Objetivo: atualização nos dispositivos de “Deep Brain Stimulation” aplicáveis ao parkinson. Abordamos critérios de elegibilidade (devo ou não devo fazer? qual a época adequada?) e inovações como DBS adaptativo (aDBS). Atenção: a partir de maio/20 fui impedido arbitrariamente de compartilhar postagens com o facebook. Com isto este presente blog substituirá o doencadeparkinson PONTO blogspot.com, abrangendo a doença de forma geral.
domingo, 13 de abril de 2025
Cannabis e Parkinson: O que a ciência já sabe sobre essa relação
12/04/2025 - Embora ainda limitadas, o neurologista Dr. Luis Otavio Caboclo considera que as evidências científicas abrem uma possibilidade real de utilizar a Cannabis medicinal para ampliar o cuidado e melhorar a qualidade de vida de pacientes com a doença.
A Doença de Parkinson é uma das condições neurodegenerativas mais comuns no mundo, afetando cerca de 10 milhões de pessoas globalmente, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). De caráter progressivo e ainda sem cura, a doença impacta diretamente a qualidade de vida dos pacientes, com sintomas como tremores, rigidez muscular, lentidão dos movimentos e, em estágios mais avançados, alterações no equilíbrio, cognição e comportamento emocional.
Apesar da evolução no tratamento dos sintomas, a busca por novas abordagens terapêuticas continua sendo uma prioridade para médicos, cientistas e pacientes. Nesse contexto, a Cannabis medicinal vem ganhando destaque. Mas quais são as evidências científicas sobre o uso da Cannabis na Doença de Parkinson?
O neurologista Dr. Luis Otavio Caboclo, Chief Medical Officer da Endogen – healthtech especializada em nutrição clínica e Cannabis medicinal – e professor assistente de neurologia da Faculdade Israelita Albert Einstein, explica que a Cannabis contém compostos conhecidos como canabinoides, sendo o canabidiol (CBD) e o tetraidrocanabinol (THC) os mais estudados.
“Tais substâncias interagem com o sistema endocanabinoide do organismo, responsável por regular funções como controle motor, dor, humor e sono – todas frequentemente afetadas em pacientes com Parkinson”, acrescenta o especialista.
Segundo ele, estudos preliminares indicam que o CBD possui propriedades neuroprotetoras e anti-inflamatórias, que podem ajudar a reduzir a rigidez muscular e melhorar o sono. Já o THC, embora psicoativo, também tem mostrado efeitos positivos na redução de espasmos musculares e dores crônicas. A combinação e a dosagem ideais, no entanto, ainda são objetos de pesquisas.
Limitações – Dr. Caboclo destaca ainda que, embora muitos pacientes relatem melhora significativa com o uso da Cannabis medicinal, as evidências científicas são limitadas, e os efeitos variam de pessoa para pessoa.
“Alguns estudos sugerem benefícios como redução da ansiedade e melhora da qualidade de vida, mas ainda precisamos de mais ensaios clínicos controlados para oferecer recomendações seguras e padronizadas”, afirma.
Outro ponto importante são os efeitos colaterais, que incluem sonolência, tontura e alterações cognitivas.
“Por isso, o uso da Cannabis medicinal deve sempre ser acompanhado por um profissional de saúde qualificado. Países como Canadá, Estados Unidos e Brasil já permitem seu uso sob prescrição médica, em situações específicas”, informa Caboclo.
Na passagem do Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson, celebrado em 11 de abril, a comunidade médica e a Sociedade têm uma oportunidade para ampliar os debates sobre alternativas terapêuticas que possam contribuir para melhorar a qualidade de vida desses indivíduos.
“Enquanto a ciência avança, a esperança se mantém viva para os pacientes com a Doença de Parkinson. A Cannabis medicinal pode não ser a cura para o Parkinson, mas representa um caminho promissor na busca por mais qualidade de vida para os indivíduos que sofrem com essa patologia”, conclui o neurologista. Fonte: folhadepiracicaba.
Pesquisa estima que mais de 500 mil brasileiros com 50 anos ou mais vivem atualmente com a doença de Parkinson. Principal fator de risco é o envelhecimento.
13/04/2025 - Publicado recentemente na revista científica The Lancet Regional Health – Americas, um estudo inédito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) estima que mais de 500 mil brasileiros com 50 anos ou mais vivem atualmente com a Doença de Parkinson. No entanto, o número pode mais que dobrar até 2060, ultrapassando 1,2 milhão de casos, aponta o estudo.
De acordo com o médico neurologista e um dos autores do trabalho, Artur F. Schumacher Schuh, o principal fator de risco para a doença de Parkinson é o envelhecimento populacional.
Os dados foram retirados do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil).
O estudo analisou 9.881 pessoas com 50 anos ou mais em todas as regiões do Brasil. A maior parte dos diagnósticos aparece em estágios avançados da doença. Ou seja, a doença de Parkinson tem passado despercebida nos sinais iniciais.
“Os principais sintomas que começam com a doença de Parkinson é a lentidão dos movimentos, movimentos lentos, rigidez muscular e o clássico tremor, que as pessoas associam ao Parkinson, mas nem todo Parkinson treme”, explica o pesquisador.
E a culpa não é só da falta de informação da população.
“Por uma falta de especialistas, por uma falta de conhecimento sobre o assunto, a gente precisa se preparar para esse cenário onde a gente vai ter muito mais pessoas vivendo com as levitações que o Parkinson provoca”, aponta o médico.
Homens, AVCs e depressão
Os dados revelam ainda que os homens são mais afetados que as mulheres — um padrão observado também em outros países. E as pessoas com Parkinson costumam ter outras condições associadas, como depressão e acidente vascular cerebral (AVC).
“Depressão é um sintoma típico do paciente que tem Parkinson. A gente viu que eles estão associados com AVC. Isso pode ser também por um diagnóstico que pode se confundir de AVC e Parkinson, mas outros estudos epidemiológicos também mostraram essas associações", comenta.
Além disso, o estudo aponta que pessoas com Parkinson têm mais comorbidades e consequentemente, relatam maior dependência funcional, maior uso de cadeiras de rodas, mais visitas médicas, e mais dificuldade para locomoção.
Regiões
Entre os achados da pesquisa, um dado curioso: a região Norte do país apresentou o menor número de casos autorrelatados, mas isso não significa que o Parkinson seja raro no local.
“A gente não acredita que é [raro] porque tenha menos Parkinson lá, mas a gente acredita que é porque tenha menos reconhecimento da doença”, alerta Schuh.
Viver com Parkinson
Apesar de não ter cura, a doença tem tratamento.
"Os pacientes melhoram bem. São pacientes que podem ter grandes limitações funcionais, mas a gente consegue tratar eles de uma maneira bastante boa, tanto com medicamento quanto com cirurgia", comenta.
Mas para isso acontecer, o Brasil precisa agir, segundo o pesquisador. Com a população envelhecendo, o sistema de saúde precisa estar preparado para acolher, diagnosticar e tratar essas pessoas. Hoje, estamos atrasados.
O estudo é um apelo à política pública para desenvolver um plano nacional de enfrentamento ao Parkinson. Fonte: g1 globo.
Tratamentos neuroprotetores avançam e podem ajudar pacientes
Estudos também buscam caminhos para reduzir sintomas através da neuromodulação e de um tratamento novo no Brasil
12 de abril de 2025 - Manaus
–A doença de Parkinson não tem cura, mas a medicina vem avançando
na busca por tratamentos que melhorem as condições de vida dos
pacientes. A Academia Brasileira de Neurologia (ABN) acredita que o
Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson, celebrado
em 11 de abril, é um bom momento para conscientizar a população
sobre que vem sendo feito para melhorar a qualidade de vida de quem é
afetado pela condição.
Segundo o Dr. Rubens Gisbert Cury,
coordenador do Departamento Científico de Transtornos do Movimento
da ABN, há muitas pesquisas visando o tratamento neuroprotetor da
doença. “Ainda não há nenhuma medicação neuroprotetora
comercializável, mas existem várias pesquisas nessa linha para
Parkinson”, diz o médico.
Para aliviar os sintomas, tratamentos com neuromodulação (estimulação cerebral profunda ou DBS) e mais recentemente com o HIFU (High-Intensity Focused Ultrasound) já são oferecidos. O HIFU é um procedimento que utiliza ondas de ultrassom de alta intensidade em um ponto específico do cérebro responsável pelos tremores causados pelo Parkinson. Essa terapia mostrou ser bastante eficaz no controle dos tremores e na qualidade de vida de quem tem a doença.
“Além
do DBS e do HIFU, terapias como a estimulação contínua de dopamina
também vão ajudar muitos pacientes Parkinson. Embora ainda não
exista nada curativo, o futuro dos tratamentos é promissor”,
avalia o Dr. Cury.
Importância da data
O Dia Mundial de
Conscientização da Doença de Parkinson relembra o nascimento de
James Parkinson (1755 – 1824), o médico que primeiro descreveu a
doença, e foi estabelecido pela Organização Mundial de Saúde, em
1998. O objetivo é esclarecer dúvidas sobre a doença e as
possibilidades de tratamento para que o paciente e sua família
tenham uma melhor qualidade de vida.
“A data é uma
possibilidade de trazer para as pessoas mais conhecimento da doença
neurológica, crônica, que mais cresce no mundo, em termos
proporcionais. O Parkinson cresce mais proporcionalmente do que o
Alzheimer, AVC, esclerose múltipla ou epilepsia. Hoje, estimamos
11,8 milhões de pessoas no mundo com Parkinson”, diz o Dr.
Cury.
Trata-se de uma doença altamente prevalente, que pode
ser incapacitante se não tiver tratamento adequado. “Essa
conscientização ajuda na busca por um diagnóstico mais precoce dos
pacientes, para que eles entendam quais são os sintomas e que o
tratamento, por meio de atividade física e medicações, melhora
muito a qualidade de vida”, recomenda o médico.
O que
é a Doença de Parkinson?
A doença de Parkinson é uma
doença cerebral, crônica, progressiva, causada pela redução da
produção da dopamina no cérebro. A dopamina é como se fosse o
nosso combustível. “Serve pra gente andar, correr, gesticular,
escrever, tomar banho, se vestir, trabalhar. Quando a dopamina reduz,
é como se o cérebro ficasse mais devagar. O principal sintoma do
Parkinson é a lentidão”, explica o Dr. Cury.
Outro sinal
da doença é causar rigidez nas articulações. Além disso, 70% dos
doentes sentem tremor, que aparece geralmente quando o braço está
parado, relaxado. O que é o que é peculiar do Parkinson é que
geralmente começa em um dos lados do corpo.
O Parkinson é
uma doença que tem sintomas motores, como lentidão, rigidez, tremor
e dificuldade de andar. E sintomas não motores, como dificuldade do
sono, ansiedade, depressão, apatia, alteração do olfato e
intestino preso. Os sintomas não estão presentes em todas as
pessoas, mas podem aparecer no curso da doença.
Normalmente,
o Parkinson acomete pessoas na faixa de 50, 60 anos de idade, embora
possa aparecer em pessoas mais novas. O diagnóstico da doença é
feito com base na história clínica do paciente e no exame
neurológico. Não há nenhum teste específico para o seu
diagnóstico ou para a sua prevenção. “O diagnóstico é um
quebra-cabeça, não tem uma peça só, precisamos algumas peças
para chegar no diagnóstico final”, explica o Dr. Cury.
Boa
parte das pessoas que tem Parkinson apresentam fatores genéticos. Em
média, 20% das pessoas com Parkinson têm algum familiar acometido.
Mas há também os fatores ambientais. O envelhecimento é o
principal deles. Na medida em que o cérebro vai ficando mais velho,
aumenta a chance de a pessoa ter insuficiência de dopamina. Outros
fatores de risco são poluição, alguns solventes, pesticidas,
trauma craniano, consumo de laticínios, que aumentam a chance de
desenvolver a doença.Trata-se de uma interação complexa entre
genética e ambiente.
Para o tratamento da doença há
medicamentos, terapias avançadas e mudanças no estilo de vida. A
pessoa com Parkinson deve fazer atividade física, em especial
aeróbica, como caminhada, bicicleta, natação, jogar algum esporte,
pois reduz a evolução da doença. Além disso, precisa controlar os
fatores clínicos, como diabetes, hipertensão, parar de fumar. E se
alimentar bem, ter uma dieta saudável. São três pilares: atividade
física, dieta saudável e controlar os fatores
cardiovasculares.
Também é possível repor a dopamina com
medicamentos e conforme discutido, para alguns casos, há a cirurgia,
que é a estimulação cerebral profunda (DBS) ou o procedimento
HIFU, que foca no alívio dos tremores.
Com a evolução dos
tratamentos, a expectativa de vida de uma pessoa com Parkinson é
igual à de uma pessoa sem Parkinson. A diferença é que doente de
Parkinson vai ter mais desafios e precisará se adaptar a algumas
condições. Fonte: D24am.
sábado, 12 de abril de 2025
Suicídio
Porto Alegre, 12 de abril de 2025.
Suicídio
´Dia desses me perguntaram se eu tinha idéias de me matar, cometer suicídio. É óbvio que no contexto de eu ser portador da doença de parkinson, e o interlocutor vivenciava minha flagrante decadência motora decorrente da doença.
Estou no presente disautônomo, isto é, perdi minha autonomia, dependo de terceiros, para o que der e vier. Estou restrito às quatro linhas do meu apartamento, não consigo caminhar, vendi meu carro e nem ir ao supermercado consigo mais ir.
Mas voltando ao título do textículo, hoje respondo que não tenho mais ideias suicídas, mas já as tive. Há alguns anos, quando ainda trabalhava, arquitetei minha morte, só a minha, já que não queria machucar mais ninguém. Jogaria meu carro diante de um caminhão, na conhecida curva da morte, descida da estrada que liga São Vendelino a Farroupilha (RS-122).
Digo isso hoje, porque na época, tomava levodopa, remédio que atenua os sintomas, embora em nada contribua para a estancar a evolução da doença. A levodopa deve ser tomada a cada ressurgimento dos sintomas e seu efeito durava umas duas horas e meia a três horas. Demanda cerca de meia hora para iniciar seu efeito após ingerida, contando que não se consuma proteína animal nas horas precedentes. Os períodos em que ela faz efeito são os chamados períodos “on”, enquanto os períodos em que ela não funciona mais chamam-se períodos “off”. Entre estes dois períodos, em que o efeito da levodopa cai, instaura-se uma depressão profunda. Imagine durante o dia flutuar-se entre o pico da euforia (“on”) e o vale da depressão (“off”) a cada três horas. Era um verdadeiro tobogã de emoções. Nessa época, tinha idéias suicídas.
Passados alguns anos, não tomo mais levodopa, mesmo porque a doença progrediu tanto que já não faz mais efeito, apenas provoca um forte suadouro e confusão mental. Tomo para a depressão amitriptilina e independente dela e pelo fato de ter abandonado a levodopa, nunca mais tive idéias suicídas. Estou longe do tobogã, num estado estável de humor. Diria que sou estou pessoa apática.
Prefiro a apatia à depressão profunda e cíclica diária provocada pela levodopa, que me causava tais idéias.
Ressalto que em 2006 implantei em meu cérebro um dispositivo dbs. Apesar das limitações, consiste no tratamento mais moderno para combater o parkinson, e provavelmente ele tenha me permitido chegar com vida até a presente data.
Como tenho parkinson há vinte e seis anos, me considero “das antigas” e lembro constar da velha bula do Prolopa, tida no meio parkinsoniano como sinônimo de levodopa, a advertência de que, não lembro textualmente: "Este medicamento pode causar ideações suicídas..." e na nova bula não consta tal advertência.
Ressalto que esta “intolerância” ao levodopa, é minha, não significando que tal resposta ao medicamento seja aplicável a todos usuários, mas se constava explicitamente na bula, não seria raro tal sintoma.
sexta-feira, 11 de abril de 2025
Tratamento revolucionário de Parkinson avança em direção à patente internacional
11 abr 2025 - O estudo inovador está sendo conduzido no Hospital Padilla e pode mudar o curso da doença. O Ministério da Saúde Pública, sob a liderança do Dr. Luis Medina Ruiz, destaca o compromisso provincial com a pesquisa de alto impacto.
No âmbito do Dia Mundial do Parkinson, Tucumán se posiciona como uma província pioneira em pesquisa médica com projeção global. Do sistema público de saúde, foi anunciado o avanço de um estudo que promete revolucionar o tratamento desta doença neurodegenerativa, que afeta menos de 200 pessoas na província, atualmente em acompanhamento e tratamento no setor público.
O Ministério da Saúde Pública, Medina Ruiz, acompanha e promove esta linha de pesquisa que pode marcar um antes e um depois na medicina neurológica. O desenvolvimento, que começou no Hospital Padilla e atualmente está na fase multicêntrica, está próximo de obter uma patente nos Estados Unidos, um passo fundamental para sua futura comercialização internacional.
"Estamos muito avançados. Este tratamento, nascido em Tucumán, poderá estar disponível no mundo em poucos anos", disse orgulhosamente o Dr. Medina Ruiz. Como detalhou, trata-se de uma molécula derivada de um antibiótico, da qual foi extraída a sua ação antibiótica, deixando uma substância pura que, administrada uma vez por dia, tem o potencial de travar e até reverter a evolução do Parkinson.
A descoberta não passou despercebida: um empresário francês, com forte poder econômico e sensibilidade para a pesquisa médica, entrou em contato com os autores do estudo e atualmente colabora ativamente no processo de patenteamento internacional.
Ao contrário do que comumente se acredita, o Parkinson não se manifesta apenas com tremores. Em muitos casos, a rigidez muscular é o sintoma mais limitante. "É importante notar que as pessoas com Parkinson mantêm sua lucidez e capacidade cognitiva. Eles precisam de apoio, contenção familiar e tratamentos que lhes permitam passar pela doença com dignidade e qualidade de vida", explicou o ministro.
O Ministério da Saúde Pública destaca o valor da ciência local, o investimento em saúde pública e a convicção de que a inovação também pode ter um cunho de Tucumán. "Devemos estar orgulhosos. Esse progresso não representa apenas esperança para milhares de pacientes no mundo, mas também o reflexo de um sistema de saúde comprometido com a excelência e o futuro", concluiu o ministro. Fonte: comunicaciontucuman.
segunda-feira, 7 de abril de 2025
Terapia de Parkinson retarda a disseminação de alfa-sinucleína em camundongos: Dados
NDC-0524 da Nitrase reduz agregação, mostram dados pré-clínicos
7 de abril de 2025 - O NDC-0524 da Nitrase Therapeutics, uma terapia de anticorpos para a doença de Parkinson, reduziu significativamente a agregação e a disseminação de alfa-sinucleína em modelos de camundongos da doença, de acordo com dados pré-clínicos divulgados pela empresa.
O anticorpo tem como alvo a alfa-sinucleína nitrada, uma forma mal dobrada da proteína que forma aglomerados tóxicos nos neurônios dopaminérgicos, as células nervosas perdidas na doença de Parkinson. Nitrase disse que os achados pré-clínicos sugerem que o NDC-0524 pode retardar a progressão dos sintomas em pessoas com a doença.
"Esses dados demonstram que nosso anticorpo neutraliza a sinucleína nitrada secretada, ajudando a prevenir a disseminação da patologia de Parkinson de neurônios doentes para neurônios saudáveis", disse Irene Griswold-Prenner, PhD, CEO da Nitrase, em um comunicado à imprensa da empresa. "Essas descobertas promissoras foram altamente consistentes em vários estudos in vivo conduzidos separadamente e para diferentes regiões do cérebro."
Espera-se que um primeiro estudo de Fase 1/2a em humanos envolvendo voluntários saudáveis e pessoas com Parkinson comece ainda este ano. O estudo avaliará a segurança, tolerabilidade e propriedades farmacológicas do NDC-0524, biomarcadores que refletem a capacidade do anticorpo de envolver alfa-sinucleína nitrada, bem como sua capacidade de desencadear uma resposta imune.
Os resultados foram abordados em uma apresentação oral intitulada "Eficácia pré-clínica e desenvolvimento de um anticorpo anti-alfa-sinucleína nitrato para o tratamento da doença de Parkinson", na conferência sobre a doença de Alzheimer e a doença de Parkinson, que aconteceu de 1 a 5 de abril em Viena.
Proteína mal dobrada propensa a aglomeração no cérebro
Na doença de Parkinson, a perda de neurônios produtores de dopamina está ligada ao acúmulo de aglomerados tóxicos de proteína alfa-sinucleína mal dobrada, conhecidos como corpos de Lewy. Esses aglomerados podem se espalhar pelo cérebro e contribuir para a progressão dos sintomas motores de Parkinson.
Os corpos de Lewy são ricos em alfa-sinucleína nitrada, que consiste na introdução de um grupo químico chamado nitro que muda como a proteína funciona ou onde ela está localizada nas células. A alfa-sinucleína nitrada pode ser menos solúvel do que outras formas da proteína, tornando-a mais propensa a se aglomerar. “A presença de alfa-sinucleína nitrada agregada nos neurônios de pacientes [de Parkinson] foi bem ilustrada por muitos no campo da neurodegeneração, e também foi demonstrado anteriormente que induz morte neuronal dopaminérgica e déficits motores em camundongos”, disse Griswold-Prenner.
O NDC-0524 é um anticorpo monoclonal que se liga à forma nitrada de alfa-sinucleína. O tratamento visa reduzir o acúmulo de aglomerados de proteínas prejudiciais e potencialmente retardar a progressão da doença, reduzindo a "transmissão de doenças célula a célula", disse a empresa.
Em modelos pré-clínicos de Parkinson que recapitulam a aglomeração e disseminação de alfa-sinucleína, o anticorpo reduziu significativamente os agregados de proteínas em até 88%, disse Nitrase.
Os dados mostraram que o tratamento superou o prasinezumabe, um anticorpo experimental que se liga principalmente à alfa-sinucleína normal/não nitrada, em 31% em uma dose equivalente, embora a diferença não tenha sido estatisticamente significativa. Os resultados foram consistentes em vários modelos de camundongos avaliando diferentes regiões do cérebro, apoiando o papel da alfa-sinucleína nitrada e do potencial do NDC-0524 como um possível tratamento para Parkinson.
Além do NDC-0524, a empresa está desenvolvendo pequenas moléculas projetadas para inibir o GLOD4, uma enzima com atividade de sinucleína nitrase responsável pela nitração de alfa-sinucleína. O bloqueio da atividade do GLOD4 pode impedir a formação de aglomerados tóxicos de alfa-sinucleína, de acordo com a empresa. Fonte: Parkinsonsnewstoday.
sexta-feira, 4 de abril de 2025
Farmacêutica portuguesa Bial lança medicamento mais cómodo para doentes com Parkinson
A farmacêutica portuguesa Bial lançou um novo medicamento para os doentes com Parkinson. A novidade está na forma de administração, mais cómoda e que traz alivio mais rápido dos sintomas.
03 abr.2025 - A apomorfina é um medicamento injetável já muito conhecido, mas chega agora num formato inovador. Uma película que se coloca sob a língua para uma absorção rápida.
"É um medicamento que permite com alguma rapidez, com 15 a 30 minutos, começar a melhorar o momento off e permite que o doente entre em on, portanto que fique melhor em termos motores e tem a facilidade de poder ser administrado pelo doente quando precisar", explica à SIC a neurologista Margarida Rodrigues.
"Parece pouca coisa mas acho que adiciona extraordinariamente à qualidade de vida de um doente que muitas vezes sabem quando vão ter estes momentos, mas muitas vezes não sabem quando os vão ter", salienta António Portela, CEO da Bial.
Chegou aos mercados português e espanhol no dia 1 deste mês. É comercializado na Alemanha, onde é fabricado, desde maio de 2024. Este lançamento da Bial vem para complementar o tratamento dos sintomas de Parkinson.
"Nos primeiros anos da doença, apresenta estabilidade com os tratamentos, [mas] a partir do momento em que começam a apresentar momentos de bloqueio, podem ter indicação para usar a apormofina sublingual", diz a neurologista.
Esta doença neurodegenerativa e sem cura afeta cerca de 20 mil pessoas em Portugal. Provoca, de forma variável, a lentificação dos movimentos, rigidez e tremor.
Na Bial está em curso um ensaio para o primeiro medicamento que pretender atuar na causa. Destina-se a doentes com uma mutação específica.
"Se os resultados forem extraordinários, as autoridades normalmente querem que os medicamentos cheguem o mais depressa possível a doentes, principalmente quando não há alternativas. (...) Correndo os tempos normais, só lá para 2030 é que esperamos que esteja no mercado", prevê o CEO da Bial.
O parkinson afeta cerca de 10 milhões de pessoas em todo o mundo e é a segunda doença neurodegenerativa mais comum, a seguir ao Alzheimer. Estima-se que a incidência duplique até 2050. Fonte: sicnoticias.
Um sistema de estimulação cerebral profunda sem fio baseado em nanopartículas que reverte a doença de Parkinson
15 de janeiro de 2025 - Resumo
A tecnologia de estimulação cerebral profunda permite a modulação neural com controle espacial preciso, mas requer implantação permanente de conduítes (eletrodos). Aqui, descrevemos um nanosistema de estimulação cerebral profunda sem fio fototérmica capaz de eliminar agregados de α-sinucleína e restaurar neurônios dopaminérgicos degenerados na substância negra para tratar a doença de Parkinson. Este nanosistema (ATB NPs) consiste em nanocasca de ouro, um anticorpo contra o membro da família vaniloide do potencial do receptor transiente sensível ao calor 1 (TRPV1) e peptídeos β-sinucleína (β-syn) com um ligante responsivo ao infravermelho próximo. Os NPs ATB por injeção estereotáxica têm como alvo neurônios dopaminérgicos que expressam receptores TRPV1 na substância negra. Após irradiação pulsada no infravermelho próximo, os NPs de ATB, servindo como nanoantenas, convertem a luz em calor, levando ao influxo de íons de cálcio, despolarização e potenciais de ação em neurônios dopaminérgicos por meio de receptores TRPV1. Simultaneamente, os peptídeos de β-sinucleína liberados dos NPs de ATB cooperam com a autofagia mediada por chaperona iniciada pela proteína de choque térmico, HSC70, para eliminar efetivamente as fibrilas de α-sinucleína nos neurônios. Essas ações orquestradas restauraram os neurônios dopaminérgicos patológicos e os comportamentos locomotores da doença de Parkinson.
INTRODUÇÃO
A doença de Parkinson (DP) é um distúrbio neurodegenerativo crônico caracterizado por disfunção motora e comprometimento da memória, que resultam da degeneração dos neurônios dopaminérgicos (DA) e da subsequente perda de DA na substância negra (SN) pars compacta e estriado (1). O foco principal das terapias médicas atuais é aumentar os níveis de DA estriatal, aliviando assim os sintomas em pacientes com DP. Atualmente, a principal estratégia terapêutica para DP reside principalmente em agentes que aumentam a sinalização de DA, notavelmente l-dopa e agonistas de DA (2, 3). Apesar de vários estudos, a progressão da DP raramente é efetivamente remediada pelas abordagens existentes devido à sua falha em restaurar neurônios degenerados no SN com modulação espacial precisa, ressaltando a necessidade urgente do desenvolvimento de estratégias terapêuticas inovadoras (4).
A estimulação cerebral profunda (DBS) pode resgatar neurônios lesionados excitando precisamente neurônios específicos usando estímulos externos, como luz, eletricidade, som e magnetismo (5). Entre esses estímulos, a estimulação de luz infravermelha próxima (NIR) provou ser particularmente eficaz na penetração de tecidos cerebrais profundos, incluindo o SN (6–8), despolarizando células ou induzindo potenciais de ação em neurônios (9, 10). Notavelmente, esses DBS mediados por estímulo geralmente requerem a implantação permanente de conduítes. Para superar essa limitação, uma abordagem alternativa é usar a optogenética, que introduz seletivamente genes exógenos que codificam proteínas sensíveis à luz (como canalrodopsinas) em neurônios alvos para modular a despolarização neuronal mediante exposição a estímulos luminosos (11, 12). Essa técnica é frequentemente realizada com o uso de transfecção ou transdução viral para conduzir a expressão gênica sensível à luz, o que levanta questões de segurança. Por exemplo, a síndrome cerebelar foi relatada em primatas tratados com vetores virais (13). Portanto, a estimulação direta de receptores expressos endogenamente nos neurônios danificados no SN sem modificação genética contornaria as preocupações acima. Um desses receptores é o membro da família vaniloide do potencial do receptor transiente sensível ao calor 1 (TRPV1), também um canal iônico, que é altamente expresso em neurônios DA no SN (14–16). Esses receptores podem ser ativados por estimulação térmica externa para causar influxo de cátions (17, 18), uma despolarização subsequente de neurônios (19–22) e possivelmente a liberação de DA (23). Assim, levantamos a hipótese de que os canais iônicos TRPV1 podem servir como um alvo modulador para ativar neurônios DA no SN para terapia de DP. (segue…) Fonte: science.