31/03/2023 - Os
agrotóxicos cancerígenos e desreguladores endócrinos estão entre
os mais vendidos no Brasil em 2020 e 2021. Esta é uma das conclusões
de um estudo da professora aposentada Sonia Hess, da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC). Engenheira química especialista no
tema, ela partiu de dados dos relatórios fornecidos pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama).
A lista inclui as
seguintes substâncias:
Acefato: Inseticida e
acaricida que, segundo estudos de 2017, é citotóxico e genotóxico
sobre espermatozoides humanos. Além disso, pesquisas de 2016 o
associam ao desenvolvimento do diabetes tipo 2, hiperglicemia,
disfunção no metabolismo de lipídios, danos ao DNA e câncer.
Atrazina: Estudos
realizados em 2017 apontaram que o herbicida está associado ao
aparecimento de diversos tipos de câncer, como de estômago, linfoma
não-Hodgkin, próstata, tireóide, ovário, Parkinson, asma,
infertilidade e baixa qualidade do sêmen. E também malformações
congênitas/teratogênese.
Clorotalonil: Fungicida
causador de desregulação endócrina, conforme mostrou estudo de
2019.
Clorpirifós: Segundo
pesquisas realizadas em 2017 e 2018, o inseticida está associado ao
surgimento de diversos tipos de câncer, como no cérebro, pulmão,
colorretal, leucemia e sarcoma de tecidos moles. Além disso,
Parkinson, asma, infertilidade, malformações congênitas,
disfunções sexuais, desordem do déficit de atenção e
hiperatividade (ADHD), autismo, atrasos no desenvolvimento. Sem
contar intoxicações agudas severas e danos ao sistema nervoso
central.
Imidacloprido:
Inseticida causador de desordem do déficit de atenção e
hiperatividade (ADHD), autismo e danos ao sistema nervoso central,
conforme pesquisas de 2015, 2016 e 2017.
Mancozebe: Pesquisa de
2017 aponta que o fungicida e acaricida causa câncer de tireóide.
Brasil: maior lixeira
química do mundo
“Somos a maior
lixeira química do mundo”, disse Sonia Hess, que estudou todos os
agrotóxicos autorizados no Brasil. “Os resultados são chocantes”.
Ela se refere também a outras conclusões de seu levantamento: em
2020 foram comercializadas no Brasil pelo menos 243.531,28 toneladas
de agrotóxicos banidos na União Europeia. No ano seguinte, ao menos
289.857,41 toneladas.
Ou seja, têm registro
e são líderes de vendas no Brasil ingredientes ativos de
agrotóxicos sem registro ou com uso proibido na União Europeia.
Isso justamente pelos danos à saúde e ao meio ambiente. Em sua
pesquisa, Sonia Hess encontrou 364 agrotóxicos de base química.
“Desse total, 191 (52,5%) não têm registro ou tiveram seu uso
banido na União Europeia”, comentou.
Processo de
contaminação de longa duração por agrotóxicos
Para piorar, essa lista
de 191 agrotóxicos banidos pelo órgão regulador da União Europeia
inclui 173 (90,6%) que estão em uso no Brasil desde pelo menos o ano
de 2003. “Em outras palavras, são moléculas velhas. Em 2020 foram
comercializadas no Brasil, pelo menos, 243.531,28 toneladas desses
agrotóxicos banidos na UE”, disse o professor e pesquisador da
Universidade Estadual do Norte Fluminense Marcos Pedlowski.
Segundo ele, para
garantir os lucros fabulosos dos fabricantes de agrotóxicos e do
latifúndio agro-exportador brasileiro, “o Estado brasileiro está
permitindo o contato direto e indireto com substâncias altamente
perigosas e com potencial para causar enfermidades terríveis em
seres humanos. E causar um processo de contaminação de ampla
duração nos ecossistemas naturais brasileiros.”
Governo lança Programa
de Aquisição de Alimentos para fortalecer pequenos produtores e
melhorar a alimentação da população
No dia 22 de março, o
governo Lula (PT) lançou uma medida provisória do Programa de
Aquisição de Alimentos (PAA), com o intuito de comprar frutas,
legumes, leite e outros alimentos oferecidos por pequenos produtores
para encaminhamento à população em situação de vulnerabilidade
social. Também busca incentivar a participação de pequenos
produtores indígenas e oriundos de comunidades tradicionais, assim
como de mulheres agricultoras. Medidas previstas nos termos do
programa visam garantir que as mulheres cadastradas sejam ao menos
50% do total de pessoas fornecedoras. Fonte: Sintrajufe.