capacidade de caminhar, estabilidade postural e bradicinesia.

Desfechos adicionais incluíram avaliação das funções motoras e cognitivas, sintomas não motores, como alterações de humor ou distúrbios do sono, e qualidade de vida, medida por meio de questionários e avaliações clínicas. O estudo também coletou amostras de sangue e líquido cefalorraquidiano para monitorar alterações nos marcadores imunológicos, juntamente com tomografias por emissão de pósitrons (PET) para detectar inflamação cerebral.

Aqueles que receberam azatioprina relataram menos sintomas motores e melhoras. Fonte: Parkinsons news today.

quinta-feira, 17 de abril de 2025

Desafios e inovações para o tratamento do Parkinson no Brasil

16/04/2025 - A Doença de Parkinson é uma condição neurodegenerativa crônica e multissistêmica, cujo diagnóstico se baseia em sinais motores, como lentidão de movimentos, tremores e rigidez, além de afetar outros sistemas. No Brasil, a doença vem ganhando crescente atenção tanto pelo aumento de sua prevalência, à medida que a população envelhece, quanto por suas implicações sociais e econômicas.

A importância da condição em território nacional está ligada a vários fatores. Primeiramente, o envelhecimento acelerado da população brasileira tem aumentado a incidência de doenças neurodegenerativas. De acordo com uma meta-análise de Dani J. Kim e colaboradores, que analisou estudos de 13 países da América Latina, a prevalência da Doença de Parkinson foi estimada em 472 casos por 100.000 habitantes, com uma incidência de 31 casos por 100.000 pessoas-ano. No contexto brasileiro, o estudo Bambuí, apontou uma prevalência de 3,3% entre indivíduos com 64 anos ou mais.

Apesar de não haver cura ou tratamentos que modifiquem a evolução da doença, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Contudo, o acesso a esses serviços ainda é desigual, e a carga econômica da Doença de Parkinson sobre o sistema de saúde e a sociedade geral é significativa. Os custos com tratamento médico, medicações, reabilitação e cuidados de longo prazo são elevados. Segundo o estudo de Bovolenta e colaboradores o custo anual médio para pacientes no Brasil é de aproximadamente US$ 4.020,48, considerando-se custos diretos e indiretos que representam, respectivamente, 63% e 36% do total. Os custos diretos incluem despesas médicas e não médicas, enquanto os custos indiretos estão relacionados à perda de produtividade e outras despesas não associadas diretamente ao tratamento.

Ainda que os desafios sociais e epidemiológicos associados à doença sejam muitos, nas últimas décadas o tratamento farmacológico tem experimentado inovações promissoras. A partir do desenvolvimento da levodopa, na década de 60, observou-se uma revolução no tratamento dos sintomas motores, trazendo significativa melhora na qualidade de vida e produtividade dos pacientes. Diversas classes de medicamentos foram desenvolvidas desde então parte delas já disponível gratuitamente no Brasil. No entanto, com o avanço da doença, mesmo tratamentos sintomáticos adequados muitas vezes não impedem danos significativos à qualidade de vida dos pacientes. Frente a esse cenário, há 30 anos iniciaram-se estudos sobre terapias avançadas para complementar os tratamentos existentes. A partir da década de 90, começaram as cirurgias para estímulo cerebral profundo (ECP): um procedimento que envolve a implantação de eletrodos em áreas específicas do cérebro, conectados a um gerador implantado no tórax. Esse dispositivo envia impulsos elétricos que ajudam a reduzir os sintomas do Parkinson.

A introdução da ECP marcou uma revolução no tratamento de casos avançados da doença. Esta terapia, já disponibilizada pelo sistema único de saúde brasileiro, oferece uma alternativa eficaz para lidar com flutuações motoras e sintomas refratários, comuns após longos períodos da enfermidade. Esse tratamento trouxe uma nova perspectiva sobre a integração de intervenções neurocirúrgicas no manejo de condições neurodegenerativas, abrindo caminho para futuros desenvolvimentos.

Apesar de muitos avanços no tratamento sintomático da doença de Parkinson, ainda existem grandes desafios. Conforme aumenta a expectativa de vida dos pacientes com Parkinson existem sintomas axiais relacionados especialmente a marcha e equilíbrio assim como sintomas não motores refratários aos tratamentos hoje disponíveis na prática clínicas. Além disso, apesar de várias pesquisas realizadas no mundo todo ainda não foram desenvolvidos tratamentos farmacológicos que proporcionam cura ou modificação o processo de neurodegeneração.

A Doença de Parkinson, como outras condições neurodegenerativas e relacionadas ao envelhecimento, representa um grande desafio para a saúde pública no Brasil. É crucial desenvolver políticas que priorizem o diagnóstico precoce, garantam o amplo acesso a tratamentos adequados, incluindo medicamentos e terapias avançadas, e ofereçam apoio social aos pacientes. Ademais, investir na educação sobre a doença e fortalecer o acompanhamento multidisciplinar são passos essenciais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e reduzir o impacto da doença no país. Fonte: medicinasa.

SBN desmente boatos sobre “cura do Parkinson” e alerta sobre os perigos da desinformação

16 de abril de 2025 - A Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) emitiu uma nota oficial para alertar a população sobre a propagação de notícias falsas e sensacionalistas que sugerem a existência de uma suposta “cura” para a Doença de Parkinson. A entidade classifica essas informações como infundadas e sem respaldo científico, reforçando os riscos que tais promessas representam para pacientes e familiares.

“A divulgação de promessas milagrosas preocupa profundamente, pois pode levar pessoas a decisões desesperadas, como vender bens ou comprometer suas finanças em busca de um tratamento que não corresponde à verdade”, afirma a neurocirurgiã Dra. Vanessa Milanese, diretora de Comunicação da SBN.

Tecnologias avançadas existem, mas não são curativas

A SBN reconhece que há tecnologias eficazes no controle de sintomas, como o ultrassom focalizado de alta intensidade, que pode custar cerca de R$ 180 mil por hemisfério cerebral. Esse tipo de intervenção, voltado para casos de tremor essencial e Doença de Parkinson, deve ser realizado por neurocirurgiões especializados em estereotaxia, sempre com indicação criteriosa.

“Mesmo quando corretamente indicados, esses procedimentos podem gerar efeitos colaterais temporários, como dormência ou dificuldade para andar, com duração de até três meses. Com a fisioterapia e uma lesão bem localizada, os benefícios podem ser duradouros”, explica a Dra. Vanessa.

Resultados promissores exigem acompanhamento contínuo

Estudos internacionais de longo prazo mostram que, apesar de possíveis efeitos adversos iniciais, pacientes tendem a apresentar melhora significativa após um ano de reabilitação. Ainda assim, em casos sem sintomas colaterais imediatos, pode haver recidiva dos tremores em até cinco anos, o que demanda novas abordagens cirúrgicas.

Compromisso com informação segura

A SBN reforça que não existe cura conhecida para o Parkinson, mas sim tratamentos que visam melhorar a qualidade de vida dos pacientes. A entidade se coloca à disposição da sociedade e da imprensa para fornecer informações confiáveis sobre os avanços e limitações das terapias neurocirúrgicas para Parkinson e Tremor Essencial.

“É fundamental que a população busque fontes médicas confiáveis antes de aderir a qualquer promessa de cura. Informações falsas podem custar não apenas dinheiro, mas também a saúde e a esperança de quem convive com a doença”, conclui a Dra. Vanessa. Fonte: brazilhealth.

domingo, 13 de abril de 2025

Ansiedade: mais frequente do que demência e depressão em idosos, distúrbio gera sofrimento e passa despercebido por familiares

Na maioria das vezes, era algo com que a pessoa já convivia, mas nunca foi diagnosticado nem tratado, se tornando crônico

13/04/2025 - A imagem de uma velhice tranquila, de descanso e sossego, está cada vez mais distante da realidade de muitos idosos brasileiros. Segundo a psicóloga Geraldine Alves dos Santos, doutora em Psicologia e coordenadora do Centro Interdisciplinar de Pesquisas em Gerontologia da Feevale, os casos de ansiedade entre pessoas com mais de 60 anos têm crescido, um sofrimento que muitas vezes passa despercebido pelas pessoas mais próximas.

Na maioria das vezes, o distúrbio não aparece com a idade, aponta a pesquisadora. Era algo que já existia antes, mas nunca foi diagnosticado nem tratado, e que com o tempo se tornou crônico, podendo levar a quadros mais graves.

— Se houvesse uma preocupação com a saúde mental e estratégias que acolhessem essas pessoas lá no início da vida adulta ou até na adolescência, haveria menos casos de ansiedade entre pessoas idosas — explica Geraldine.

Dificuldade no diagnóstico

Algo que dificulta o diagnóstico de ansiedade em idosos é o fato de que, com o passar do tempo, a pessoa tende a se adaptar ao problema e a aprender a mascarar seus sintomas. Um exemplo é o hábito de estar sempre fazendo alguma coisa, não conseguir ficar parado, que pode ser um sinal de ansiedade em alguns casos. Mas se a pessoa sempre foi assim, fica difícil perceber a mudança.

— Às vezes até se comenta: "Nossa, como esse idoso é agitado! Que coisa boa, faz um monte de atividades", mas é preciso se perguntar se este comportamento está fazendo bem para o idoso ou se é uma estratégia para mascarar a ansiedade. É bom se questionar sobre a intensidade da ansiedade e sobre como está repercutindo na vida, se está trazendo problemas ou não — afirma a psicóloga.

Apesar de não serem a maioria, há também os casos de pessoas que passam a se sentir mais ansiosas na maturidade. Contribui para isso uma série de fatores, entre eles o etarismo e as incertezas com o futuro.

Por viverem intensamente a era da tecnologia, da correria e das exigências múltiplas, os idosos de hoje carregam uma carga emocional diferente da de seus antepassados. Tudo aquilo que se fala sobre os efeitos das redes sociais e do uso de smartphones vale também para eles: no feed do Instagram é difícil não se comparar com outras vivências.

— Há idosos que ficam muito nas redes sociais, o que por um lado é uma coisa boa no quesito sociabilidade, mas é ruim porque pode interferir no sono e deixá-los um pouco mais ansiosos, comparando as velhices no sentido de "Fulano de tal foi viajar, já eu não posso" — diz a psicóloga.

Os gatilhos da ansiedade são, na maioria das vezes, externos e sociais, como:

Excesso de responsabilidades, sejam elas de trabalho ou de cuidados com a família, os netos e os amigos

Falta de tempo para lazer e atividades prazerosas

Medo da solidão ou do abandono familiar

Incertezas sobre quem cuidará deles

Traumas recentes, como desastres naturais ou perdas importantes

Estigmas sociais em relação à velhice

Comparações nas redes sociais

Falta de espaço para expressar sentimentos e emoções

Outro ponto que facilita os sentimentos de ansiedade é o fato de que algumas pessoas idosas acabam se configurando na família como o centro da sabedoria, de forma que todo mundo as busca para desabafar e buscar conselhos. Essa carga pode se tornar pesada se esse contato não for uma via de mão dupla:

– Vale a família cuidar para não sobrecarregar o idoso com seus problemas, ou então que haja uma troca, que a pessoa idosa tenha espaço e abertura para falar sobre os seus problemas também, reclamar. Há um mito de que pessoas idosas são resolvidas e tem sabedoria para tudo, mas não é real. Elas também precisam de espaço para expor seus sentimentos, problemas e querem ser validadas em relação às suas emoções – recomenda Geraldine.

A psicóloga destaca que a validação emocional é essencial, inclusive as pequenas reclamações do dia a dia. Se essas reclamações forem desconsideradas ou criticadas pelos familiares, isso pode acabar ferindo o idoso e resultando numa atitude prejudicial para todos os envolvidos.

Sinais de alerta para a ansiedade

Traumas recentes, como as enchentes no Rio Grande do Sul em 2024, têm potencial para deixar marcas duradouras no emocional dos idosos. Segundo relata a pesquisadora, nos exames de sono que realizam dentro do Centro Interdisciplinar de Pesquisas em Gerontologia da Feevale, há idosos que se levantam à noite, inquietos com a chuva.

– Alguns acordam com medo, pensando que vão perder tudo de novo. A casa, que era para ser o lar até o fim da vida, agora é vista como algo instável – afirma a psicóloga.

A ansiedade pode gerar sofrimento e trazer impactos importantes, como prejudicar o sono e ser uma facilitadora da hipertensão. No entanto, os sinais de alerta para este distúrbio são pouco óbvios. A recomendação da psicóloga é atentar para mudanças de comportamento como:

Esquecimentos frequentes, um sintoma que costuma ser confundido com sinal de demência

Dificuldade para dormir, sono leve ou interrompido

Agitação constante e dificuldade em relaxar

Dores de cabeça ou dores no corpo sem causa aparente, reflexos da ansiedade e da tensão que ela provoca no organismo

Alterações no apetite, seja no sentido de comer demais ou de comer quase nada

Fazer várias atividades ao mesmo tempo sem conseguir concluir nenhuma

Fazer comparações com a vida de outras pessoas frequentemente

Como ajudar o idoso a lidar com a ansiedade

A ansiedade pode ser tratada com terapia, mudança de hábitos e, em alguns casos, medicamentos. Mas tudo deve ser feito com acompanhamento de um profissional, preferencialmente um geriatra ou psiquiatra, que será capaz de fazer um diagnóstico diferencial, para descartar outros problemas como depressão, TDAH e demência.

Uma boa notícia é que as gerações mais recentes de idosos têm estado mais abertas ao cuidado com a saúde mental, superando a noção que predominou por muito tempo, de que “ir ao psicólogo é coisa de louco”, na percepção de Geraldine:

— Quem está na casa dos 80 até acha que psicólogo é coisa de louco, mas a geração que está entrando na velhice agora já está querendo muito fazer terapia ou participar de algum tipo de ação de atenção em saúde mental, principalmente as mulheres. Um empecilho, às vezes, é a questão financeira, porque infelizmente o atendimento psicológico ainda é caro no Brasil.

Em alguns casos, pode ser necessário o uso de medicação para reduzir a ansiedade e facilitar o pensamento mais claro e objetivo. A depender da avaliação médica, pode ser receitado remédios contínuos ou uso somente durante alguns meses.

— Muitas vezes a medicação é utilizada para cuidar de uma crise e equilibrar a pessoa apenas naquele momento, para que ela possa se entender e tomar conta desse processo, não quer dizer que a pessoa vai ter que tomar pelo resto da vida, como é o temor de muitos — explica a psicóloga.

Estabelecer rotinas saudáveis, com horários regulares para dormir, comer e realizar atividades ajudam a organizar o pensamento. Mas é preciso equilíbrio, já que a sobrecarga com obrigações, tarefas e cuidados com os netos e os amigos pode ser geradora de ansiedade. Investir em higiene do sono, diminuindo luzes, barulhos e ficando longe do celular pouco antes de dormir também contribui para um sono mais tranquilo. Fonte: Zero Hora.

Jogos eletrônicos no tratamento de Parkinson, com Caio Soares Holzmann

Cannabis e Parkinson: O que a ciência já sabe sobre essa relação

12/04/2025 - Embora ainda limitadas, o neurologista Dr. Luis Otavio Caboclo considera que as evidências científicas abrem uma possibilidade real de utilizar a Cannabis medicinal para ampliar o cuidado e melhorar a qualidade de vida de pacientes com a doença.

A Doença de Parkinson é uma das condições neurodegenerativas mais comuns no mundo, afetando cerca de 10 milhões de pessoas globalmente, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). De caráter progressivo e ainda sem cura, a doença impacta diretamente a qualidade de vida dos pacientes, com sintomas como tremores, rigidez muscular, lentidão dos movimentos e, em estágios mais avançados, alterações no equilíbrio, cognição e comportamento emocional.

Apesar da evolução no tratamento dos sintomas, a busca por novas abordagens terapêuticas continua sendo uma prioridade para médicos, cientistas e pacientes. Nesse contexto, a Cannabis medicinal vem ganhando destaque. Mas quais são as evidências científicas sobre o uso da Cannabis na Doença de Parkinson?

O neurologista Dr. Luis Otavio Caboclo, Chief Medical Officer da Endogen – healthtech especializada em nutrição clínica e Cannabis medicinal – e professor assistente de neurologia da Faculdade Israelita Albert Einstein, explica que a Cannabis contém compostos conhecidos como canabinoides, sendo o canabidiol (CBD) e o tetraidrocanabinol (THC) os mais estudados.

“Tais substâncias interagem com o sistema endocanabinoide do organismo, responsável por regular funções como controle motor, dor, humor e sono – todas frequentemente afetadas em pacientes com Parkinson”, acrescenta o especialista.

Segundo ele, estudos preliminares indicam que o CBD possui propriedades neuroprotetoras e anti-inflamatórias, que podem ajudar a reduzir a rigidez muscular e melhorar o sono. Já o THC, embora psicoativo, também tem mostrado efeitos positivos na redução de espasmos musculares e dores crônicas. A combinação e a dosagem ideais, no entanto, ainda são objetos de pesquisas.

Limitações – Dr. Caboclo destaca ainda que, embora muitos pacientes relatem melhora significativa com o uso da Cannabis medicinal, as evidências científicas são limitadas, e os efeitos variam de pessoa para pessoa.

“Alguns estudos sugerem benefícios como redução da ansiedade e melhora da qualidade de vida, mas ainda precisamos de mais ensaios clínicos controlados para oferecer recomendações seguras e padronizadas”, afirma.

Outro ponto importante são os efeitos colaterais, que incluem sonolência, tontura e alterações cognitivas.

“Por isso, o uso da Cannabis medicinal deve sempre ser acompanhado por um profissional de saúde qualificado. Países como Canadá, Estados Unidos e Brasil já permitem seu uso sob prescrição médica, em situações específicas”, informa Caboclo.

Na passagem do Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson, celebrado em 11 de abril, a comunidade médica e a Sociedade têm uma oportunidade para ampliar os debates sobre alternativas terapêuticas que possam contribuir para melhorar a qualidade de vida desses indivíduos.

“Enquanto a ciência avança, a esperança se mantém viva para os pacientes com a Doença de Parkinson. A Cannabis medicinal pode não ser a cura para o Parkinson, mas representa um caminho promissor na busca por mais qualidade de vida para os indivíduos que sofrem com essa patologia”, conclui o neurologista. Fonte: folhadepiracicaba.

Pesquisa estima que mais de 500 mil brasileiros com 50 anos ou mais vivem atualmente com a doença de Parkinson. Principal fator de risco é o envelhecimento.

13/04/2025 - Publicado recentemente na revista científica The Lancet Regional Health – Americas, um estudo inédito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) estima que mais de 500 mil brasileiros com 50 anos ou mais vivem atualmente com a Doença de Parkinson. No entanto, o número pode mais que dobrar até 2060, ultrapassando 1,2 milhão de casos, aponta o estudo.

De acordo com o médico neurologista e um dos autores do trabalho, Artur F. Schumacher Schuh, o principal fator de risco para a doença de Parkinson é o envelhecimento populacional.

Os dados foram retirados do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil).

O estudo analisou 9.881 pessoas com 50 anos ou mais em todas as regiões do Brasil. A maior parte dos diagnósticos aparece em estágios avançados da doença. Ou seja, a doença de Parkinson tem passado despercebida nos sinais iniciais.

“Os principais sintomas que começam com a doença de Parkinson é a lentidão dos movimentos, movimentos lentos, rigidez muscular e o clássico tremor, que as pessoas associam ao Parkinson, mas nem todo Parkinson treme”, explica o pesquisador.

E a culpa não é só da falta de informação da população.

“Por uma falta de especialistas, por uma falta de conhecimento sobre o assunto, a gente precisa se preparar para esse cenário onde a gente vai ter muito mais pessoas vivendo com as levitações que o Parkinson provoca”, aponta o médico.

Homens, AVCs e depressão

Os dados revelam ainda que os homens são mais afetados que as mulheres — um padrão observado também em outros países. E as pessoas com Parkinson costumam ter outras condições associadas, como depressão e acidente vascular cerebral (AVC).

“Depressão é um sintoma típico do paciente que tem Parkinson. A gente viu que eles estão associados com AVC. Isso pode ser também por um diagnóstico que pode se confundir de AVC e Parkinson, mas outros estudos epidemiológicos também mostraram essas associações", comenta.

Além disso, o estudo aponta que pessoas com Parkinson têm mais comorbidades e consequentemente, relatam maior dependência funcional, maior uso de cadeiras de rodas, mais visitas médicas, e mais dificuldade para locomoção.

Regiões

Entre os achados da pesquisa, um dado curioso: a região Norte do país apresentou o menor número de casos autorrelatados, mas isso não significa que o Parkinson seja raro no local.

“A gente não acredita que é [raro] porque tenha menos Parkinson lá, mas a gente acredita que é porque tenha menos reconhecimento da doença”, alerta Schuh.

Viver com Parkinson

Apesar de não ter cura, a doença tem tratamento.

"Os pacientes melhoram bem. São pacientes que podem ter grandes limitações funcionais, mas a gente consegue tratar eles de uma maneira bastante boa, tanto com medicamento quanto com cirurgia", comenta.

Mas para isso acontecer, o Brasil precisa agir, segundo o pesquisador. Com a população envelhecendo, o sistema de saúde precisa estar preparado para acolher, diagnosticar e tratar essas pessoas. Hoje, estamos atrasados.

O estudo é um apelo à política pública para desenvolver um plano nacional de enfrentamento ao Parkinson. Fonte: g1 globo.

Tratamentos neuroprotetores avançam e podem ajudar pacientes

Estudos também buscam caminhos para reduzir sintomas através da neuromodulação e de um tratamento novo no Brasil

12 de abril de 2025 - Manaus –A doença de Parkinson não tem cura, mas a medicina vem avançando na busca por tratamentos que melhorem as condições de vida dos pacientes. A Academia Brasileira de Neurologia (ABN) acredita que o Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson, celebrado em 11 de abril, é um bom momento para conscientizar a população sobre que vem sendo feito para melhorar a qualidade de vida de quem é afetado pela condição.

Segundo o Dr. Rubens Gisbert Cury, coordenador do Departamento Científico de Transtornos do Movimento da ABN, há muitas pesquisas visando o tratamento neuroprotetor da doença. “Ainda não há nenhuma medicação neuroprotetora comercializável, mas existem várias pesquisas nessa linha para Parkinson”, diz o médico.

Para aliviar os sintomas, tratamentos com neuromodulação (estimulação cerebral profunda ou DBS) e mais recentemente com o HIFU (High-Intensity Focused Ultrasound) já são oferecidos. O HIFU é um procedimento que utiliza ondas de ultrassom de alta intensidade em um ponto específico do cérebro responsável pelos tremores causados pelo Parkinson. Essa terapia mostrou ser bastante eficaz no controle dos tremores e na qualidade de vida de quem tem a doença.

“Além do DBS e do HIFU, terapias como a estimulação contínua de dopamina também vão ajudar muitos pacientes Parkinson. Embora ainda não exista nada curativo, o futuro dos tratamentos é promissor”, avalia o Dr. Cury.

Importância da data
O Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson relembra o nascimento de James Parkinson (1755 – 1824), o médico que primeiro descreveu a doença, e foi estabelecido pela Organização Mundial de Saúde, em 1998. O objetivo é esclarecer dúvidas sobre a doença e as possibilidades de tratamento para que o paciente e sua família tenham uma melhor qualidade de vida.

“A data é uma possibilidade de trazer para as pessoas mais conhecimento da doença neurológica, crônica, que mais cresce no mundo, em termos proporcionais. O Parkinson cresce mais proporcionalmente do que o Alzheimer, AVC, esclerose múltipla ou epilepsia. Hoje, estimamos 11,8 milhões de pessoas no mundo com Parkinson”, diz o Dr. Cury.

Trata-se de uma doença altamente prevalente, que pode ser incapacitante se não tiver tratamento adequado. “Essa conscientização ajuda na busca por um diagnóstico mais precoce dos pacientes, para que eles entendam quais são os sintomas e que o tratamento, por meio de atividade física e medicações, melhora muito a qualidade de vida”, recomenda o médico.

O que é a Doença de Parkinson?
A doença de Parkinson é uma doença cerebral, crônica, progressiva, causada pela redução da produção da dopamina no cérebro. A dopamina é como se fosse o nosso combustível. “Serve pra gente andar, correr, gesticular, escrever, tomar banho, se vestir, trabalhar. Quando a dopamina reduz, é como se o cérebro ficasse mais devagar. O principal sintoma do Parkinson é a lentidão”, explica o Dr. Cury.

Outro sinal da doença é causar rigidez nas articulações. Além disso, 70% dos doentes sentem tremor, que aparece geralmente quando o braço está parado, relaxado. O que é o que é peculiar do Parkinson é que geralmente começa em um dos lados do corpo.

O Parkinson é uma doença que tem sintomas motores, como lentidão, rigidez, tremor e dificuldade de andar. E sintomas não motores, como dificuldade do sono, ansiedade, depressão, apatia, alteração do olfato e intestino preso. Os sintomas não estão presentes em todas as pessoas, mas podem aparecer no curso da doença.

Normalmente, o Parkinson acomete pessoas na faixa de 50, 60 anos de idade, embora possa aparecer em pessoas mais novas. O diagnóstico da doença é feito com base na história clínica do paciente e no exame neurológico. Não há nenhum teste específico para o seu diagnóstico ou para a sua prevenção. “O diagnóstico é um quebra-cabeça, não tem uma peça só, precisamos algumas peças para chegar no diagnóstico final”, explica o Dr. Cury.

Boa parte das pessoas que tem Parkinson apresentam fatores genéticos. Em média, 20% das pessoas com Parkinson têm algum familiar acometido. Mas há também os fatores ambientais. O envelhecimento é o principal deles. Na medida em que o cérebro vai ficando mais velho, aumenta a chance de a pessoa ter insuficiência de dopamina. Outros fatores de risco são poluição, alguns solventes, pesticidas, trauma craniano, consumo de laticínios, que aumentam a chance de desenvolver a doença.Trata-se de uma interação complexa entre genética e ambiente.

Para o tratamento da doença há medicamentos, terapias avançadas e mudanças no estilo de vida. A pessoa com Parkinson deve fazer atividade física, em especial aeróbica, como caminhada, bicicleta, natação, jogar algum esporte, pois reduz a evolução da doença. Além disso, precisa controlar os fatores clínicos, como diabetes, hipertensão, parar de fumar. E se alimentar bem, ter uma dieta saudável. São três pilares: atividade física, dieta saudável e controlar os fatores cardiovasculares.

Também é possível repor a dopamina com medicamentos e conforme discutido, para alguns casos, há a cirurgia, que é a estimulação cerebral profunda (DBS) ou o procedimento HIFU, que foca no alívio dos tremores.

Com a evolução dos tratamentos, a expectativa de vida de uma pessoa com Parkinson é igual à de uma pessoa sem Parkinson. A diferença é que doente de Parkinson vai ter mais desafios e precisará se adaptar a algumas condições. Fonte: D24am.

sábado, 12 de abril de 2025

Suicídio

 Porto Alegre, 12 de abril de 2025.

Suicídio

´Dia desses me perguntaram se eu tinha idéias de me matar, cometer suicídio. É óbvio que no contexto de eu ser portador da doença de parkinson, e o interlocutor vivenciava minha flagrante decadência motora decorrente da doença.

Estou no presente disautônomo, isto é, perdi minha autonomia, dependo de terceiros, para o que der e vier. Estou restrito às quatro linhas do meu apartamento, não consigo caminhar, vendi meu carro e nem ir ao supermercado consigo mais ir.

Mas voltando ao título do textículo, hoje respondo que não tenho mais ideias suicídas, mas já as tive. Há alguns anos, quando ainda trabalhava, arquitetei minha morte, só a minha, já que não queria machucar mais ninguém. Jogaria meu carro diante de um caminhão, na conhecida curva da morte, descida da estrada que liga São Vendelino a Farroupilha (RS-122).

Digo isso hoje, porque na época, tomava levodopa, remédio que atenua os sintomas, embora em nada contribua para a estancar a evolução da doença. A levodopa deve ser tomada a cada ressurgimento dos sintomas e seu efeito durava umas duas horas e meia a três horas. Demanda cerca de meia hora para iniciar seu efeito após ingerida, contando que não se consuma proteína animal nas horas precedentes. Os períodos em que ela faz efeito são os chamados períodos “on”, enquanto os períodos em que ela não funciona mais chamam-se períodos “off”. Entre estes dois períodos, em que o efeito da levodopa cai, instaura-se uma depressão profunda. Imagine durante o dia flutuar-se entre o pico da euforia (“on”) e o vale da depressão (“off”) a cada três horas. Era um verdadeiro tobogã de emoções. Nessa época, tinha idéias suicídas.

Passados alguns anos, não tomo mais levodopa, mesmo porque a doença progrediu tanto que já não faz mais efeito, apenas provoca um forte suadouro e confusão mental. Tomo para a depressão amitriptilina e independente dela e pelo fato de ter abandonado a levodopa, nunca mais tive idéias suicídas. Estou longe do tobogã, num estado estável de humor. Diria que sou estou pessoa apática.

Prefiro a apatia à depressão profunda e cíclica diária provocada pela levodopa, que me causava tais idéias.

Ressalto que em 2006 implantei em meu cérebro um dispositivo dbs. Apesar das limitações, consiste no tratamento mais moderno para combater o parkinson, e provavelmente ele tenha me permitido chegar com vida até a presente data.

Como tenho parkinson há vinte e seis anos, me considero “das antigas” e lembro constar da velha bula do Prolopa, tida no meio parkinsoniano como sinônimo de levodopa, a advertência de que, não lembro textualmente: "Este medicamento pode causar ideações suicídas..." e na nova bula não consta tal advertência.

Ressalto que esta “intolerância” ao levodopa, é minha, não significando que tal resposta ao medicamento seja aplicável a todos usuários, mas se constava explicitamente na bula, não seria raro tal sintoma.

sexta-feira, 11 de abril de 2025

Tratamento revolucionário de Parkinson avança em direção à patente internacional

11 abr 2025 - O estudo inovador está sendo conduzido no Hospital Padilla e pode mudar o curso da doença. O Ministério da Saúde Pública, sob a liderança do Dr. Luis Medina Ruiz, destaca o compromisso provincial com a pesquisa de alto impacto.

No âmbito do Dia Mundial do Parkinson, Tucumán se posiciona como uma província pioneira em pesquisa médica com projeção global. Do sistema público de saúde, foi anunciado o avanço de um estudo que promete revolucionar o tratamento desta doença neurodegenerativa, que afeta menos de 200 pessoas na província, atualmente em acompanhamento e tratamento no setor público.

O Ministério da Saúde Pública, Medina Ruiz, acompanha e promove esta linha de pesquisa que pode marcar um antes e um depois na medicina neurológica. O desenvolvimento, que começou no Hospital Padilla e atualmente está na fase multicêntrica, está próximo de obter uma patente nos Estados Unidos, um passo fundamental para sua futura comercialização internacional.

"Estamos muito avançados. Este tratamento, nascido em Tucumán, poderá estar disponível no mundo em poucos anos", disse orgulhosamente o Dr. Medina Ruiz. Como detalhou, trata-se de uma molécula derivada de um antibiótico, da qual foi extraída a sua ação antibiótica, deixando uma substância pura que, administrada uma vez por dia, tem o potencial de travar e até reverter a evolução do Parkinson.

A descoberta não passou despercebida: um empresário francês, com forte poder econômico e sensibilidade para a pesquisa médica, entrou em contato com os autores do estudo e atualmente colabora ativamente no processo de patenteamento internacional.

Ao contrário do que comumente se acredita, o Parkinson não se manifesta apenas com tremores. Em muitos casos, a rigidez muscular é o sintoma mais limitante. "É importante notar que as pessoas com Parkinson mantêm sua lucidez e capacidade cognitiva. Eles precisam de apoio, contenção familiar e tratamentos que lhes permitam passar pela doença com dignidade e qualidade de vida", explicou o ministro.

O Ministério da Saúde Pública destaca o valor da ciência local, o investimento em saúde pública e a convicção de que a inovação também pode ter um cunho de Tucumán. "Devemos estar orgulhosos. Esse progresso não representa apenas esperança para milhares de pacientes no mundo, mas também o reflexo de um sistema de saúde comprometido com a excelência e o futuro", concluiu o ministro. Fonte: comunicaciontucuman.

segunda-feira, 7 de abril de 2025

Terapia de Parkinson retarda a disseminação de alfa-sinucleína em camundongos: Dados

NDC-0524 da Nitrase reduz agregação, mostram dados pré-clínicos

7 de abril de 2025 - O NDC-0524 da Nitrase Therapeutics, uma terapia de anticorpos para a doença de Parkinson, reduziu significativamente a agregação e a disseminação de alfa-sinucleína em modelos de camundongos da doença, de acordo com dados pré-clínicos divulgados pela empresa.

O anticorpo tem como alvo a alfa-sinucleína nitrada, uma forma mal dobrada da proteína que forma aglomerados tóxicos nos neurônios dopaminérgicos, as células nervosas perdidas na doença de Parkinson. Nitrase disse que os achados pré-clínicos sugerem que o NDC-0524 pode retardar a progressão dos sintomas em pessoas com a doença.

"Esses dados demonstram que nosso anticorpo neutraliza a sinucleína nitrada secretada, ajudando a prevenir a disseminação da patologia de Parkinson de neurônios doentes para neurônios saudáveis", disse Irene Griswold-Prenner, PhD, CEO da Nitrase, em um comunicado à imprensa da empresa. "Essas descobertas promissoras foram altamente consistentes em vários estudos in vivo conduzidos separadamente e para diferentes regiões do cérebro."

Espera-se que um primeiro estudo de Fase 1/2a em humanos envolvendo voluntários saudáveis e pessoas com Parkinson comece ainda este ano. O estudo avaliará a segurança, tolerabilidade e propriedades farmacológicas do NDC-0524, biomarcadores que refletem a capacidade do anticorpo de envolver alfa-sinucleína nitrada, bem como sua capacidade de desencadear uma resposta imune.

Os resultados foram abordados em uma apresentação oral intitulada "Eficácia pré-clínica e desenvolvimento de um anticorpo anti-alfa-sinucleína nitrato para o tratamento da doença de Parkinson", na conferência sobre a doença de Alzheimer e a doença de Parkinson, que aconteceu de 1 a 5 de abril em Viena.

Proteína mal dobrada propensa a aglomeração no cérebro

Na doença de Parkinson, a perda de neurônios produtores de dopamina está ligada ao acúmulo de aglomerados tóxicos de proteína alfa-sinucleína mal dobrada, conhecidos como corpos de Lewy. Esses aglomerados podem se espalhar pelo cérebro e contribuir para a progressão dos sintomas motores de Parkinson.

Os corpos de Lewy são ricos em alfa-sinucleína nitrada, que consiste na introdução de um grupo químico chamado nitro que muda como a proteína funciona ou onde ela está localizada nas células. A alfa-sinucleína nitrada pode ser menos solúvel do que outras formas da proteína, tornando-a mais propensa a se aglomerar. “A presença de alfa-sinucleína nitrada agregada nos neurônios de pacientes [de Parkinson] foi bem ilustrada por muitos no campo da neurodegeneração, e também foi demonstrado anteriormente que induz morte neuronal dopaminérgica e déficits motores em camundongos”, disse Griswold-Prenner.

O NDC-0524 é um anticorpo monoclonal que se liga à forma nitrada de alfa-sinucleína. O tratamento visa reduzir o acúmulo de aglomerados de proteínas prejudiciais e potencialmente retardar a progressão da doença, reduzindo a "transmissão de doenças célula a célula", disse a empresa.

Em modelos pré-clínicos de Parkinson que recapitulam a aglomeração e disseminação de alfa-sinucleína, o anticorpo reduziu significativamente os agregados de proteínas em até 88%, disse Nitrase.

Os dados mostraram que o tratamento superou o prasinezumabe, um anticorpo experimental que se liga principalmente à alfa-sinucleína normal/não nitrada, em 31% em uma dose equivalente, embora a diferença não tenha sido estatisticamente significativa. Os resultados foram consistentes em vários modelos de camundongos avaliando diferentes regiões do cérebro, apoiando o papel da alfa-sinucleína nitrada e do potencial do NDC-0524 como um possível tratamento para Parkinson.

Além do NDC-0524, a empresa está desenvolvendo pequenas moléculas projetadas para inibir o GLOD4, uma enzima com atividade de sinucleína nitrase responsável pela nitração de alfa-sinucleína. O bloqueio da atividade do GLOD4 pode impedir a formação de aglomerados tóxicos de alfa-sinucleína, de acordo com a empresa. Fonte: Parkinsonsnewstoday

sexta-feira, 4 de abril de 2025

Farmacêutica portuguesa Bial lança medicamento mais cómodo para doentes com Parkinson

A farmacêutica portuguesa Bial lançou um novo medicamento para os doentes com Parkinson. A novidade está na forma de administração, mais cómoda e que traz alivio mais rápido dos sintomas.

03 abr.2025 - A apomorfina é um medicamento injetável já muito conhecido, mas chega agora num formato inovador. Uma película que se coloca sob a língua para uma absorção rápida.

"É um medicamento que permite com alguma rapidez, com 15 a 30 minutos, começar a melhorar o momento off e permite que o doente entre em on, portanto que fique melhor em termos motores e tem a facilidade de poder ser administrado pelo doente quando precisar", explica à SIC a neurologista Margarida Rodrigues.

"Parece pouca coisa mas acho que adiciona extraordinariamente à qualidade de vida de um doente que muitas vezes sabem quando vão ter estes momentos, mas muitas vezes não sabem quando os vão ter", salienta António Portela, CEO da Bial.

Chegou aos mercados português e espanhol no dia 1 deste mês. É comercializado na Alemanha, onde é fabricado, desde maio de 2024. Este lançamento da Bial vem para complementar o tratamento dos sintomas de Parkinson.

"Nos primeiros anos da doença, apresenta estabilidade com os tratamentos, [mas] a partir do momento em que começam a apresentar momentos de bloqueio, podem ter indicação para usar a apormofina sublingual", diz a neurologista.

Esta doença neurodegenerativa e sem cura afeta cerca de 20 mil pessoas em Portugal. Provoca, de forma variável, a lentificação dos movimentos, rigidez e tremor.

Na Bial está em curso um ensaio para o primeiro medicamento que pretender atuar na causa. Destina-se a doentes com uma mutação específica.

"Se os resultados forem extraordinários, as autoridades normalmente querem que os medicamentos cheguem o mais depressa possível a doentes, principalmente quando não há alternativas. (...) Correndo os tempos normais, só lá para 2030 é que esperamos que esteja no mercado", prevê o CEO da Bial.

O parkinson afeta cerca de 10 milhões de pessoas em todo o mundo e é a segunda doença neurodegenerativa mais comum, a seguir ao Alzheimer. Estima-se que a incidência duplique até 2050. Fonte: sicnoticias

Um sistema de estimulação cerebral profunda sem fio baseado em nanopartículas que reverte a doença de Parkinson

15 de janeiro de 2025 - Resumo

A tecnologia de estimulação cerebral profunda permite a modulação neural com controle espacial preciso, mas requer implantação permanente de conduítes (eletrodos). Aqui, descrevemos um nanosistema de estimulação cerebral profunda sem fio fototérmica capaz de eliminar agregados de α-sinucleína e restaurar neurônios dopaminérgicos degenerados na substância negra para tratar a doença de Parkinson. Este nanosistema (ATB NPs) consiste em nanocasca de ouro, um anticorpo contra o membro da família vaniloide do potencial do receptor transiente sensível ao calor 1 (TRPV1) e peptídeos β-sinucleína (β-syn) com um ligante responsivo ao infravermelho próximo. Os NPs ATB por injeção estereotáxica têm como alvo neurônios dopaminérgicos que expressam receptores TRPV1 na substância negra. Após irradiação pulsada no infravermelho próximo, os NPs de ATB, servindo como nanoantenas, convertem a luz em calor, levando ao influxo de íons de cálcio, despolarização e potenciais de ação em neurônios dopaminérgicos por meio de receptores TRPV1. Simultaneamente, os peptídeos de β-sinucleína liberados dos NPs de ATB cooperam com a autofagia mediada por chaperona iniciada pela proteína de choque térmico, HSC70, para eliminar efetivamente as fibrilas de α-sinucleína nos neurônios. Essas ações orquestradas restauraram os neurônios dopaminérgicos patológicos e os comportamentos locomotores da doença de Parkinson.

INTRODUÇÃO

A doença de Parkinson (DP) é um distúrbio neurodegenerativo crônico caracterizado por disfunção motora e comprometimento da memória, que resultam da degeneração dos neurônios dopaminérgicos (DA) e da subsequente perda de DA na substância negra (SN) pars compacta e estriado (1). O foco principal das terapias médicas atuais é aumentar os níveis de DA estriatal, aliviando assim os sintomas em pacientes com DP. Atualmente, a principal estratégia terapêutica para DP reside principalmente em agentes que aumentam a sinalização de DA, notavelmente l-dopa e agonistas de DA (2, 3). Apesar de vários estudos, a progressão da DP raramente é efetivamente remediada pelas abordagens existentes devido à sua falha em restaurar neurônios degenerados no SN com modulação espacial precisa, ressaltando a necessidade urgente do desenvolvimento de estratégias terapêuticas inovadoras (4).

A estimulação cerebral profunda (DBS) pode resgatar neurônios lesionados excitando precisamente neurônios específicos usando estímulos externos, como luz, eletricidade, som e magnetismo (5). Entre esses estímulos, a estimulação de luz infravermelha próxima (NIR) provou ser particularmente eficaz na penetração de tecidos cerebrais profundos, incluindo o SN (6–8), despolarizando células ou induzindo potenciais de ação em neurônios (9, 10). Notavelmente, esses DBS mediados por estímulo geralmente requerem a implantação permanente de conduítes. Para superar essa limitação, uma abordagem alternativa é usar a optogenética, que introduz seletivamente genes exógenos que codificam proteínas sensíveis à luz (como canalrodopsinas) em neurônios alvos para modular a despolarização neuronal mediante exposição a estímulos luminosos (11, 12). Essa técnica é frequentemente realizada com o uso de transfecção ou transdução viral para conduzir a expressão gênica sensível à luz, o que levanta questões de segurança. Por exemplo, a síndrome cerebelar foi relatada em primatas tratados com vetores virais (13). Portanto, a estimulação direta de receptores expressos endogenamente nos neurônios danificados no SN sem modificação genética contornaria as preocupações acima. Um desses receptores é o membro da família vaniloide do potencial do receptor transiente sensível ao calor 1 (TRPV1), também um canal iônico, que é altamente expresso em neurônios DA no SN (14–16). Esses receptores podem ser ativados por estimulação térmica externa para causar influxo de cátions (17, 18), uma despolarização subsequente de neurônios (19–22) e possivelmente a liberação de DA (23). Assim, levantamos a hipótese de que os canais iônicos TRPV1 podem servir como um alvo modulador para ativar neurônios DA no SN para terapia de DP. (segue…) Fonte: science.