terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Não há regras quando se trata da doença de Parkinson

É frustrante quando os sintomas não seguem nenhum padrão discernível

6 de janeiro de 2025 - Sempre fui bastante organizado e lógico. Gosto de conhecer as regras e o "porquê" por trás das coisas. Meu cérebro procura padrões nos quais posso confiar para prever ou explicar tudo. Crescendo em uma família onde meu pai ensinava ciências da sétima e oitava séries, sempre fui encorajado a procurar esse tipo de regra.


O mundo físico tem leis que o guiam - regras específicas de como as coisas agem. Essas leis estão sempre em vigor e sempre funcionam da mesma maneira. Por exemplo, uma das regras da física que guiam nosso universo é a terceira lei do movimento de Newton, afirmando que para cada ação, há uma reação igual e oposta. Eu gosto dessa lei. Faz sentido; você pode ver isso acontecer no mundo. E é verdade para todos e todos os objetos.


No entanto, a medicina e a doença não têm muitas leis lógicas e demonstráveis, e a doença de Parkinson não segue nenhuma regra.


Eu tenho Parkinson idiopático, a forma mais comum da doença. Idiopático é apenas uma palavra chique para "não sabemos por quê". Não existem regras ou fórmulas para quem tem Parkinson ou por quê. Felizmente, descobrimos o mecanismo da doença - o corpo para de produzir dopamina suficiente - mas não temos regras para nos dizer por que ela aparece quando e onde aparece ou por que aparece de maneiras tão diferentes. Temos ideias, e médicos e cientistas estão procurando respostas, mas ainda não sabemos.


O que é irritante para alguém como eu, que quer conhecer e seguir as regras.


Meu Parkinson também veio cedo, quando fui diagnosticado aos 36 anos. O início geralmente ocorre em meados dos anos 60 de uma pessoa - outra regra que esta doença não seguiu.


As pessoas costumam dizer: "Se você conheceu uma pessoa com Parkinson, conheceu uma pessoa com Parkinson". Isso significa que existem tantos sintomas possíveis, e cada pessoa experimenta sua própria mistura deles a qualquer momento. Mesmo dentro de você, você pode ter uma reação diferente a uma dose de sua medicação de um dia para o outro. Eu tinha um avô com Parkinson e ele tinha tremores terríveis. Para mim, os tremores sempre foram um sintoma muito menor. Não há padrão.


Pode ser tão incrivelmente frustrante. Às vezes você só quer estar no controle novamente.


Mas não há controle do Parkinson e não há leis que ele deva obedecer. Nós só podemos administrá-lo.


Criando minhas próprias regras

Então, eu criei minhas próprias regras. Elas começam com a graça: dar graça a mim mesma quando estou me sentindo mal ou meus remédios não fazem efeito como eu esperava. Eu também dou graça ao meu marido, amigos e família quando eles ficam frustrados comigo e com a doença. Graça inclui tentar não ficar chateado um com o outro, mas em vez disso ficar bravo com a doença e lutar contra ela juntos.


Outra regra é desistir das expectativas sobre o quão bom algo será e quão ruim pode ser. Eu nunca sei quanto tempo um período bom ou ruim vai durar. Mas eu sei que vai acabar, então eu me apego ao bem o máximo que posso e lembro que o mal não durará para sempre.


Minha última regra é lembrar que a única coisa que controlo é como enfrento o mundo. Esta regra se aplica a todos, não apenas aos pacientes e cuidadores de Parkinson. Quando me sinto fora de controle e frustrado, tento respirar, lembro-me de dar graça e sei que isso também passará. Fonte: Parkinsonsnewstoday.

Bial dá novo passo para a criação de medicamento que promete travar doença de Parkinson

A maior farmacêutica portuguesa, que já deu dois medicamentos ao mundo, anunciou que o primeiro doente completou o ensaio clínico de fase 2 com o BIA 28, um novo tratamento para a doença de Parkinson, fármaco que a companhia trofense prevê lançar ainda nesta década.

Em 2009, ao fim de 15 anos de investigação e perto de 400 milhões de euros de investimento, a Bial lançava o primeiro fármaco de raiz portuguesa - o antiepilético Zebinix -, tendo sete anos depois, após 11 anos de I&D e 280 milhões de euros, arrancado com a comercialização do antiparkinsoniano Ongentys.

Reconhecida internacionalmente ao nível das neurociências, dos Estados Unidos ao Japão, a Bial continua a aplicar em inovação cerca de 20% da sua faturação, sendo a empresa industrial portuguesa que mais investe em I&D, onde trabalha mais de uma centena dos seus cerca de 900 trabalhadores, de 25 nacionalidades.

Entretanto, com vista a lançar um novo medicamento ainda nesta década, a farmacêutica com sede na Trofa concluía no último verão o processo de recrutamento de mais de 230 doentes da América do Norte e da Europa, no âmbito do ensaio clínico de fase II para um tratamento inovador para a doença de Parkinson (DP).

Este ensaio visa avaliar a eficácia, segurança e tolerabilidade do BIA 28-6156 (nome de código, pois ainda não tem denominação comercial), um composto para o potencial tratamento de pacientes com doença de Parkinson que apresentam uma mutação no gene glucocerebrosidase 1 (GBA1).

O BIA 28-6156 é uma molécula pequena, a primeira desta classe de produtos que está em desenvolvimento para o tratamento de doentes com a DP que têm esta mutação, com a Bial a garantir que, com toma oral uma vez por dia, a sua fórmula pode ser o primeiro medicamento a modificar a causa subjacente da doença (DP-GBA).

7 de janeiro de 2025: a Bial acaba de anunciar que o primeiro doente completou o período de tratamento do estudo de fase 2, "Avtivate", relacionado com o BIA 28, o composto em fase mais avançada do "pipeline" da empresa.

"O primeiro doente a completar o estudo ‘Activate’ assinala um marco fundamental no desenvolvimento clínico do BIA 28-6156, assim como na nossa ambição de criar valor que transforme a vida das pessoas que têm doenças neurodegenerativas", afirma Joerg Holenz, "Chief Scientific Officer" da Bial.

"Estamos confiantes de que o nosso medicamento tem o potencial de se tornar um tratamento revolucionário e inovador para doentes com um diagnóstico confirmado de DP-GBA", considera Holenz, realçando que "o BIA 28-6156 tem um mecanismo de ação específico, potencialmente modificador da doença, com a capacidade de retardar a progressão clínica motora".

Os dados principais deste estudo de fase 2 deverão ser publicados em meados de 2026, prevê a farmacêutica controlada pela família Portela.

Já Joaquim Ferreira, professor de Neurologia e Farmacologia Clínica na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, investigador do estudo "Activate" e membro do Steering Committee deste estudo, enfatiza que o facto de o primeiro doente ter completado o ensaio clínico de fase 2 "reflete mais um passo no esforço excecional para fazer avançar as opções de tratamento para a doença de Parkinson, em particular para os doentes com mutações GBA1".

"Este passo vem na sequência do sucesso notável da fase de recrutamento, que incluiu mais de 230 doentes geneticamente confirmados com DP-GBA em 85 centros na Europa e na América do Norte. Existe uma enorme expectativa em torno do potencial do BIA 28-6156, não só para a comunidade de doentes com DP-GBA, mas também para a comunidade de doentes de Parkinson em geral", conclui Joaquim Ferreira.

A DP é a segunda doença neurodegenerativa mais comum, afetando globalmente mais de 10 milhões de pessoas, sendo que entre 5% e 15% dos doentes com DP tem mutações no gene GBA, tornando-o, numericamente, o fator de risco genético mais importante para a doença de Parkinson.

"Os doentes com DP-GBA tendem a ter, em média, um início mais precoce dos sintomas em comparação com os doentes com DP idiopática. Os sintomas clínicos são mais graves e progridem significativamente mais depressa, levando a um pior prognóstico, o que realça a importância de desenvolver novas soluções que possam ter impacto na progressão da doença", sinaliza a Bial, que fechou o exercício de 2023 com uma faturação de 337,4 milhões de euros, mais 9% do que no ano anterior. Fonte: jornaldenegocios.

Avanço tecnológico aprimora cirurgia para tratar de doença de Parkinson

Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, passou a realizar a operação utilizando um sistema robótico de imagem de forma inédita na América Latina

06/01/2025 - Há mais de duas décadas, a cirurgia moderna da doença de Parkinson vem transformando o prognóstico dos pacientes que convivem com a condição. Aliado aos avanços tecnológicos, o procedimento ajuda a melhorar os três principais sintomas da condição neurodegenerativa, que não tem cura — tremor, rigidez e lentidão.

Para aprimorar ainda mais os resultados e a recuperação dos pacientes, o Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, passou a realizar essa operação utilizando um sistema robótico de imagem transoperatório, o chamado Loop-X Brainlab. A cirurgia inédita na América Latina ocorreu em novembro.

Alexandre Reis, especialista em Distúrbios do Movimento e neurocirurgião funcional do Hospital Moinhos de Vento, explica que a cirurgia moderna do Parkinson foi instituída a partir de 2002 e é chamada de implante de eletrodo cerebral profundo — nome oriundo da sigla DBS (Deep Brain Stimulation).

Melhoras expressivas

Conforme o médico, o procedimento foi um grande marco revolucionário no tratamento da doença porque consegue melhorar de forma muito expressiva os sintomas em pacientes em fases moderadas e avançadas, para os quais se tem poucos recursos medicamentosos.

— Antes dos anos 2000, tínhamos um prognóstico muito sombrio para os pacientes. Depois de 10 anos de doença, não tínhamos muitos recursos para utilizar e, hoje, temos o advento da cirurgia, que melhora os três sintomas principais: tremor, rigidez e lentidão — reforça Reis.

De acordo com o neurocirurgião, uma das peculiaridades dessa cirurgia é o fato de sempre ter sido aliada à tecnologia, já que se trata de um procedimento de alta precisão. A operação tem como instrumento principal um aparelho chamado de estereotaxia, que vai se modernizando com o passar das décadas para que fique mais preciso e mais fácil de usar, melhorando o resultado.

Paciente acordado

Outra característica do procedimento, segundo Reis, é a necessidade de, na maioria das vezes, ser realizado com o paciente acordado. Isso ocorre porque é preciso ter a colaboração da pessoa operada, seja para conversar ou para “testar” movimentos. Por isso, é importante que a cirurgia seja cada vez mais aprimorada e agilizada, ressalta o médico:

— Se a cirurgia demora 10 horas com um paciente anestesiado, ele não percebe, não faz diferença para ele. Mas se demora 10 horas com um paciente acordado, é muito cansativo e desgastante. Existe um desgaste físico muito grande para um paciente que já é debilitado.

O especialista destaca que o recente investimento do Moinhos no aparelho Loop-X tem justamente esse objetivo, já que se trata de uma tomografia portátil transoperatória, que oferece uma imagem “extremamente detalhista”, é muito pequena e se move de forma bastante ágil. Além disso, não sai da sala cirúrgica.

— Para fazer essa cirurgia, precisávamos colocar um aparelho de estereotaxia, que é como se fosse uma coroa, na cabeça do paciente e fazer uma tomografia. Isso, na imensa maioria dos serviços do mundo inteiro, é feito fora do bloco cirúrgico. E aí tem que levar o paciente para a tomografia, botar o aparelho, fazer a tomografia e encaminhá-lo para o bloco. Às vezes, nessa logística, perdemos uma hora ou, se dá atrasos, duas horas. Quando temos o aparelho dentro do bloco, fazemos tudo em um momento só — esclarece Reis.

Além de reduzir o tempo de cirurgia, o aparelho traz benefícios em termos de conforto e de resultado, conforme o neurocirurgião. Isso porque diminui o desgaste do paciente e colabora para um passo que não é feito rotineiramente: uma segunda tomografia durante a operação para conferir se o eletrodo ficou no lugar certo.

Indicação

De acordo com o especialista, existem protocolos de indicações — que são flexíveis e envolvem uma série de pré-requisitos — para a cirurgia de Parkinson. Entre esses critérios, estão: ter uma evolução de, no mínimo, cinco anos de doença, perda do efeito dos medicamentos ou surgimento de complicações motoras, menos de 75 anos e boas condições de saúde.

O resultado da cirurgia, afirma Reis, varia de acordo com cada paciente. Aqueles que tiverem sintomas mais avançados terão benefícios diferentes daqueles que buscaram o procedimento depois de cinco anos, por exemplo.

— Nesses casos, o benefício é muito melhor. E boa parte deles fica até sem sintomas. Não percebemos os sintomas quando opera no momento certo. Mas a estatística é em torno de 70% ou 80% da melhora do tremor, 60% ou 70% de melhora da rigidez e da lentidão — comenta o especialista. Fonte: Zero Hora.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Direcionamento da α-sinucleína na doença de Parkinson

8 Novembro de 2004 - Resumo -

A agregação de α-sinucleína em fibrilas está associada à patogênese da doença de Parkinson (DP). Li et al. fornecem fortes evidências de que a rifampicina interage com a α-sinucleína e inibe sua fibrilação [1]. A rifampicina pode ser uma candidata promissora para aplicação terapêutica na DP.

Às vezes, uma observação pode produzir uma ligação hipotética entre dois eventos aparentemente não relacionados. Por exemplo, a observação de McGeer et al. e Namba et al. de que pacientes idosos tratados com anti-hanseníase têm menos demência e placas senis em seus cérebros do que pacientes não tratados criou uma ligação entre o medicamento anti-hanseníase rifampicina e doenças neurodegenerativas [2, 3]. Como essa hipótese foi perseguida e quais podem ser as possíveis consequências para a DP e outras doenças degenerativas celulares serão discutidas aqui.

A agregação de proteínas in vivo em depósitos fibrilares está fortemente associada à degeneração celular e à patogênese de várias doenças degenerativas celulares progressivas. Isso inclui doenças neurodegenerativas fatais, como doença de Alzheimer (DA), doença de Parkinson (DP), doença de Huntington (DH), encefalopatias espongiformes transmissíveis (TSEs ou doenças priônicas), doença degenerativa de células β pancreáticas diabetes tipo II (DM2) e várias outras amiloidoses localizadas ou sistêmicas [4]. Em todas essas condições, um polipeptídeo ou proteína específica da doença se agrega em depósitos fibrilares. Evidências recentes sugerem que eventos moleculares comuns podem estar subjacentes à patogênese das diferentes doenças de "agregação de proteínas".

A doença de Parkinson é o distúrbio neurodegenerativo do movimento humano mais comum e afeta ∼1% da população idosa. Embora estratégias de tratamento sintomáticas estejam disponíveis, a DP continua sendo uma doença incurável [5]. Os sintomas clínicos primários da DP são bradicinesia, tremor em repouso, rigidez muscular e dificuldade de equilíbrio. A DP é neuropatologicamente caracterizada por uma degeneração acentuada e progressiva dos neurônios dopaminérgicos e pela presença de inclusões citoplasmáticas fibrilares (corpos de Lewy [LBs]) e neuritos distróficos (neuritos de Lewy [LNs]) na região da substância negra do cérebro [6]. Embora a perda de neurônios dopaminérgicos esteja certamente relacionada aos principais sintomas clínicos da DP, as causas e a patogênese dessa doença multifatorial, bem como das "sinucleinopatias" relacionadas, ainda são amplamente desconhecidas.

Os principais componentes de LBs e LNs são agregados fibrilares de α-sinucleína [6, 7]. A α-sinucleína é uma proteína pré-sináptica neuronal amplamente expressa que parece desempenhar um papel nos processos associados à membrana e na plasticidade sináptica e tem sido associada a processos de aprendizagem e desenvolvimento [6]. Embora o(s) mecanismo(s) de formação de LBs e LNs e sua associação com a DP ainda não sejam compreendidos, várias linhas de evidência sugerem que a fibrilação por α-sinucleína está associada à DP [6, 8]. Da mesma forma que outras doenças de agregação de proteínas, os papéis neurotóxicos e neuroprotetores têm sido atribuídos aos produtos finais da agregação de α-sinucleína, os depósitos fibrilares de α-sinucleína [6, 8]. A formação de fibrilas de α-sinucleína in vitro ocorre por meio da conversão da proteína residual de 140 aminoácidos, que parece ser "desdobrada nativamente", em oligômeros ordenados e ricos em folhas β, também chamados de "protofibrilas" [8]. Protofibrilas de α-sinucleína ou oligômeros alternativamente dobrados/montados foram sugeridos como neurotóxicos [8, 9]. As protofibrilas gradualmente se transformam em fibrilas que podem, portanto, atuar como sequestradoras de espécies neurotóxicas [9]. Independentemente da natureza das espécies neurotóxicas, o processo de fibrilação por α-sinucleína parece estar fortemente ligado à neurodegeneração. Portanto, identificar estratégias/fatores moleculares que podem interferir e/ou inibir esse processo é uma abordagem razoável para entender as causas moleculares da DP e desenvolver novos conceitos de tratamento. Li et al. descrevem nesta edição seus esforços em direção a essas metas [1].

No decorrer de seus estudos para investigar uma ligação potencial entre demência senil e rifampicina, Tomiyama et al. descobriram anteriormente que a rifampicina inibe a fibrilação e a neurotoxicidade do peptídeo β-amilóide (Aβ) [10–12]. Aβ é o principal constituinte das placas senis, e sua fibrilação está fortemente associada à neurodegeneração na DA. Além disso, a rifampicina inibiu a toxicidade celular do polipeptídeo amiloide das ilhotas (IAPP), que é o polipeptídeo amiloidogênico no DM2. Como o estresse oxidativo está associado à degeneração celular, esses efeitos foram atribuídos pela primeira vez ao potencial efeito antioxidante da rifampicina, que possui uma estrutura naftohidroquinona ou naftoquinona. Mais tarde, foi sugerido que a rifampicina se liga às fibrilas Aβ e IAPP e inibe seu contato com as células vizinhas [11, 12].

Os achados de Li et al. fornecem fortes evidências bioquímicas e biofísicas de que a rifampicina interfere na via de fibrilação da α-sinucleína em quantidades subestequiométricas, inibe a formação de fibrilas e pode desagregar fibrilas já formadas (Figura 1) [1]. Ao acompanhar a conformação da α-sinucleína na presença de rifampicina em vários momentos por espectroscopia de dicroísmo circular (CD), nenhuma alteração na conformação geral foi detectada. Por outro lado, na ausência de rifampicina, a α-sinucleína agregou-se em oligômeros e fibrilas solúveis em folha de β. Esses resultados sugerem que a rifampicina previne a formação de agregados de β folha de α-sinucleína. A cromatografia de exclusão por tamanho (SEC), a ligação da tioflavina T e a microscopia eletrônica sugerem que a interação da rifampicina com a α-sinucleína solúvel resulta na estabilização de monômeros de α-sinucleína e oligômeros solúveis. Além disso, descobriu-se que a rifampicina é capaz de dissociar as fibrilas de α-sinucleína em oligômeros solúveis e ricos em β folhas. Como a rifampicina se degrada e / ou oxida facilmente em produtos de quinona em solução aquosa, as soluções de rifampicina incubadas em condições aeróbicas ou anaeróbicas também foram estudadas, e as soluções contendo produtos de degradação oxidativa foram significativamente mais "potentes". A análise da SEC indicou que a rifampicina se liga fortemente aos mono e oligômeros de α-sinucleína. Os autores propõem que, de fato, a rifampicina pode se ligar covalentemente à α-sinucleína, possivelmente, por meio da reação de sua forma de naftoquinona com grupos amino da cadeia lateral de lisina para formar uma base de Schiff.

Figura 1 Vias potenciais para fibrilação por α-sinucleína e sua inibição pela rifampicina

Esta hipótese e os resultados dos estudos de rifampicina aqui apresentados (Figura 1) estão de acordo com os resultados de outros estudos: Zhu et al. mostraram muito recentemente que o flavonóide baicaleína também inibe a fibrilação por α-sinucleína, estabiliza um oligômero parcialmente dobrado e desagrega fibrilas [13]. A baicaleína quinona foi sugerida como a forma mais "potente" de baicaleína e a espectroscopia de massa indicou a formação de um aduto covalente de baicaleína quinona-α-sinucleína [13]. Conway et al. [14] sugeriram que a dopamina estabiliza cineticamente uma protofibrila de α-sinucleína (oligômero) potencialmente neurotóxica por ligação oxidativa à α-sinucleína por meio de sua forma de ortoquinona. Além disso, um estudo muito recente de Li et al. mostrou que a dopamina pode desagregar as fibrilas α-sinucleína e Aβ, sugerindo a formação de oligômeros de α-sinucleína modificados covalentemente por catecolamina quinona(s) [15].

Em conjunto, as descobertas de Li et al., publicadas nesta edição da Chemistry & Biology, são empolgantes e oferecem uma nova visão mecanicista e possíveis estratégias terapêuticas para a DP. Ao mesmo tempo, esses resultados, em conjunto com as descobertas discutidas acima, dão origem a uma série de questões que precisam ser abordadas. Por exemplo, quais são as estruturas químicas e quaternárias dos oligômeros de α-sinucleína que são potencialmente estabilizados por rifampicina, baicaleína ou dopamina? Qual é a morfologia e quais são as propriedades bioquímicas, biofísicas e associadas à viabilidade celular dessas espécies? Eles são oligômeros neurotóxicos ou são oligômeros não tóxicos? Os oligômeros que são estabilizados pela rifampicina (ou outros compostos) via interação com a α-sinucleína solúvel são diferentes das espécies oligoméricas que são geradas a partir da desagregação das fibrilas? Se β oligômeros ou protofibrilas de α-sinucleína ricos em lençol fossem de fato neurotóxicos [8, 9] e os oligômeros estabilizados tinham propriedades semelhantes a eles, o que possivelmente resultaria em um efeito de aumento da rifampicina / baicaleína / dopamina na neurotoxicidade associada à α-sinucleína. Por outro lado, se os oligômeros de "desmontagem de fibrilas" e os oligômeros parcialmente ordenados estabilizados não fossem citotóxicos e porque as condições de estresse oxidativo promovem fibrilação por α-sinucleína e neurotoxicidade por rifampicina, baicaleína e compostos relacionados, ofereceria uma perspectiva razoável para o desenvolvimento de drogas para combater a DP e, possivelmente, a DA e outras doenças de agregação de proteínas [16, 17].

Finalmente, para o potencial uso a longo prazo da rifampicina e compostos relacionados em uma nova situação de doença, ou seja, seu uso como terapêutico em doenças degenerativas celulares, parece importante descobrir se e com que eficiência esses compostos podem modificar indesejadamente proteínas celulares além das proteínas amiloidogênicas. No entanto, essas desvantagens potenciais podem muito bem ser contrabalançadas, porque o uso médico da rifampicina está há muito estabelecido, em princípio, a partir de sua aplicação em doenças infecciosas. Fonte: Cell. 

Mudanças de humor

060125 - Saiba quais sintomas de humor afetam seu dia-a-dia e como gerenciá-los. 

Todo mundo tem dias bons e ruins. No entanto, ansiedade, depressão e apatia prolongadas e inexplicáveis surgem de mudanças na química do cérebro que acompanham o Parkinson.  

Que mudanças de humor podem ocorrer no Parkinson?

Quando as pessoas começam a desenvolver sintomas de Parkinson, especialmente aquelas com menos de 50 anos, muitas vezes não são diagnosticadas ou são diagnosticadas erroneamente após anos de investigação. Ao longo desta jornada, você pode estar passando por momentos em que as atividades cotidianas parecem muito difíceis.  

Alterações químicas no cérebro decorrentes do Parkinson podem resultar em alterações de humor, incluindo ansiedade, depressão, estresse, apatia, irritabilidade, perda de interesse em atividades que você gostava, baixa autoestima e sensação de sobrecarga. Todo mundo com Parkinson experimenta um conjunto diferente de sintomas.  

Cerca de metade das pessoas com Parkinson experimentará alguma forma de depressão e 40% das pessoas podem experimentar um transtorno de ansiedade.

Arme-se com conhecimento e mecanismos de enfrentamento para ajudar no seu bem-estar mental e físico.  

Ansiedade 

A ansiedade pode afetar significativamente a forma como você vê a si mesmo, seu corpo e seu papel em situações sociais. Não se trata apenas de se sentir nervoso; é sobre como isso muda sua vida diária e interações.

A ansiedade está presente em toda a jornada de Parkinson em constante mudança, desde o estresse pré-diagnóstico dos sintomas desconhecidos e inexplicáveis até o estresse do diagnóstico e o luto pelas perdas que você experimenta em sua mobilidade e independência.  

Depressão 

A depressão não é apenas uma reação ao diagnóstico ou aos desafios de viver com Parkinson, mas um resultado direto de mudanças nas substâncias químicas cerebrais que regulam o humor, a energia, a motivação, o apetite e o sono. Você pode experimentar sentimentos persistentes de tristeza ou perda de interesse em atividades que costumavam lhe trazer alegria mais de uma década antes de ocorrer qualquer sintoma de movimento.

Apatia  

A apatia é mais do que apenas sentir-se estressado ou preocupado. A apatia é um sintoma não motor comum do Parkinson, caracterizado por falta de interesse, entusiasmo ou motivação. Perder o interesse em novas atividades, falta de resposta emocional às situações e dificuldade em iniciar ou concluir tarefas são manifestações comuns de apatia. Ao contrário da depressão, que envolve sentimentos de tristeza e culpa, a apatia é um achatamento emocional e um desinteresse geral pela vida. Você pode se sentir menos inclinado a se exercitar, seguir horários de medicamentos ou se envolver em atividades sociais, o que pode piorar os sintomas. A apatia no Parkinson pode ser desafiadora, mas existem estratégias para gerenciá-la. Mantenha-se engajado socialmente, exercite-se e otimize medicamentos e tratamentos.

Stress 

O estresse é algo que piora todos os sintomas de Parkinson. O estresse pode exacerbar os sintomas de Parkinson, como tremores, rigidez e lentidão de movimentos1. Também pode piorar os sintomas não motores, como ansiedade, depressão e problemas de sono. O estresse de longo prazo pode acelerar a progressão da doença de Parkinson, aumentando a degeneração das células cerebrais. Os hormônios do estresse podem ativar receptores nas células cerebrais, potencialmente acelerando a morte dos neurônios. Gerenciar o estresse por meio de técnicas de relaxamento, atenção plena, exercícios e apoio social pode ajudar a reduzir seu impacto nos sintomas de Parkinson. Algumas pessoas também podem se beneficiar de medicamentos para controlar a ansiedade e o estresse.

Ferramentas que incentivam a saúde mental 

Aplicativos que têm afirmações, troca de pensamento e terapia cognitivo-comportamental (TCC).  

Os sites têm muitas informações. Conhecimento é poder, mas tenha cuidado ao procurar fontes confiáveis.

O exercício pode ajudar em muitos aspectos do controle dos sintomas no Parkinson. Não só pode melhorar o seu humor, mas também ajuda com a constipação e os sintomas de movimento.

Exercícios de atenção plena podem ajudar.

Seu cuidado 

É importante que as pessoas com Parkinson encontrem maneiras eficazes de gerenciar o estresse para melhorar sua qualidade de vida geral. Mantenha contato com seus prestadores de cuidados primários, como um clínico geral ou enfermeiro especialista em Parkinson, para monitorar sua saúde mental, além de consultar um psicólogo e assistente social para trabalhar com seu diagnóstico de mudança de vida. Fonte: Parkinsons Austrália.

Inteligência Artificial a combater Alzheimer e Parkinson: a história de como isso está a acontecer, com quem - e como chegou ao Nobel

060125 - E para entender isso temos de começar com Lila Ibrahim. Quem?

O primeiro amor de Lila Ibrahim não são os computadores. Para surpresa da primeira diretora de operações do Google DeepMind, nem sequer é a inteligência artificial - nem a programação.

O primeiro amor de Lila Ibrahim é a engenharia e é essa formação que a torna tão valiosa num trabalho que tem tudo que ver com computação.

“Tornei-me engenheira eletrotécnica porque pensei que era uma combinação de matemática, arte e ciência. E, ao longo do caminho, acabei por gostar muito de trabalhar com pessoas. E o que mais gostei na minha carreira de engenheira foi a capacidade de juntar tudo isso e ter uma visão única em tudo o que faço”, conta Lila Ibrahim a Anna Stewart, da CNN, durante uma entrevista recente na sede do Google DeepMind, em Londres.

“Ser engenheira ensinou-me a perguntar o quê, porquê e o que estamos a tentar alcançar. Assim, se conseguirmos compreender realmente um problema, podemos descobrir qual é a solução certa, em vez de nos limitarmos a atirar uma série de soluções para um problema indefinido.”

Como profissional que resolve problemas, parte do seu trabalho “é preocupar-se”, diz Ibrahim. “Quais são os riscos e como é que os mitigamos? E também pensar nas oportunidades - e como as apoiamos? ... Sinto que tive quase uma vocação moral para desempenhar este papel e, de repente, o meu passado muito estranho e tortuoso faz sentido no sítio onde me encontro agora.”

Uma coisa que aprendeu, sublinha Lila Ibrahim, é que não é muito boa a prever o futuro: “Mas sou muito boa a construí-lo”.

Pensar de fora para dentro

Filha de imigrantes e tendo o inglês como segunda língua, Lila Ibrahim conta que se sentiu muitas vezes “como uma estranha” durante a infância e a vida adulta, primeiro no Midwest americano, depois como estudante de intercâmbio no Japão e na universidade de Purdue, em Indiana, EUA, onde estudou engenharia elétrica.

“Não havia muitas mulheres”, recorda Ibrahim. “De facto, na altura podiam contar-se pelos dedos de uma mão.”

Nessa altura, com vinte e poucos anos, “estava já muito habituada” a ter de se sentir à vontade “para trazer uma perspetiva diferente para tudo”.

Embora essa mentalidade de “outsider” tenha inicialmente parecido um obstáculo, Lila Ibrahim diz que a maior lição que aprendeu foi aceitá-la como um superpoder - e gostaria de o ter feito mais cedo.

Construiu a sua carreira, primeiro no fabricante de chips para computadores Intel, depois numa empresa de capital de risco. Lila Ibrahim tornou-se a primeira presidente e diretora de operações da plataforma de aprendizagem em linha Coursera.

Em 2018 surgiu-lhe uma oportunidade fascinante: o DeepMind, um laboratório de investigação de inteligência artificial (IA) fundado em 2010 - que a Google adquiriu em 2014 - e que estava à procura do seu primeiro diretor de operações.

“Trinta anos depois de começar a minha carreira, eu realmente queria ser muito intencional sobre qual seria o próximo capítulo”, diz Lila Ibrahim.

“Mas quando se tem a oportunidade de trabalhar numa tecnologia tão transformadora... como é que se pode dizer não? Por isso, comecei a conversar, mas de forma muito lenta e intencional. Queria perceber qual era a visão dos fundadores sobre o que eu podia tornar possível e quais eram os riscos.”

No total, Lila Ibrahim diz que passou 50 horas a fazer entrevistas para o cargo, enquanto ponderava a perspetiva de entrar no excitante, mas muitas vezes controverso mundo da IA.

Ia para casa e aconchegava as minhas filhas à noite e dizia: “Que tipo de legado vou deixar no mundo? No final do dia, senti que não havia melhor sítio para construir a IA de forma responsável do que no DeepMind”.

Uma ideia vencedora do Nobel

A paixão de Ibrahim pela engenharia foi inspirada pelo seu pai libanês, que ficou órfão aos cinco anos de idade e que viria a tornar-se engenheiro eletrotécnico.

“Lembro-me que, quando eu estava a crescer, ele tinha uns desenhos lindos na secretária em casa. E depois eu via esses desenhos transformarem-se em microchips que iam para coisas como pacemakers cardíacos. Por isso, este miúdo órfão do Líbano teria conseguido salvar a vida de pessoas através do seu trabalho em pacemakers, tudo através da engenharia.”

Lila Ibrahim, na foto com o pai, Shawki Ibrahim, atribui-lhe a inspiração para se ter tornado engenheira eletrotécnica foto Lila Ibrahim

Motivada pelo exemplo do pai, Lila Ibrahim avalia o seu trabalho em termos de impacto. No Google DeepMind, talvez o exemplo mais importante seja o AlphaFold, o programa de IA da empresa capaz de resolver o que chama “problema de previsão de proteínas”.

“Uma proteína é um bloco de construção básico da vida”, explica Lila Ibrahim. “E se conseguirmos perceber como é que uma proteína se dobra, podemos perceber a função que tem e, quando se dobra mal, o que é que correu mal. Por isso, coisas como a doença de Alzheimer e a doença de Parkinson são problemas relacionados com as proteínas”.

O que normalmente levaria anos a um investigador humano para obter apenas uma única proteína, agora acontece em minutos. A empresa também tornou o AlphaFold open source, o que significa que qualquer investigador em qualquer parte do mundo pode ter acesso a ele (mais de dois milhões de pessoas em 190 países já o fizeram, segundos dados do próprio Google DeepMind). Em outubro, dois dos colegas de Lila Ibrahim receberam o Prémio Nobel da Química pelo programa.

“Não estávamos à espera do Prémio Nobel”, diz Lila Ibrahim, “definitivamente não neste ano”, referindo que o AlphaFold tem apenas quatro anos.

“O AlphaFold é apenas o primeiro passo”, acrescenta. “Temos uma carteira de investigação que está a decorrer não só na biologia, mas também na química, na física e muito mais.”

“Os pioneiros acabam com setas nas costas”

Nem sempre foi fácil, diz Lila Ibrahim; mesmo com o AlphaFold, houve períodos em que não tinham a certeza de que alguma vez funcionaria.

Mas Lila Ibrahim aponta um momento no início da sua carreira, quando estava na Intel, que foi muito “transformador” para ela. Depois de ter sido “esbofeteada” (não literalmente) enquanto trabalhava num projeto exigente, o então CEO e presidente Craig Barrett, que Ibrahim considera um dos seus mentores mais valiosos, disse-lhe: “Os pioneiros acabam com setas nas costas. Você está a abrir um caminho. Pare de vez em quando. Deixa-me tirar as setas para que possas correr mais e mais depressa”.

Agora, diz Lila Ibrahim, está em posição de retirar as setas das costas da sua equipa, ao mesmo tempo que retira algumas das suas, numa tentativa de “dar espaço às pessoas para fazerem o que está certo”.

Embora Lila Ibrahim diga que beneficiou dos seus mentores - que, como salientou, eram todos homens -, espera que em breve chegue o momento em que ela e outras mulheres no setor da tecnologia deixem de se sentir estranhas.

“Espero, sem dúvida, que as minhas filhas e a sua geração ultrapassem os limites do que significa ser engenheiro, cientista, muito além do que a minha geração foi capaz de realizar”, afirma Ibrahim.

“Também sinto que é minha responsabilidade agora, neste papel, neste momento da história, garantir que não estou apenas a trazer as mulheres, mas a pensar em trazer outras pessoas - seja em termos de género, diversidade geográfica, diversidade étnica... Para se ter o impacto na sociedade que é necessário, precisamos de vozes diversificadas desde o início.” Fonte: cnnportugal.

domingo, 5 de janeiro de 2025

N2GNet rastreia o desempenho da marcha a partir de sinais neurais subtalâmicos na doença de Parkinson

04 de janeiro de 2025 - Resumo A estimulação cerebral profunda adaptativa (DBS) fornece terapia individualizada para pessoas com doença de Parkinson (PWP), ajustando a estimulação em tempo real usando sinais neurais que refletem seu estado motor. Os algoritmos atuais, no entanto, usam recursos neurais condensados ​​e selecionados manualmente, o que pode resultar em uma terapia menos robusta e tendenciosa. Neste estudo, propomos a rede Neural-to-Gait Neural (N2GNet), um novo modelo de regressão baseado em aprendizagem profunda capaz de rastrear o desempenho da marcha em tempo real a partir de potenciais de campo locais do núcleo subtalâmico (STN LFPs). Os dados LFP foram adquiridos quando dezoito PWP realizaram a pisada no lugar, e as forças de reação do solo foram medidas para rastrear suas mudanças de peso representando o desempenho da marcha. Ao exibir uma correlação mais forte com mudanças de peso em comparação com o poder beta de correlação mais alta das duas derivações e superar outros designs de modelos avaliados, o N2GNet aproveita efetivamente uma banda de frequência abrangente, não limitada à faixa beta, para rastrear o desempenho da marcha exclusivamente de LFPs STN (segue...) Fonte: Nature.

Medicalização da vida não tem volta, não tem solução, opina Drauzio Varella

 

Cientistas descobrem a chave para prevenir a neurodegeneração no Parkinson e distúrbios relacionados

1º de novembro de 2024 - Uma equipe de pesquisadores descobriu um mecanismo inovador na formação de agregados proteicos prejudiciais que levam a doenças neurodegenerativas, como a doença de Parkinson. A equipe, liderada pelo professor Norifumi Shioda e pelo professor associado Yasushi Yabuki, identificou pela primeira vez que estruturas únicas de RNA chamadas G-quadruplexes (G4s) desempenham um papel central na promoção da agregação de alfa-sinucleína, uma proteína associada à neurodegeneração. Ao demonstrar que a inibição da montagem de G4 poderia potencialmente prevenir o início de sinucleinopatias, esta descoberta posiciona G4 como um alvo promissor para intervenção precoce nessas doenças.

Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Kumamoto descobriu um mecanismo inovador na formação de agregados proteicos prejudiciais que levam a doenças neurodegenerativas, como a doença de Parkinson. A equipe, liderada pelo professor Norifumi Shioda e pelo professor associado Yasushi Yabuki, identificou pela primeira vez que estruturas únicas de RNA chamadas G-quadruplexes (G4s) desempenham um papel central na promoção da agregação de α-sinucleína, uma proteína associada à neurodegeneração. Ao demonstrar que a inibição da montagem de G4 poderia potencialmente prevenir o início de sinucleinopatias, esta descoberta posiciona G4 como um alvo promissor para intervenção precoce nessas doenças.

Em um estado saudável, a α-sinucleína normalmente regula a função neuronal. No entanto, em doenças neurodegenerativas, ela se agrega, levando a danos celulares e sintomas motores. Os pesquisadores identificaram que G4s, estruturas de RNA de quatro fitas que se formam em resposta ao estresse celular, funcionam como um "andaime" que facilita a agregação de α-sinucleína. Níveis elevados de cálcio, frequentemente vistos sob estresse, acionam a montagem de G4, que então atrai α-sinucleína, convertendo-a em um estado prejudicial e propenso a agregados.

A equipe foi um passo além, demonstrando uma nova abordagem para prevenir esse processo. Eles administraram ácido 5-aminolevulínico (5-ALA), um composto que bloqueia a formação de G4, para modelar camundongos exibindo sintomas semelhantes aos de Parkinson. Impressionantemente, o tratamento com 5-ALA não apenas preveniu a agregação de α-sinucleína, mas também interrompeu a progressão dos sintomas motores, um sinal promissor para terapias potenciais visando a neurodegeneração em estágio inicial.

Esse avanço pode avançar significativamente os tratamentos voltados para doenças neurodegenerativas ao focar na regulação de G4. Como os G4s também estão implicados em outras doenças, como a doença de Alzheimer, essa descoberta pode ampliar o impacto desses tratamentos além da doença de Parkinson. Essas descobertas foram publicadas no periódico Cell em 18 de outubro de 2024, lançando nova luz sobre estratégias preventivas para combater a neurodegeneração e melhorar a qualidade de vida de populações envelhecidas. Fonte: sciencedaily.

Estudo cerebral desafia visões antigas sobre distúrbios de movimento de Parkinson

January 3, 2025 - Pesquisadores descobriram novas descobertas sobre movimentos musculares involuntários que vêm com a administração de longo prazo do medicamento para Parkinson, levodopa.

Pesquisadores da Universidade do Arizona revelaram novos insights sobre uma das complicações mais comuns enfrentadas por pacientes com doença de Parkinson: movimentos incontroláveis ​​que se desenvolvem após anos de tratamento.

A doença de Parkinson — um distúrbio neurológico do cérebro que afeta o movimento de uma pessoa — se desenvolve quando o nível de dopamina, uma substância química no cérebro responsável pelos movimentos corporais, começa a diminuir. Para combater a perda de dopamina, um medicamento chamado levodopa é administrado e depois é convertido em dopamina no cérebro. No entanto, o tratamento de longo prazo com levodopa induz movimentos involuntários e incontroláveis ​​conhecidos como discinesia induzida por levodopa.

Um estudo publicado no periódico Brain revelou novas descobertas sobre a natureza da discinesia induzida por levodopa e como a cetamina, um anestésico, pode ajudar a lidar com a condição desafiadora.

Ao longo dos anos, o cérebro de um paciente de Parkinson se adapta ao tratamento com levodopa, e é por isso que a levodopa causa discinesia a longo prazo, disse Abhilasha Vishwanath, autora principal do estudo e pesquisadora de pós-doutorado no Departamento de Psicologia da U of A.

No novo estudo, a equipe de pesquisa descobriu que o córtex motor — a região do cérebro responsável por controlar o movimento — se torna essencialmente "desconectado" durante episódios discinéticos. Essa descoberta desafia a visão predominante de que o córtex motor gera ativamente esses movimentos incontroláveis.

Devido à desconexão entre a atividade cortical motora e esses movimentos incontroláveis, provavelmente não há uma ligação direta, mas sim uma maneira indireta pela qual esses movimentos estão sendo gerados, disse Vishwanath.

Os pesquisadores registraram a atividade de milhares de neurônios no córtex motor.

"Existem cerca de 80 bilhões de neurônios no cérebro, e eles dificilmente param em algum momento. Então, há muitas interações entre essas células que estão acontecendo o tempo todo", disse Vishwanath.

O grupo de pesquisa descobriu que os padrões de disparo desses neurônios mostraram pouca correlação com os movimentos discinéticos, sugerindo uma desconexão fundamental em vez de causalidade direta.

"É como uma orquestra onde o maestro sai de férias", disse Stephen Cowen, autor sênior do estudo e professor associado do Departamento de Psicologia. "Sem o córtex motor coordenando adequadamente o movimento, os circuitos neurais a jusante são deixados para gerar espontaneamente esses movimentos problemáticos por conta própria."

Essa nova compreensão do mecanismo subjacente da discinesia é complementada pelas descobertas da equipe sobre o potencial terapêutico da cetamina, um anestésico comum. A pesquisa demonstrou que a cetamina pode ajudar a interromper padrões elétricos repetitivos anormais no cérebro que ocorrem durante a discinesia. Isso pode potencialmente ajudar o córtex motor a recuperar algum controle sobre o movimento.

A cetamina funciona como um golpe duplo, disse Cowen. Inicialmente, ele interrompe esses padrões elétricos anormais que ocorrem durante a discinesia. Então, horas ou dias depois, a cetamina desencadeia processos muito mais lentos que permitem mudanças na conectividade e atividade das células cerebrais ao longo do tempo, conhecidas como neuroplasticidade, que duram muito mais do que os efeitos imediatos da cetamina. A neuroplasticidade é o que permite que os neurônios formem novas conexões e fortaleçam as existentes.

Com uma dose de cetamina, os efeitos benéficos podem ser vistos mesmo depois de alguns meses, disse Vishwanath.

Essas descobertas ganham significância adicional à luz de um ensaio clínico de Fase 2 em andamento na U of A, onde um grupo de pesquisadores do Departamento de Neurologia está testando baixas doses de infusões de cetamina como tratamento para discinesia em pacientes de Parkinson. Os primeiros resultados deste ensaio parecem promissores, disse Vishwanath, com alguns pacientes experimentando benefícios que duram semanas após um único curso de tratamento.

As doses de cetamina podem ser ajustadas de forma que os benefícios terapêuticos sejam mantidos com efeitos colaterais minimizados, disse Cowen. Abordagens terapêuticas inteiramente novas também podem ser desenvolvidas com base nas descobertas do estudo sobre o envolvimento do córtex motor na discinesia.

"Ao entender a neurobiologia básica subjacente a como a cetamina ajuda esses indivíduos discinéticos, poderemos tratar melhor a discinesia induzida por levodopa no futuro", disse Cowen.

O estudo recebeu financiamento do National Institute of Neurological Disorders and Stroke (subsídios R56 NS109608 e R01 NS122805) e da Arizona Biomedical Research Commission (subsídio ADHS18-198846). Fonte: sciencedaily.