20/11/2024 - Segundo a Parkinson's Foundation, além dos sintomas motores, como tremores, rigidez e lentidão de movimentos, muitos pacientes com Doença de Parkinson também enfrentam um desafio menos discutido: a dor. Esse é um dos sintomas não motores e afeta cerca de 40 a 85% dos indivíduos com Parkinson, impactando severamente a qualidade de vida.
Compreender as causas, os tipos e as abordagens para tratar a Dor na Doença de Parkinson é fundamental para oferecer um cuidado mais completo e humanizado.
Neste artigo, Dr Diego de Castro, Neurologista e Neurofisiologista pela USP, explica sobre a Dor na Doença de Parkinson.
Causas da Dor na Doença de Parkinson
A American Parkinson Disease Association explica que a dor na Doença de Parkinson não tem uma única causa ou origem, mas resulta de uma combinação de diversos fatores físicos e neurológicos que, muitas vezes, podem estar interligados. Por exemplo:
Alterações motoras e musculares: Rigidez e postura anormal causam sobrecarga nos músculos e articulações, levando à dor musculoesquelética
Disfunção no sistema nervoso: Alterações nos nervos periféricos ou no processamento de sinais de dor no cérebro podem causar dores neuropáticas
Movimentos involuntários: Disfunções musculares relacionadas a movimentos ou posturas involuntárias podem gerar dor distônica
Aspectos emocionais e psicológicos: Depressão e ansiedade, que são comuns na doença, podem amplificar a percepção da dor.
Essa característica multifatorial torna o diagnóstico e o tratamento mais complexos, pois é necessário identificar e abordar cada fator que contribui para o quadro doloroso de forma personalizada.
A dor pode agravar outros sintomas motores e não motores, prejudicando o sono, aumentando os níveis de ansiedade e contribuindo para quadros depressivos. Além disso, pode limitar a mobilidade e dificultar a realização de tarefas diárias, levando a uma redução na independência do paciente.
De acordo com artigo publicado na Movement Disorders, a identificação da dor na Doença de Parkinson é um processo que exige atenção cuidadosa, devido à diversidade de causas e tipos de dor associados à condição. O diagnóstico adequado é essencial para garantir que o paciente receba o tratamento mais eficaz e direcionado.
O neurologista pode utilizar os seguintes recursos para avaliar a intensidade, a localização e o impacto da dor:
Avaliação Clínica Detalhada
Durante as consultas, o médico investiga os detalhes sobre a dor, como localização, intensidade, frequência e fatores agravantes ou atenuantes. Isso é feito por meio de uma conversa detalhada sobre os sintomas relatados.
Exame Físico e Neurológico
Este é um componente básico em qualquer consulta neurológica. O médico avalia reflexos, força, sensibilidade e postura, o que pode ajudar a identificar causas musculoesqueléticas ou neurológicas para a dor.
Exames Complementares
Exames de imagem ou laboratoriais geralmente são solicitados quando há suspeita de outras condições associadas (como artrose ou neuropatias) ou quando o paciente não responde bem aos tratamentos iniciais. Eles não são feitos de forma rotineira para todos os pacientes com Parkinson e dor.
Avaliação Multidisciplinar
A consulta com outros profissionais, como fisioterapeutas ou psicólogos, é recomendada em casos de dor crônica ou complexa, mas depende do acesso do paciente a serviços especializados e da disponibilidade na rede de saúde (pública ou privada).
Monitoramento Contínuo
Este ponto é fundamental, especialmente porque a dor na Doença de Parkinson pode evoluir. Durante o acompanhamento regular, o médico avalia mudanças nos sintomas e ajusta o tratamento conforme necessário.
Com uma avaliação detalhada e contínua, é possível identificar as causas específicas da dor e oferecer um tratamento mais eficaz e individualizado, promovendo alívio e melhorando significativamente a qualidade de vida.
Opções de Tratamento
Conforme artigo publicado no Journal of Parkinson's disease, o manejo da dor na Doença de Parkinson requer uma abordagem personalizada e pode incluir:
Fármacos: Ajustes na terapia de reposição de dopamina podem reduzir a rigidez e os movimentos distônicos, enquanto analgésicos e medicamentos para dor neuropática podem aliviar sintomas específicos
Terapias complementares: Fisioterapia e terapia ocupacional são fundamentais para melhorar a mobilidade, reduzir a rigidez e aliviar a dor musculoesquelética
Atividade física: Exercícios como ioga, pilates e hidroterapia podem trazer benefícios tanto físicos quanto emocionais
Abordagens avançadas: Em casos mais complexos, técnicas de neuromodulação, como a estimulação cerebral profunda (DBS) podem ser consideradas
Intervenções não farmacológicas: Estratégias como mindfulness, meditação e relaxamento também podem ajudar no manejo da dor.
Importância do Acompanhamento Médico
Embora a dor seja um sintoma desafiador na Doença de Parkinson, ela pode ser gerenciada de forma eficaz com a abordagem certa. Identificar as causas, tratar os sintomas e promover o bem-estar geral do paciente são passos essenciais para uma vida mais confortável e plena.
O tratamento da dor na Doença de Parkinson exige um olhar especializado. Neurologistas com experiência em distúrbios do movimento podem oferecer um cuidado integrado, avaliando não apenas os sintomas motores, mas também os não motores, como a dor.
Se você ou um ente querido está lidando com a dor relacionada à Doença de Parkinson, não hesite em procurar um neurologista especializado para receber um tratamento individualizado. Fonte: Dr Diego de Castro.