Estudos também buscam caminhos para reduzir sintomas através da neuromodulação e de um tratamento novo no Brasil
12 de abril de 2025 - Manaus
–A doença de Parkinson não tem cura, mas a medicina vem avançando
na busca por tratamentos que melhorem as condições de vida dos
pacientes. A Academia Brasileira de Neurologia (ABN) acredita que o
Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson, celebrado
em 11 de abril, é um bom momento para conscientizar a população
sobre que vem sendo feito para melhorar a qualidade de vida de quem é
afetado pela condição.
Segundo o Dr. Rubens Gisbert Cury,
coordenador do Departamento Científico de Transtornos do Movimento
da ABN, há muitas pesquisas visando o tratamento neuroprotetor da
doença. “Ainda não há nenhuma medicação neuroprotetora
comercializável, mas existem várias pesquisas nessa linha para
Parkinson”, diz o médico.
Para aliviar os sintomas, tratamentos com neuromodulação (estimulação cerebral profunda ou DBS) e mais recentemente com o HIFU (High-Intensity Focused Ultrasound) já são oferecidos. O HIFU é um procedimento que utiliza ondas de ultrassom de alta intensidade em um ponto específico do cérebro responsável pelos tremores causados pelo Parkinson. Essa terapia mostrou ser bastante eficaz no controle dos tremores e na qualidade de vida de quem tem a doença.
“Além
do DBS e do HIFU, terapias como a estimulação contínua de dopamina
também vão ajudar muitos pacientes Parkinson. Embora ainda não
exista nada curativo, o futuro dos tratamentos é promissor”,
avalia o Dr. Cury.
Importância da data
O Dia Mundial de
Conscientização da Doença de Parkinson relembra o nascimento de
James Parkinson (1755 – 1824), o médico que primeiro descreveu a
doença, e foi estabelecido pela Organização Mundial de Saúde, em
1998. O objetivo é esclarecer dúvidas sobre a doença e as
possibilidades de tratamento para que o paciente e sua família
tenham uma melhor qualidade de vida.
“A data é uma
possibilidade de trazer para as pessoas mais conhecimento da doença
neurológica, crônica, que mais cresce no mundo, em termos
proporcionais. O Parkinson cresce mais proporcionalmente do que o
Alzheimer, AVC, esclerose múltipla ou epilepsia. Hoje, estimamos
11,8 milhões de pessoas no mundo com Parkinson”, diz o Dr.
Cury.
Trata-se de uma doença altamente prevalente, que pode
ser incapacitante se não tiver tratamento adequado. “Essa
conscientização ajuda na busca por um diagnóstico mais precoce dos
pacientes, para que eles entendam quais são os sintomas e que o
tratamento, por meio de atividade física e medicações, melhora
muito a qualidade de vida”, recomenda o médico.
O que
é a Doença de Parkinson?
A doença de Parkinson é uma
doença cerebral, crônica, progressiva, causada pela redução da
produção da dopamina no cérebro. A dopamina é como se fosse o
nosso combustível. “Serve pra gente andar, correr, gesticular,
escrever, tomar banho, se vestir, trabalhar. Quando a dopamina reduz,
é como se o cérebro ficasse mais devagar. O principal sintoma do
Parkinson é a lentidão”, explica o Dr. Cury.
Outro sinal
da doença é causar rigidez nas articulações. Além disso, 70% dos
doentes sentem tremor, que aparece geralmente quando o braço está
parado, relaxado. O que é o que é peculiar do Parkinson é que
geralmente começa em um dos lados do corpo.
O Parkinson é
uma doença que tem sintomas motores, como lentidão, rigidez, tremor
e dificuldade de andar. E sintomas não motores, como dificuldade do
sono, ansiedade, depressão, apatia, alteração do olfato e
intestino preso. Os sintomas não estão presentes em todas as
pessoas, mas podem aparecer no curso da doença.
Normalmente,
o Parkinson acomete pessoas na faixa de 50, 60 anos de idade, embora
possa aparecer em pessoas mais novas. O diagnóstico da doença é
feito com base na história clínica do paciente e no exame
neurológico. Não há nenhum teste específico para o seu
diagnóstico ou para a sua prevenção. “O diagnóstico é um
quebra-cabeça, não tem uma peça só, precisamos algumas peças
para chegar no diagnóstico final”, explica o Dr. Cury.
Boa
parte das pessoas que tem Parkinson apresentam fatores genéticos. Em
média, 20% das pessoas com Parkinson têm algum familiar acometido.
Mas há também os fatores ambientais. O envelhecimento é o
principal deles. Na medida em que o cérebro vai ficando mais velho,
aumenta a chance de a pessoa ter insuficiência de dopamina. Outros
fatores de risco são poluição, alguns solventes, pesticidas,
trauma craniano, consumo de laticínios, que aumentam a chance de
desenvolver a doença.Trata-se de uma interação complexa entre
genética e ambiente.
Para o tratamento da doença há
medicamentos, terapias avançadas e mudanças no estilo de vida. A
pessoa com Parkinson deve fazer atividade física, em especial
aeróbica, como caminhada, bicicleta, natação, jogar algum esporte,
pois reduz a evolução da doença. Além disso, precisa controlar os
fatores clínicos, como diabetes, hipertensão, parar de fumar. E se
alimentar bem, ter uma dieta saudável. São três pilares: atividade
física, dieta saudável e controlar os fatores
cardiovasculares.
Também é possível repor a dopamina com
medicamentos e conforme discutido, para alguns casos, há a cirurgia,
que é a estimulação cerebral profunda (DBS) ou o procedimento
HIFU, que foca no alívio dos tremores.
Com a evolução dos
tratamentos, a expectativa de vida de uma pessoa com Parkinson é
igual à de uma pessoa sem Parkinson. A diferença é que doente de
Parkinson vai ter mais desafios e precisará se adaptar a algumas
condições. Fonte: D24am.
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