domingo, 30 de março de 2025

Suicídio assistido garante uma morte digna? Veja histórias de quem decidiu encerrar a própria vida

Opção de escolher como e quando morrer tem atraído mais pessoas aos 14 países onde a prática é legalizada. Conheça histórias de quem decidiu encerrar a própria vida

Dos 14 países onde a morte voluntária assistida (MVA) é legaliza- da, oito deles estão na Europa: Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Holanda, Luxemburgo, Portugal e Suíça. Dois são da América do Norte (EUA e Canadá), dois da América do Sul (Equador e Colômbia) e dois da Oceania (Austrália e Nova Zelândia) — Foto: Gustavo Magalhães

30/03/2025 - Um ferro de passar roupa, em alta temperatura, encostado no rosto. É assim que Carolina Arruda, de 27 anos, descreve a dor que sente. Algumas crises são tão fortes que ela chega a desmaiar. “É como se o cérebro desligasse o corpo para protegê-lo do sofrimento”, diz. A estudante de veterinária tinha 15 anos quando começou a sentir os primeiros “choques elétricos”. Achou que fosse sequela da dengue e não deu importância. Mas, a dor, antes esporádica, se tornou frequente. Cinco anos e 27 médicos depois, veio o diagnóstico: neuralgia do trigêmeo. Os neurologistas costumam se referir a essa condição, que afeta um nervo da face, como “a pior dor do mundo”.

Desde 2018, Carolina já tentou incontáveis tratamentos. Foram seis cirurgias – a última, em agosto, para implantar uma bomba de morfina no cérebro. O procedimento não deu o resultado esperado. De uns anos para cá, ela passou a cogitar o suicídio assistido na Suíça, um dos 14 países do mundo onde a morte assistida é legalizada. Já conseguiu arrecadar R$ 145 mil, via crowdfunding, para custear o processo. “Não espero ficar curada. Perdi essa ilusão”, diz Carolina, casada há três anos e mãe de uma menina de dez. “Na veterinária, quando sacrificamos um animal, não é por maldade, é por misericórdia. É para aliviar o sofrimento dele”, explica.

A vontade de Carolina de colocar um ponto final na própria vida foi alcançada, há alguns meses, por outro brasileiro, o poeta e filósofo Antonio Cicero, de 79 anos. No dia 18 de outubro de 2024, Cicero viajou para Paris pela última vez com seu marido, o figurinista Marcelo Pies, de 62. Na capital francesa, assistiram a uma exposição no Centro Georges Pompidou, visitaram a igreja Sainte-Chapelle e jantaram no restaurante La Coupole. Dois dias depois, seguiram para Zurique, na Suíça. Lá, o imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) cumpriu seu último desejo: uma morte digna e indolor. “Minha vida se tornou insuportável”, confessou, em carta aos amigos.

Antonio Cicero tomou a decisão em julho de 2023, depois de receber o diagnóstico de Alzheimer. Em pouco tempo, a doença neurodegenerativa se tornou implacável: o impediu de escrever versos – como “Tolice é viver a vida assim sem aventura”, da canção O Último Romântico, de Lulu Santos – e de redigir ensaios. Não bastasse, já não lembrava mais o que tinha feito na véspera, nem reconhecia quem encontrava pelas ruas. Pior: não conseguia mais ler, uma de suas paixões. Na terça, dia 22, telefonou para a irmã, a cantora e compositora Marina Lima, para dar adeus. “Espero ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade”, concluiu, em sua carta de despedida. Morreu no dia 23 de outubro de 2024.

A organização que ajuda pessoas a morrer

A instituição onde Antonio Cicero morreu se chama Dignitas – “Dignidade”, em latim. Foi fundada em 1998 pelo advogado suíço Ludwig Minelli e acolhe pacientes do mundo inteiro com doenças incuráveis ou incapacitação irreversível. Até 2022, ajudou 3,6 mil pacientes a morrer. Desses, 1,4 mil são alemães, 527 britânicos e 498 franceses, entre outras nacionalidades. Três eram brasileiros.

Outro na lista de pacientes famosos foi o ex-jogador de futebol americano Brian Ameche. “Prefiro morrer de pé a viver de joelhos”, alegou, ao descobrir-se com Alzheimer, em 2019. Três anos antes, em 2016, sua esposa, Amy Bloom, começou a notar os primeiros sintomas: fazia a mesma pergunta repetidas vezes, não conseguia memorizar datas e esquecia os nomes das netas. Sua história está contada no livro In Love – A Memoir of Love and Loss (2022), escrito por Bloom. “Sinto sua falta, mas não me arrependo de tê-lo ajudado a fazer o que ele achava ser o melhor para ele”, ela garante. “No lugar dele, teria tomado a mesma decisão”. Nos EUA, 11 dos 50 estados, como Califórnia e Washington, aprovam o suicídio assistido. Mas, como é exigida uma expectativa de vida menor que seis meses, o casal teve que viajar para a Suíça, em janeiro de 2020.

Quem passou por um drama parecido foi Andrew Solomon. Em agosto de 1989, sua mãe, Carolyn, descobriu um câncer no ovário e foi submetida a quimioterapia. De nada adiantou. “Não quero que lembre de mim”, recorda o escritor, “gritando em um leito de hospital”. Em outubro de 1990, sua mãe teve acesso a uma droga que, ingerida por via oral, daria fim ao seu sofrimento. Por incrível que pareça, sua vida ganhou novo sentido. “Enquanto houver a mais remota chance de eu ficar boa, continuarei com o tratamento. Quando disserem que estão me mantendo viva, mas sem a menor chance de recuperação, eu paro”, avisou.

No dia 19 de junho de 1991, o médico advertiu: se não fizesse uma cirurgia no intestino, não conseguiria mais ingerir alimentos. Foi quando ela decidiu tirar a própria vida. Carolyn morreu em casa, em Nova York, ao lado do marido, Howard, e dos filhos, Andrew e David. Suas últimas palavras foram: “Obrigada pela massagem, David!”, ditas para o caçula que massageava seus ombros. “Penso em acabar com a minha vida todos os dias. Mas, sempre opto por não fazê-lo. Saber que tenho escolha é o que me mantém vivo e em movimento”, filosofa o autor que, em O Demônio do Meio-Dia (Companhia das Letras, 2018), relata suas batalhas contra a depressão.

“Sinto sua falta, mas não me arrependo de tê-lo ajudado a fazer o que ele achava ser o melhor para ele”

— Amy Bloom, esposa de Brian Ameche, ex-jogador de futebol americano diagnosticado com Alzheimer que optou pelo suicídio assistido em janeiro de 2020

O país onde se vai para morrer

Na Suíça, pelo menos três instituições promovem o suicídio assistido: Dignitas, Lifecircle e Pegasos. A advogada Luciana Dadalto, Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), acompanhou o suicídio assistido de um australiano de 65 anos com diagnóstico de Parkinson, na Pegasos, em 2019. Já o geriatra Daniel Azevedo, Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o de um brasileiro de 70 anos com múltiplas doenças crônicas, na Dignitas, em 2023.

No primeiro caso, o paciente veio a óbito depois de administrar, ele próprio, uma substância letal na veia. Como a eutanásia é proibida na Suíça, é preciso que a própria pessoa acione a bomba de infusão. O procedimento foi gravado e entregue à polícia para averiguação. No segundo caso, o método seria diferente: em vez de morrer por infusão intravenosa da droga, morreria após tomar a substância por via oral. Acontece que, na manhã do procedimento, o paciente mudou de ideia e voltou ao Brasil. “Não explicou o porquê da desistência; apenas alegou motivos pessoais”, afirma Azevedo, autor do livro O Melhor Lugar para Morrer (Appris, 2020). “Meses depois, morreu em casa, por progressão da doença, recebendo o cuidado paliativo necessário”.

Morte assistida é uma expressão que engloba duas situações em que a pessoa doente recebe assistência para abreviar a vida: suicídio assistido e eutanásia — Foto: Gustavo Magalhães

A palavra paliativo vem do latim pallium, e quer dizer “manto” ou “cobertor”. “Era o manto usado para proteger das intempéries os cavaleiros que lutavam nas cruzadas”, explica o publicitário Tom Almeida, fundador do movimento InFINITO e presidente do Instituto Ana Michelle Soares. Por analogia, paliativos são os cuidados que dão proteção ao paciente e sua família contra o sofrimento causado pela doença ou por seu tratamento.

No Brasil, uma das maiores referências no movimento pela valorização dos cuidados paliativos era a jornalista e escritora Ana Michelle Soares (1982-2023). “AnaMi” tinha 28 anos quando descobriu o câncer de mama e 32 quando constatou metástase no fígado. Autora dos livros Enquanto Eu Respirar (Sextante, 2019), Vida Inteira (2021) e Entre a Lucidez e a Esperança (2023), morreu no dia 21 de janeiro de 2023, aos 40 anos. “Quando alguém diz ‘cuidado paliativo’, se pensa logo ‘quando não há mais nada a fazer’. Mas, é o contrário. É para viver com qualidade, mesmo tendo uma doença grave – não importando se é incurável, crônica ou terminal. O importante é tocar no assunto. Quanto mais a gente evita falar de morte, menos informação tem”, analisa Almeida.

Doenças com tratamento complexo costumam ser as principais razões que fazem pessoas buscarem a prescrição de remédios para morrer. Um estudo publicado na revista JAMA Internal Medicine, que envolveu instituições do Canadá, Estados Unidos e Europa, indicou que pessoas com ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica) representavam 17% dos pedidos do tipo. Em seguida estão pacientes com câncer - entre 3 e 4% do total. Outras condições (como doenças cardíacas) somam menos de 1%. Prescrições do tipo exigem que o paciente tenha prognóstico de vida de menos de seis meses. Mas as normas podem variar de acordo com o país: na Holanda, por exemplo, há casos de quem já recebeu a autorização após comprovar sofrimento mental ou doenças não terminais, como a síndrome da fadiga crônica.

A cada dez, sete desistem

Casos como o do brasileiro que, no dia do suicídio assistido, voltou atrás em sua decisão de morrer, não são raros. A proporção é de sete desistências para cada dez inscrições. A estimativa é da médica Erika Preisig. Ela é presidente da Lifecircle, fundada em 2011, e autora do livro Dad, You Are Allowed To Die (2019). Desde 2022, a Lifecircle não aceita novos membros. No momento, são 1.235 associados. Só do Brasil, são cinco – eram nove, mas três morreram por causas naturais e um por morte assistida. “Quem procura uma instituição dessas sofre de doença incurável, não tem esperança de melhora e quer dar fim ao seu sofrimento”, conta. “Essas pessoas não têm medo de morrer, têm medo de sofrer. A morte é inevitável, mas o sofrimento pode ser insuportável”.

Assim como a Lifecircle é uma dissidência da Dignitas, a Pegasos, criada em 2019, é uma dissidência da Lifecircle. Seu fundador, Ruedi Habegger, é irmão de Erika Preisig. “No Brasil, ainda não temos o direito de escolher ‘como’ e ‘quando’ morrer porque tanto o suicídio assistido quanto a eutanásia são proibidos por lei”, observa Luciana Dadalto, autora de Testamento Vital (Foco, 2022). “Estamos longe de legalizar qualquer forma de morte assistida porque o tema esbarra em questões ideológicas e religiosas”.

Praticar suicídio assistido na Suíça não é barato: custa 10 mil euros – algo em torno de R$ 60 mil, na cotação atual. Isso, sem contar as despesas com passagem e hotel. E pode levar dois meses, desde o primeiro contato até o procedimento. É o que explica o jornalista Adriano Silva, autor de O dia em que Eva decidiu morrer (Vestígio, 2025) e editor do site Boa Morte. No livro-reportagem, ele conta a história verídica de Eva (nome fictício), uma filósofa brasileira que decidiu se submeter ao suicídio assistido na Suíça depois de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC). O procedimento inclui, entre outros trâmites, entrevistas em vídeo, consultas presenciais e envio de exames, laudos e atestados. “O Brasil é um país tanatofóbico [com medo da morte]”, define o autor. “Fazemos de tudo para não pensar na morte ou falar dela. No entanto, não há nada mais certo na vida do que morrer. É a única certeza que temos. A única coisa que podemos fazer diante da própria finitude é tentar morrer de modo digno e sem sofrimento. Ninguém deve ser obrigado a ter uma morte horrível”.

Empecilhos legais no Brasil

Dos 14 países onde a morte voluntária assistida (MVA) é legalizada, oito deles estão da Europa: Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Holanda, Luxemburgo, Portugal e Suíça. Dois são da América do Norte (EUA e Canadá), dois da América do Sul (Equador e Colômbia) e dois da Oceania (Austrália e Nova Zelândia). Quatro não legalizaram a eutanásia: Alemanha, Áustria, Suíça e EUA. “Morte assistida é uma expressão que engloba duas situações em que a pessoa doente recebe assistência para abreviar a vida: suicídio assistido e eutanásia”, explica o geriatra Daniel Azevedo. “No primeiro caso, o agente é a própria pessoa; no segundo, o agente é externo. Mas, em ambos os casos, os procedimentos são feitos por determinação da própria pessoa”.

O psiquiatra Rodolfo Furlan Damiano, um dos organizadores do livro Compreendendo o Suicídio (Manole, 2021), aponta outra diferença: “Enquanto as discussões sobre eutanásia costumam focar em pacientes com doenças em estágio terminal, o suicídio assistido frequentemente aborda casos em que o paciente ainda possui capacidade funcional, mas enfrenta sofrimento físico ou psicológico intolerável”. No Brasil, as duas práticas são ilegais. A eutanásia é considerada homicídio e o suicídio assistido configura crime de participação ou indução ao suicídio.

Em latim, eutanásia significa “morte boa”. Isto é, sem sofrimento. O termo foi proposto pelo filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626) em Historia Vitae et Mortis (1623). É quando o médico, ou algum membro da família, provoca, deliberadamente e movido por compaixão, a morte do paciente.

O sufixo “tanásia” aparece em pelo menos dois outros termos médicos: ortotanásia (“morte certa”) e distanásia (“morte lenta”). No primeiro caso, o médico, em respeito à vontade de um paciente terminal, resolve suspender procedimentos, tão sofridos quanto inúteis, que prolongam de maneira artificial a vida do doente. No segundo caso, o médico recorre a todos os meios, extraordinários e experimentais, para prolongar a vida (e o sofrimento) de um paciente grave, quase vegetativo, sem qualquer chance de cura. Um exemplo clássico de ortotanásia, cita o médico Antônio Carlos Lopes, do livro Eutanásia, Ortotanásia e Distanásia (Atheneu, 2018), é o de João Paulo II (1920-2005): “Em seus últimos dias, o Papa decidiu morrer em seus aposentos. Pediu para não ser mais levado ao hospital. Não queria mais ser submetido a nenhum tipo de tratamento”.

Em 2017, Vitor Hugo Brandalise transformou em livro, O Último Abraço (Record), uma notinha de jornal. Três anos antes, tinha lido, na Folha de S. Paulo de 30 de setembro de 2014, a história real de Nelson e Neusa Golla. Todas as tardes, Nelson, de 72 anos, visitava a esposa, Neusa, de 70, numa clínica de repouso. Vítima de dois AVCs, ela precisou ser internada e entrou em depressão. Durante as visitas, o marido gostava de umedecer a boca da mulher com água de coco, sua bebida favorita. Um dia, a enfermeira avisou que, por recomendação médica, ela passaria a ser alimentada por meio de sonda. “Quero morrer”, balbuciou Neusa. “Me tira daqui”.

“A única coisa que podemos fazer diante da própria finitude é tentar morrer de modo digno e sem sofrimento. Ninguém deve ser obrigado a ter uma morte horrível”

— Adriano Silva, jornalista e autor do livro-reportagem "O dia em que Eva decidiu morrer"

Em casa, Nelson improvisou uma bomba com fogos de artifício, amarrou o artefato no corpo e voltou para a clínica. No primeiro dia, não teve coragem de acionar o explosivo. No segundo, idem. No terceiro, praticou o que acreditava ser uma eutanásia. “Lembrem-se de nós nos momentos de alegria”, pedia no bilhete de despedida no porta-luvas do carro. Neusa morreu; Nelson, não. Preso, passou por uma clínica psiquiátrica e chegou a responder por homicídio. Morreu cinco anos depois, em 2019.

Cansaço de viver?

Em geral, os candidatos a suicídio assistido são pacientes em fase terminal, que relatam intenso sofrimento e se queixam de dores insuportáveis. Mas há casos atípicos, como o do cientista inglês David Goodall (1914-2018). Ele não tinha câncer, Alzheimer ou qualquer outra doença grave. Apenas dizia que sua qualidade de vida tinha piorado nos últimos 5 ou 10 anos. “O fenômeno da vida concluída é uma vivência experimentada por pessoas de idade avançada”, explica a advogada Sálvia Haddad, Mestre em Direito Constitucional pela Universidade de Fortaleza (Unifor) e autora de Suicídio Assistido por Completed Life (Foco, 2021). “O idoso deixa de sentir desejo de viver porque acredita que não há mais o que viver. É um cansaço existencial”.

Goodall tinha 104 anos quando morreu, na manhã de 10 de maio de 2018, na Lifecircle. “Quero morrer, e isso não é triste. Triste é ser impedido de morrer”, declarou, em abril, no seu aniversário. Na véspera de sua morte, jantou peixe e batata frita, com cheesecake como sobremesa. Antes de receber uma injeção letal – a OMS recomenda que não seja divulgado o nome da substância –, ouviu Ode à Alegria, da Nona Sinfonia de Beethoven. Por não acreditar na vida depois da morte, dispensou o funeral. Mas, pediu para seu corpo ser doado à medicina.

Quem acompanhou de perto o suicídio assistido de David Goodall foi Philip Nitschke, o presidente da Exit, instituição fundada em 1997 na Austrália. Em 1999, Nitschke foi procurado por uma professora francesa aposentada chamada Lisette Nigot. Aos 77 anos, ela queria tirar a própria vida antes de chegar aos 80. A exemplo de Goodall, Nigot não estava doente; apenas já tinha vivido o suficiente. “Por que você não escreve um livro ou viaja pelo mundo?”, sugeriu o médico. “Por que você não cuida de sua vida?”, rebateu a mulher. “Quem sou eu para dizer a ela o que fazer?”, pensou Nitschke, envergonhado.

Três anos antes, ele tinha construído um aparelho que, depois de responder a uma série de perguntas, como “Sabe o que acontece se você apertar esse botão?”, liberava uma dose letal de barbitúricos (remédios que têm efeito sedativo e calmante). Foi usado no dia 22 de setembro de 1996 por Bob Dent, paciente com diagnóstico de câncer de próstata. Desde 2000, a Deliverance Machine (“Máquina da Libertação”, em livre tradução) virou peça de museu: está em exposição no Museu da Ciência, em Londres. Há alguns anos, Nitschke criou outra engenhoca: um sarcófago futurista apelidado de “Sarco”. Em vez de injetar a droga no braço do paciente, o aparelho libera nitrogênio dentro de uma cápsula. “O suicídio assistido deveria ser um direito de todos e não um privilégio para alguns”, protesta Nitschke.

“Coloquem Kid Abelha para eu escutar”

— Luciana Dadalto, advogada que escreveu um “testamento vital”. Documento indica cuidados pré-morte que ela quer receber – e até o que deseja ouvir na hora de morrer

Testamento vital encaminha final da vida

O músico Andreas Kisser não sabia quase nada sobre cuidados paliativos. Só começou a se inteirar do assunto quando a esposa, a empresária Patrícia Kisser, deu início a um tratamento oncológico, em 2021. Em janeiro daquele ano, ela foi ao médico investigar uma suposta pedra no rim. Voltou da consulta com suspeita de câncer no cólon. Para destruir o tumor, passou por sessões de quimioterapia. “Os últimos seis meses foram os mais difíceis”, diz o viúvo. Patrícia morreu no dia 3 de julho de 2022, aos 52 anos. “O Brasil é o terceiro pior lugar do mundo para morrer”, argumenta o guitarrista do Sepultura, referindo-se ao estudo que coloca o país na antepenúltima posição em um ranking de 81 nações – estamos à frente apenas do Paraguai e do Líbano. “Por que não temos a liberdade para decidir como queremos viver nossos últimos dias?”.

Em homenagem à esposa, Andreas Kisser fundou o Mãetrícia, movimento que debate, entre outras pautas, o testamento vital. A advogada Luciana Dadalto já fez o dela. No documento, recusa técnicas invasivas, como cirurgias e biópsias, e evita procedimentos desnecessários, como ventilação mecânica e reanimação cardiopulmonar, daqueles que prolongam o tempo de internação, mas não melhoram a qualidade de vida. Há espaço até para um pedido inusitado: “Coloquem Kid Abelha para eu escutar”.

Outro termo ainda pouco conhecido é hospice. Quem explica seu significado é a médica oncologista Dalva Yukie Matsumoto, coordenadora do Serviço de Cuidados Paliativos do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo (HSPM-SP). O conceito nasceu no Reino Unido com a médica Cicely Saunders. Em 1967, ela fundou o St. Christopher Hospice, o primeiro do mundo a oferecer cuidado integral ao paciente, do controle dos sintomas até o alívio da dor.

No Brasil, o governo federal inaugurou, em 31 de janeiro de 2025, o Hospital Estadual Mont Serrat, em Salvador (BA), o primeiro hospital público do país especializado em cuidados paliativos. A unidade tem 70 leitos e capacidade para atender 2 mil pacientes por mês. A equipe de 435 colaboradores abrange, entre outros profissionais de saúde, médicos, enfermeiros e psicólogos. “Nosso objetivo não é adiar a morte do paciente. Muito menos apressá-la. Queremos apenas aliviar sua dor e oferecer apoio para a família”, explica Matsumoto.

ATENÇÃO: Se você ou alguém que você conhece está lutando contra a depressão ou pensamentos suicidas, entre em contato pelo telefone 188; o serviço funciona 24 horas. O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo. Fonte: revistagalileu.

Esta é a relação entre solidão e transtorno neurológico, segundo estudo

A ciência reforça: cuidar da mente e das relações sociais pode ser um fator-chave na prevenção de doenças neurológicas

29/03/2025 - O Parkinson é uma doença neurodegenerativa que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo. Estima-se que mais de 250 mil brasileiros sejam diagnosticados com essa condição, enquanto globalmente o número ultrapassa quatro milhões. Apesar de avanços na pesquisa, suas causas exatas ainda permanecem um mistério, desafiando cientistas a entenderem melhor essa enfermidade e os fatores que podem influenciar seu desenvolvimento.

A solidão como fator de risco

Um estudo publicado na revista JAMA Neurology trouxe uma descoberta surpreendente: a solidão pode aumentar significativamente o risco de desenvolver Parkinson. Para chegar a essa conclusão, pesquisadores acompanharam 491.603 indivíduos ao longo de 15 anos. No início da pesquisa, nenhum dos participantes havia recebido o diagnóstico da doença. No entanto, ao final do período de estudo, 2.822 pessoas desenvolveram Parkinson.

A análise revelou que aqueles que relataram sentir-se solitários apresentavam um risco maior de desenvolver a doença. E mesmo quando outros fatores de risco, como idade, índice de massa corporal, histórico familiar, tabagismo, atividade física e problemas de saúde como diabetes, hipertensão, AVC e depressão foram levados em conta, a associação entre solidão e Parkinson permaneceu.

Outro dado importante é que esse impacto da solidão não foi imediato. Nos primeiros cinco anos do estudo, a sensação de isolamento não parecia influenciar no desenvolvimento da doença. Contudo, quando a solidão persistia por mais de cinco anos, o risco aumentava consideravelmente.


A solidão prolongada pode impactar a saúde neurológica e aumentar o risco de Parkinson.

O que causa o Parkinson?

A origem do Parkinson é multifatorial, resultado da interação entre fatores genéticos e ambientais. Embora as causas exatas ainda sejam desconhecidas, a ciência já identificou alguns elementos que podem aumentar a propensão para a doença:

Envelhecimento

Histórico familiar

Predisposição genética

Ser do sexo masculino

Exposição a toxinas ambientais

Traumas cranianos

Estresse oxidativo e inflamação crônica do sistema nervoso

Embora a presença desses fatores não signifique que uma pessoa necessariamente desenvolverá Parkinson, eles servem como alerta para a necessidade de prevenção e atenção com a saúde ao longo da vida.

Conexões sociais são essenciais para o bem-estar e podem ajudar a reduzir os riscos de doenças neurodegenerativas.

Sintomas do Parkinson

O diagnóstico do Parkinson pode ser desafiador, já que seus primeiros sintomas costumam ser sutis. Com o passar do tempo, os sinais da doença se tornam mais evidentes, incluindo:

Tremores involuntários

Movimentos mais lentos

Rigidez muscular

Dificuldade para manter o equilíbrio e a postura

Mudanças na escrita, tornando-a menor e tremida

Alterações na fala, que pode se tornar mais baixa ou monótona

Fonte: catracalivre.

sábado, 29 de março de 2025

 Efeitos da associação dos canabinoides THC e CBD sobre os sintomas motores e não motores da doença de Parkinson: um ensaio clínico, duplo-cego, randomizado e controlado por placebo

2024 - Resumo:

A doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa caracterizada pela degeneração progressiva dos neurônios dopaminérgicos na substância negra parte compacta, que leva a uma manifestação clínica complexa envolvendo sintomas motores, como a bradicinesia, tremor de repouso, rigidez muscular, além de sintomas não motores, como distúrbios do sono e dor. O tratamento farmacológico atual é paliativo e focado no restabelecimento da neurotransmissão dopaminérgica. Entretanto, os tratamentos atuais estão associados a efeitos adversos como as discinesias e flutuações motoras. Neste trabalho avaliamos os efeitos da administração de uma solução oral de CBD:THC (50:5 mg/dia) (n=38) comparado ao placebo (n=30) durante um período de 180 dias sobre os sintomas motores e não motores, qualidade de vida e níveis sanguíneos do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) de pacientes com a DP. Os participantes da pesquisa foram voluntários portadores da DP, de ambos os sexos, e até o estadiamento 3 pela escala de Hoen e Yahr modificada. Os resultados obtidos indicam que para a avaliação motora realizada pela MDS-UPDRS foi evidenciada uma antecipação dos efeitos dos canabinoides, ou seja, os efeitos positivos são percebidos mais precocemente do que no grupo placebo. Além disso, evidenciou-se que em diferentes aspectos, como na gravidade da doença, flexibilidade e qualidade do sono, as mulheres tiveram resultados superiores com o tratamento com a associação dos canabinoides CBD:THC em comparação aos homens. Adicionalmente, verificou-se uma correlação positiva moderada entre a gravidade dos sintomas gerais e qualidade de vida, bem como especificamente a gravidade dos sintomas motores e a qualidade de vida do paciente. Entretanto, para o tratamento com as presentes doses da associação dos canabinoides CBD:THC, embora tenha demonstrado diferenças em comparação ao estado inicial dos pacientes, não causaram efeitos significativos em comparação ao grupo placebo na maioria das avaliações realizadas. Estes achados enfatizam a necessidade da realização de pesquisas adicionais avaliando outras concentrações da associação de canabinoides para elucidar melhor os efeitos a longo prazo e o impacto na qualidade de vida em pacientes com a DP visto que também foi observado um efeito placebo mantido ao longo de seis meses de estudo. Em conclusão, os resultados encontrados apontam para um potencial dos canabinoides no tratamento da DP e uma influência do sexo na resposta ao tratamento com canabinoides. Adicionalmente, estudos que possam comparar diferentes faixas de doses podem ser úteis para melhor evidências em relação à dose-resposta dos canabinoides na DP. Fonte: repositório ufsc.

Novo tratamento prevê melhora de 70% nos tremores de pacientes com Parkinson

O procedimento utiliza ondas de ultrassom de alta intensidade em um ponto específico do cérebro responsável pelos tremores causados por Parkinson

28/03/2025 - Uma nova técnica de ultrassom para tratamento de tremores em pacientes diagnosticados com Parkinson chegou ao Brasil em março deste ano. O HIFU (High-Intensity Focused Ultrasound) é classificado como terapia não invasiva e é disponibilizado exclusivamente pelo Hospital Israelita Albert Einsten.

O procedimento utiliza ondas de ultrassom de alta intensidade em um ponto específico do cérebro responsável pelos tremores causados por Parkinson. A aplicação do ultrassom na região causa uma lesão térmica milimétrica, com precisão anatômica no local, e prevê melhora dos tremores em torno de 70%.

Segundo estudos da representante comercial brasileira da Insightec, fabricante do equipamento, os resultados do tratamento são percebidos logo após a primeira sessão.

Cada sessão do tratamento dura cerca de duas horas e pode ser realizada com o paciente acordado, sem o uso de anestesia geral. No entanto, quem for realizar o procedimento precisa raspar os cabelos para utilizar o equipamento -semelhante a um capacete.

De acordo com o Einsten, não há necessidade de internação para realização da terapia e o paciente é liberado no mesmo dia. O tratamento é unilateral, mas se os tremores forem bilaterais pode ser necessária uma sessão adicional no lado oposto do primeiro procedimento depois de nove meses.

Para ter acesso ao método, o paciente deve passar por uma avaliação da equipe de neurologistas especialistas em distúrbios do movimento e realizar uma série de tomografia para avaliar se a estrutura óssea do crânio é compatível para realização do procedimento.

A terapia foi aprovada em 2021 pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e é permitida para pacientes acima de 18 anos, sem limite de idade. O hospital não divulgou o preço de cada sessão do procedimento.

Os tremores nas mãos, queixo, pés, de um ou dos dois lados do corpo, estão entre os principais sintomas neurológicos de Parkinson, doença neurodegenerativa que atinge, principalmente, os mais velhos.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) estimou que 8,5 milhões de pessoas em todo o mundo viviam com a doença de Parkinson em 2019 e que a condição deve aumentar drasticamente. Até 2050, estima-se que haverá 25,2 milhões de pessoas vivendo com a condição. Fonte: jornaldebrasilia.

sexta-feira, 28 de março de 2025

Sibo (Supercrescimento Bacteriano no Intestino Delgado) e resistência à levodopa em pacientes com parkinson

March 27, 2025 - Pesquisas indicam que uma proporção relativamente alta de pessoas com Parkinson também pode ter SIBO, embora as estimativas variem. A prevalência de SIBO em pacientes com Parkinson pode ser mais alta do que em indivíduos da população geral, com alguns estudos indicando que entre 30% a 50% dos pacientes com Parkinson podem ter SIBO. Isso pode estar relacionado ao impacto do Parkinson no sistema digestivo, como a lentidão do trânsito gastrointestinal, que favorece o crescimento bacteriano excessivo no intestino delgado.

Estudos sobre a relação entre a doença de Parkinson e o SIBO (Supercrescimento Bacteriano no Intestino Delgado) estão em andamento, e embora a prevalência exata de SIBO entre pacientes com Parkinson ainda não esteja completamente estabelecida, alguns estudos sugerem uma conexão significativa entre essas duas condições.

Prevalência de SIBO em Pacientes com Parkinson:

Pesquisas indicam que uma proporção relativamente alta de pessoas com Parkinson também pode ter SIBO, embora as estimativas variem. A prevalência de SIBO em pacientes com Parkinson pode ser mais alta do que em indivíduos da população geral, com alguns estudos indicando que entre 30% a 50% dos pacientes com Parkinson podem ter SIBO. Isso pode estar relacionado ao impacto do Parkinson no sistema digestivo, como a lentidão do trânsito gastrointestinal, que favorece o crescimento bacteriano excessivo no intestino delgado.

Fatores que Contribuem para essa Relação:

Motilidade gastrointestinal prejudicada: A doença de Parkinson pode afetar os músculos do trato gastrointestinal, levando a uma motilidade intestinal reduzida. Isso pode criar um ambiente propício para o supercrescimento bacteriano.

Uso de medicamentos: Alguns medicamentos usados para tratar Parkinson, como os que aumentam a dopamina ou os antiparkinsonianos, podem afetar o sistema gastrointestinal e contribuir para o desenvolvimento de SIBO.

Disfunção do sistema nervoso autônomo: O Parkinson pode afetar o sistema nervoso autônomo, que controla a motilidade intestinal, contribuindo para a estase alimentar e favorecendo o crescimento bacteriano no intestino delgado.

Embora os dados exatos possam variar, é importante que pacientes com Parkinson que experimentam sintomas digestivos, como distensão abdominal, gases, diarreia ou constipação, discutam com seu médico a possibilidade de SIBO e outras condições gastrointestinais associadas.

Menor eficácia da Levodopa em pacientes com SIBO

Quando um paciente com Doença de Parkinson apresenta SIBO (Supercrescimento Bacteriano no Intestino Delgado) e disbiose e não responde adequadamente à levodopa (medicação padrão para Parkinson), isso pode ser um desafio significativo. Existem várias razões pelas quais esses fatores podem interferir no tratamento, e abordagens multidisciplinares podem ser necessárias para melhorar a resposta ao tratamento.

Como SIBO e Disbiose Podem Impactar a Resposta à Levodopa:

Absorção prejudicada de medicamentos:

SIBO e disbiose afetam o equilíbrio bacteriano intestinal e a saúde do trato gastrointestinal. Isso pode prejudicar a absorção adequada da levodopa e de outros medicamentos, uma vez que a motilidade gastrointestinal reduzida e a inflamação intestinal podem interferir na capacidade do corpo de absorver a medicação de forma eficiente.

Alterações no metabolismo de medicamentos:

O crescimento excessivo de bactérias no intestino pode alterar a metabolização de medicamentos como a levodopa. O SIBO pode resultar em alterações no pH intestinal, que podem afetar a quebra e absorção de levodopa, além de influenciar o processo de conversão da levodopa em dopamina no cérebro.

Inflamação intestinal:

A disbiose e o SIBO geralmente causam inflamação no trato gastrointestinal, o que pode afetar a função nervosa e intestinal, contribuindo para uma pior resposta ao tratamento. A inflamação crônica também pode interferir na função do sistema nervoso autônomo, que regula muitos processos digestivos e a motilidade intestinal.

Interações com microbiota e dopamina:

A microbiota intestinal tem um papel importante na modulação da dopamina, um neurotransmissor crucial para a Doença de Parkinson. Disbiose pode alterar o equilíbrio da microbiota e afetar a produção de dopamina no sistema nervoso central e intestino, levando a um quadro de resistência ao tratamento com levodopa.

Abordagens para Melhorar a Resposta ao Tratamento:

Tratamento do SIBO e da Disbiose:

Antibióticos específicos: O tratamento de SIBO geralmente envolve o uso de antibióticos como rifaximina ou metronidazol, que ajudam a reduzir o crescimento excessivo de bactérias no intestino delgado. Esses antibióticos devem ser administrados sob a supervisão de um médico.

Probióticos: Embora seja importante em muitos casos, o uso de probióticos deve ser cuidadosamente monitorado em pacientes com SIBO, pois certos tipos de probióticos podem piorar o problema em algumas pessoas. Probióticos específicos podem ser introduzidos gradualmente, conforme a necessidade.

Dieta de baixo FODMAP (Fermentáveis, Oligossacarídeos, Dissacarídeos, Monossacarídeos e Polióis), do inglês Fermentable Oligosaccharides, Disaccharides, Monosaccharides and Polyols. Seguir uma dieta que limita alimentos ricos em FODMAPs pode ser benéfico para reduzir a fermentação intestinal e controlar o SIBO. Alguns alimentos como cebolas, alho, leguminosas, trigo e laticínios devem ser evitados.

Goma guar ou outros agentes espessantes: Agentes que ajudam na absorção e na motilidade gastrointestinal, como a goma guar, podem ser úteis para melhorar a digestão e a absorção de medicamentos.

Ajustes no tratamento com levodopa:

Ajuste da dosagem: A levodopa pode precisar ser ajustada em relação ao horário de administração e à dosagem. Muitas vezes, a absorção de levodopa pode ser melhorada se a medicação for tomada em jejum ou em horários específicos, longe das refeições.

Uso de inibidores da COMT (como entacapona ou tolcapona): Inibidores da COMT ajudam a aumentar a disponibilidade de levodopa no cérebro ao reduzir sua degradação. Isso pode ser útil quando o paciente não responde bem ao tratamento convencional.

Terapia com gel de levodopa/carbidopa: Para pacientes com dificuldades de absorção, o gel de levodopa/carbidopa (administração contínua via sonda nasogástrica) pode ser uma opção mais eficaz.

Apoio Nutricional e Suplementação:

Apoio nutricional adequado: Garantir que a dieta seja equilibrada, com boas fontes de proteína, micronutrientes e fibras de baixo FODMAP, pode melhorar a absorção de nutrientes e medicamentos.

Suplementos de dopamina precursora: Embora a levodopa seja o principal tratamento, em alguns casos, o uso de precusores de dopamina como L-tyrosina pode ser explorado como parte do tratamento.

Tratamento da motilidade gastrointestinal:

Procinéticos: Medicamentos que ajudam a melhorar a motilidade intestinal, como prucaloprida ou domperidona, podem ser usados para melhorar a motilidade do intestino e a absorção da levodopa.

Exercícios físicos: Incentivar exercícios físicos moderados pode ajudar a melhorar a função intestinal e a motilidade gastrointestinal, além de aliviar alguns dos sintomas motores da Doença de Parkinson. Fonte: andreiatorres.

Ascídias marinhas podem ajudar no tratamento de doenças do cérebro

Estudo da UFRJ aponta organismo com excelente modelo para pesquisas

27/03/2025 - Organismos que vivem no fundo do mar chamados ascídias podem abrir novas possibilidades no desenvolvimento de terapias para doenças que afetam o cérebro, como Parkinson e Alzheimer.

Um estudo realizado por pesquisadores da UFRJ, com o apoio financeiro da Faperj – Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro –, identificou que esses organismos possuem cérebro com estrutura semelhante a dos vertebrados, servindo como um excelente modelo para o estudo do sistema nervoso. Os cientistas descobriram ainda que os ascídias também contam com uma molécula promissora para a criação de um novo medicamento.

Existem mais três mil espécies de ascídias no mundo, que vivem em todos os ambientes marinhos e desempenham um papel ecológico muito importante como purificadoras da água do mar. Mas o que vem chamando atenção dos pesquisadores da UFRJ é o poder de regeneração do seu sistema nervoso.

A pesquisadora Cíntia Monteiro de Barros, do Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade da UFRJ, campus Macaé, explica que, diferentemente dos humanos, esses organismos conseguem recuperar funções perdidas no cérebro em menos de quinze dias. Cintia e sua equipe também concentraram os estudos em uma molécula encontrada nas ascídias que pode ser usada, futuramente, como um fármaco para ajudar na sobrevivência dos neurônios.

O Alzheimer é o principal tipo de demência no mundo, responsável por cerca de 70% dos casos da doença. No Brasil, ela afeta mais de 1,2 milhão de pessoas, e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano. O Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais frequente no mundo, atrás do Alzheimer. A estimativa é que 200 mil pessoas vivam com essa condição no Brasil. Fonte: agenciabrasil.

quinta-feira, 27 de março de 2025

O que o equilíbrio pode significar para a saúde do coração e do cérebro

27 de março de 2025 - O que o equilíbrio pode significar para a saúdedo coração e do cérebro

Porto Alegre, 27 de março de 2025.

Confesso, estou desautônomo, e o pior, me SINTO sem autonomia, ou seja, com disautonomia. Não dirijo mais e vendi meu carro. Mesmo tendo CNH válida. Admiti, não tinha mais condiçoes de dirigir. Apesar de não bater, a não ser espelhos e sinaleiras danificados.

Enfim, estou com um conjunto de perturbações causado pelo mau funcionamento do sistema nervoso autônomo, ou seja, tenho Parkinson. A isto fui informado agora e para minha surpresa, tinha consciência de que piorariam os sintomas de parkinson, mas nunca imaginei que chegasse ao nível que chegou. Fico em casa o dia inteiro, não consigo sair sem risco de cair. É chamado este estágio da doença, de disautonomia. O próximo passo será comprar uma cadeira de rodas. 

Neuroestimulador recarregável

O Percept™ RC é um sistema de neuroestimulação recarregável com capacidades de detecção, direcionalidade e programação avançada para estimulação cerebral profunda (DBS).


Fonte: Medtronic.

Projeções para prevalência da doença de Parkinson e seus fatores motivadores em 195 países e territórios até 2050: estudo de modelagem do Estudo de Carga Global de Doenças 2021

04 February 2025 - (…) CONCLUSÕES

Até 2050, a doença de Parkinson se tornará um maior desafio de saúde pública para pacientes, suas famílias, cuidadores, comunidades e sociedade. Espera-se que a tendência ascendente seja mais pronunciada entre países com Índice Sociodemográfico médio, na região da Carga Global de Doenças do Leste Asiático e entre homens. Esta projeção pode servir como um auxílio na promoção de pesquisas em saúde, informando decisões políticas e alocando recursos. (…) Fonte: bmj.

segunda-feira, 24 de março de 2025

Associação Brasileira de Acesso à Cannabis Medicinal do Rio de Janeiro conseguiu decisão em segunda instância para cultivo de cannabis

Mais de três mil pacientes já usam o tratamento com a cannabis medicinal. Foto: arquivo

24 de março de 2025 - A AbraRio – Associação Brasileira de Acesso à Cannabis Medicinal do Rio de Janeiro conquistou uma decisão judicial histórica, em segunda instância, que a autoriza a cultivar cannabis para fins medicinais. O Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) confirmou, por unanimidade, a sentença da 3ª Vara Federal de Niterói, garantindo à associação o direito de pesquisar, plantar, cultivar, manipular, transportar, extrair, embalar e distribuir produtos à base de cannabis exclusivamente para seus associados, mediante prescrição médica. A decisão garante o tratamento de milhares de pacientes, assegurando o acesso contínuo ao tratamento com derivados da cannabis para diversas patologias, como epilepsia, mal de Parkinson e Alzheimer.

Direitos dos pacientes

A 6ª Turma Especializada do TRF2 ressaltou ainda que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a União não podem restringir o cultivo de cannabis para fins medicinais, uma vez que não há regulamentação específica sobre o tema. O relator do caso, desembargador Guilherme Couto, reforçou que a ausência de normas não pode impedir o direito de acesso ao tratamento para aqueles que necessitam da substância.

Para Ladislau Porto, advogado da AbraRio, a decisão representa um marco na luta pelo direito ao tratamento com cannabis medicinal no Brasil.

“Essa vitória não apenas reafirma a importância da luta pelo acesso e pela dignidade dos pacientes, mas também estabelece um precedente fundamental: a Anvisa e a União não podem punir ou restringir a atividade da associação quando realizada exclusivamente para fins medicinais. Cada conquista como essa fortalece o caminho para novas batalhas em defesa da justiça e do bem-estar de quem precisa”, destaca Porto.

Conquista

Fundada em 2020 pela niteroiense Marilene Oliveira, a AbraRio é uma associação sem fins lucrativos que reúne cerca de 3.000 pessoas que utilizam o óleo de cannabis no tratamento de diversas doenças. A luta de Marilene começou por uma causa pessoal: seu filho Lucas, de 20 anos, tem a síndrome de Rasmussen e depende do óleo para controlar os sintomas da doença.

– Essa decisão tem um significado gigantesco para mim e para todas as famílias que atendemos. Agora, temos segurança jurídica para continuar nosso trabalho e garantir que mais pessoas tenham acesso a um tratamento que pode transformar suas vidas. Assim como meu filho ganhou mais qualidade de vida, queremos proporcionar o mesmo a milhares de outros pacientes – comemora Marilene.

A decisão do TRF2 reforça o avanço da cannabis medicinal no Brasil e abre caminho para que outras associações busquem reconhecimento legal para atuar no cultivo e produção de derivados da planta. Fonte: aseguirniteroi.

Annovis Bio Inc. (NYSE: ANVS) avança no pipeline de Alzheimer e Parkinson e lança estudo de fase 3

24 de março de 2025 - A Annovis Bio (NYSE: ANVS), uma empresa de plataforma de medicamentos clínicos em estágio avançado, divulgou os resultados do quarto trimestre e do ano de 2024, destacando os principais marcos em seu programa buntanetap para as doenças de Alzheimer e Parkinson. A empresa concluiu dois testes importantes no ano passado, mostrando melhorias cognitivas e motoras, levando à aprovação da FDA para um estudo crucial de Fase 3 no início da doença de Alzheimer, que começou no início de 2025. A Annovis também expandiu seu portfólio de patentes, fortaleceu sua liderança e aumentou o envolvimento dos investidores. Financeiramente, as despesas de P&D caíram para US$ 20 milhões no ano, com o prejuízo líquido por ação melhorando para US$ 2,02 básicos, de US$ 6,23 em 2023. O caixa disponível subiu para US$ 10,6 milhões, com financiamento adicional estendendo a pista até o 4º trimestre de 2025.

Para ver o comunicado de imprensa completo, visite https://ibn.fm/3kSS0

Sobre a Annovis Bio Inc.

A Annovis Bio, com sede em Malvern, Pensilvânia, está comprometida em abordar a neurodegeneração em doenças como Alzheimer e Parkinson. A empresa está desenvolvendo terapias inovadoras que visam várias proteínas neurotóxicas, com o objetivo de restaurar a função cerebral e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Para mais informações, visite o site da empresa em www.AnnovisBio.com e os canais sociais LinkedIn, X e YouTube. Fonte: streetinsider.

Aprovação CE para tratamento de Newronika Parkinson

24 Março 2025 - A Newronika, desenvolvedora de tecnologia de neuromodulação, recebeu a aprovação da marca CE para seu dispositivo AlphaDBS, oferecendo uma nova opção de tratamento para pacientes com distúrbios neurológicos, como a doença de Parkinson.

O AlphaDBS é um sistema de estimulação cerebral profunda (DBS) de circuito fechado que ajusta a estimulação com base em sinais cerebrais em tempo real.

"Esta certificação valida nossa visão de trazer neuromodulação verdadeiramente adaptativa para os pacientes", disse o cofundador e CTO da Newronika, Lorenzo Rossi. "Estamos entusiasmados em trazer essa tecnologia para o mercado e estabelecer um novo padrão no tratamento da doença de Parkinson."

Embora o DBS já seja uma terapia comprovada para controlar os sintomas de condições neurológicas, como doença de Parkinson, distonia, tremor essencial e TOC, atualmente ele só oferece estimulação contínua em configurações fixas.

O Alpha DBS da Newronika personaliza a terapia DBS monitorando a atividade cerebral do paciente e ajustando automaticamente os níveis de estimulação em resposta ao feedback neurofisiológico.

O AlphaDBS possui dois canais de potencial de campo local de gravação (LFP) com tecnologia de detecção FilterDBS, que pode gravar LFPs sem ruído enquanto a estimulação elétrica é fornecida.

Esse nível de personalização em tempo real visa otimizar o controle dos sintomas, reduzindo os efeitos colaterais e reduzindo a necessidade de ajustes frequentes de programação por parte dos neurologistas. Fonte: scientistlive.

domingo, 23 de março de 2025

Disfagia, distusia e pneumonia aspirativa em idosos

Resumo: Apesar do desenvolvimento e ampla distribuição de diretrizes para pneumonia, a morte por pneumonia está aumentando devido ao envelhecimento populacional. Convencionalmente, a pneumonia por aspiração era considerada principalmente uma das doenças infecciosas. No entanto, provamos que a aspiração crônica repetida de uma pequena quantidade de material estéril pode causar o tipo usual de pneumonia por aspiração no pulmão de camundongo. Além disso, a aspiração crônica repetida de pequenas quantidades induziu inflamação crônica em idosos frágeis e pulmões de camundongos. Essas observações sugerem a necessidade de uma mudança de paradigma do tratamento da pneumonia em idosos. Como a pneumonia por aspiração é fundamentalmente baseada na disfagia, devemos mudar a terapia para pneumonia por aspiração da terapia orientada por patógenos para a terapia orientada para a função. Terapia orientada para a função na pneumonia por aspiração significa terapia com foco em retardar ou reverter o declínio funcional que ocorre como parte do processo de envelhecimento, como "demência → disfagia → distussia → atussia → aspiração silenciosa" (aluns termos inexistem no vocabulário português). Atussia é a disfunção final da fisiologia da tosse, e a aspiração com atussia é chamada de aspiração silenciosa, que leva ao desenvolvimento de pneumonia por aspiração com risco de vida. Pesquisas que buscam estratégias eficazes para restaurar a função em idosos são necessárias para diminuir as mortes por pneumonia em idosos. Fonte:  jtd amegroups.

(...)

Disfunção respiratória

Para identificar a disfunção respiratória, seis perguntas binárias (sim/não) sobre sintomas respiratórios foram adicionadas às avaliações baseadas em questionário do estudo PRIME. Atualmente, falta uma ferramenta de mensuração clínica para estabelecer a disfunção respiratória. Em nosso estudo, os participantes foram solicitados a responder às seguintes perguntas: (1) você teve dificuldades respiratórias no mês passado? (2) Você sentiu falta de ar ou falta de ar no mês passado? (3) Você sentiu aperto no peito no mês passado? (4) Você teve que limpar a garganta com frequência no mês passado? (5) Você sentiu que precisava tossir com frequência no mês passado? (6) Você teve dificuldades para tossir catarro?

Nosso estudo qualitativo encontrou diferentes descritores de sintomas respiratórios experimentados por pessoas com DP. As pessoas descreveram uma perda do automatismo respiratório e episódios de falta de ar ou um padrão de respiração rápido e superficial [15]. Outros estudos também descreveram isso como dispneia, incluindo, por exemplo: "sofrer de falta de ar", "dificuldade para respirar normalmente", "minha respiração está rápida" e "minha respiração está apertada" [22, 23]. As questões 1, 2 e 3 foram baseadas nesses achados.

Nosso estudo qualitativo também descreveu uma diminuição da força da tosse e tosse frequente experimentada por pessoas com DP [15]. Uma diminuição da sensibilidade à tosse e eficácia prejudicada da tosse também foram encontradas em outros estudos [24,25,26]. As questões 4, 5 e 6 foram baseadas nesses achados.

Para determinar a taxa de prevalência de disfunção respiratória, considerou-se como portadora de disfunção respiratória cada pessoa que respondeu 'sim' em uma das seis questões. Definimos deliberadamente o ponto de corte baixo para diminuir o risco de subestimação dos sintomas [22]. Para melhor compreender os possíveis gatilhos para a disfunção respiratória, também foram adicionados os seguintes dois itens à avaliação baseada em questionário: sintomas respiratórios relacionados ao esforço físico (sim/não) e sintomas respiratórios relacionados à ingestão de medicação antiparkinsoniana (sim/não). (...) Fonte: springer

A ligação das bactérias intestinais de Parkinson sugere um tratamento simples e inesperado

Casos de Parkinson devem chegar a 25 milhões até 2050, aponta estudo

22/03/2025 - Até 2050, o número de pessoas diagnosticadas com a doença de Parkinson pode chegar a 25,2 milhões em todo o mundo, de acordo com um estudo publicado na revista British Medical Journal (BMJ). Esse crescimento significativo é atribuído ao aumento da população e ao envelhecimento global.

A doença de Parkinson, a segunda condição neurodegenerativa mais comum, deve registrar um aumento de 112% no número de casos em comparação com 2021. Esse aumento será particularmente notável no leste asiático, que deverá ter o maior número de casos, com cerca de 10,9 milhões de pessoas afetadas. A África Subsaariana Ocidental deverá ter o aumento percentual mais alto, com um crescimento de 292%, enquanto a Europa Central e Oriental observará o menor aumento (28%).

Os pesquisadores apontam que a faixa etária acima de 80 anos será a mais impactada. Além disso, a prevalência da doença entre homens e mulheres também deve crescer, com a proporção aumentando de 1,46 para 1,64 até 2050.

O estudo ressalta que, embora a doença de Parkinson não tenha cura, o diagnóstico precoce e práticas como atividades físicas regulares, alimentação balanceada, e o manejo do estresse podem ajudar na neuroproteção e no controle da doença. A detecção precoce e o acompanhamento com neurologistas e geriatras são fundamentais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Fonte: Por Dentro De Tudo.

sexta-feira, 21 de março de 2025

Parkinson: um novo tratamento, aprovado pelo FDA, reduz significativamente os períodos de "off"

21 Mar 2025 - Os tratamentos para a doença de Parkinson visam compensar a deficiência de dopamina que caracteriza a doença. No entanto, a longo prazo, sua eficácia diminui e os sintomas podem ressurgir periodicamente. Um novo medicamento, recentemente aprovado pelo FDA, elimina esses períodos de "off".

A doença de Parkinson afeta mais de 270.000 pessoas na França e 25.000 novos casos ocorrem a cada ano. É a segunda doença neurodegenerativa mais comum, depois da doença de Alzheimer. Os tratamentos atuais visam compensar a deficiência de dopamina que caracteriza a doença. No entanto, a longo prazo, sua eficácia diminui e os sintomas podem ressurgir episodicamente. Um novo medicamento, recentemente aprovado pela Food and Drug Administration (FDA), elimina esses períodos de "off".

A doença de Parkinson é caracterizada pelo desaparecimento gradual de certos neurônios – neurônios dopaminérgicos – no cérebro. As funções motoras são diretamente afetadas, o que é muito incapacitante. Os sintomas típicos incluem lentidão de movimento (acinesia), tremores, rigidez (hipertonia), distúrbios da marcha e movimentos involuntários (discinesias). A doença também causa sintomas não motores: comprometimento cognitivo e sensorial, distúrbios do sono, dor, depressão, ansiedade e demência.

Até o momento, esta doença neurodegenerativa é incurável. No entanto, a medicação pode reduzir os sintomas. O tratamento com levodopa / carbidopa, que se destina a aumentar a quantidade de dopamina no cérebro, é o mais comum. Esses medicamentos são muito eficazes nos estágios iniciais da doença. Mas, à medida que a doença piora, eles lutam para garantir o controle motor contínuo. Isso é seguido por uma alternância de períodos "on" (ligados), quando são eficazes, e períodos "off" (desligados), durante os quais os sintomas reaparecem repentinamente.

Tratamentos mais ou menos eficazes

Estima-se que cerca de 10% dos pacientes experimentem tais flutuações nos efeitos terapêuticos. Eles não apenas permanecem muito incapacitantes, mas alimentam a ansiedade dos pacientes. Mas por que os medicamentos padrão, embora muito eficazes, perdem seu efeito com o tempo?

À medida que a doença progride, a dismotilidade gastrointestinal torna-se mais pronunciada. No entanto, esses distúrbios das habilidades motoras do sistema digestivo interferem na absorção da medicação tomada por via oral. Como resultado, seus efeitos tornam-se variáveis dependendo de quanto é realmente absorvido, diz o Dr. Stuart Isaacson, diretor do Centro de Doença de Parkinson e Distúrbios do Movimento em Boca Raton, Flórida.

Era essencial encontrar uma forma de reduzir a zero estes períodos de ineficiência, para melhorar o dia-a-dia dos doentes. O novo tratamento ONAPGO (cloridrato de apomorfina) atende perfeitamente a essa necessidade! Desenvolvido pela Supernus Pharmaceuticals, Inc., uma empresa biofarmacêutica especializada no tratamento de doenças do sistema nervoso central, consiste em uma infusão contínua de apomorfina.

Esta molécula é um agonista competitivo da dopamina, o que significa que ela se parece e age como a dopamina. Tem duas grandes vantagens sobre os medicamentos existentes. Primeiro, estimula diretamente os receptores de dopamina pós-sinápticos sem a necessidade de qualquer conversão metabólica. A levodopa, por outro lado, deve ser descarboxilada sob a ação de uma enzima para produzir dopamina.

Em seguida, a administração subcutânea do produto contorna o trato gastrointestinal. Assim, entra diretamente no cérebro, o que permite uma melhora mais previsível dos sintomas. Até agora, isso dependia da quantidade de levodopa absorvida e convertida em dopamina.

Quase 2h30 a menos de episódios "off" no dia

A decisão da FDA segue os resultados de um estudo de fase 3, com o objetivo de avaliar a eficácia e a segurança do medicamento. Este estudo duplo-cego envolveu 107 pacientes de mais de vinte hospitais europeus. A doença de Parkinson havia sido diagnosticada mais de 3 anos antes. Eles tinham flutuações motoras que eram insuficientemente controladas pelo tratamento padrão (3 horas de tempo "desligado" em média por dia).

Metade deles recebeu infusão subcutânea de apomorfina por 12 semanas (3 a 8 mg/h, 16 horas/dia). A outra metade recebeu um placebo. Os pesquisadores observaram que a infusão de apomorfina reduziu significativamente os períodos de "off" em comparação com o placebo. Eles relatam uma redução média de 2,47 horas/dia para pacientes que receberam o tratamento (vs. -0,58 horas/dia para o grupo placebo)!

Essa diferença ocorre porque a infusão mantém a concentração sanguínea de apomorfina estável ao longo do dia. As melhorias foram perceptíveis desde a primeira semana.

ONAPGO foi bem tolerado pelos pacientes. As reações adversas mais comuns incluíram o aparecimento de nódulo e vermelhidão no local da infusão, náuseas, sonolência, discinesia, cefaleia e insônia.

Espera-se que o tratamento esteja disponível nos Estados Unidos no segundo trimestre. "O ONAPGO representa uma nova abordagem para adultos com doença de Parkinson que experimentam flutuações motoras", disse Jack Khattar, CEO da Supernus Pharmaceuticals.

Uma abordagem eficaz, já proposta na Europa

ONAPGO é a primeira terapia de infusão de apomorfina aprovada nos EUA para a doença de Parkinson. No entanto, este é o segundo tratamento de infusão subcutânea: há alguns meses, o FDA aprovou o uso de VYALEVTM, uma infusão contínua de levodopa e carbidopa.

A infusão subcutânea de apomorfina já é usada na França e na Europa para reduzir as flutuações na eficácia relacionadas à ingestão de levodopa, bem como discinesias graves. É comercializado sob o nome de Apokinon®. Este tratamento costuma dar resultados muito bons, com os períodos de "off" desaparecendo quase completamente. Pode, assim, substituir a totalidade ou parte do tratamento oral, dependendo do caso.

Um estudo da vida real, envolvendo 110 pacientes acompanhados no hospital Salpêtrière, em Paris, examinou os efeitos a longo prazo desse tratamento. Após dois anos, 65% dos pacientes que ainda estavam em gotejamento relataram uma melhor qualidade de vida e uma redução sustentada nas flutuações motoras.

« A infusão subcutânea contínua de apomorfina já se provou há 30 anos na Europa, onde permitiu que milhares de pacientes obtivessem um controle mais consistente de suas flutuações motoras " confirma o Dr. Rajesh Pahwa, Professor de Neurologia e Diretor do Centro de Excelência da Fundação Parkinson no Centro Médico da Universidade do Kansas. Os pacientes nos Estados Unidos agora também poderão se beneficiar dessa abordagem.

Essas opções de tratamento contínuo podem fazer uma diferença real na vida diária dos pacientes. No entanto, eles não abordam a causa da doença de Parkinson, que é a perda de neurônios dopaminérgicos. Acredita-se que uma forma patológica de uma proteína cerebral, a alfa-sinucleína, esteja na origem dessa neurodegeneração. Mas os mecanismos do início da doença ainda precisam ser esclarecidos.

Enquanto isso, os cientistas estão trabalhando para encontrar as melhores maneiras de aliviar os sintomas, a fim de melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Este é um esforço essencial, uma vez que o dobro de casos são esperados até 2050. E não só entre os idosos: atualmente, 17% dos pacientes têm menos de 50 anos. Fonte: Scienceet vie.

Idoso com Alzheimer está desaparecido há mais de 15 dias em São Paulo

Cícero Inácio da Costa sumiu no início do mês sem levar medicamentos

Tem um mistério na zona norte da cidade. Um senhor de 72 anos desapareceu no começo do mês.

21/03/2025 - Idoso com Alzheimer está desaparecido há mais de 15 dias em São Paulo

Cícero Inácio da Costa, de 72 anos, desapareceu recentemente na zona norte de São Paulo. As últimas imagens mostravam ele dentro do condomínio onde mora há mais de 20 anos, no bairro Jaraguá. Cícero tem Alzheimer, Parkinson e diabetes, e a preocupação é grande, pois ele necessita de vários medicamentos que não levou ao sair. Familiares, desesperados, relatam buscas incessantes, colando cartazes e procurando em locais como a estação do Jaraguá. Entre os desafios nas buscas estão câmeras de segurança de comércios que não capturam imagens da rua. Cícero estava vestindo boné vermelho, camisa branca, calça jeans e tênis. A esposa, Dona Maria, pede ajuda emocionada: "Se você ver ele, faça contato com a gente, por favor." Fonte: record.

quinta-feira, 20 de março de 2025

Clínica de cannabis medicinal atenderá 500 pacientes no ano

Serviços são voltados a moradores com TEA , Alzheimer, Parkinson, epilepsia e fibromialgia

FOTO: André Henriques/DGABC Diário do Grande ABC

20/03/2025 - A primeira clínica pública de cannabis medicinal do Brasil poderá atender até 500 pacientes em um ano em Ribeirão Pires. O serviço, voltado a moradores com TEA (Transtorno do Espectro Autista), Alzheimer, Parkinson, epilepsia e fibromialgia, funcionará de segunda a sexta-feira e prevê a distribuição de mais de 4.000 frascos de óleo de canabidiol ao longo desse período.

A unidade foi inaugurada nesta quarta-feira (19) após a missa na Paróquia Matriz São José e uma visita ao 1° binóculo da cidade.

Em parceria entre a Prefeitura e a Associação Flor da Vida, o espaço foi instalado no Centro Ibrahim Alves de Lima, ao lado da Fábrica de Sal, o espaço também oferecerá cremes, pomadas e spray nasal à base da substância. O atendimento será destinado prioritariamente a pacientes em situação de vulnerabilidade social, que precisarão apresentar laudo médico e passar por avaliação com assistente social.

A Associação Flor da Vida, responsável pela produção dos medicamentos, será a fornecedora dos produtos para a clínica. “Aqui não será apenas um local de entrega de medicamento, mas um centro de acolhimento e acompanhamento integral. Queremos garantir qualidade de vida para os pacientes e suas famílias, que muitas vezes enfrentam desafios diários para lidar com essas questões”, afirmou o presidente da entidade, Enor Machado de Morais.

A Prefeitura já garantiu R$ 550 mil para o projeto por meio de emendas parlamentares dos deputados estaduais Caio França (PSB) e Eduardo Suplicy (PT). Segundo o prefeito Guto Volpi (PL), a clínica representa um avanço significativo para a saúde pública da cidade e pode influenciar outras regiões. “Essa é uma das maiores entregas que poderíamos fazer. É um marco na história da saúde pública, não apenas na cidade, mas em todo o Brasil”, declarou.

O Consórcio Intermunicipal Grande ABC já declarou que também pretende colocar em pauta da Assembleia de Prefeitos a regionalização do projeto de distribuição gratuita de canabidiol. Fonte: dgabc.

Cientistas do Colégio Militar de Manaus testam ondas sonoras que podem revolucionar o tratamento do Alzheimer e do Parkinson

Esqueça os remédios caros! Pesquisadoras brasileiras desenvolvem um método promissor para tratar Alzheimer e Parkinson sem o uso de medicamentos

19/03/2025 - Imagine um tratamento inovador para Alzheimer e Parkinson que não precisa de medicamentos caros e pode ser acessível a milhões de pessoas. Parece coisa de ficção científica? Pois um grupo de alunas do Colégio Militar de Manaus está tornando isso realidade! Usando ondas sonoras para estimular a atividade cerebral, elas desenvolveram uma tecnologia promissora que pode transformar a forma como lidamos com doenças neurodegenerativas. Os primeiros resultados são surpreendentes e já estão chamando a atenção de especialistas.

O tratamento de doenças como Alzheimer e Parkinson ainda é um grande desafio na medicina. No Brasil, cerca de 8,5% das pessoas com mais de 60 anos sofrem de demência, sendo o Alzheimer responsável por 70% dos casos. Esse quadro gera impactos não só para os pacientes e suas famílias, mas também para o Sistema Único de Saúde (SUS), que lida com altos custos de tratamento.

Jovens pesquisadoras desenvolvem projeto para tratamento de doenças neurodegenerativas – Foto: Divulgação

Reconhecimento nacional leva projeto do Colégio Militar à FEBRACE

A pesquisa foi desenvolvida por Ada Jamile, estudante do Colégio Militar de Manaus, e Isabela Rogério, ex-aluna do CMM e hoje estudante de Engenharia Elétrica na Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Criado em 2023 na área de Biofísica, o projeto estuda os efeitos das batidas binaurais, um fenômeno sonoro que acontece quando o cérebro recebe duas frequências diferentes e gera uma terceira, que ajuda a sincronizar a atividade neural.

Esse efeito pode regular a atividade elétrica do cérebro e influenciar processos fisiológicos, tornando-se uma alternativa não invasiva e de baixo custo para tratar doenças neurodegenerativas. A ideia surge como uma possibilidade viável para reduzir gastos do SUS e tornar o tratamento mais acessível a milhares de brasileiros.

O reconhecimento do projeto já é grande. A pesquisa será apresentada na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE), que acontece entre 24 e 28 de março na Universidade de São Paulo (USP). Além disso, o Sistema Colégio Militar do Brasil levará mais oito projetos inovadores para o evento.

Pesquisas mostram redução de genes ligados a doenças neurodegenerativas

Para testar a eficácia da técnica, os pesquisadores fizeram bioensaios, expondo células H4 a uma batida binaural de 12 Hz. Depois, analisaram genes ligados às demências, como APP, MAPT e BACE. Os resultados surpreenderam: a atividade desses genes caiu de forma significativa, sugerindo que as batidas binaurais podem modular processos biológicos associados ao Alzheimer e ao Parkinson.

Com esses dados, a pesquisa ganha ainda mais força como uma possível terapia complementar para doenças neurodegenerativas. Se novos estudos confirmarem os benefícios, essa tecnologia pode se tornar um grande avanço na medicina, melhorando a qualidade de vida de milhares de pessoas.

Mais testes e integração com inteligência artificial

Os próximos passos do projeto envolvem testes mais aprofundados com eletroencefalogramas, permitindo acompanhar os efeitos das batidas binaurais em pacientes reais. Além disso, novos bioensaios serão feitos para entender os impactos dessa técnica no nível proteico.

Outro avanço promissor do projeto é o uso de inteligência artificial (IA) na análise dos dados. Com isso, será possível acompanhar a evolução do tratamento em tempo real e ajustar as frequências sonoras conforme as necessidades de cada paciente. Fonte: sociedademilitar.

quarta-feira, 19 de março de 2025

Primeiro paciente com Parkinson administrado no ensaio clínico GT-02287

Estudo está recrutando adultos com doença idiopática ou mutação do gene GBA1

19 de março de 2025 - O primeiro paciente foi dosado no ensaio clínico da Gain Therapeutics de GT-02287, uma pequena molécula oral experimental que está sendo desenvolvida para o tratamento da doença de Parkinson.

Com vários locais abertos na Austrália, o ensaio clínico de Fase 1b (NCT06732180) ainda está recrutando até 20 adultos, com idades entre 30 e 85 anos, que foram diagnosticados com Parkinson há menos de sete anos e têm doença idiopática, ou seja, de causa desconhecida, ou carregam mutações conhecidas no gene GBA1. Os dados provisórios do estudo são esperados ainda este ano.

"O início da dosagem em nosso ensaio clínico de Fase 1b representa um passo importante no desenvolvimento clínico do GT-02287 e na missão da Gain de fornecer uma terapia modificadora da doença para pessoas com Parkinson", disse Gene Mack, presidente e CEO da Gain, em um comunicado à imprensa da empresa.

Mutações no gene GBA1 estão entre os fatores de risco genéticos mais comuns para a doença de Parkinson. Este gene codifica a GCase, uma enzima que decompõe as moléculas de gordura para reciclagem. Quando o gene sofre mutação, a enzima perde atividade, causando um acúmulo de depósitos tóxicos, incluindo aqueles formados por proteínas mal dobradas, como a alfa-sinucleína.

O GT-02287 foi projetado para se ligar à enzima GCase, restaurando sua atividade. Isso deve impedir que a alfa-sinucleína mal dobrada forme os depósitos tóxicos que danificam as células nervosas no cérebro que levam aos sintomas de Parkinson. Dados pré-clínicos sugerem que o GT-02287 pode retardar a progressão da doença.

Segurança de teste, tolerabilidade de GT-02287

Este estágio do desenvolvimento clínico do GT-02287 segue um estudo de Fase 1 em voluntários saudáveis, onde a droga atingiu os níveis esperados no líquido cefalorraquidiano, mostrando sua capacidade de entrar no cérebro. Também foi considerado seguro e bem tolerado.

No estudo, que envolveu 72 adultos saudáveis, o GT-02287 aumentou a atividade da GCase em cerca de 53% em relação a um placebo, conforme medido em manchas de sangue seco, indicando que a molécula se envolveu com a enzima e restaurou parcialmente sua atividade.

O ensaio clínico de Fase 1b em andamento está testando a segurança e a tolerabilidade do GT-02287 quando tomado diariamente por três meses por adultos com Parkinson. Todos os participantes receberão GT-02287 a 13,5 mg/kg por dia. Os objetivos secundários do estudo incluem medidas de farmacocinética, ou como o GT-02287 se move para dentro, através e para fora do corpo. Outros objetivos incluem os efeitos do GT-02287 na atividade da GCase e outros biomarcadores no sangue e no líquido cefalorraquidiano ao longo de três meses de tratamento.

Para serem elegíveis, os pacientes nunca devem ter tomado medicamentos para Parkinson ou estar em tratamento estável por pelo menos três meses, com a mesma dose por pelo menos quatro semanas antes da triagem. Eles também não devem mostrar flutuações motoras graves, quando os sintomas não são bem controlados, ou movimentos descontrolados graves, chamados discinesia. Fonte: parkinsonsnewstoday.

terça-feira, 18 de março de 2025

Guaraná e cacau contra o Parkinson? FUnATI cria suplemento para aliviar sintomas

Novo suplemento pode aliviar sintomas da Doença de Parkinson. (Foto: Divulgação/ FUnATI)

18 de março de 2025 - Pesquisadores da Fundação Universidade Aberta da Terceira Idade (FUnATI) desenvolveram um suplemento com potencial para atenuar os sintomas da Doença de Parkinson.

Chamado GuaCa, o produto é elaborado a partir de bioativos do guaraná (Paullinia cupana) e da casca da semente do cacau (Theobroma cacao), demonstrando efeitos na redução do estresse oxidativo e da inflamação neuronal.

O suplemento foi desenvolvido pelo Centro de Pesquisa, Ensino e Desenvolvimento Tecnológico (Gerontec) da FUnATI, com apoio da Samsung da Amazônia, conforme previsto na Lei 8.837/91, e da Fundação de Apoio ao Hemoam Sangue Nativo – Manaus.

O diferencial do projeto está na nanotecnologia aplicada ao nutri-fármaco, aumentando a absorção dos compostos ativos e potencializando seus efeitos terapêuticos.

Segundo o reitor da FUnATI, Euler Ribeiro, a pesquisa envolve análises químicas detalhadas, além de estudos in vitro e in vivo para garantir a segurança e eficácia do suplemento.

“Um dos diferenciais do projeto é a incorporação de nanotecnologia, que aumenta a absorção dos compostos ativos e potencializa seus efeitos terapêuticos”, afirma.

Além de sua relevância terapêutica, o projeto promove soluções sustentáveis ao reaproveitar subprodutos agroindustriais da Amazônia, fortalecendo a economia circular da região.

O uso da casca de cacau e do guaraná contribui para a valorização da biodiversidade amazônica e para o desenvolvimento de novos produtos com potencial medicinal.

Próximos passos e testes clínicos

Os estudos pré-clínicos do GuaCa já foram finalizados, resultando na redação de uma patente e em publicações científicas internacionais, reforçando a importância do projeto para a neurociência e a nutrição funcional.

O próximo passo dos pesquisadores é avançar para testes clínicos em pacientes, visando validar a eficácia do suplemento na prática.

A continuidade do projeto também prevê o aprimoramento do protótipo e a ampliação dos estudos clínicos, com o objetivo de tornar o GuaCa uma alternativa viável e acessível no tratamento complementar da Doença de Parkinson. Fonte: Realtime1.