301020 - Até o
momento, não existem evidências significativas de que os pacientes
da doença de Parkinson sejam mais suscetíveis ao Sars-CoV-2
Alterações no
caminhar, lentidão para realizar ações do cotidiano, tremores,
inexpressividade, rigidez muscular... Quando alguns desses sintomas
aparece, poder ser sinal de doença de Parkinson. Em vezes, já
estabelecida há tempos.
“No cérebro,
existem neurônios que produzem dopamina. A falta dessa substância,
causada por um processo neurodegenerativo, está intimamente
relacionada ao Parkinson. Estima-se que, na ocorrência dos primeiros
sintomas, mais de 60% dos neurônios já tenham morrido”, explica a
dra. Roberta Arb Saba Rodrigues Pinto, membro titular da Comissão de
Educação Médica da Academia Brasileira de Neurologia (ABN).
O medo de a doença
ser fator de risco para a COVID-19, associado à dificuldade em
realizar o diagnóstico precoce, vem desestabilizando pacientes. Os
neurologistas, porém, garantem: ainda é cedo para apontar qualquer
relação entre o Parkinson e o Sars-CoV-2.
“A doença não
mexe diretamente com a imunidade, no entanto, algumas evidências
sugerem que pessoas com a doença apresentariam maior possibilidade
de mortalidade quando acometidas pelo COVID-19. Contudo, os fatores
podem estar relacionados à idade mais avançada e ao risco maior
para infecções respiratórias”, pontua o dr. Carlos Roberto de
Mello Rieder, presidente da ABN.
Ainda de acordo com
ele, outra questão é se a infecção pelo coronavirus poderia
aumentar a incidência de doenças neurodegenerativas. Até o
momento, não existem evidências que comprovem essa hipótese.
“Após a I Guerra
Mundial, atribuiu-se à pandemia de Influenza H1N1 um aumento de
casos de parkinsonismo – sintomas que imitam a doença de Parkinson
- de encefalite letárgica. Com isso, se desenvolveu temor semelhante
em relação à Covid-19. Porém, é imperioso lembrar que, em uma
segunda análise, o papel do vírus no quadro dos pacientes à época
é questionado”, destaca o presidente da ABN.
Parkinson: quais são
as causas?
A pandemia afetou o
atendimento aos pacientes, os quais temiam a contaminação pelo novo
coronavírus. Dra. Roberta alerta:
“Essa é uma
doença que deve ser acompanhada a cada três ou quatro meses. Temos
de nos antecipar à doença para manter o bem-estar do paciente”.
Atualmente, a
frequência e prevalência do Parkinson vêm aumentando, tendo em
vista que a expectativa de vida também segue tendência de elevação.
A doença, mais comum após os 60 anos, tem como fator principal o
envelhecimento.
“O Parkinson não
é grupo de risco para a Covid-19, mas a idade dos pacientes pode
torná-los mais sujeitos à infecção pelo novo coronavirus”,
esclarece dra. Roberta.
A doença é
idiopática, isto é, de causa desconhecida, obscura. A combinação
de fatores genéticos e ambientais podem influenciar na predisposição
à doença. Dr. Carlos Rieder aponta para os prejuízos causados por
agrotóxicos e herbicidas e pelo ar em má qualidade devido à
atividade industrial.
Segundo estudos na
população do Rio Grande do Sul, pacientes expostos a essas
condições apresentam curso de evolução pior.
Em geral, o
tratamento para as manifestações motoras é a base de substâncias
que repõem a diminuição da dopamina em áreas cerebrais, como a
Levodopa e agonistas dopaminérgicos. Para a minoria de casos que
sofrem com flutuações motoras, onde os medicamentos já não fazem
o efeito desejado, existe indicação cirúrgica. Esta última,
realizada através do implante de estimulação cerebral (TEM), é
recomendada para 5 a 8% dos casos.
“Sabemos que o
acúmulo de uma proteína chamada sinucleína pode estar ligado com a
causa da doença. Há várias flutuações genéticas que estão
implicadas como responsáveis pelo surgimento da doença. A grande
perspectiva é que, à medida que se compreende melhor o processo
fisiopatológico, desenvolvamos drogas capazes de prevenir a evolução
clínica negativa”, analisa dr. Carlos.
Abrangência
nacional da ABN
Em temos de
medicamentos, os especialistas garantem que o Brasil está bem
suprido. Existem diversos centros de referência no Brasil,
especialmente no Sul, Sudeste e Nordeste. No entanto, dra. Roberta
ressalta que ainda não são suficientes.
“Almejamos que o
atendimento chegue ao interior das cidades. Estamos promovendo
educação continuada para os neurologistas generalistas justamente
para ampliar o alcance da cobertura médica”, pontua.
Nesse cenário, a
ABN tem papel de vanguarda. Desde o início da pandemia, promoveu
vários webinares com participação de experts nacionais e
internacionais. Anualmente, salienta o Dia Nacional (4 de abril) e
Mundial (11 de abril) do Parkinson com campanhas de conscientização.
“Trabalhamos para
nos aproximar cada vez mais das associações de paciente, ouvindo-as
e apoiando-as. É uma forma de cuidar de quem mais precisa, dando
todo o suporte necessário, a partir da informação”, finaliza
Carlos Rieder. Fonte: ABNeuro.
Lembrar que o conteúdo desta matéria, contradiz matéria afim, AQUI postada, da Universidade de Iowa, portanto recomenda-se cautela redobrada e a adoção dos protocolos de segurança e particularmente o isolamento social. Tire suas próprias conclusões.