domingo, 27 de abril de 2025

Dr. Kalil e neurologista discutem o que a ciência sabe sobre o Parkinson

Doença neurodegenerativa é a segunda mais comum no mundo e afeta 20 mil pessoas só no Brasil

26/04/2025 - O Parkinson, segunda doença neurodegenerativa mais prevalente no mundo, afeta mais de 10 milhões de pessoas no mundo, sendo 200 mil apenas no Brasil. Apesar de sua significativa incidência, a compreensão completa de suas causas e possibilidades de cura ainda são um desafio para a comunidade científica.

“É uma doença multifatorial, porque você tem questões genéticas, você tem questões ambientais que já estão inclusive comprovadas como pesticida, exposição agrotóxica como causa”, explica Sara Casagrande, neurologista do Hospital das Clínicas.

A diversidade de fatores envolvidos no desenvolvimento da condição tem levado a descobertas intrigantes. Sara destaca que foi identificado um tipo genético da doença que não apresenta alfa-sinucleína, considerada um marcador importante. Esse achado desafia as concepções tradicionais e estimula novas linhas de pesquisa.

A especialista aponta para uma mudança de foco das discussões nos congressos mundiais que envolvem os subtipos de Parkinson com a classificação genética, classificação de imagem, classificação de marcadores metabólicos e biomarcadores. Uma abordagem que vai além do tremor e não tremor.

O futuro do diagnóstico e tratamento do Parkinson estaria apontando para uma abordagem mais individualizada. A especialista prevê uma caracterização mais detalhada: “A gente não vai dar um nome de Parkinson. A gente vai dar paciente, alfa-sinucleína positivo, tremulante, a gente vai juntar clínica, imagem, biomarcadores para tratar com uma medicina de precisão”.

Esta abordagem personalizada promete revolucionar o tratamento da doença, permitindo intervenções mais específicas e potencialmente mais eficazes para cada paciente. Fonte: CNN

segunda-feira, 21 de abril de 2025

Qual a chance dos anticorpos monoclonais levarem à cura do Parkinson? Resposta da IA.

A chance dos anticorpos monoclonais levarem à cura do Parkinson é um tópico de grande interesse na comunidade científica. Embora os anticorpos monoclonais tenham mostrado eficácia no tratamento de diversas doenças, incluindo alguns tipos de câncer e doenças autoimunes, sua aplicação no tratamento da doença de Parkinson ainda está em estágios iniciais de pesquisa.

Como funcionam os anticorpos monoclonais?

Os anticorpos monoclonais são moléculas projetadas para se ligar a alvos específicos no organismo, bloqueando ou modulando sua ação. No contexto da doença de Parkinson, os pesquisadores estão explorando o uso de anticorpos monoclonais para¹:

- Reduzir a inflamação: Alguns anticorpos monoclonais podem ajudar a reduzir a inflamação no cérebro, que é característica da doença de Parkinson.

- Inibir a agregação de proteínas: A doença de Parkinson é caracterizada pela agregação de proteínas anormais no cérebro, como a alfa-sinucleína. Os anticorpos monoclonais podem ajudar a inibir essa agregação.

Desafios e perspectivas

Embora os anticorpos monoclonais mostrem promessa, há desafios significativos a serem superados antes que possam ser considerados uma cura para a doença de Parkinson. Alguns desses desafios incluem²:

Embora os anticorpos monoclonais mostrem promessa, há desafios significativos a serem superados antes que possam ser considerados uma cura para a doença de Parkinson. Alguns desses desafios incluem²:

- Eficácia: Ainda não está claro se os anticorpos monoclonais podem ser eficazes em reduzir os sintomas da doença de Parkinson a longo prazo.

- Segurança: Os anticorpos monoclonais podem ter efeitos colaterais graves, como reações alérgicas ou aumento do risco de infecções.

- Acesso ao cérebro: Os anticorpos monoclonais precisam ser capazes de atravessar a barreira hematoencefálica para alcançar o cérebro, o que é um desafio significativo.

Em resumo, embora os anticorpos monoclonais sejam uma área promissora de pesquisa para a doença de Parkinson, ainda há muito trabalho a ser feito antes que possam ser considerados uma cura. É fundamental continuar as pesquisas e os ensaios clínicos para entender melhor o potencial dos anticorpos monoclonais no tratamento da doença de Parkinson.

Supressão imunológica proposta como forma de retardar a progressão do Parkinson

Pesquisadores testaram azatioprina para verificar se ela reduzia a inflamação cerebral

17 de abril de 2025 - Suprimir o sistema imunológico para reduzir a inflamação cerebral, um conhecido fator contribuinte para a progressão da doença de Parkinson, pode oferecer uma nova estratégia promissora para retardar a doença, sugerem os primeiros resultados de um estudo.

Especificamente, a azatioprina, um medicamento comumente usado que suprime a atividade imunológica, reduz os sintomas motores e melhora a função cognitiva em pessoas com a doença em estágio inicial.

Os resultados preliminares do estudo de Fase 2 AZA/PD (ISRCTN14616801) foram apresentados em uma sessão oral intitulada "Azatioprina para a doença de Parkinson: Um estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo (AZA-PD)", na Conferência Internacional sobre Doenças de Alzheimer e Parkinson (DA/PD) e Distúrbios Neurológicos Relacionados deste ano.

“Atualmente, não há terapias disponíveis para curar ou retardar a progressão da doença de Parkinson. Sabemos que a inflamação no cérebro é um fator, mas esta é a primeira vez que conseguimos demonstrar que podemos lidar com isso suprimindo o sistema imunológico, com potencial para trazer benefícios aos pacientes”, afirmou Caroline Williams-Gray, PhD, líder do estudo e principal pesquisadora associada do Departamento de Neurociências Clínicas da Universidade de Cambridge, em uma reportagem.

O Parkinson é uma doença neurodegenerativa progressiva causada pela perda gradual de células nervosas que produzem dopamina, uma substância química cerebral envolvida no controle motor. À medida que os níveis de dopamina caem, os pacientes apresentam vários sintomas motores, como tremores, rigidez e lentidão de movimentos, ou bradicinesia.

Os tratamentos existentes se concentram no controle dos sintomas, em vez de retardar ou interromper a progressão da doença. Embora terapias dopaminérgicas, como a levodopa, aliviem os sintomas motores ao repor a dopamina, elas não abordam adequadamente os sintomas não motores, como problemas de equilíbrio, alterações de humor ou declínio cognitivo, que decorrem de danos cerebrais mais amplos.

Pesquisas emergentes sugerem que o sistema imunológico pode desempenhar um papel significativo na progressão do Parkinson, e a neuroinflamação crônica é cada vez mais reconhecida como contribuinte para o dano neuronal contínuo. Isso torna o sistema imunológico um alvo atraente para potenciais terapias modificadoras da doença.

Retardando a progressão do Parkinson com a supressão do sistema imunológico

Pesquisadores da Universidade de Cambridge estão testando se a azatioprina pode ajudar a retardar a progressão do Parkinson suprimindo o sistema imunológico. O estudo é financiado pelo Cambridge Centre for Parkinson-Plus and Cure Parkinson’s. A azatioprina, vendida como Azasan, Imuran e genéricos, e frequentemente usada em condições relacionadas ao sistema imunológico, como esclerose múltipla e artrite reumatoide, é um composto semelhante à purina que interfere na produção de ácidos nucleicos, os blocos de construção do DNA, necessários para a proliferação de células imunes.

O estudo AZA/PD incluiu 66 pessoas com Parkinson em estágio inicial, consideradas de alto risco de progressão da doença, mas sem outras condições inflamatórias ou imunológicas. Os participantes foram randomizados para receber azatioprina ou placebo diariamente por um ano, seguido por um período de monitoramento de seis meses. A azatioprina foi administrada em comprimido, iniciando com 1 mg/kg e aumentando para 2 mg/kg após um mês, se os exames de sangue e as avaliações clínicas permitissem.

Os participantes do estudo tiveram consultas regulares de monitoramento a cada duas semanas inicialmente, com ajustes na dose com base nos perfis clínicos, como resultados de exames de sangue e eventos adversos. Os intervalos de monitoramento foram estendidos para cada três meses assim que os participantes se estabilizaram.

O objetivo principal foi avaliar as mudanças na capacidade de caminhar e nas funções motoras centrais, como equilíbrio e postura, ao longo de um ano, utilizando a Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson da Sociedade de Distúrbios do Movimento (MDS-UPDRS) no período em que os medicamentos são menos eficazes e os sintomas mais aparentes, denominado estado de desligamento. Uma pontuação foi calculada usando a soma de itens específicos da Parte III da MDS-UPDRS, incluindo avaliação da fala, expressão facial, levantar-se de uma cadeira, capacidade de caminhar, estabilidade postural e bradicinesia.

Desfechos adicionais incluíram avaliação das funções motoras e cognitivas, sintomas não motores, como alterações de humor ou distúrbios do sono, e qualidade de vida, medida por meio de questionários e avaliações clínicas. O estudo também coletou amostras de sangue e líquido cefalorraquidiano para monitorar alterações nos marcadores imunológicos, juntamente com tomografias por emissão de pósitrons (PET) para detectar inflamação cerebral.

Aqueles que receberam azatioprina relataram menos sintomas motores e melhoras. Fonte: Parkinsons news today.

quinta-feira, 17 de abril de 2025

Desafios e inovações para o tratamento do Parkinson no Brasil

16/04/2025 - A Doença de Parkinson é uma condição neurodegenerativa crônica e multissistêmica, cujo diagnóstico se baseia em sinais motores, como lentidão de movimentos, tremores e rigidez, além de afetar outros sistemas. No Brasil, a doença vem ganhando crescente atenção tanto pelo aumento de sua prevalência, à medida que a população envelhece, quanto por suas implicações sociais e econômicas.

A importância da condição em território nacional está ligada a vários fatores. Primeiramente, o envelhecimento acelerado da população brasileira tem aumentado a incidência de doenças neurodegenerativas. De acordo com uma meta-análise de Dani J. Kim e colaboradores, que analisou estudos de 13 países da América Latina, a prevalência da Doença de Parkinson foi estimada em 472 casos por 100.000 habitantes, com uma incidência de 31 casos por 100.000 pessoas-ano. No contexto brasileiro, o estudo Bambuí, apontou uma prevalência de 3,3% entre indivíduos com 64 anos ou mais.

Apesar de não haver cura ou tratamentos que modifiquem a evolução da doença, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Contudo, o acesso a esses serviços ainda é desigual, e a carga econômica da Doença de Parkinson sobre o sistema de saúde e a sociedade geral é significativa. Os custos com tratamento médico, medicações, reabilitação e cuidados de longo prazo são elevados. Segundo o estudo de Bovolenta e colaboradores o custo anual médio para pacientes no Brasil é de aproximadamente US$ 4.020,48, considerando-se custos diretos e indiretos que representam, respectivamente, 63% e 36% do total. Os custos diretos incluem despesas médicas e não médicas, enquanto os custos indiretos estão relacionados à perda de produtividade e outras despesas não associadas diretamente ao tratamento.

Ainda que os desafios sociais e epidemiológicos associados à doença sejam muitos, nas últimas décadas o tratamento farmacológico tem experimentado inovações promissoras. A partir do desenvolvimento da levodopa, na década de 60, observou-se uma revolução no tratamento dos sintomas motores, trazendo significativa melhora na qualidade de vida e produtividade dos pacientes. Diversas classes de medicamentos foram desenvolvidas desde então parte delas já disponível gratuitamente no Brasil. No entanto, com o avanço da doença, mesmo tratamentos sintomáticos adequados muitas vezes não impedem danos significativos à qualidade de vida dos pacientes. Frente a esse cenário, há 30 anos iniciaram-se estudos sobre terapias avançadas para complementar os tratamentos existentes. A partir da década de 90, começaram as cirurgias para estímulo cerebral profundo (ECP): um procedimento que envolve a implantação de eletrodos em áreas específicas do cérebro, conectados a um gerador implantado no tórax. Esse dispositivo envia impulsos elétricos que ajudam a reduzir os sintomas do Parkinson.

A introdução da ECP marcou uma revolução no tratamento de casos avançados da doença. Esta terapia, já disponibilizada pelo sistema único de saúde brasileiro, oferece uma alternativa eficaz para lidar com flutuações motoras e sintomas refratários, comuns após longos períodos da enfermidade. Esse tratamento trouxe uma nova perspectiva sobre a integração de intervenções neurocirúrgicas no manejo de condições neurodegenerativas, abrindo caminho para futuros desenvolvimentos.

Apesar de muitos avanços no tratamento sintomático da doença de Parkinson, ainda existem grandes desafios. Conforme aumenta a expectativa de vida dos pacientes com Parkinson existem sintomas axiais relacionados especialmente a marcha e equilíbrio assim como sintomas não motores refratários aos tratamentos hoje disponíveis na prática clínicas. Além disso, apesar de várias pesquisas realizadas no mundo todo ainda não foram desenvolvidos tratamentos farmacológicos que proporcionam cura ou modificação o processo de neurodegeneração.

A Doença de Parkinson, como outras condições neurodegenerativas e relacionadas ao envelhecimento, representa um grande desafio para a saúde pública no Brasil. É crucial desenvolver políticas que priorizem o diagnóstico precoce, garantam o amplo acesso a tratamentos adequados, incluindo medicamentos e terapias avançadas, e ofereçam apoio social aos pacientes. Ademais, investir na educação sobre a doença e fortalecer o acompanhamento multidisciplinar são passos essenciais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e reduzir o impacto da doença no país. Fonte: medicinasa.

SBN desmente boatos sobre “cura do Parkinson” e alerta sobre os perigos da desinformação

16 de abril de 2025 - A Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) emitiu uma nota oficial para alertar a população sobre a propagação de notícias falsas e sensacionalistas que sugerem a existência de uma suposta “cura” para a Doença de Parkinson. A entidade classifica essas informações como infundadas e sem respaldo científico, reforçando os riscos que tais promessas representam para pacientes e familiares.

“A divulgação de promessas milagrosas preocupa profundamente, pois pode levar pessoas a decisões desesperadas, como vender bens ou comprometer suas finanças em busca de um tratamento que não corresponde à verdade”, afirma a neurocirurgiã Dra. Vanessa Milanese, diretora de Comunicação da SBN.

Tecnologias avançadas existem, mas não são curativas

A SBN reconhece que há tecnologias eficazes no controle de sintomas, como o ultrassom focalizado de alta intensidade, que pode custar cerca de R$ 180 mil por hemisfério cerebral. Esse tipo de intervenção, voltado para casos de tremor essencial e Doença de Parkinson, deve ser realizado por neurocirurgiões especializados em estereotaxia, sempre com indicação criteriosa.

“Mesmo quando corretamente indicados, esses procedimentos podem gerar efeitos colaterais temporários, como dormência ou dificuldade para andar, com duração de até três meses. Com a fisioterapia e uma lesão bem localizada, os benefícios podem ser duradouros”, explica a Dra. Vanessa.

Resultados promissores exigem acompanhamento contínuo

Estudos internacionais de longo prazo mostram que, apesar de possíveis efeitos adversos iniciais, pacientes tendem a apresentar melhora significativa após um ano de reabilitação. Ainda assim, em casos sem sintomas colaterais imediatos, pode haver recidiva dos tremores em até cinco anos, o que demanda novas abordagens cirúrgicas.

Compromisso com informação segura

A SBN reforça que não existe cura conhecida para o Parkinson, mas sim tratamentos que visam melhorar a qualidade de vida dos pacientes. A entidade se coloca à disposição da sociedade e da imprensa para fornecer informações confiáveis sobre os avanços e limitações das terapias neurocirúrgicas para Parkinson e Tremor Essencial.

“É fundamental que a população busque fontes médicas confiáveis antes de aderir a qualquer promessa de cura. Informações falsas podem custar não apenas dinheiro, mas também a saúde e a esperança de quem convive com a doença”, conclui a Dra. Vanessa. Fonte: brazilhealth.