Objetivo: atualização nos dispositivos de “Deep Brain Stimulation” aplicáveis ao parkinson. Abordamos critérios de elegibilidade (devo ou não devo fazer? qual a época adequada?) e inovações como DBS adaptativo (aDBS). Atenção: a partir de maio/20 fui impedido arbitrariamente de compartilhar postagens com o facebook. Com isto este presente blog substituirá o doencadeparkinson PONTO blogspot.com, abrangendo a doença de forma geral.
sábado, 26 de abril de 2025
sexta-feira, 25 de abril de 2025
segunda-feira, 21 de abril de 2025
Qual a chance dos anticorpos monoclonais levarem à cura do Parkinson? Resposta da IA.
A chance dos anticorpos monoclonais levarem à cura do Parkinson é um tópico de grande interesse na comunidade científica. Embora os anticorpos monoclonais tenham mostrado eficácia no tratamento de diversas doenças, incluindo alguns tipos de câncer e doenças autoimunes, sua aplicação no tratamento da doença de Parkinson ainda está em estágios iniciais de pesquisa.
Como funcionam os anticorpos monoclonais?
Os anticorpos monoclonais são moléculas projetadas para se ligar a alvos específicos no organismo, bloqueando ou modulando sua ação. No contexto da doença de Parkinson, os pesquisadores estão explorando o uso de anticorpos monoclonais para¹:
- Reduzir a inflamação: Alguns anticorpos monoclonais podem ajudar a reduzir a inflamação no cérebro, que é característica da doença de Parkinson.
- Inibir a agregação de proteínas: A doença de Parkinson é caracterizada pela agregação de proteínas anormais no cérebro, como a alfa-sinucleína. Os anticorpos monoclonais podem ajudar a inibir essa agregação.
Desafios e perspectivas
Embora os anticorpos monoclonais mostrem promessa, há desafios significativos a serem superados antes que possam ser considerados uma cura para a doença de Parkinson. Alguns desses desafios incluem²:
Embora os anticorpos monoclonais mostrem promessa, há desafios significativos a serem superados antes que possam ser considerados uma cura para a doença de Parkinson. Alguns desses desafios incluem²:
- Eficácia: Ainda não está claro se os anticorpos monoclonais podem ser eficazes em reduzir os sintomas da doença de Parkinson a longo prazo.
- Segurança: Os anticorpos monoclonais podem ter efeitos colaterais graves, como reações alérgicas ou aumento do risco de infecções.
- Acesso ao cérebro: Os anticorpos monoclonais precisam ser capazes de atravessar a barreira hematoencefálica para alcançar o cérebro, o que é um desafio significativo.
Em resumo, embora os anticorpos monoclonais sejam uma área promissora de pesquisa para a doença de Parkinson, ainda há muito trabalho a ser feito antes que possam ser considerados uma cura. É fundamental continuar as pesquisas e os ensaios clínicos para entender melhor o potencial dos anticorpos monoclonais no tratamento da doença de Parkinson.
Supressão imunológica proposta como forma de retardar a progressão do Parkinson
Pesquisadores testaram azatioprina para verificar se ela reduzia a inflamação cerebral
17 de abril de 2025 - Suprimir o sistema imunológico para reduzir a inflamação cerebral, um conhecido fator contribuinte para a progressão da doença de Parkinson, pode oferecer uma nova estratégia promissora para retardar a doença, sugerem os primeiros resultados de um estudo.
Especificamente, a azatioprina, um medicamento comumente usado que suprime a atividade imunológica, reduz os sintomas motores e melhora a função cognitiva em pessoas com a doença em estágio inicial.
Os resultados preliminares do estudo de Fase 2 AZA/PD (ISRCTN14616801) foram apresentados em uma sessão oral intitulada "Azatioprina para a doença de Parkinson: Um estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo (AZA-PD)", na Conferência Internacional sobre Doenças de Alzheimer e Parkinson (DA/PD) e Distúrbios Neurológicos Relacionados deste ano.
“Atualmente, não há terapias disponíveis para curar ou retardar a progressão da doença de Parkinson. Sabemos que a inflamação no cérebro é um fator, mas esta é a primeira vez que conseguimos demonstrar que podemos lidar com isso suprimindo o sistema imunológico, com potencial para trazer benefícios aos pacientes”, afirmou Caroline Williams-Gray, PhD, líder do estudo e principal pesquisadora associada do Departamento de Neurociências Clínicas da Universidade de Cambridge, em uma reportagem.
O Parkinson é uma doença neurodegenerativa progressiva causada pela perda gradual de células nervosas que produzem dopamina, uma substância química cerebral envolvida no controle motor. À medida que os níveis de dopamina caem, os pacientes apresentam vários sintomas motores, como tremores, rigidez e lentidão de movimentos, ou bradicinesia.
Os tratamentos existentes se concentram no controle dos sintomas, em vez de retardar ou interromper a progressão da doença. Embora terapias dopaminérgicas, como a levodopa, aliviem os sintomas motores ao repor a dopamina, elas não abordam adequadamente os sintomas não motores, como problemas de equilíbrio, alterações de humor ou declínio cognitivo, que decorrem de danos cerebrais mais amplos.
Pesquisas emergentes sugerem que o sistema imunológico pode desempenhar um papel significativo na progressão do Parkinson, e a neuroinflamação crônica é cada vez mais reconhecida como contribuinte para o dano neuronal contínuo. Isso torna o sistema imunológico um alvo atraente para potenciais terapias modificadoras da doença.
Retardando a progressão do Parkinson com a supressão do sistema imunológico
Pesquisadores da Universidade de Cambridge estão testando se a azatioprina pode ajudar a retardar a progressão do Parkinson suprimindo o sistema imunológico. O estudo é financiado pelo Cambridge Centre for Parkinson-Plus and Cure Parkinson’s. A azatioprina, vendida como Azasan, Imuran e genéricos, e frequentemente usada em condições relacionadas ao sistema imunológico, como esclerose múltipla e artrite reumatoide, é um composto semelhante à purina que interfere na produção de ácidos nucleicos, os blocos de construção do DNA, necessários para a proliferação de células imunes.
O estudo AZA/PD incluiu 66 pessoas com Parkinson em estágio inicial, consideradas de alto risco de progressão da doença, mas sem outras condições inflamatórias ou imunológicas. Os participantes foram randomizados para receber azatioprina ou placebo diariamente por um ano, seguido por um período de monitoramento de seis meses. A azatioprina foi administrada em comprimido, iniciando com 1 mg/kg e aumentando para 2 mg/kg após um mês, se os exames de sangue e as avaliações clínicas permitissem.
Os participantes do estudo tiveram consultas regulares de monitoramento a cada duas semanas inicialmente, com ajustes na dose com base nos perfis clínicos, como resultados de exames de sangue e eventos adversos. Os intervalos de monitoramento foram estendidos para cada três meses assim que os participantes se estabilizaram.
O objetivo principal foi avaliar as mudanças na capacidade de caminhar e nas funções motoras centrais, como equilíbrio e postura, ao longo de um ano, utilizando a Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson da Sociedade de Distúrbios do Movimento (MDS-UPDRS) no período em que os medicamentos são menos eficazes e os sintomas mais aparentes, denominado estado de desligamento. Uma pontuação foi calculada usando a soma de itens específicos da Parte III da MDS-UPDRS, incluindo avaliação da fala, expressão facial, levantar-se de uma cadeira, capacidade de caminhar, estabilidade postural e bradicinesia.
Desfechos adicionais incluíram avaliação das funções motoras e cognitivas, sintomas não motores, como alterações de humor ou distúrbios do sono, e qualidade de vida, medida por meio de questionários e avaliações clínicas. O estudo também coletou amostras de sangue e líquido cefalorraquidiano para monitorar alterações nos marcadores imunológicos, juntamente com tomografias por emissão de pósitrons (PET) para detectar inflamação cerebral.
Aqueles que receberam azatioprina relataram menos sintomas motores e melhoras. Fonte: Parkinsons news today.
quinta-feira, 17 de abril de 2025
Desafios e inovações para o tratamento do Parkinson no Brasil
16/04/2025 - A Doença de Parkinson é uma condição neurodegenerativa crônica e multissistêmica, cujo diagnóstico se baseia em sinais motores, como lentidão de movimentos, tremores e rigidez, além de afetar outros sistemas. No Brasil, a doença vem ganhando crescente atenção tanto pelo aumento de sua prevalência, à medida que a população envelhece, quanto por suas implicações sociais e econômicas.
A importância da condição em território nacional está ligada a vários fatores. Primeiramente, o envelhecimento acelerado da população brasileira tem aumentado a incidência de doenças neurodegenerativas. De acordo com uma meta-análise de Dani J. Kim e colaboradores, que analisou estudos de 13 países da América Latina, a prevalência da Doença de Parkinson foi estimada em 472 casos por 100.000 habitantes, com uma incidência de 31 casos por 100.000 pessoas-ano. No contexto brasileiro, o estudo Bambuí, apontou uma prevalência de 3,3% entre indivíduos com 64 anos ou mais.
Apesar de não haver cura ou tratamentos que modifiquem a evolução da doença, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Contudo, o acesso a esses serviços ainda é desigual, e a carga econômica da Doença de Parkinson sobre o sistema de saúde e a sociedade geral é significativa. Os custos com tratamento médico, medicações, reabilitação e cuidados de longo prazo são elevados. Segundo o estudo de Bovolenta e colaboradores o custo anual médio para pacientes no Brasil é de aproximadamente US$ 4.020,48, considerando-se custos diretos e indiretos que representam, respectivamente, 63% e 36% do total. Os custos diretos incluem despesas médicas e não médicas, enquanto os custos indiretos estão relacionados à perda de produtividade e outras despesas não associadas diretamente ao tratamento.
Ainda que os desafios sociais e epidemiológicos associados à doença sejam muitos, nas últimas décadas o tratamento farmacológico tem experimentado inovações promissoras. A partir do desenvolvimento da levodopa, na década de 60, observou-se uma revolução no tratamento dos sintomas motores, trazendo significativa melhora na qualidade de vida e produtividade dos pacientes. Diversas classes de medicamentos foram desenvolvidas desde então parte delas já disponível gratuitamente no Brasil. No entanto, com o avanço da doença, mesmo tratamentos sintomáticos adequados muitas vezes não impedem danos significativos à qualidade de vida dos pacientes. Frente a esse cenário, há 30 anos iniciaram-se estudos sobre terapias avançadas para complementar os tratamentos existentes. A partir da década de 90, começaram as cirurgias para estímulo cerebral profundo (ECP): um procedimento que envolve a implantação de eletrodos em áreas específicas do cérebro, conectados a um gerador implantado no tórax. Esse dispositivo envia impulsos elétricos que ajudam a reduzir os sintomas do Parkinson.
A introdução da ECP marcou uma revolução no tratamento de casos avançados da doença. Esta terapia, já disponibilizada pelo sistema único de saúde brasileiro, oferece uma alternativa eficaz para lidar com flutuações motoras e sintomas refratários, comuns após longos períodos da enfermidade. Esse tratamento trouxe uma nova perspectiva sobre a integração de intervenções neurocirúrgicas no manejo de condições neurodegenerativas, abrindo caminho para futuros desenvolvimentos.
Apesar de muitos avanços no tratamento sintomático da doença de Parkinson, ainda existem grandes desafios. Conforme aumenta a expectativa de vida dos pacientes com Parkinson existem sintomas axiais relacionados especialmente a marcha e equilíbrio assim como sintomas não motores refratários aos tratamentos hoje disponíveis na prática clínicas. Além disso, apesar de várias pesquisas realizadas no mundo todo ainda não foram desenvolvidos tratamentos farmacológicos que proporcionam cura ou modificação o processo de neurodegeneração.
A Doença de Parkinson, como outras condições neurodegenerativas e relacionadas ao envelhecimento, representa um grande desafio para a saúde pública no Brasil. É crucial desenvolver políticas que priorizem o diagnóstico precoce, garantam o amplo acesso a tratamentos adequados, incluindo medicamentos e terapias avançadas, e ofereçam apoio social aos pacientes. Ademais, investir na educação sobre a doença e fortalecer o acompanhamento multidisciplinar são passos essenciais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e reduzir o impacto da doença no país. Fonte: medicinasa.
SBN desmente boatos sobre “cura do Parkinson” e alerta sobre os perigos da desinformação
16 de abril de 2025 - A Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) emitiu uma nota oficial para alertar a população sobre a propagação de notícias falsas e sensacionalistas que sugerem a existência de uma suposta “cura” para a Doença de Parkinson. A entidade classifica essas informações como infundadas e sem respaldo científico, reforçando os riscos que tais promessas representam para pacientes e familiares.
“A divulgação de promessas milagrosas preocupa profundamente, pois pode levar pessoas a decisões desesperadas, como vender bens ou comprometer suas finanças em busca de um tratamento que não corresponde à verdade”, afirma a neurocirurgiã Dra. Vanessa Milanese, diretora de Comunicação da SBN.
Tecnologias avançadas existem, mas não são curativas
A SBN reconhece que há tecnologias eficazes no controle de sintomas, como o ultrassom focalizado de alta intensidade, que pode custar cerca de R$ 180 mil por hemisfério cerebral. Esse tipo de intervenção, voltado para casos de tremor essencial e Doença de Parkinson, deve ser realizado por neurocirurgiões especializados em estereotaxia, sempre com indicação criteriosa.
“Mesmo quando corretamente indicados, esses procedimentos podem gerar efeitos colaterais temporários, como dormência ou dificuldade para andar, com duração de até três meses. Com a fisioterapia e uma lesão bem localizada, os benefícios podem ser duradouros”, explica a Dra. Vanessa.
Resultados promissores exigem acompanhamento contínuo
Estudos internacionais de longo prazo mostram que, apesar de possíveis efeitos adversos iniciais, pacientes tendem a apresentar melhora significativa após um ano de reabilitação. Ainda assim, em casos sem sintomas colaterais imediatos, pode haver recidiva dos tremores em até cinco anos, o que demanda novas abordagens cirúrgicas.
Compromisso com informação segura
A SBN reforça que não existe cura conhecida para o Parkinson, mas sim tratamentos que visam melhorar a qualidade de vida dos pacientes. A entidade se coloca à disposição da sociedade e da imprensa para fornecer informações confiáveis sobre os avanços e limitações das terapias neurocirúrgicas para Parkinson e Tremor Essencial.
“É fundamental que a população busque fontes médicas confiáveis antes de aderir a qualquer promessa de cura. Informações falsas podem custar não apenas dinheiro, mas também a saúde e a esperança de quem convive com a doença”, conclui a Dra. Vanessa. Fonte: brazilhealth.
quarta-feira, 16 de abril de 2025
domingo, 13 de abril de 2025
Ansiedade: mais frequente do que demência e depressão em idosos, distúrbio gera sofrimento e passa despercebido por familiares
Na maioria das vezes, era algo com que a pessoa já convivia, mas nunca foi diagnosticado nem tratado, se tornando crônico
13/04/2025 - A imagem de uma velhice tranquila, de descanso e sossego, está cada vez mais distante da realidade de muitos idosos brasileiros. Segundo a psicóloga Geraldine Alves dos Santos, doutora em Psicologia e coordenadora do Centro Interdisciplinar de Pesquisas em Gerontologia da Feevale, os casos de ansiedade entre pessoas com mais de 60 anos têm crescido, um sofrimento que muitas vezes passa despercebido pelas pessoas mais próximas.
Na maioria das vezes, o distúrbio não aparece com a idade, aponta a pesquisadora. Era algo que já existia antes, mas nunca foi diagnosticado nem tratado, e que com o tempo se tornou crônico, podendo levar a quadros mais graves.
— Se houvesse uma preocupação com a saúde mental e estratégias que acolhessem essas pessoas lá no início da vida adulta ou até na adolescência, haveria menos casos de ansiedade entre pessoas idosas — explica Geraldine.
Dificuldade no diagnóstico
Algo que dificulta o diagnóstico de ansiedade em idosos é o fato de que, com o passar do tempo, a pessoa tende a se adaptar ao problema e a aprender a mascarar seus sintomas. Um exemplo é o hábito de estar sempre fazendo alguma coisa, não conseguir ficar parado, que pode ser um sinal de ansiedade em alguns casos. Mas se a pessoa sempre foi assim, fica difícil perceber a mudança.
— Às vezes até se comenta: "Nossa, como esse idoso é agitado! Que coisa boa, faz um monte de atividades", mas é preciso se perguntar se este comportamento está fazendo bem para o idoso ou se é uma estratégia para mascarar a ansiedade. É bom se questionar sobre a intensidade da ansiedade e sobre como está repercutindo na vida, se está trazendo problemas ou não — afirma a psicóloga.
Apesar de não serem a maioria, há também os casos de pessoas que passam a se sentir mais ansiosas na maturidade. Contribui para isso uma série de fatores, entre eles o etarismo e as incertezas com o futuro.
Por viverem intensamente a era da tecnologia, da correria e das exigências múltiplas, os idosos de hoje carregam uma carga emocional diferente da de seus antepassados. Tudo aquilo que se fala sobre os efeitos das redes sociais e do uso de smartphones vale também para eles: no feed do Instagram é difícil não se comparar com outras vivências.
— Há idosos que ficam muito nas redes sociais, o que por um lado é uma coisa boa no quesito sociabilidade, mas é ruim porque pode interferir no sono e deixá-los um pouco mais ansiosos, comparando as velhices no sentido de "Fulano de tal foi viajar, já eu não posso" — diz a psicóloga.
Os gatilhos da ansiedade são, na maioria das vezes, externos e sociais, como:
Excesso de responsabilidades, sejam elas de trabalho ou de cuidados com a família, os netos e os amigos
Falta de tempo para lazer e atividades prazerosas
Medo da solidão ou do abandono familiar
Incertezas sobre quem cuidará deles
Traumas recentes, como desastres naturais ou perdas importantes
Estigmas sociais em relação à velhice
Comparações nas redes sociais
Falta de espaço para expressar sentimentos e emoções
Outro ponto que facilita os sentimentos de ansiedade é o fato de que algumas pessoas idosas acabam se configurando na família como o centro da sabedoria, de forma que todo mundo as busca para desabafar e buscar conselhos. Essa carga pode se tornar pesada se esse contato não for uma via de mão dupla:
– Vale a família cuidar para não sobrecarregar o idoso com seus problemas, ou então que haja uma troca, que a pessoa idosa tenha espaço e abertura para falar sobre os seus problemas também, reclamar. Há um mito de que pessoas idosas são resolvidas e tem sabedoria para tudo, mas não é real. Elas também precisam de espaço para expor seus sentimentos, problemas e querem ser validadas em relação às suas emoções – recomenda Geraldine.
A psicóloga destaca que a validação emocional é essencial, inclusive as pequenas reclamações do dia a dia. Se essas reclamações forem desconsideradas ou criticadas pelos familiares, isso pode acabar ferindo o idoso e resultando numa atitude prejudicial para todos os envolvidos.
Sinais de alerta para a ansiedade
Traumas recentes, como as enchentes no Rio Grande do Sul em 2024, têm potencial para deixar marcas duradouras no emocional dos idosos. Segundo relata a pesquisadora, nos exames de sono que realizam dentro do Centro Interdisciplinar de Pesquisas em Gerontologia da Feevale, há idosos que se levantam à noite, inquietos com a chuva.
– Alguns acordam com medo, pensando que vão perder tudo de novo. A casa, que era para ser o lar até o fim da vida, agora é vista como algo instável – afirma a psicóloga.
A ansiedade pode gerar sofrimento e trazer impactos importantes, como prejudicar o sono e ser uma facilitadora da hipertensão. No entanto, os sinais de alerta para este distúrbio são pouco óbvios. A recomendação da psicóloga é atentar para mudanças de comportamento como:
Esquecimentos frequentes, um sintoma que costuma ser confundido com sinal de demência
Dificuldade para dormir, sono leve ou interrompido
Agitação constante e dificuldade em relaxar
Dores de cabeça ou dores no corpo sem causa aparente, reflexos da ansiedade e da tensão que ela provoca no organismo
Alterações no apetite, seja no sentido de comer demais ou de comer quase nada
Fazer várias atividades ao mesmo tempo sem conseguir concluir nenhuma
Fazer comparações com a vida de outras pessoas frequentemente
Como ajudar o idoso a lidar com a ansiedade
A ansiedade pode ser tratada com terapia, mudança de hábitos e, em alguns casos, medicamentos. Mas tudo deve ser feito com acompanhamento de um profissional, preferencialmente um geriatra ou psiquiatra, que será capaz de fazer um diagnóstico diferencial, para descartar outros problemas como depressão, TDAH e demência.
Uma boa notícia é que as gerações mais recentes de idosos têm estado mais abertas ao cuidado com a saúde mental, superando a noção que predominou por muito tempo, de que “ir ao psicólogo é coisa de louco”, na percepção de Geraldine:
— Quem está na casa dos 80 até acha que psicólogo é coisa de louco, mas a geração que está entrando na velhice agora já está querendo muito fazer terapia ou participar de algum tipo de ação de atenção em saúde mental, principalmente as mulheres. Um empecilho, às vezes, é a questão financeira, porque infelizmente o atendimento psicológico ainda é caro no Brasil.
Em alguns casos, pode ser necessário o uso de medicação para reduzir a ansiedade e facilitar o pensamento mais claro e objetivo. A depender da avaliação médica, pode ser receitado remédios contínuos ou uso somente durante alguns meses.
— Muitas vezes a medicação é utilizada para cuidar de uma crise e equilibrar a pessoa apenas naquele momento, para que ela possa se entender e tomar conta desse processo, não quer dizer que a pessoa vai ter que tomar pelo resto da vida, como é o temor de muitos — explica a psicóloga.
Estabelecer rotinas saudáveis, com horários regulares para dormir, comer e realizar atividades ajudam a organizar o pensamento. Mas é preciso equilíbrio, já que a sobrecarga com obrigações, tarefas e cuidados com os netos e os amigos pode ser geradora de ansiedade. Investir em higiene do sono, diminuindo luzes, barulhos e ficando longe do celular pouco antes de dormir também contribui para um sono mais tranquilo. Fonte: Zero Hora.