23 março, 2021 - As duas alunas da
cidade de Carlos Barbosa participam da final da 19ª edição da
Feira Brasileira de Ciências e Engenharia. As informações são do
Pioneiro / GZH
Entre os 345
projetos finalistas na maior feira pré-universitária de Ciências e
Engenharia do país, quatro são de estudantes da Serra Gaúcha.
Cinco alunas de Caxias do Sul, sendo quatro do Centro Tecnológico
Universidade de Caxias do Sul (CETEC UCS) e uma do Instituto Federal
do Rio Grande do Sul (IFRS), além de duas da Escola Estadual de
Ensino Médio Elisa Tramontina, de Carlos Barbosa, participam da
final da 19ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia
(Febrace).
Neste ano, o evento
científico ocorre de forma on-line, desde o dia 15 de março, e
segue até a próxima sexta-feira (26). Os projetos finalistas serão
julgados e premiados pela criatividade e rigor científico, em evento
a ser transmitido pelo Youtube no próximo sábado (27). Ao todo, o
Rio Grande do Sul está com 31 projetos na final da Febrace.
Para Camila Mendonça
de Freitas, 19 anos, que está finalizando o curso técnico em
Química no IFRS, chegar com destaque na feira é a realização de
um desejo. O seu projeto, denominado “Casca de pinhão (Araucaria
angustifolia) como agente redutor e estabilizante para obtenção de
nanopartículas de prata de maneira ambientalmente sustentável”,
contou com a orientação do professor Josimar Vargas.
— Quando eu
iniciei com o projeto, em 2017, eu nem imaginava que participaria de
uma feira tão grande como a Febrace. Tanto que era um sonho de
consumo fazer parte dela como finalista. Você apresentar seu
trabalho para o Brasil inteiro e dividir ideias e experiências com
avaliadores e participantes é algo que nos motiva a continuar no
ramo científico e explorar ainda mais esse mundo — revela Camila.
A pesquisa da
estudante procurou se utilizar de um resíduo muito comum na Serra, a
casca de pinhão, de forma sustentável e barata para combater a
proliferação de bactérias.
— Utilizamos algo
que seria descartado, no lugar de outras substâncias químicas mais
agressivas e que prejudicam o meio ambiente. Afinal, os resíduos
vegetais realizam a mesma função que essas substâncias e são mais
viáveis economicamente. Como estamos bem adiantados já, conseguimos
comprovar que a casca do pinhão produz as nanopartículas, o que é
superpositivo para nós e facilita a nossa aplicação — explica.
O CETEC UCS chegou à
Febrace com dois projetos finalistas. As alunas Jennifer Pereira
Moreira e Nicole Peyrot da Silva, ambas com 17 anos, desenvolveram um
trabalho motivadas por um problema que está se tornando cada vez
mais comum: a resistência que as bactérias vêm adquirindo frente
aos antibióticos já existentes.
A pesquisa,
elaborada dentro do Laboratório de Enzimas e Biomassas da
Universidade de Caxias do Sul (UCS), recebeu o nome de “Avaliação
da atividade antimicrobiana do óleo essencial de gengibre frente a
cepas de Staphylococcus aureus resistentes à amoxicilina”.
Credenciado na Febrace após destaque na 8ª Mostra Científica e
Tecnológica da escola, o projeto tem orientação dos professores
Dáfiner Pergher e Willian Daniel Hahn Schneider.
— Ele foi um
estudo avaliativo da ação do óleo essencial de gengibre frente a
essa bactéria, que é uma das que mais causam infecções
hospitalares. Nele, a gente concluiu que a bactéria demonstrou uma
sensibilidade bem significativa quando em contato com esse óleo,
comprovando assim que o uso de medicamentos naturais pode ser uma
opção para complementar a ação dos antibióticos ou, futuramente,
até para a substituição deles — conta Nicole, também
mencionando a colaboração dos coordenadores do laboratório, Aldo
José Pinheiro Dillon e Marli Camassola, além da técnica do
laboratório Roseli Claudete Fontana.
O outro projeto do
CETEC UCS é o “Indicador de Líquidos para Pessoas com Deficiência
Visual”. Além da orientação das professoras Andréia Michelon
Gobbi e Glenda Lisa Stimamiglio, as estudantes Júlia Manfro dos
Santos e Luiza Ramos Simionato, ambas com 17 anos, tiveram
colaboração dos professores, técnicos e usuários do Instituto da
Audiovisão de Caxias do Sul (Inav) para a realização de testes.
— A ação de
colocar líquidos em recipientes que, para nós que enxergamos, é
feita automaticamente, para essas pessoas é um desafio. A partir
desse problema, pensamos em criar um instrumento que fosse prático e
de baixo custo, que os ajudasse nessa atividade, proporcionando maior
autonomia e independência. Decidimos criar um protótipo que
funciona por meio da flutuação, indicando o nível do líquido —
enaltece Luiza.
Para a confecção
dos protótipos, foi utilizada a impressora 3D do Laboratório de
Metrologia e Prototipagem Rápida da UCS. Segundo Luiza, com a
finalização e a definição do formato ideal, a ideia é de
produzir o indicador em larga escala, com o objetivo de auxiliar o
maior número possível de pessoas com deficiência visual.
— Estamos muito
felizes em participar dessa feira tão importante no Brasil. Quando
fizemos a primeira apresentação do projeto, ouvimos as pesquisas
dos participantes de vários estados, tivemos a avaliação da banca
de professores e pudemos sentir realmente a grandiosidade desse
evento — expressa a estudante.
Não é só Caxias
do Sul que está com finalistas na maior feira científica do Brasil.
A cidade de Carlos Barbosa também ganhou destaque com o trabalho de
estudantes da EEEM Elisa Tramontina. Brenda Victoria Facchini
Bonatto, 17, e Sabrina Machado Zaro, 18, desenvolveram o “Estudo da
viabilidade da extração de canabinoides da Ruta graveolens para
possível controle dos tremores do Parkinson”.
— Todos que têm
um familiar com Parkinson sabem a dor que é. Os tratamentos para a
doença têm muitos problemas, mas o canabidiol é uma alternativa
comprovada, melhor que muitos remédios. Ele só é extraído da
Cannabis sativa, que é proibida, e importar(*) esse remédio é
muito caro e burocrático. Depois de encontrar leves indícios de que
a arruda possui esse canabidiol, produzimos um extrato dela na
esperança de ele poder ser usado como alternativa para o tratamento
do Parkinson — esclarece Brenda.
A constatação
final das estudantes foi de que o extrato produzido por elas possui a
substância. Brenda acredita que a missão foi cumprida ao atingir
três objetivos: encontrar uma planta de fácil acesso que tivesse o
canabidiol, formular o extrato e comprovar que o produto final possui
a substância. A estudante ressalta que o extrato não possui nenhum
efeito alucinógeno e é o primeiro passo em direção a um
tratamento viável para as pessoas que sofrem com o Parkinson.
A professora Sandra
Seleri, orientadora do projeto de Brenda e Sabrina, revela que, em
sua sexta participação na Febrace, a primeira de forma virtual,
está orgulhosa da pesquisa que foi destaque também em outras
mostras e feiras científicas, como a Mostraseg, que garantiu o
primeiro lugar da categoria geral. O projeto possui como
coorientadora a professora Marina Paim Gonçalves. Fonte:
Smokebuddies.