Neurônios equilibrados
20/03/2008 - Como a neuroestimulação está mudando a vida de pacientes com epilepsia, depressão e outros transtornos neurológicos ou psiquiátricos.Cerca de 20% dos pacientes com problemas neurológicos como a epilepsia e distúrbios psiquiátricos como a depressão são resistentes aos medicamentos. Por mais combinações que os médicos tentem, nada funciona. Até recentemente, não havia o que oferecer a essas pessoas. Nos últimos meses, surgiu uma esperança: a neuroestimulação cerebral. Os primeiros estudos sobre o método começaram nos anos 90. Novas pesquisas revelam que ele é eficaz e dão sinais de que será cada vez mais usado. Alguns hospitais e clínicas começam a oferecê-lo no Brasil.
A neuroestimulação pode ser feita de duas formas. Com um aparelho que libera ondas magnéticas (estimulação magnética transcraniana) e é colocado próximo da cabeça. Ou com eletrodos implantados no cérebro (estimulação elétrica). “Hoje, sabemos que é possível restabelecer funções cerebrais e encontrar saídas para pacientes que não tinham mais nenhuma qualidade de vida”, diz o neurologista brasileiro Felipe Fregni, professor da Universidade Harvard. “A neuroestimulação é o futuro do tratamento na neuropsiquiatria. E ele já está começando.” (...)
O novo método regula o funcionamento do local, e as convulsões características da doença costumam desaparecer. Se a bateria que envia a corrente elétrica é desligada, o paciente volta a sofrer com a doença. A estimulação elétrica também vem sendo usada em outras situações: para abrandar os movimentos involuntários do mal de Parkinson, aliviar sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo e combater dores crônicas, enxaqueca e dependência química. Estão em andamento testes em mal de Alzheimer e compulsões alimentares.
No Brasil, a técnica vem sendo usada há três anos. O neurocirurgião Cláudio Fernandes Corrêa, do Centro de Dor do Hospital Nove de Julho, em São Paulo, tratou seis casos de dores crônicas, dependência química, movimentos involuntários e mal de Parkinson. “Os resultados foram surpreendentes. Eram pacientes completamente incapacitados”, afirma. Eles conseguiram retomar rotinas e recuperar a capacidade de executar tarefas simples do cotidiano, como cuidar da casa. (segue...) Fonte: Revista Época.