2022 Jul 19 - Resumo - As diferenças na microbiota intestinal entre pacientes com doença de Parkinson (DP) e controles parecem depender de múltiplos fatores de confusão – frequentemente não medidos. Gêmeos monozigóticos oferecem um modelo único para controlar vários fatores responsáveis pela variação interpessoal na microbiota intestinal. Amostras fecais de 20 pares de gêmeos monozigóticos (N=40) discordantes para DP foram estudadas (análise de shotgun metagenômica). A análise de dados pareados detectou diferenças mínimas na abundância de táxons bacterianos em nível de espécie (Bacteroides pectinophilus [P=0,037], Bifidobacterium pseudocatenulatum [P=0,050] e Bifidobacterium catenulatum [P=0,025]) e nas vias metabólicas previstas (biossíntese primária de ácidos biliares [ P=0,037]). Estudos adicionais são necessários para entender o papel da microbiota intestinal na patogênese da DP. Este artigo está protegido por direitos autorais. Todos os direitos reservados. original em inglês, tradução Google, revisão Hugo. Fonte: Pubmed.
Objetivo: atualização nos dispositivos de “Deep Brain Stimulation” aplicáveis ao parkinson. Abordamos critérios de elegibilidade (devo ou não devo fazer? qual a época adequada?) e inovações como DBS adaptativo (aDBS). Atenção: a partir de maio/20 fui impedido arbitrariamente de compartilhar postagens com o facebook. Com isto este presente blog substituirá o doencadeparkinson PONTO blogspot.com, abrangendo a doença de forma geral.
quarta-feira, 20 de julho de 2022
segunda-feira, 18 de julho de 2022
Novo método de exame de imagem pode detectar Parkinson em estágio inicial
17/07/2022 - Hoje, o diagnóstico da doença de Parkinson em estágios iniciais é basicamente impossível. Ela é uma doença que progride e debilita o cérebro dos pacientes, eventualmente comprometendo a capacidade de locomoção e fala.
O diagnóstico consiste em um novo método de análise desenvolvido por Elior Drori, um estudante de doutorado de Mezer. Este método utiliza a ressonância magnética quantitativa para possibilitar a visualização de microestruturas dentro de uma porção profunda do cérebro, o corpo estriado, conhecido por se deteriorar durante o avanço da doença de Parkinson.
A ressonância magnética quantitativa (qMRI) faz diversas imagens de ressonância magnética utilizando energias de excitação diferentes – como se uma mesma fotografia fosse tirada utilizando iluminações diferentes. Com isso, o exame de imagem é capaz de revelar mudanças estruturais no tecido de regiões distintas do corpo estriado.
Antes do desenvolvimento deste método, este nível de análise das células cerebrais só era possível após a morte dos pacientes.
Assim, os pesquisadores foram capazes de demonstrar com o novo método que as alterações se associam a estágios iniciais da doença de Parkinson, e à disfunção de movimento que ela causa nos pacientes. A descoberta foi publicada nesta sexta-feira, na revista Science Advances. Fonte: Onjornal.
Cuba desenvolve com êxito tratamento contra Alzheimer e Parkinson
18 DE JULHO DE 2022 - Pioneira no desenvolvimento de novas tecnologias para o tratamento de doenças neurodegenerativas, Cuba está a aplicar com êxito um método contra o Alzheimer e o Parkinson, afirma o diário La Jornada.
De visita ao México, Héctor Vera Cuesta, director do Centro Internacional de Restauração Neurológica (Ciren), deu uma entrevista ao diário, na qual deu conta do avanço que representa para os doentes este tratamento, a partir de uma molécula que evita que os neurónios continuem o processo de degeneração.
É uma substância denominada NeuroEPO, que melhora a qualidade de vida dos pacientes. «O mecanismo da molécula é neuro-protector. Evita que os neurónios continuem a degenerar-se, a morrer», explicou.
«O que faz é prolongar um pouco mais a vida destas células do sistema nervoso, pelo que os sintomas são mais espaçados, a doença não tem uma evolução tão rápida», disse o neurologista cubano.
Especialista em genética médica, afirma que os resultados em pacientes com Parkinson e Alzheimer foram «espectaculares». O estudo começou em doentes com Parkinson e detectou-se que a substância referida melhorou a sua condição motora, mas muito mais a parte cognitiva, refere o periódico.
Cientista cubana vê trabalho sobre a dengue reconhecido pela Unesco
É uma das moléculas «que vão dar que falar no mundo». «Recentemente – disse –, publicámos um artigo conjunto com o Centro de Neurociências de Cuba, que confirma, com uma análise estatística bem desenvolvida, que é eficaz. Não há dúvida.»Vera Cuesta anunciou que em breve a NeuroEPO poderá ser comercializada. «Queremos fazer uma fase IV (do estudo clínico), porque toda a molécula nova tem um processo de investigação rigoroso. Nesta etapa queremo-la aplicar de forma massiva», explicou.
Actualmente, estão a ser identificados na Ilha hospitais onde o estudo vai ser realizado, pois «não tem efeitos secundários. É muito inócua e muito fácil de administrar, porque é por via nasal, onde se administram umas gotinhas», esclareceu.
Acrescentou que o desenvolvimento deste medicamento é levado a cabo por centros cubanos de biotecnologia e que o Ciren o testou em pacientes.
O Ciren foi criado há 33 anos por Fidel Castro, sem fins lucrativos e para o desenvolvimento das neurociências. Ali, «aplicamos um programa único no mundo. Reunimos 11 especialistas em função de um paciente», disse Cuesta.
«Trata-se de uma equipa multidisciplinar que cuida de um paciente de forma integral e personalizada, conseguir isso é muito difícil» para qualquer país do mundo, mas em Cuba isso é possível «graças ao compromisso e à capacidade dos especialistas», afirmou o cientista cubano. Fonte: Abril pt.
quinta-feira, 14 de julho de 2022
Proteína descoberta na doença de Parkinson pode levar a novos tratamentos
15 JUL 2022 - Cientistas dão o próximo passo para desvendar a relação que desempenha na doença
Atualmente, não existem terapias modificadoras da doença para a doença de Parkinson que possam alterar a progressão da doença. Uma equipe internacional de cientistas liderada por professores do Campus Médico Anschutz da Universidade do Colorado espera mudar isso.
Hoje, a equipe publicou uma nova pesquisa na revista Brain que leva os cientistas um passo mais perto de entender a α-sinucleína (αSyn), uma proteína chave que eles descobriram que liga a inflamação e a doença de Parkinson.
A proteína αSyn é predominantemente expressa em neurônios e está associada a doenças neurodegenerativas, como doença de Parkinson e demência por corpos de Lewy. Este novo estudo identifica o novo mecanismo que liga a ativação do interferon e a função αSyn nos neurônios como um potencial gatilho para o desenvolvimento da doença de Parkinson.
“É fundamental entender melhor os gatilhos que contribuem para o desenvolvimento da doença de Parkinson e como a inflamação pode interagir com as proteínas encontradas na doença. Com essas informações, poderíamos fornecer novas abordagens para tratamentos, alterando ou interferindo nessas vias inflamatórias que podem atuar como um gatilho para a doença”, disse David Beckham, MD, professor associado do departamento de doenças infecciosas da Universidade do Colorado. Escola de Medicina - localizada no Campus Médico CU Anschutz.
Para investigar o mecanismo das respostas imunes induzidas por αSyn a infecções virais no cérebro, os pesquisadores desafiaram camundongos αSyn knock-out (KO) e neurônios dopaminérgicos αSyn KO humanos com infecção por vírus de RNA. Eles descobriram que αSyn é necessária para a expressão neuronal de genes estimulados por interferon (ISGs). Eles então descobriram que, após qualquer estímulo que desencadeie sinais de interferon, um tipo de resposta imune, αSyn interage com proteínas de sinalização nos neurônios para desencadear a expressão de ISGs.
Este trabalho fornece o primeiro mecanismo claro que liga a inflamação e aSyn, uma proteína que está intimamente associada ao desenvolvimento da doença de Parkinson.
Os autores mencionam que esses dados confirmam que αSyn responde a infecções e vias inflamatórias e sugere que essa interação pode desempenhar um papel importante no desenvolvimento da doença de Parkinson. O próximo passo importante é determinar se as interações entre interferon e αSyn desencadeiam a formação das formas tóxicas de αSyn mal dobradas, chamadas fibrilas, que foram encontradas na doença de Parkinson.
Os pesquisadores sugerem que estudos futuros são necessários para analisar as interações entre os sinais de interferon tipo 1 em neurônios e αSyn mal dobrado para determinar se as drogas que inibem essas interações podem impedir a formação de αSyn mal dobrado. Isso resultaria em uma abordagem terapêutica potencial modificadora da doença que é necessária para os pacientes.
/Divulgação Pública. Este material da organização/autor(es) de origem pode ser de natureza pontual, editado para clareza, estilo e duração. As opiniões e opiniões expressas são do(s) autor(es). Veja na íntegra aqui. Original em inglês, tradução Google, revisão Hugo, Fonte: Miragenews.
Cientistas de Yale se concentram nas causas genéticas do Parkinson
july 14, 2022 - Variantes de pelo menos 20 genes diferentes têm sido intimamente ligadas ao desenvolvimento da doença de Parkinson, mas os cientistas ainda estão investigando como exatamente elas causam o distúrbio motor grave e incurável que aflige cerca de 1 milhão de pessoas apenas nos EUA.
Novas pesquisas de pesquisadores de Yale
oferecem pistas importantes. Em dois novos artigos, os cientistas
fornecem informações sobre a função de uma proteína chamada
VPS13C, uma das suspeitas moleculares subjacentes ao Parkinson, uma
doença marcada por movimentos incontroláveis, incluindo tremores,
rigidez e perda de equilíbrio.
“Há muitos caminhos para
Roma; da mesma forma, existem muitos caminhos que levam ao
Parkinson”, disse Pietro De Camilli, professor de neurociência
John Klingenstein e professor de biologia celular em Yale e
investigador do Howard Hughes Medical Institute. “Os laboratórios
de Yale estão progredindo na elucidação de alguns desses
caminhos.”
De Camilli é autor sênior dos dois novos
artigos, que são publicados no Journal of Cell Biology and
Proceedings of the National Academy of Science (PNAS).
Estudos
anteriores mostraram que mutações do gene VPS13C causam casos raros
de Parkinson hereditário ou um risco aumentado da doença. Para
entender melhor por que, De Camilli e Karin Reinisch, David W.
Wallace Professor de Biologia Celular e de Biofísica Molecular e
Bioquímica, investigaram os mecanismos pelos quais essas mutações
levam à disfunção em nível celular.
Em 2018, eles
relataram que o VPS13C forma uma ponte entre duas organelas
subcelulares - o retículo endoplasmático e o lisossomo. O retículo
endoplasmático é a organela que regula a síntese da maioria dos
fosfolipídios, moléculas gordurosas essenciais para a construção
das membranas celulares. O lisossomo atua como sistema digestivo da
célula. Eles também mostraram que a VPS13C pode transportar
lipídios, sugerindo que ela pode formar um canal para o tráfego de
lipídios entre essas duas organelas.
Um dos novos artigos do
laboratório de De Camilli demonstra que a falta de VPS13C afeta a
composição lipídica e as propriedades dos lisossomos. Além disso,
eles descobriram que em uma linhagem de células humanas essas
perturbações ativam uma imunidade inata. Essa ativação, se
ocorrer no tecido cerebral, desencadearia a neuroinflamação, um
processo implicado no Parkinson por vários estudos recentes.
O
segundo artigo do laboratório de De Camilli usa técnicas de
tomografia crioeletrônica de última geração para revelar a
arquitetura dessa proteína em seu ambiente nativo, apoiando um
modelo de ponte de transporte de lipídios. Jun Liu, professor de
patogênese microbiana em Yale, é co-autor correspondente deste
estudo.
Compreender esses detalhes moleculares refinados será
crucial para entender pelo menos um dos caminhos que levam à doença
de Parkinson e pode ajudar a identificar alvos terapêuticos para
prevenir ou retardar a doença, dizem os pesquisadores.
William
Hancock-Cerutti, de Yale, é o principal autor do artigo publicado no
Journal of Cell Biology e Shujun Cai é o principal autor do artigo
publicado na PNAS. Original em inglês, tradução Google, revisão
Hugo, Fonte: Yale.
quarta-feira, 13 de julho de 2022
Nova esperança para o tratamento da doença de Parkinson: visando a microbiota intestinal
13 July 2022 - Resumo - Pode haver mais de 10 milhões de casos confirmados de doença de Parkinson (DP) em todo o mundo até 2040. No entanto, a patogênese da DP ainda não está clara. A saúde do hospedeiro está intimamente relacionada à microbiota intestinal, que é afetada por fatores como idade, dieta e exercício. Estudos recentes descobriram que a microbiota intestinal pode desempenhar papéis fundamentais na progressão de uma ampla gama de doenças, incluindo a DP. Alterações na abundância de bactérias intestinais, como Helicobacter pylori, Enterococcus faecalis e Desulfovibrio, podem estar envolvidas na patogênese da DP ou interferir na terapia da DP. A microbiota intestinal e o cérebro distal atuam um sobre o outro através de um eixo intestino-cérebro composto pelo sistema nervoso, sistema endócrino e sistema imunológico. Aqui, esta revisão se concentrou no entendimento atual da conexão entre a doença de Parkinson e a microbiota intestinal, para fornecer potenciais alvos terapêuticos para a DP. (segue..., em inglês) Fonte: Wiley.
sexta-feira, 8 de julho de 2022
O mal do século XXI
Porto Alegre, 8 de julho do ano da graça de 2022.
Pois é. Será que será o mal do século? Não querendo ser pessimista, lembro que cumprimos apenas 1/5 deste século… que promete…
Eu, pela minha idade, segunda metade do século XX, lembro da minha primeira decepção, ante a conjuntura que era boa (bossa nova, cinema novo, o Brasil conquistando uma identidade), apesar do golpe de 64. Foi a copa de 66 com Pelé e Garrincha. Embalado pelo clima de 58 e 62, tomar de 3 a 1 de Portugal do Eusébio e também da Hungria, só vencendo a Bulgária com dois gols (Pelé e Garrincha) de bola parada foi a minha primeira grande decepção com o Brasil.
Depois disso a conquista da lua pelos americanos em contraposição ao russo Gagarin, que disse Земля синяя (“a terra é azul”). Um pequeno passo para um homem, um grande salto para a humanidade! Lembro que só existiam fotos em preto e branco da Rússia, no auge da guerra fria.
Após recuperei a autoestima de brasileiro perdida em 66 ao ter Pelé, Tostão, Rivelino, … ganhando o caneco 70.
Até aí empate, mas depois veio o fim do regime militar, onde já se ouvia a voz dos descontentes, que até então era sufocada à ferro e fogo. Este é um país que vai p´ra frente, ô,ô,ô,ôô!
E o cordão dos descontentes só aumentou, agora, afora a questão política (direita x esquerda) temos as questões raciais, sexuais, enfim… das maiorias (negros) às minorias (LGBTQIAxyz).
Ainda tem as questões dinâmicas de meio-ambiente, crise climática, doenças induzidas por agro-tóxicos, agronegócio e pecuária predatórios, o garimpo, os assassinatos e, o pior de tudo, a uberização do mundo, a inteligência artificial e o escambau. Aí fecha o pano com o corona! E a guerra na Ucrânia/Criméia, que já era citada por Machado de Assis em Dom Casmurro, na 2a metade do século 19. Pátria amada Brasil.
E tenho que ser otimista, mas me remete ao Comportamento Geral, do Gonzaguinha (1973), quando ainda existia música de protesto, que afinal foi proibida e depois liberada… Ouçam e reflitam se não é atual?
Mas passado 1/5 do século muita coisa nos está reservada, a conquista de Marte (?), I.A.. Receberei o diploma de bem comportado? E ainda tendo que aguentar o bozo?
Pó pará que eu quero descer!
Idosos ao volante. "Quero continuar a ter a minha independência"
por SARA PORTO
08/07/2022 - Segundo os dados do IMT, em Portugal, com título de condução válido com mais de 90 anos, há 765 mulheres e 8.289 homens. Uns por gosto, outros por necessidade...No mês passado, Candida Uderzo, uma italiana com 100 anos, surpreendeu o mundo ao renovar a sua carta de condução.
Em bebés brincamos com carrinhos miniatura. Em criança há quem receba e se deslumbre com carrinhos telecomandados ou mesmo por aqueles maiores a bateria, alimentando o imaginário daquilo que será conduzir. Quando a adolescência se aproxima e com ela o desejo de independência, uma das primeiras coisas que nos vem ao pensamento é tirar a carta, comprar um carro e “percorrer o mundo”. Mas e quando passam os anos? Como é que o envelhecimento acaba por interferir na condução? Em que idade se perde as competências para fazê-lo e de que forma se lida com isso? No mês passado, o mundo ficou a conhecer a história de Candida Uderzo, uma italiana centenária com carta de condução renovada. A idosa teve a sua carta de condução renovada aos 100 anos de idade, tornando-se, segundo o The Guardian, “pelo menos a terceira centenária do país, nos últimos anos, considerada apta para se sentar ao volante”. De acordo com o jornal britânico, a italiana recebeu uma nova carta de condução após passar no exame oftalmológico numa escola de condução na província de Vicenza, no norte de Itália.
Interrogada pelo Corriere della Sera, sobre o porquê de com essa idade continuar a querer conduzir, Candida revelou que gosta de ter “autonomia” e de “não ter de depender do seu filho para se deslocar a qualquer lado”. Além disso, a centenária avançou que a sua visão “é tão boa que consegue ler o jornal sem precisar de óculos”: “Estou feliz com esta renovação e também me fará sentir um pouco mais livre”, avançou Uderzo ao jornal italiano. “Tenho sorte, tenho 100 anos de idade, e ser tão saudável é uma surpresa para mim também!”, contou. Segundo a mesma, o segredo para a vitalidade passa por saber “desfrutar da vida”. Depois de ter ficado viúva aos 52 anos, foi no exercício físico que “encontrou uma forma de manter o seu corpo e mente jovens”. As longas caminhadas com amigos ajudaram-na a “lidar com a dor” e, depois de se reformar, juntou-se a um grupo de caminhadas, não perdendo um único passeio desde então. “Todos os domingos às seis da manhã estou pronta para ir”, adiantou. Além de Candida, no ano passado, um homem na Sicília que fez 100 anos também celebrou a renovação da sua carta de condução ao comprar um carro novo, dizendo, na altura, à imprensa local, que “nunca tinha tido um acidente na sua vida”. A verdade é que, atualmente, os idosos conduzem com mais frequência e até uma idade mais tardia e, normalmente, para um idoso a decisão de deixar de fazê-lo pode ser um tema bastante delicado. Em Portugal, por exemplo, com o título de condução válido com mais de 90 anos, existem 765 mulheres e 8 289 homens. Gustavo é um deles, e aos 95 anos diz que se sente mais do que apto para conduzir. “Era o que faltava não me deixarem conduzir. Faço toda a minha via normal e não perdi as faculdades de conduzir”.
A lei portuguesa
Segundo o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), em Portugal, legalmente, não existe uma idade limite para se deixar de conduzir. De acordo com os dados fornecidos pelo instituto, em 2021 e 2022 até dia 28 de junho foram 1 179 571 os pedidos de revalidação – 136 345 de pessoas com mais de 80 anos. A revalidação da carta de condução dos condutores do Grupo 1 (cat. AM, A1, A2, A, B1, B, BE e T) que tenham idade igual ou superior a 60 anos “está condicionada à apresentação de atestado médico que comprove as condições mínimas de aptidão física e mental”. “Os condutores com idade igual ou superior a 70 anos que pretendam revalidar a sua carta de condução devem apresentar ao médico que os avaliar o relatório do seu médico assistente no qual conste informação sobre os seus antecedentes (com indicação de eventuais doenças cardiovasculares e neurológicas, diabetes e perturbações do foro psiquiátrico)”, elucidou o IMT, acrescentando que “quanto à revalidação da carta de condução dos condutores do Grupo 2 (cat. C1, C1E, C, CE, D1, D1E, D, DE e B e BE com o averbamento da 997), que tenham idade igual ou superior a 50 anos para além do atestado médico estão também obrigados a apresentar certificado de avaliação psicológica”.
No que toca ao número total de condutores com mais de 80 anos, por idade e género (dados de 01/06/2022), são 26 862 as mulheres que com mais de 80 anos conduzem e 138 262 os homens, ou seja, 165 124 pessoas. No ano passado, no entanto, o número era mais baixo: 160 608. Isto, tendo em conta, explica o IMT, que a partir do ano 2021, “a licença de condução de veículos agrícolas foi extinta e a habilitação na categoria de veículos agrícolas transitou para a carta de condução, o qque poderá impactar no aumento de número de títulos de condução ativos”. “Na medida em que a maioria dos condutores de tratores agrícolas são condutores mais idosos”, sublinhou o instituto. Além disso, o IMT fez questão de frisar que o gráfico correspondente ao número de condutores por faixa etária, “diz respeito ao número de condutores independentemente da categoria a que se encontram habilitados, ou seja, abrange condutores das categorias”. “Os menores que se encontram contabilizados podem conduzir ciclomotores de duas rodas caracterizados por um motor de combustão interna de cilindrada não superior a 50 cm3, com velocidade máxima em patamar e por construção não superior a 45 km/h, ou cuja potência nominal máxima contínua não seja superior a 4 kW, se o motor for elétrico e frequentem com aproveitamento ação especial de formação ministrada por entidade autorizada para o efeito pelo IMT”, esclareceu o organismo, acrescentando que os de 16 anos podem conduzir “veículos de duas ou três rodas e quadriciclos ligeiros”.
O risco de acidentes rodoviários
Apesar destes altos números, segundo o Lares Online (plataforma informativa especializada em consultoria de equipamentos e serviços de cuidados para idosos), “o risco de acidente rodoviário aumenta em condutores com mais de 75 anos ou idosos que só conduzem esporadicamente”. E, apesar de não existir uma base científica que permita afirmar que os condutores com mais idade são aqueles que têm maior propensão para causar acidentes rodoviários, de acordo com a plataforma, “são cada vez mais frequentes as notícias de sinistros que envolvem idosos”. Em dezembro do ano passado, por exemplo, um homem de 79 anos percorreu dez quilómetros em contramão na A1 porque se tinha enganado no caminho. Há três semanas, um veículo ligeiro onde seguia um casal de idosos com cerca de 70 anos despistou-se e capotou na autoestrada A1, na zona de Estarreja, no distrito de Aveiro. O homem que seguia ao volante da viatura ficou encarcerado e não resistiu aos ferimentos, acabando por falecer, tendo o óbito sido declarado no local. A esposa, por sua vez, foi levada para o hospital em estado grave. Segundo a plataforma, a maioria dos acidentes com condutores idosos acontece “a baixas velocidades, em cruzamentos ou em caso de alteração de sentido”. Porquê? Devido à diminuição, com o passar dos anos, das “nossas capacidades físicas, funcionais e cognitivas”. E, quando assim o é, o cenário “deixa de ser seguro, tanto para os próprios idosos, como para outros condutores e peões”, lê-se no Lares Online. Por essa razão, a legislação portuguesa prevê que a carta de condução seja revalidada à medida que o condutor vai envelhecendo. Segundo o IMT, até aos 60 anos esta tem que ser revalidada de 15 em 15 anos, depois dessa idade – momento em que a pessoa já é considerada idosa (classificação da Organização Mundial de Saúde) – passa a ter que fazer a revalidação aos 65 anos, aos 70 anos e, a partir dessa idade, de dois em dois anos.
A complexidade da sinalização
Júlio Nunes, de 81 anos, natural de Sines, passou a sua infância no campo, com os pais e os quatro irmãos. Aos 7 anos já ajudava o pai nos trabalhos da lavoura e construía os seus próprios brinquedos, utilizando os mais diversos materiais. Contudo, só começou a conduzir no ano 1972 e nunca tinha pegado num carro antes disso. “Ao contrário de muita gente da minha idade, que costumava pegar no carro logo em novo com ajuda do pai, a primeira vez que peguei num foi mesmo numa escola de condução, com um instrutor!”, contou o artesão ao i, orgulhoso. Nessa altura a única coisa que tinha conduzido tinha sido uma bicicleta a pedal, mas desde muito jovem que queria tirar a carta. “Sempre quis tirar a carta, mas naquela altura, as condições não permitiam. Ganhava-se muito pouco! Assim que eu me vi com a possibilidade, quando juntei um dinheirinho, foi a primeira coisa que fiz. Passei logo!”, lembrou, reforçando que era uma coisa que queria tanto que “não teve problemas nenhuns em aprender”. “Sentia-me muito bem ao volante. Era uma forma de independência. Lembro-me de uma vez em que o meu instrutor foi dar uma volta de carro comigo e saiu do carro… Disse-me depois para arrancar sozinho, dar a volta e regressar. Tinha tido poucas aulas, andava sempre com ele… Mas eu fui e vim! Não é que me sentisse plenamente seguro, mas foi uma boa sensação. Desde aí, nunca parei”, afirmou. O seu primeiro carro foi um Fiat 600 D que comprou por 18 contos: “Era o único dinheiro que tinha, fiquei mesmo sem nada”, revelou. A maior parte das grandes viagens era para levar a sua filha, que é música, aos concertos. “Sempre a acompanhei e, por isso, ao longo da vida ainda fiz muitos quilómetros”, explicou. Em todos estes anos, Júlio não teve um único acidente, segundo o mesmo, por “ser muito cuidadoso”. Interrogado sobre as diferenças que sente com o passar do tempo, Júlio conta que só começou a senti-las no ano passado: “Ando mais devagarinho e tenho muito mais cuidado, por causa dos reflexos. Eu às vezes não consigo reagir logo, por isso preciso de ter mais calma. Temos de estar atentos à visão, à audição e, nesta idade, principalmente não confiar nos outros”, alertou, lamentando que “isto hoje já não é como era antigamente”. “Parece que as pessoas já não querem saber das regras da estrada… Então em cidades pequenas com piscas… É muito perigoso. Não colocam, não sabemos para onde vão virar. Como os meus reflexos já não são os mesmos, tenho de ter mais cuidado nesse tipo de situação, por exemplo. Eu não entro nos cruzamentos e rotundas sem os carros passarem primeiro”, admitiu. Além disso, para si, hoje em dia “há tanto sinal diferente de quando tirou a carta que a maior parte deles nem sequer os vê”. “Não reparo neles. É uma coisa muito automática”, lamenta. Se antes gostava, agora, conduzir chega mesmo a aborrecê-lo! “Até evito! Estou mais em casa. Antes ia passear, ver família, praia… Agora vou às compras. Já não tenho aquele vício de estar sempre a pegar no carro”, afirmou. Contudo, deseja ter essa possibilidade durante mais anos. “Enquanto me deixarem, enquanto os exames forem deixando”, suspirou.
O gosto pela condução
Osvaldo Godinho, de Vila Nova de Santo André, de 85 anos, começou a conduzir em 1959 e, ao contrário de Júlio, aprendeu em casa com os seus familiares. Depois de ter as técnicas aprimoradas e ser maior de idade, propôs-se a exame e passou. “Tirei a carta com 19 anos, mas já conduzia muito! Nessa altura era normal isso acontecer! Roubava o carro do meu pai à noite e ia dar umas voltas. Era para fazer ‘banga’, como se dizia na altura. Para dar charme!”, brincou com o i. Para si, “era uma maravilha”: “Aproveitava todos os minutinhos para dar uma voltinha. E depois as boleias… Dava boleias a toda a gente! O amigo, a amiga… Sozinho não me dava tanto prazer. Gostava de fazê-lo com companhia”, explicou. Interrogado sobre o seu primeiro carro, numa tímida gargalhada, Osvaldo relembrou que o teve em 1961. “Eu era oficial da zona de guerra e nós ganhávamos mais ou menos bem. Tinha dinheirinho. Quando passei para Luanda, havia aquele êxodo, muita gente a ir embora… Vi um DKW amarelo e bege (nunca mais me esqueço) e comprei. A pronto pagamento! Foi o meu primeiro carro. Era um carro jeitosinho, andava depressa. Depois comecei a entrar em gincanas e ralis. Gostava muito de adrenalina”, contou o agora escritor. Antes de ficar viúvo, também gostava de fazer grandes viagens. “Gostava muito de passear. Quando a minha mulher era viva, saíamos daqui e dizíamos que logo voltávamos… Sem destino, sem rumo… Adorava. Agora sozinho isso já não acontece com regularidade. É diferente!”, lamentou. Apesar de ver passar os anos, Osvaldo acredita que a sua relação com a condução não foi mudando. “Sempre guiei com muito cuidado e muita atenção. Talvez tenha melhorado com a experiência, na verdade. Não sinto quaisquer falhas. Talvez na reação… Não tenho a que tinha! Mas na visão não sinto diferença nenhuma. Uso óculos!”, defendeu. Foi nas estradas que sentiu uma maior diferença. “Nas estradas mudou muito, claro! Eram estradas de terra batida, que mudaram para asfalto. Senti, claro, uma diferença muito grande! Em África eram só buracos! Areia, barro… No tempo da chuva era muito complicado! A gente para fazer 100 quilómetros, demorávamos para aí umas três horas”, elucidou. Tal como Júlio, o escritor pretende conduzir por mais anos. “Sinto-me apto para isso! Continuo a gostar de conduzir como gostava! Eu deliro! Sempre que tenho oportunidade, pego sempre o carro! Quero continuar a ser independente”, reforçou.
Uma questão de necessidade
Camila, natural de Grândola, atualmente com 85 anos, tal como Osvaldo, começou a conduzir “menor de idade”, revelou em risos ao i. Teve de esperar a maioridade para fazer o exame de condução e, quando chegou o momento, “tinha estudado o código, aprendido a conduzir e só faltava o exame”. “Tirei a carta ainda não tinha 19 anos”, sublinhou. Quando começou a conduzir, diz que se sentia muito bem, por ser uma forma de autonomia Contudo, “como não tinha dinheiro para um carro, tirei a carta de condução e comprei uma bicicleta”, afirmou em tom de gargalhada. Camila era professora e ia para a escola de bicicleta naqueles dias em que se atrasava. “Era na aldeia do Futuro, aqui ao lado de Grândola. Era fácil! Mas quando passei para uma escola que era a seis quilómetros e depois uma a 13, já me custava muito. Tive de comprar um carrinho numa oficina, daquelas oficinas de pessoas conhecidas de família... Um Volkswagen muito antigo que hoje valeria um dinheirão!”, lembrou. “O que é que lhe fiz? O rapaz que me arranjava o carro, dizia sempre: ‘Quando pensar em vender esse carro, lembre-se de mim Dona Camila! Eu gosto tanto dele’. Tinha 20 e poucos anos. Depois casei, já não precisava dele e então o meu marido teve a ideia de oferecermos o carro ao rapaz. Ficou radiante. Depois arranjou e foi com ele para corridas, desfiles de carros antigos, etc.”.
Segundo a mesma, habituou-se rapidamente a estar ao volante e, como o seu marido era “adepto de trocar de carro com alguma regularidade”, ao longo da vida, a professora reformada conduziu inúmeros, “todos muito diferentes uns dos outros”. “Tinha de me habituar!”, frisou. Nessa altura gostava de conduzir... “Agora, não conduzo por gostar ou desgostar. Conduzo porque é necessário. As coisas são todas longe da minha casa… Quando o meu marido morreu, vendi o carrão que ele tinha (era muito grande para mim) e comprei um daqueles pequeninos, muito jeitosos, que andam por aí. As coisas de que eu preciso são longe da minha casa, suficientemente longe para eu me cansar! Se eu for no meu carro, vou confortavelmente instalada e não me canso, já que todos os meus gestos são mecânicos”, explicou, reforçando que “é raro o dia em que não conduza. “Aliás, recentemente fiquei doente (fui operada a um cancro) e continuei a conduzir para todo o lado. O carro dá-me muita independência. Para Évora, para o Hospital do Litoral Alentejano, para pegar compras…”. Relativamente ao que mudou, Camila admite que só a vontade e a obrigatoriedade de ter de conduzir sempre de óculos. “São feitos de propósito para isso. São para ver melhor ao longe”, contou.
Interrogada sobre se, quando passou o exame de condução e comprou o seu primeiro carro, sentiu discriminação por ser mulher, a professora admitiu que não: “Quando tirei a carta não havia preconceito relativamente às mulheres ao volante. Havia dificuldades económicas e comentavam mais as raparigas que andavam de bicicleta. Até porque na nossa terra, quando eu andava na escola primária, havia uma senhora muito rica, que era a única senhora em Grândola que tinha carta de condução e guiava. Toda a gente a admirava. Era muito generosa. Ajudava muita gente, porque ganhou uma grande herança”, elucidou. Mas quando comprou a bicicleta, sentiu sempre muitos olhares: “Quando saía da escola, havia quem se risse, ou dissesse alguma coisa. Precisei de pedir à minha mãe que me fizesse umas calças. As saias levantavam e ela fez-me um par de calças. Era a única na vila de bicicleta e um par de calças. Nunca mais deixei as calças”, lembrou entre risos.
Apesar dos idosos, normalmente, conduzirem com mais cuidado, segundo o Lar Online, “a probabilidade de terem um acidente é maior por cada quilómetro percorrido”. Porquê? Já que são um grupo de risco por serem “mais propensos a sofrer de doenças que podem influenciar a capacidade de conduzir”, tais como problemas cardíacos e pulmonares, diabetes, demência (incluindo Alzheimer), Parkinson ou artrite. Além disso, muitos deles tomam medicamentos que “podem ter efeitos secundários que prejudicam a condução, como sonolência, tonturas, tremores e confusão mental”. “Em média, um condutor toma 12 decisões por minuto, e a circulação em ambiente rodoviário requer a avaliação de situações complexas e tomadas de decisão que sejam executadas com rapidez e adequação”, lê-se na plataforma. De acordo com o Lar Online, enquanto os jovens que estão ao volante, têm mais acidentes “causados por condução sob o efeito do álcool, excesso de velocidade ou ultrapassagens perigosas”, grande parte dos acidentes com idosos “são as baixas velocidades e devem-se às mudanças que ocorrem nas suas capacidades funcionais, que condicionam uma mobilidade segura”.
Tanto Júlio, como Osvaldo e Camila, sentem-se aptos para conduzir e voltarão a renovar a carta de condução se os exames assim o permitirem. Fonte: Sapo.
História da Medicina: o uso da Levodopa na Doença de Parkinson
por Guilherme Pompeo
Por que seria relevante saber sobre a história do uso da Levodopa (L-dopa) na doença de Parkinson? Isso não é um tema muito específico para colocarmos na série de artigos “História da Medicina”?
Bom, como todos nós sabemos (se ainda não souber, não tem problema! Ficará sabendo aqui!), a Doença de Parkinson (DP) é uma doença degenerativa do sistema nervoso central, crônica e progressiva, capaz de acrescentar elevada morbimortalidade aos pacientes que possuem a doença. Os sinais e sintomas são bem variados, mas o básico consiste em perda do controle motor individual (ex.: lentidão motora – bradicinesia, rigidez articular, tremores de repouso. Outros sintomas não motores como diminuição do olfato, alteração intestinal, alteração no sono também podem ocorrer).
Estima-se que apenas no Brasil há cerca de 250 mil portadores de DP (um número com certeza subnotificado). Trata-se da segunda doença neurodegenerativa mais comum no nosso país, e no mundo! Portanto, é uma enfermidade com grande impacto social e econômico.
O PAPEL DA LEVODOPA NA DOENÇA DE PARKINSON:
Antes de começar a falar diretamente sobre isso, temos que entender como ocorre a DP. Explicando um pouco disso, a conclusão será automática (você vai ver!).
A Doença de Parkinson é causada basicamente pela redução intensa da produção de dopamina (por perda da quantidade e qualidade das células produtoras dessa substância), que é um neurotransmissor. Essa atua na realização dos movimentos voluntários do corpo de forma automática (por exemplo, deambular – ninguém precisa pensar muito para caminhar após aprender lá na primeira infância). Com essa “falta” de dopamina, principalmente na substância negra, próxima ao mesencéfalo, o controle motor do paciente é muito prejudicado, acarretando os sinais e sintomas da doença.
Ótimo! Então, aí está! Repondo a dopamina via oral todo o problema estaria resolvido! Não é bem assim. A própria dopamina, por via oral, não consegue ser absorvida de forma adequada para o sistema nervoso central. É aí que está a grande importância da levodopa. É uma droga precursora da dopamina, capaz de alcançar o encéfalo e ser convertida à dopamina na região. Por isso, até hoje ainda é a principal droga utilizada no tratamento da Doença de Parkinson!
OUTRAS CARACTERÍSTICAS, CURIOSIDADES E INFORMAÇÕES SOBRE A LEVODOPA:
– Pode ser uma droga utilizada em qualquer estágio da doença. É extremamente eficaz para controlar sintomas como a rigidez e bradicinesia características da doença. O tratamento, e a dose dependem também do uso concomitante com outras medicações;
– A absorção da droga é realizada no intestino, iniciando seus efeitos em 30 minutos após a ingestão, possuindo duração de 3 a 5 horas. Sua absorção pode ser comprometida quando a ingestão é realizada em conjunto com proteínas.
HÁ EFEITOS COLATERAIS NO USO DA LEVODOPA?
Como qualquer outra substância utilizada na Medicina, a L-dopa também possui efeitos adversos. Um dos mais curiosos é a “flutuação motora” (ocorre principalmente nos pacientes que fazem uso prolongado da droga). Isso consiste em momentos que a substância começa a ser mais tolerada e os sintomas retornam antes da próxima dose.
Outros efeitos adversos são movimentos involuntários, compulsões, discinesias (algumas drogas podem ser utilizadas em associação para suprimir esses efeitos), anemia, hiperglicemia, náuseas e vômitos, ideação paranoide, transtorno depressivo.
Precisava introduzir o tema e dar a importância devida a essa descoberta, que foi uma daquelas que realmente marcou a Medicina.
OLIVER SACKS E A LEVODOPA – UM USO ALTERNATIVO:
Esse neurologista fazia uso da L-dopa no tratamento de pacientes com encefalite letárgica, incapazes de se mover e falar há anos, e obtinha resultados positivos.
UMA LONGA ESTRADA:
Até se chegar a L-dopa, o tratamento da DP passou por diversas tentativas. Começou em 1874 com os solanáceos (uma família de plantas florais) de Charcot. Desde essa época, muitas drogas foram testadas sem muito sucesso.
Em 1947, houve alguma esperança com a cirurgia estereotáxica, principalmente no tratamento do tremor.
Foi somente a partir de 1957, com a descoberta da presença preferencial de dopamina no corpo estriado, substância negra e globo pálido, que houve uma grande revolução no tratamento da DP.
A HISTÓRIA:
No ano de 1961 (apenas 4 anos depois da descoberta da presença da dopamina no tecido cerebral realizada pelo cientista sueco Arvid Carlsson), os pesquisadores austríacos Oleh Hornykiewivz (confesso que foi difícil de escrever este!) e Walther Birkmayer relataram um tratamento aparentemente milagroso para a Doença de Parkinson. Eles descreveram essa possível mudança emocionante da seguinte forma: “Pacientes acamados, que não conseguiam sentar, pacientes que não conseguiam se levantar da posição sentada e pacientes que, em pé, não conseguiam começar a andar, realizavam essas atividades após a L-dopa (em forma de injeção) com facilidade… Eles podiam até correr e pular. O discurso sem voz… tornou-se forte e claro.” Imaginem só a reação dos pacientes, familiares e médicos que puderam acompanhar isso pela primeira vez.
No entanto, até como já introduzido anteriormente, a dopamina e a maioria dos seus precursores, quando administrados por via oral e/ou endovenosa, não atravessavam a barreira hematoencefálica, ocasionando alguns resultados discrepantes, com melhora sintomática transitória, maior intensidade de efeitos colaterais. Fonte: Blog jaleko.
No tocante à história da levodopa, recomenda-se o filme Awakenings / Tempo de Despertar (Oliver Sacks, trata da descoberta da L-dopa, com Robert de Niro e Robin Williams)