Objetivo: atualização nos dispositivos de “Deep Brain Stimulation” aplicáveis ao parkinson. Abordamos critérios de elegibilidade (devo ou não devo fazer? qual a época adequada?) e inovações como DBS adaptativo (aDBS). Atenção: a partir de maio/20 fui impedido arbitrariamente de compartilhar postagens com o facebook. Com isto este presente blog substituirá o doencadeparkinson PONTO blogspot.com, abrangendo a doença de forma geral.
terça-feira, 11 de junho de 2024
Micróbios intestinais e comprometimento cognitivo leve na doença de Parkinson – há uma conexão?
Pesquisas anteriores sugeriram diferenças relacionadas a um sintoma não motor específico da doença de Parkinson, mas um estudo com o objetivo de replicar esses achados complica o quadro.
jun 11, 2024 Doença de Parkinson - O microbioma intestinal não está associado a comprometimento cognitivo leve na doença de Parkinson
Doença de Parkinson - um distúrbio multissistêmico
A doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa comum caracterizada por uma perda de neurônios e níveis reduzidos de dopamina associados. Isso leva a sintomas motores característicos, como tremores, rigidez muscular e problemas de equilíbrio. No entanto, agora é reconhecido que Parkinson é uma doença multissistêmica que pode incluir uma variedade de sintomas não motores, além dos sintomas motores.1,2
Microbioma intestinal na doença de Parkinson
Estudos têm mostrado que existem diferenças significativas nos microbiomas intestinais de pessoas com doença de Parkinson em comparação com indivíduos saudáveis.1–4 Estes incluem mudanças na composição geral da comunidade (também conhecida como "diversidade beta"), e um enriquecimento de certos tipos de bactérias, como Lactobacillus, Akkermansia e Bifidobacterium, e uma redução de outros, como Faecalibacterium e a família Lachnospiraceae.1,2,4 Diferenças funcionais relacionadas aos micróbios intestinais também foram detectadas, por exemplo, níveis aumentados de certos metabólitos microbianos, como metionina e cisteinilglicina.3
Comprometimento cognitivo, micróbios de Parkinson
O comprometimento cognitivo é frequentemente observado em pessoas com doença de Parkinson, com gravidade variando de comprometimento cognitivo leve a demência da doença de Parkinson. Tais sintomas podem piorar os resultados do tratamento e impactar negativamente a qualidade de vida. Devido à ligação estabelecida entre os micróbios intestinais e a doença de Parkinson, surge a questão se também pode haver diferenças microbianas entre as pessoas com Parkinson que são cognitivamente prejudicadas e aquelas que não são. Antes de nosso estudo, apenas um outro grupo de pesquisa havia investigado essa questão. Eles foram capazes de detectar diferenças na diversidade microbiana e nas quantidades de vários tipos diferentes de bactérias relacionadas à presença de comprometimento cognitivo leve.5
Os resultados podem ser replicados?
Conduzimos nosso estudo para descobrir se os resultados anteriores poderiam ser replicados em uma coorte diferente e geograficamente distinta. Comparamos indivíduos representando três grupos: 58 com doença de Parkinson e comprometimento cognitivo leve, 60 com Parkinson sem comprometimento cognitivo e 90 indivíduos controles cognitivamente normais.
Detectamos diferenças na diversidade microbiana entre os controles e os dois grupos da doença de Parkinson, em linha com pesquisas anteriores, mas não vimos nenhuma ao comparar os dois grupos de Parkinson – com e sem comprometimento cognitivo – o que contradiz os resultados do estudo anterior. Um padrão semelhante surgiu quando consideramos as quantidades de micróbios específicos: havia muitas diferenças entre os indivíduos de controle e qualquer um dos dois grupos de Parkinson, mas muito poucas entre os indivíduos com e sem comprometimento cognitivo leve. Dentre eles, o que mais nos intrigou foi a falta de Akkermansia muciniphila em indivíduos com comprometimento cognitivo leve, já que essa bactéria é tipicamente mais abundante em pessoas com doença de Parkinson em comparação com indivíduos controles1–4. No entanto, Akkermansia não estava na lista de micróbios alterados do estudo anterior5, nem nenhuma das outras bactérias que nossas comparações sugeriram como potencialmente diferentes em relação ao comprometimento cognitivo.
Implicações
Como esperado, fomos capazes de ver diferenças gerais do microbioma intestinal entre pessoas com Parkinson e indivíduos controle. No entanto, quase não vimos diferenças entre as pessoas com Parkinson que têm comprometimento cognitivo leve e aquelas que não têm. Em outras palavras, não pudemos replicar os achados do estudo anterior, que deixa menos claro se há uma assinatura microbiana para a doença de Parkinson com comprometimento cognitivo leve ou não. Somente pesquisas adicionais podem responder definitivamente a essa pergunta. Fonte: Springernature.
sexta-feira, 7 de junho de 2024
Determinantes genômicos da mortalidade e progressão motora na doença de Parkinson
07 Junho 2024 - Resumo
Existem 90 variantes de risco genético significativas independentes para a doença de Parkinson (DP), mas atualmente apenas cinco loci nomeados para progressão da DP. É provável que a biologia da progressão da DP seja de importância central na definição de mecanismos que podem ser usados para desenvolver novos tratamentos. Estudamos 6766 pacientes com DP, ao longo de 15.340 visitas com seguimento médio entre 4,2 e 15,7 anos e realizamos estudos de sobrevida genômica para o tempo até um desfecho de progressão motora, definido por atingir o estágio 3 de Hoehn e Yahr ou maior, e morte (mortalidade). Houve um efeito robusto do alelo ε4 da APOE sobre a mortalidade na DP. Também identificamos um locus dentro do gene TBXAS1 que codifica tromboxano A sintase 1 associado à mortalidade na DP. Também relatamos 4 loci independentes associados à progressão motora em MORN1, ASNS, PDE5A e XPO1 ou próximos a eles. Apenas a variante de risco E326K da doença de não Gaucher causadora da DP GBA1, das variantes de risco de DP conhecidas, foi associada à mortalidade na DP. Mais trabalhos são necessários para entender as ligações entre essas variantes genômicas e a biologia subjacente da doença. No entanto, estes podem representar novos candidatos para a modificação da doença na DP.
Introdução
A doença de Parkinson (DP) é uma condição neurodegenerativa progressiva para a qual não existem tratamentos medicamentosos para parar ou retardar a progressão da doença. Estudos de associação de caso-controle em larga escala (GWASs) genoma largo da DP identificaram 90 variantes independentes associadas ao risco de doença1. No entanto, também é importante estudar a genética e a biologia da progressão da doença. Isso permitirá o desenvolvimento de potenciais tratamentos modificadores da doença. Já existe um punhado de GWAS que visam identificar variantes genéticas associadas à progressão na DP. Estes nomearam loci em SLC44A1 (codificando a proteína -1 do transportador de colina, envolvida na síntese de membrana) para progressão para Hoehn e Yahr (H&Y) estágio 3 ou superior2, APOE para progressão cognitiva3, LRP1B (que codifica um receptor de lipoproteína de baixa densidade que está envolvido no tráfico de proteínas precursoras de amiloide) para progressão para demência 4e RIMS2 (que codifica a proteína RIMS2 com interação RAB3, envolvida na liberação de neurotransmissores) para progressão para demência da DP5. Além disso, muitos estudos de genes candidatos relataram que variantes em GBA1, APOE e MAPT estão associadas à taxa de progressão motora e cognitiva da DP6.
A progressão da DP pode ser determinada pela suscetibilidade celular diferencial, relacionada à função mitocondrial ou proteostase, disseminação diferencial célula-célula da patologia ou novas vias e mecanismos. Os fatores de risco determinados a partir de estudos caso-controle indicam vias etiológicas e orientam futuros estudos preventivos, mas estes podem diferir dos fatores de risco que determinam a progressão da doença. Atualmente, os estudos de tratamento modificador da doença concentram-se na intervenção em pacientes recém-diagnosticados, relacionada à progressão da doença após o diagnóstico. O trabalho em coortes longitudinais em grande escala nos últimos dez anos permitiu o estudo colaborativo de grandes conjuntos de dados clínico-genéticos. Aqui realizamos duas GWASs de progressão: progressão para mortalidade e H&Y estágio 3 ou maior (H&Y3+). Foram analisados dados de 6766 pacientes com DP com mais de 15.340 consultas e seguimento médio variando entre 4,2 e 15,7 anos. (segue ...) Fonte: Nature.
terça-feira, 4 de junho de 2024
Modelos Experimentais de Parkinson e Abordagem da Química Verde
4 de junho de 2024 - Modelos Experimentais de Parkinson e Abordagem da Química Verde
Artigo incorporado de Pesquisa Comportamental do Cérebro.
A química verde, nova frente de batalha contra o Parkinson. Matéria indisponível gratuitamente na íntegra. Pode representar uma possível solução para nossa doença.
Suplicy trata Parkinson com Cannabis e a transforma em nova bandeira de luta
Diagnosticado com a doença há meses, deputado agora luta para que os mais pobres tenham acesso ao óleo derivado da planta da maconha
Suplicy mostra o óleo à base de Cannabis. / Créditos: Reprodução de Vídeo
4/6/2024 - O deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP), 82 anos e 44 de vida pública, descobriu em setembro do ano passado que tem a doença de Parkinson. A partir disto, ele resolveu se tratar com derivados da Cannabis Sativa, a planta da maconha.
Segundo entrevista ao jornalista Lucas Veloso, da coluna Viva Bem, do UOL, Suplicy conheceu a Associação Flor da Vida, em Franca (SP). No local, pacientes com doenças crônicas ou síndromes raras, especialmente crianças, são medicados com Cannabis medicinal.
Suplicy: Como a cannabis medicinal pode ajudar no tratamento de Parkinson
Após conversar com pacientes e familiares, ele ficou impressionado com o trabalho da organização e indicou que escreveria uma carta à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) com seu relato do que viu e de como gostou das ações feitas ali. A agência é responsável por regulamentar e fiscalizar o uso da planta no país.
Pouco depois, o deputado passou a tomar as primeiras gotas de CBD (canabidiol), medicamento feito a partir da Cannabis sativa, inicialmente importado. "O primeiro óleo tinha uma cor diferente, porque era em doses da Cannabis medicinal infantil. Fui tomando pouco a pouco: cinco gotas por dia", lembra.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
Após algumas semanas, Suplicy aumentou a dosagem gradativamente e passou a tomar a versão para adultos. Na primeira semana, foram cinco gotas, três vezes ao dia. Depois, seis gotas, sete, oito e, então, passou a tomar nove gotas após cada refeição.
Atualmente, Suplicy toma 27 gotas diárias, de manhã, após o café da manhã, depois do almoço e após jantar, e relata vários pontos positivos, entre eles o sumiço das dores musculares que sentia na perna.
À medida em que a doença avançava, tarefas comuns do cotidiano, como usar o celular, ler e segurar o papel com um pronunciamento foram ficando mais difíceis por conta dos tremores. Os sintomas, no entanto, acabaram com o uso do medicamento.
“Também passei a andar com maior firmeza, e eu faço isso, sempre fui um bom esportista”, afirma ele.
Apoio
Suplicy conta que recebeu apoio da família e também de todas as artes, apesar de a Cannabis ainda ser um tabu na sociedade. "As pessoas perguntam como está a minha saúde, eu conto o progresso que tenho tido", pontua.
Há, no entanto, um longo caminho a percorrer. Atualmente, no Brasil, o tratamento com Cannabis medicinal não faz parte dos métodos tradicionais. Suplicy se submete ao que é chamado no jargão como “off-label”, “fora da bula”, em tradução livre. Na prática, é receitar um remédio já comercializado para uma função diferente da estipulada na bula e autorizada para comercialização.
Uma nova luta
A causa da Cannabis medicinal, bem como o seu acesso às pessoas mais pobres, se transformou em mais uma bandeira do parlamentar nos últimos meses, ele que já era um conhecido defensor dos direitos humanos e da renda básica.
"Procuro colaborar cada vez mais para que a legislação brasileira seja mais adequada para permitir que as pessoas mais pobres, nas áreas periféricas de nossas cidades ou no campo, possam ter acesso ao tratamento", diz. Fonte: Revista Fórum.
segunda-feira, 3 de junho de 2024
O sono elimina mais toxinas do cérebro do que quando estamos acordados? Pesquisas mais recentes lançam dúvidas sobre essa teoria
Como o cérebro é um tecido ativo – com muitos processos metabólicos e celulares acontecendo a qualquer momento – ele produz muitos resíduos.
Estudos mostraram que o sono interrompido ou ruim está ligado a um aumento nos níveis de estresse – o que, por sua vez, reduz o fluxo de fluido cerebral do sistema glinfático. (Foto: Freepik)
3 de junho de 2024 - Não há dúvida de que o sono é bom para o cérebro. Permite que diferentes partes se regenerem e ajuda a estabilizar as memórias.
Quando não dormimos o suficiente, isso pode aumentar os níveis de estresse e agravar problemas de saúde mental.
As evidências também apoiam a noção de que o cérebro se livra de mais resíduos tóxicos quando estamos dormindo do que quando estamos acordados. Acredita-se que este processo seja crucial para se livrar de coisas potencialmente prejudiciais, como a amiloide, uma proteína cujo acúmulo no cérebro está ligado à doença de Alzheimer.
No entanto, um estudo recente em camundongos chegou à conclusão oposta. Seus autores sugerem que, em camundongos, a depuração cerebral é realmente menor durante o sono – e que descobertas anteriores também poderiam ser reinterpretadas dessa maneira.
O sistema de limpeza do cérebro
Como o cérebro é um tecido ativo – com muitos processos metabólicos e celulares acontecendo a qualquer momento – ele produz muitos resíduos. Esses resíduos são removidos pelo nosso sistema glinfático.
Oferta festiva
O líquido cefalorraquidiano é uma parte crucial do sistema glinfático. Este fluido envolve o cérebro, agindo como uma almofada líquida que o protege de danos e fornece-lhe nutrição, para que o cérebro possa funcionar normalmente.
Durante o processo de remoção de resíduos, nosso líquido cefalorraquidiano ajuda a transferir fluido cerebral velho e sujo – cheio de toxinas, metabólitos e proteínas – para fora do cérebro, e acolhe em novo fluido.
Os resíduos que foram removidos acabam no sistema linfático (uma parte do sistema imunológico), onde são eliminados do corpo.
O sistema glinfático só foi descoberto na última década. Foi observado pela primeira vez em camundongos, usando corantes injetados em seus cérebros para estudar o movimento dos fluidos lá. A existência do sistema glinfático já foi confirmada em humanos com o uso de exames de ressonância magnética e contrastes.
Com base nos resultados de experimentos com animais, os cientistas concluíram que o sistema glinfático é mais ativo à noite, durante o sono ou quando sob anestesia, do que durante o dia.
Outros estudos mostraram que essa atividade de remoção de resíduos também pode variar dependendo de diferentes condições – como a posição de sono, o tipo de anestésico usado e se o ritmo circadiano do indivíduo foi ou não interrompido.
Desafiando velhas interpretações
O estudo recente usou camundongos machos para examinar como o movimento do fluido cerebral diferia quando os animais estavam acordados, dormindo e anestesiados. Os pesquisadores injetaram corantes no cérebro dos animais para rastrear o fluxo de fluido através do sistema glinfático.
Em particular, eles examinaram se um aumento no corante indicava uma diminuição no movimento de fluido para longe de uma área, em vez de um aumento no movimento para a área, como estudos anteriores sugeriram. O primeiro significaria menor depuração através do sistema glinfático – e, portanto, menos resíduos sendo removidos.
Um punhado de estudos encontrou distúrbios na função do sistema glinfático e no sono em pessoas com condições neurológicas – incluindo a doença de Alzheimer e Parkinson.
Mais corante foi encontrado em áreas cerebrais após três horas e cinco horas dormindo ou anestesiado do que quando acordado. Isso indicava que menos corante e, portanto, fluido, estava sendo removido do cérebro quando o camundongo estava dormindo ou anestesiado.
Embora os achados sejam interessantes, há uma série de limitações no desenho do estudo. Como tal, isso não pode ser considerado uma confirmação absoluta de que o cérebro não despeja tantos resíduos durante a noite do que durante o dia.
Limitações deste estudo
Primeiro, o estudo foi realizado com camundongos. Os resultados de estudos em animais nem sempre se traduzem para humanos, por isso é difícil dizer se o mesmo será verdade para nós.
O estudo também analisou apenas camundongos machos que foram mantidos acordados por algumas horas antes de serem autorizados a dormir. Isso pode ter perturbado seu ritmo natural de sono-vigília, o que pode ter influenciado parcialmente os resultados.
Estudos mostraram que o sono interrompido ou ruim está ligado a um aumento nos níveis de estresse – o que, por sua vez, reduz o fluxo de fluido cerebral do sistema glinfático.
Em contraste, no primeiro estudo (2013) que mostrou que mais toxinas cerebrais foram removidas durante o sono, os ratos foram observados durante seu tempo natural de sono.
Diferentes métodos também foram usados neste estudo em comparação com os anteriores – incluindo quais tipos de corante foram injetados e onde. Estudos anteriores também usaram camundongos machos e fêmeas. Essas diferenças nos métodos de estudo podem ter influenciado os resultados.
O sistema glinfático também pode se comportar de forma diferente dependendo da região do cérebro – com cada um produzindo diferentes tipos de resíduos quando acordado ou dormindo. Isso também pode explicar por que os resultados deste estudo foram diferentes dos anteriores.
Praticamente nenhum estudo que analisou o sistema glinfático e os efeitos do sono em ratos examinou o conteúdo do fluido excretado do cérebro. Assim, mesmo que a quantidade de líquido que flui para fora do cérebro fosse menor durante o sono ou anestesia, esse fluido ainda poderia estar removendo resíduos importantes em quantidades diferentes.
Um punhado de estudos encontrou distúrbios na função do sistema glinfático e no sono em pessoas com condições neurológicas – incluindo a doença de Alzheimer e Parkinson.
Um estudo em humanos também indica que mais amiloide é encontrado no cérebro após até mesmo uma noite de privação de sono.
O sistema glinfático é importante quando se trata de como o cérebro funciona – mas pode muito bem funcionar de forma diferente, dependendo de muitos fatores. Precisamos de mais pesquisas que visem replicar as descobertas do estudo mais recente, ao mesmo tempo em que examinamos as razões por trás de suas conclusões surpreendentes. Fonte: Indianexpress.
Antes da venda da falida, Acorda luta com novo spot da Inbrija na TV
Parkinson pode afetar pessoas jovens com predisposição genética
Patologia neurodegenerativa é a 2ª mais comum na população e em geral atinge idosos a partir dos 60 anos
Ocorrência em pacientes acima dos 65 anos oscila entre 2% e 3% - Foto: Bruno Ricci / Divulgação
segunda-feira, 03 de junho de 2024 - Segunda patologia neurodegenerativa de maior incidência na população, ficando atrás apenas do Alzheimer, a doença de Parkinson é mais comum em idosos, mas também pode acometer pessoas na faixa dos 40 anos. A ocorrência em pacientes acima dos 65 anos oscila entre 2% e 3%, diz a médica neurologista Daniele Amorim, especialista no tema. Nos mais jovens, ainda não há estatísticas precisas. Mas, o que médicos, gerontólogos e cientistas concordam é que, independentemente da faixa etária, o diagnóstico precoce faz toda a diferença. Assim como, manter vida social ativa e exercícios físicos é fundamental para complementar o tratamento feito à base de medicamentos.
Doenças neurodegenerativas são aquelas que provocam a morte dos neurônios e a perda de funções neurológicas. O Parkinson, explica a neurologista Daniele Amorim, da equipe do Hospital Mater Dei Salvador, afeta as células nervosas que ficam situadas na área do cérebro chamada de substância negra, que produz a dopamina, um neurotransmissor responsável pela fluidez dos movimentos. “A base do tratamento é a reposição da dopamina ausente ou daquela já presente, mas insuficiente, através de medicamentos”, acrescenta a especialista em Parkinson.
Os medicamentos, diz a neurologista, controlam os sintomas, como os tremores e a rigidez muscular. Mas, a doença é de progressão gradativa e ainda não existe uma cura. Aliar os remédios com atendimento multidisciplinar, como fisioterapia, fonoaudiologia, psicoterapia e nutricionista, entre outros, ajuda a garantir a qualidade de vida do paciente.
“Atividades físicas aeróbicas, fisioterapia e outras atividades ajudam na qualidade de vida porque o Parkinson não se caracteriza só pelos sintomas motores [tremores, rigidez, etc], mas também por alterações de humor, ansiedade, depressão, afeta a absorção de nutrientes. Por isso é preciso um trabalho multidisciplinar”, acrescenta Daniele Amorim.
Pacientes mais jovens
O Parkinson pode ter causas genéticas, segundo estudos já revelaram. E, no caso dos pacientes que apresentam a doença precocemente, geralmente a propensão é maior se já existe registro na família.
A progressão, no entanto, tende a ser mais lenta e, geralmente, os acometidos não têm outras comorbidades associadas e que se apresentam em pessoas de idade mais avançada. Em casos mais raros, o paciente jovem pode apresentar também sintomas de problemas cognitivos, como demência e perda de memória.
Atitude
Semana passada, as redes sociais se mobilizaram no compartilhamento do vídeo do cantor Eduardo Dusek, que tem Parkinson, em sua apresentação no programa Altas Horas. Dusek, 66 anos, cantou a música Seu Tipo, sucesso de Nei Matogrosso, de forma emocionante, brincando o tempo todo com a plateia e até ensaiando passos de dança usando uma cadeira como apoio. Antes da apresentação, em conversa com o apresentador Serginho Groisman, o cantor afirmou que é preciso manter o alto astral. “Tenho Parkinson, mas a doença não pode te dominar”.
A atitude de Eduardo Dusek também faz diferença na forma de lidar com a doença e até na convivência com o problema. Como nem todo paciente que tem a mesma enfermidade é igual, além da maneira individual de cada um encarar a condição, o apoio familiar e de profissionais capacitados é fundamental.
Em Salvador, pessoas com Parkinson têm representatividade na Associação Baiana de Parkinson e Alzheimer (Abapaz), que reúne pacientes e familiares. A entidade social existe há mais de 20 anos e oferece informações sobre os direitos dos pacientes e sobre a doença; orientação de onde buscar tratamentos e medicamentos; e apoio emocional tanto para quem tem a doença quanto para quem cuida do paciente, pois a saúde mental do cuidador também é priorizada.
“Buscamos, principalmente, conscientizar que o tratamento não é só o medicamento, mas outras terapias, como fisioterapia, musicoterapia, principalmente cantar, fazer sessões de fono, tudo isso ajuda a trabalhar a musculatura da garganta, pois a doença pode afetar a deglutição e o paciente ter engasgos”, explica a gerontóloga e diretora da Abapaz, Deila Carvalho.
Amparar emocionalmente as famílias é uma das principais preocupações da Abapaz, que funciona a partir do trabalho voluntário de profissionais de diversas áreas. “Nós fazemos atendimento por grupo familiares porque a família inteira precisa ter consciência da situação. O cuidado não pode ser de uma pessoa só para não gerar sobrecarga física e emocional, o que repercute na saúde do cuidador e do paciente. Também é preciso estimular atividades sociais da pessoa com Parkinson, que deve manter uma rotina de caminhadas, atividades cotidianas normais, não se isolar para evitar a depressão e a estigmatização”, detalha Deila Carvalho.
Pacientes do SUS
No estado, o Centro de Referência de Atenção à Saúde do Idoso (Creasi) oferece tratamento gratuito para pacientes com Parkinson. O atendimento é ambulatorial para as pessoas a partir dos 60 anos. O órgão dispõe, ainda, de uma farmácia que dispensa medicamentos para os mais jovens também.
Helena Pataro, diretora do Creasi, explica que o serviço oferece geriatra, neurologista, reumatologista e outros profissionais em uma equipe multidisciplinar. Para ter acesso, o paciente primeiro passa pelo atendimento primário [a atenção básica nos postos geridos pelo Município]. “No posto de saúde, ele é encaminhado para uma unidade de referência pelo Telesaúde. Em 10 dias, recebe a resposta da admissão no atendimento especializado, onde vai receber um cuidado integrado que inclui o idoso e familiares”, detalha.
Helena lembra que o Parkinson é uma doença progressiva e que, na medida em que evolui, o paciente aumenta o grau de dependência de cuidados, demandando muito do cuidador e que isso afeta a família. “No Creasi, a família passa por um acolhimento e orientações, além de suporte psicológico e social. A parte ambulatorial é só para idosos e familiares. Já a parte da farmácia atende também pacientes mais jovens que podem pegar os medicamentos”, complementa.
No site do serviço tem as orientações e a informação de quais medicamentos e como proceder. O protocolo é nacional, do Ministério da Saúde. A retirada é com horário marcado e tem farmacêutico para dar as orientações.
Ao todo, 2.600 idosos estão matriculados no atendimento do Creasi e desse total, entre 20% e 30% têm Parkinson. No último trimestre, a farmácia do serviço dispensou 350 mil comprimidos para 10 tipos de doenças. O Parkinson foi a terceira com mais dispensação de remédios, atrás apenas da Dor Crônica e Alzheimer. O Creasi também atua dando orientação aos profissionais dos postos de atenção básica no interior do estado.
Cientistas pesquisam diagnóstico a partir de amostras de pele
Um estudo recente realizado com 343 pessoas na faixa etária entre 40 e 99 anos, pela Escola Médica de Harvard, nos Estados Unidos, usou um marcador químico para identificar a forma alterada da proteína alfa-sinucleína no sistema nervoso central. A ideia é desenvolver um exame que, com base na análise de uma pequena amostra de pele, detecte a doença de Parkinson e outras três enfermidades neurodegenerativas que são marcadas pelo acúmulo dessa proteína. As informações do trabalho dos norte-americanos foram divulgadas esta semana pela Revista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
O teste conseguiu identificar a proteína alterada em 93% das pessoas que tinham Parkinson e em mais de 95% daquelas com as outras três doenças estudadas: Demência com corpos de Lewy, Atrofia de múltiplos sistemas e Insuficiência autonômica pura.
Outro resultado positivo foi a separação com maior precisão das pessoas com alguma das quatro doenças estudadas, daquelas que não apresentavam as patologias. Ainda segundo a reportagem da Fapesp, em um estudo anterior feito no ano passado, o uso da técnica permitiu diferenciar os pacientes com Parkinson daqueles com Atrofia de múltiplos sistemas. Ainda não há prazo para o novo tipo de exame ser adotado na prática clínica. Fonte: A Tarde.
Pesquisa científica quer usar Inteligência Artificial para identificar Parkinson ainda em estágio inicial
Estudo analisa movimentos clínicos e gera dados que podem ajudar os pesquisadores. (Foto: Reprodução)
2 de junho de 2024 - Uma pesquisa científica, realizada em parceira entre a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a universidade britânica Bradfor, visa usar a inteligência artificial para estabelecer parâmetros e, assim, conseguir identificar o Parkinson ainda em estágio inicial.
Atualmente, o diagnóstico é clínico e, normalmente, quando o paciente chega ao consultório médico, está em um estágio avançado da doença.
Além de facilitar o diagnóstico, a pesquisa quer também mapear precocemente a condição, ou seja, fazer com que aquele paciente que tem uma tendência ao Parkinson faça o tratamento o quanto antes.
O Parkinson é uma condição neurológica resultado da degeneração das células no cérebro que produzem a dopamina. Como consequência, os movimentos do corpo são afetados, causando tremores, rigidez muscular e dificuldade na fala, por exemplo.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais frequente no mundo, atrás apenas do Alzheimer. Cerca de 4 milhões de pessoas no mundo vivem com a doença, sendo aproximadamente 200 mil no Brasil. De acordo com a Secretaria de Saúde do Paraná, são 20 mil pessoas com a condição no estado.
O Parkinson não tem cura, e o tratamento serve para amenizar os sintomas. Com a evolução das análises, o estudo deve ajudar médicos a escolherem tratamentos e medicamentos de forma mais precisa, o que deve melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Há doze anos, a Sandra Salomão Cury Riechi percebeu que os tremores nas mãos se tornaram frequentes. Além disso, o equilíbrio faltava e os movimentos ficaram mais rígidos. “Comecei a tremer mais do que era visível. Daí uma amiga minha falou: ‘Sandra, você está tremendo muito’. Eu fui no meu médico, um psiquiatra, que recomendou que eu fosse a um neuro”, lembra.
Voluntariado
Ao procurar um médico, o diagnóstico: Parkinson. Hoje, ela é presidente da Associação Parkinson Paraná e é uma das pacientes voluntárias do estudo da UFPR.
O avanço é silencioso e, quando o paciente chega ao consultório, normalmente está em fase avançada. Esse foi um dos motivos que levaram os pesquisadores da UFPR a começarem os estudos.
No Centro de Estudos do Comportamento Motor são feitos testes com os pacientes voluntário. São avaliados movimentos como o da pinça.
Em outro teste, um celular é colocado na perna e um sensor avalia a frequência do movimento de subir e descer o calcanhar. Os gestos são captados pelas câmeras e transmitidos para um aplicativo de computador, que transforma em dados para análise.
O professor André Rodacki, doutor em exercícios e ciências do esporte, é um dos pesquisadores do Departamento de Educação Física da UFPR que atua no estudo. Ele explica que as análises dos comportamentos dos pacientes podem ajudar muito os médicos a estabelecerem as dosagens.
“Se a gente conseguir fazer essa identificação dos diferentes estágios, e também conseguir fazer o mapeamento dos estágios que precedem a doença, talvez seja uma grande possibilidade de a gente fazer um diagnóstico precoce, o que seria extremamente importante para todos envolvidos com o Parkinson, para que eu tenha condições de dar ferramentas para que uma intervenção, uma ação medicamentosa ou de tratamento comece a ser efetuada muito mais precocemente”, afirma o pesquisador.
Ramzi Jaber, aluno de pós- doutorado da Universidade de Bradford, é um dos pesquisadores que participam do estudo e esteve em Curitiba para coletar amostras, que agora vão ser analisadas por médicos.
“Nossa colaboração com a Universidade Federal do Paraná é desenvolver um sistema usando visão computacional e técnicas de inteligência artificial para quantificar os distúrbios do movimento associados ao Parkinson. […] Nosso foco principal é extrair parâmetros clínicos significativos a partir de gravações de vídeos de tarefas simples de clínicos como o ‘tocar de dedo'”, disse.
Mudanças sutis
O pesquisador André Rodacki explica que, no caso do Parkinson, muitas vezes é difícil identificar pequenas melhorias ou pequenas deteriorações do movimento.
Os testes em desenvolvimento no estudo podem ajudar a mapear essas alterações de forma mais acurada e identificar se o tratamento está surtindo efeito.
Além de facilitar o diagnóstico do estágio do Parkinson, a pesquisa quer também mapear precocemente a condição, ou seja, fazer com que aquele paciente que tem uma tendência ao Parkinson faça o tratamento o quanto antes. As informações são do G1. Fonte: O Sul.
sábado, 1 de junho de 2024
A doença de Parkinson poderia ser prevenida por uma vacina recente contra o tétano
A doença de Parkinson pode ser causada por uma infeção com bactérias do tétano. Pelo menos, assim defende uma nova ideia radical.
1 JUNHO, 2024 - Segundo o New Scientist, a alegação decorre da descoberta de que as pessoas que foram recentemente vacinadas contra o tétano para prevenir uma infeção de feridas têm metade da probabilidade de mais tarde serem diagnosticadas com Parkinson.
“Quanto mais próximo da data da vacina, menor é a probabilidade de os indivíduos serem diagnosticados com a doença de Parkinson”, afirma Ariel Israel, da Universidade de Telavive, em Israel.
Os resultados sugerem que as vacinas contra o tétano, amplamente disponíveis, podem prevenir ou tratar a doença de Parkinson, embora primeiro tenham de ser repetidos. Se se confirmarem, “são grandes notícias”.
A doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa que afeta geralmente pessoas idosas e que provoca tremores e dificuldades de movimento. É causada pela morte progressiva de um subconjunto de células cerebrais que controlam o movimento, mas o seu desencadeamento é desconhecido.
Os investigadores analisaram os registos de um prestador de cuidados de saúde em Israel para verificar se algum tipo de vacinas administradas na idade adulta estava associado a um maior ou menos risco de Parkinson.
Escolheram cerca de 1500 pessoas que tinham sido diagnosticadas entre os 45 e os 75 anos e comparam-nas com um grupo de controlo cinco vezes maior, selecionado para ter características semelhantes às das pessoas com a doença.
Descobriram que 1,6% das pessoas com Parkinson tinham um registo de vacinação contra o tétano antes do diagnóstico, em comparação com 3,2% das pessoas sem a doença.
O efeito protetor foi também maior nas pessoas que tomaram a vacina mais recentemente, não tendo ninguém desenvolvido Parkinson nos dois anos seguintes à vacinação.
Sabe-se que o C. tetani — a bactéria que causa a doença — liberta uma toxina que danifica as células nervosas. De facto, são os efeitos desta toxina que causam os espasmos musculares característicos após a infeção tetânica de uma ferida.
A vacina contra o tétano é uma versão alterada desta toxina, que faz com que o sistema imunitário produza anticorpos que também são eficazes contra a toxina verdadeira.
O C. tetani pode viver de forma inofensiva no intestino humano e Israel especula que a doença de Parkinson pode surgir se, de alguma forma, se transferir para o nariz, onde quaisquer toxinas libertadas poderiam viajar pelas células nervosas até ao cérebro.
“Sabemos que esta toxina pode viajar ao longo dos neurónios”, afirma. “Não creio que a simples presença do Clostridium tetani algures no microbioma seja suficiente para causar a doença”. Há provavelmente outros fatores, como os genéticos, que fazem com que algumas pessoas sejam particularmente sensíveis aos danos causados pela toxina”.
Roger Barker, da Universidade de Cambridge, diz que a análise considerou um número muito pequeno de pessoas ao comparar as que tomaram a vacina em intervalos diferentes antes de desenvolverem Parkinson.
“É por isso que é difícil tirar conclusões definitivas“, afirma. “Mas penso que é interessante e que vale a pena analisá-lo noutras populações”.
Claire Bale, da Instituição de caridade Parkinson’s UK, afirma que os resultados levantam a “possibilidade interessante de as vacinas contra o tétano poderem oferecer proteção contra o desenvolvimento da doença de Parkinson e até mesmo retardar a progressão da doença, uma vez que isto é algo que os tratamentos atuais não conseguem fazer, seria extremamente significativo se se concretizasse”. Fonte: Zap aeiou.