quarta-feira, 10 de abril de 2024

Transplante de fezes pode aliviar os sintomas do Parkinson, diz estudo.

09/04/2024 - Transplante de fezes pode aliviar os sintomas do Parkinson, diz estudo.

Pesquisa investiga relação de fungos e leveduras com Parkinson

Estudo conclui que organismos podem desempenhar papel-chave na origem e na evolução da doença

09 ABR 2024 - Não é por mero acaso que o intestino também é chamado de “segundo cérebro”. Mais do que uma simples metáfora, essa designação reflete a importância do sistema digestivo para o bem-estar geral do organismo. Além de absorver nutrientes e eliminar resíduos, esse órgão abriga a segunda maior quantidade de neurônios do corpo humano, conta com uma vasta comunidade de microrganismos e mantém uma intricada rede de comunicação com o sistema nervoso central (SNC). O intestino está diretamente relacionado com o surgimento de transtornos de humor e cognição e de doenças neuropsiquiátricas.

Uma pesquisa realizada recentemente na Unicamp concluiu que fungos e leveduras presentes na microbiota intestinal – o conjunto de microrganismos que habitam o intestino – podem desempenhar um papel-chave na origem e evolução de uma dessas doenças, o Parkinson. Os achados resultaram de uma revisão bibliográfica conduzida pelo biólogo Dionísio Pedro Amorim Neto, doutorando da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), e foram publicados no periódico Fungal Biology Reviews.

Foto do biólogo Dionísio Pedro Amorim Neto / O biólogo Dionísio Pedro Amorim Neto: debruçando-se sobre mais de cem estudos

Em seu doutorado, o cientista investiga a ação de bactérias e leveduras que participam da fermentação do café. Alguns estudos já apontaram que o consumo regular dessa bebida reduz a propensão das pessoas a desenvolverem Parkinson. A hipótese é de que, além da cafeína, também contribuem para esse efeito os microrganismos presentes na fermentação do café. A maioria das pesquisas sobre o tema, no entanto, investigou apenas a relação das bactérias intestinais com a doença, deixando de lado vírus, fungos etc. O objetivo de Amorim, a partir dessa constatação, é propor um modelo de triagem capaz de selecionar as leveduras responsáveis por proteger o organismo contra o Parkinson.

“Eu lia e relia artigos nas bases de dados e nunca encontrava nada sobre a relação de fungos e leveduras com o Parkinson”, comenta o autor. “No entanto, quando a gente olha para outras doenças neurodegenerativas, como a esclerose múltipla ou a síndrome amiotrófica lateral, os fungos intestinais desempenham um papel. Isso nos leva a crer que o mesmo acontece com o Parkinson, que também implica processos como neurodegeneração, neuroinflamação e estresse oxidativo. Sendo assim, eu propus ao meu orientador verificar o estado da arte das pesquisas sobre o tema”, relata o pesquisador, orientado pelo docente Anderson de Souza Sant’Ana, coordenador do Laboratório de Microbiologia Quantitativa de Alimentos (LMQA) da FEA.

Em busca dos resultados almejados, o autor debruçou-se sobre mais de cem estudos publicados nas principais bases de dados científicos do mundo. Em um primeiro momento, avaliou artigos publicados sobre bactérias para entender o que já se sabia sobre o tema. Em seguida, realizou pesquisas que associassem as palavras-chave obtidas nas pesquisas sobre bactérias com os termos “fungos” e/ou “leveduras”. Os achados sugerem que fungos e leveduras, ou seus metabólitos secundários, poderiam tanto proteger dos como induzir os principais sintomas clínicos do Parkinson. Sugerem, ainda, que os fungos funcionariam como uma peça-chave na etiologia – causas e origens – dessa doença.

Achados

Embora se desconheça a causa exata do Parkinson, sabe-se que entre 85% e 90% dos casos são esporádicos, ou seja, causados por uma combinação de fatores ambientais como exposição a infecções e a poluentes, dieta e danos cerebrais. Contudo, nos últimos anos, diversos estudos vêm apontando conexões entre o intestino e o cérebro como um importante fator no caso de doenças neurodegenerativas, havendo alguns caminhos possíveis para explicar essa relação.

De acordo com Amorim, um desses caminhos consiste na hipótese de que alguns metabólitos produzidos pelos microrganismos intestinais caiam na corrente sanguínea e cheguem até o cérebro. Uma segunda sugere ser determinante o contato desses metabólitos com as células do epitélio intestinal. “Porque eles vão estar muito próximos do intestino, vão estimular essas células que, por sua vez, vão estimular os neurônios ali presentes. Porém uma terceira opção é a possibilidade de, estimuladas, as células neuroendócrinas, que têm propriedades de células intestinais e de neurônios, se conectarem ao nervo vago e acarretarem a doença”, explica.

Foto do professor Anderson de Souza Sant’Ana / O professor Anderson de Souza Sant’Ana, coordenador do LMQA e orientador da pequisa

Durante a investigação, o autor conseguiu encontrar semelhanças entre a ação de bactérias e de fungos no eixo intestino-cérebro quando se trata da doença de Parkinson. Por exemplo, pesquisas já comprovaram que bactérias são capazes de inibir o estresse oxidativo – que ocorre quando os níveis de antioxidantes no corpo encontram-se abaixo do desejado – e o processo inflamatório intestinal e neuronal. Resultados semelhantes foram observados em estudos com fungos probióticos em modelos de síndrome do intestino irritável e depressão. Ao mesmo tempo, extratos de fungos filamentosos capazes de induzir o estresse oxidativo e matar linhagens de neurônios em laboratórios – fatores associados ao Parkinson – também foram observados em alguns levantamentos. Tais indícios levaram os pesquisadores à hipótese de que os fungos intestinais desempenham um papel relevante na doença de Parkinson.

Segundo o doutorando, “já foi demonstrado que algumas espécies do gênero Candida encontram-se em maior número no intestino de pacientes com a doença de Parkinson. Então, a alteração da composição intestinal no caso desses microrganismos, chamada de disbiose, pode influenciar o curso da doença. Algumas micotoxinas também podem induzir a morte neuronal e o aumento da expressão da alfa-sinucleína, a principal proteína relacionada à doença de Parkinson. De outro lado, o intestino também tem as leveduras com ação probiótica, que podem ter efeitos benéficos”.

Apesar dos resultados promissores de sua pesquisa, Amorim alerta haver ainda uma grande lacuna nos estudos sobre a relação das leveduras com o Parkinson, o que impossibilita estabelecer uma visão geral sobre o tema. Para se ter uma ideia, são conhecidos apenas quatro estudos em todo o mundo investigando a composição fúngica do intestino de pacientes com Parkinson. E esses trabalhos possuem resultados e abordagens metodológicas bastante divergentes.

“No artigo, enfatizei o que ainda não sabemos. A gente não sabe qual é a interação dos fungos com as bactérias, por exemplo. Ninguém pegou um fungo, aplicou um modelo e verificou se ele ficou doente. Então, ainda há muito trabalho de pesquisa a ser realizado e parte dessa investigação será feita durante meu doutorado”, finaliza.

Matéria publicada originalmente no Jornal da Unicamp. Fonte: Unicamp.

terça-feira, 9 de abril de 2024

Pacientes de Parkinson trabalham mais seus cérebros para se manterem motivados – pesquisa

O estudo foi realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Dundee (Universidade de Dundee/PA).

090424 - Pessoas que vivem com a doença de Parkinson podem trabalhar mais seus cérebros para mantê-los motivados, de acordo com uma nova pesquisa.

O estudo da Universidade de Dundee descobriu que os pacientes com Parkinson podem criar um "canal traseiro" dentro de seu cérebro que eles podem usar para evitar que se tornem apáticos – um dos primeiros e mais prevalentes sintomas da doença.

Usando um scanner de ressonância magnética para estudar pacientes de Parkinson completando uma tarefa especialmente criada, a equipe de Dundee observou aumento da atividade em uma área do cérebro, reprogramando-a efetivamente para garantir que uma pessoa mantenha seus níveis de motivação.

Espera-se que a descoberta possa levar a novos tratamentos que melhorem significativamente a qualidade de vida das pessoas que vivem com a doença de Parkinson.

Este é o primeiro estudo a mostrar que o cérebro pode, mesmo em um estado doente como é com Parkinson, anular a perda dessa função

Dr. Tom Gilbertson

O Dr. Tom Gilbertson, professor clínico sênior e neurologista consultor honorário da escola de medicina da universidade, disse: "As pessoas com Parkinson que desenvolvem apatia têm uma qualidade de vida muito pior.

"Isso inclui uma maior probabilidade de desenvolver demência e ser menos propenso a responder a tratamentos que normalmente são altamente eficazes, incluindo cirurgia.

"Eles são menos incentivados por decisões e ações que podem levar a resultados gratificantes, o que, no mundo real, pode ver uma pessoa sendo menos propensa a buscar interação social ou seguir um hobby de que tenha gostado.

"Isso ocorre porque seu cérebro não incorpora informações sobre o que é valioso e perde a capacidade de lembrar uma pessoa do que vale a pena fazer para alcançar um objetivo.

"Este é o primeiro estudo a mostrar que o cérebro pode, mesmo em um estado doente como é com Parkinson, anular a perda dessa função.

"Entender os mecanismos por trás dessa compensação pode nos ajudar a desenvolver novos tratamentos voltados para tratar ou prevenir a apatia para transformar a qualidade de vida dos pacientes."

Gilbertson e colegas recrutaram 75 voluntários para o seu estudo, 53 dos quais tinham sido diagnosticados com doença de Parkinson, com e sem apatia clínica, e outros 22 como controlos saudáveis, da mesma idade.

O valor das quatro opções mudou ao longo do jogo, então eles tiveram que decidir se queriam ficar ou mudar de opção dependendo do feedback.

Isso foi conduzido enquanto os indivíduos estavam dentro de um scanner de ressonância magnética, permitindo que a equipe de Dundee estudasse sua atividade cerebral durante todo o desafio.

Os pesquisadores descobriram que aqueles que eram apáticos eram capazes de identificar a melhor opção, mas tendiam a desistir dessa opção prematuramente, passando para uma diferente, apesar de ser potencialmente pior.

No entanto, aqueles que não demonstraram apatia foram capazes de rastrear a melhor opção, bem como os participantes saudáveis.

O Dr. Gilbertson disse: "O tálamo fica muito profundo dentro do cérebro e esse nó que descobrimos se conecta entre o tálamo e uma área do lobo frontal chamada córtex pré-frontal.

"Os pacientes de Parkinson não apáticos foram capazes de ativar esse ciclo mais do que os participantes saudáveis. Acreditamos que isso provavelmente manterá seus níveis de motivação.

"O circuito que identificamos pode representar um biomarcador que pode ser usado para identificar tratamentos que preservam a motivação e potencialmente retardam o surgimento da apatia no futuro."

A pesquisa, de estudo da Faculdade de Medicina da Universidade, foi publicada na revista Brain. Fonte: edp24 uk.

quinta-feira, 4 de abril de 2024

Dia Nacional do Parkinsoniano. Há o que comemorar?

Por Felipe Augusto dos Santos Mendes

04/04/2024 - Você já sonhou que estava no meio da rua, tentou andar e sentiu como se seus pés estivessem grudados no chão? Você já sonhou que estava estressado e percebeu que suas mãos tremiam e todos ao seu redor te olhavam espantados? Você já sonhou que precisava se mover rápido para não se atrasar e seu corpo não se movia na velocidade necessária? Você já sonhou que sentia seu corpo todo engessado, tentava mexê-lo e ele parecia pesar uma tonelada?

Pois é! Atualmente, segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 8,5 milhões de pessoas ao redor do mundo não têm sonhado, mas têm convivido diariamente com situações como essas. Elas ilustram os principais sintomas da Doença de Parkinson (DP). O dia 04 de abril comemora o Dia Nacional do Parkinsoniano. Porém, em vez de ressaltar as dificuldades encontradas por essas pessoas na busca por tratamento adequado, vou optar por destacar avanços das Ciências da Reabilitação, na busca por melhores opções de tratamento. Como o tratamento medicamentoso da DP tem efeitos limitados sobre o controle da doença, a reabilitação torna-se ferramenta fundamental para o seu gerenciamento. Segundo o artigo Atualizações sobre a reabilitação da Doença de Parkinson, publicado em 2022 pela revista científica Brain & NeuroRehabilitation, terapias como os exercícios aeróbicos, realidade virtual, ioga, terapias de exercícios baseadas em dança e música, estimulação cerebral não invasiva e telerreabilitação têm se tornado aliados importantes na minimização dos impactos físicos e cognitivos causados pela doença.

Assim, exercícios aeróbicos como treinamento de caminhada em esteira e marcha nórdica (com auxílio de bastões) mostraram efetividade para melhorar a capacidade funcional, qualidade de vida, força muscular dos membros inferiores, mobilidade e marcha de pessoas com formas leve e moderada da DP. Para pessoas com doença mais avançada, com pior equilíbrio, os treinamentos aeróbicos com uso de bicicletas ergométricas são opções recomendadas, promovendo melhora da velocidade da marcha, equilíbrio e qualidade de vida. Os exercícios de ioga, que reúnem exercícios de alongamento, posturais e de respiração, mostraram ser capazes de melhorar aspectos motores comprometidos pela doença. As terapias baseadas em música e dança com ritmos, como o tango, valsa e foxtrot também foram efetivas para melhorar a motricidade dos pacientes, com efeitos durando por até 12 meses.

Sobre recursos mais tecnológicos, o uso de dispositivos de neuromodulação como a Estimulação Magnética Transcraniana repetitiva (r-TMS) e a Estimulação Transcraniana por Corrente Direta (TDCS), que utilizam campos eletromagnéticos e correntes elétricas aplicadas sobre a cabeça do paciente de forma indolor, promoveu melhora na função motora geral e no desempenho na marcha dos pacientes. Da mesma forma, treinamentos com uso de equipamentos de realidade virtual, como videogames baseados em movimentos (Nintendo Wii, Xbox Kinect etc.) trouxeram efeitos positivos para o equilíbrio, marcha, independência funcional, atividades de vida diária e qualidade de vida. Sobretudo durante a pandemia de covid-19, os tratamentos por meio de telerreabilitação se popularizaram e hoje são opções viáveis. Trata-se de uma modalidade de tratamento em que o profissional de reabilitação e o paciente interagem por meio de videochamada, utilizando-se por exemplo de simples aplicativos de mensagens. Este tipo de tratamento foi demonstrado ser viável e aceito pelos pacientes, com taxas de adesão ao tratamento similares aos dos atendimentos presenciais, trazendo benefícios idênticos ao equilíbrio, marcha e seu congelamento (quando os pacientes sentem que seus pés estão grudados no chão), além da destreza das mãos.

Enfim, a cada dia as ciências evoluem e progridem em seus conhecimentos, proporcionando às pessoas com DP, um número cada vez maior de opções terapêuticas para o melhor convívio com a doença. Portanto, vamos comemorar, sim, essa data e celebrar que estamos vivendo não mais sonhos, mas uma bela realidade!

ATENÇÃO – O conteúdo dos artigos é de responsabilidade do autor, expressa sua opinião sobre assuntos atuais e não representa a visão da Universidade de Brasília. As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seu conteúdo. Fonte: notícias unb.

Temos que comemorar sim, mas... nada de novo acontece radicalmente na terapia do parkinson desde a década de ´60 com o surgimento da levodopa. Tentativas com o uso de anticorpos monoclonais (Cinpanemab, prasinezumab) outrora promissoras e potenciais terapias modificadoras do curso da DP deram com os burros n´água, o que leva-nos a um hiato no tratamento deste odiosa doença, que ainda não tem, infelizmente, perspectiva de cura. Terapias paliativas são úteis embora após ultrapassado o "turning point" nada mais retorna a uma condição aceitável de saúde.

quarta-feira, 27 de março de 2024

O que faz o cérebro envelhecer mais rápido? Novo estudo indica fatores de risco

27 de março de 2024 - Pesquisadores listaram os fatores de risco genéticos e modificáveis que estão associados ao envelhecimento do cérebro.

Um novo estudo, publicado nesta quarta-feira (27), mostrou quais são os fatores de risco genéticos e modificáveis que podem influenciar para o envelhecimento precoce do cérebro e, consequentemente, aumentar o risco para doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.

Publicado na revista científica Nature Commucations, o estudo analisou exames cerebrais de 40 mil participantes do Biobank, um banco de dados do Reino Unido, que tinham mais de 45 anos. Os pesquisadores também analisaram 161 fatores de risco para a demência e classificaram o seu impacto em uma área do cérebro mais suscetível para o envelhecimento precoce.

Em seguida, classificaram esses fatores modificáveis — ou seja, que podem ser alterados ao longo da vida — em 15 categorias:

Pressão arterial;

Colesterol;

Diabetes;

Peso;

Consumo de álcool;

Tabagismo;

Depressão;

Inflamação;

Poluição;

Audição;

Sono;

Socialização;

Dieta;

Atividade física;

Educação.

“Sabemos que uma constelação de regiões do cérebro degenera mais cedo no envelhecimento e, neste novo estudo, mostramos que essas partes específicas do cérebro são mais vulneráveis ​​ao diabetes, às doenças relacionadas à poluição atmosférica — cada vez mais um fator importante para a demência — e o álcool, de todos os fatores de risco comuns para a demência”, afirma Gwenaëlle Douaud, que liderou o estudo, em comunicado à imprensa.

De acordo com a pesquisadora, diversas alterações genéticas também influenciam nesta rede cerebral e estão relacionadas a mortes cardiovasculares, esquizofrenia, doenças de Alzheimer e Parkinson. Além disso, o estudo descobriu que dois antígenos de um grupo sanguíneo pouco conhecido, chamado antígeno XG, também é um fator de risco. “Essa foi uma descoberta totalmente nova e inesperada”, comentou.

Lloyd Elliott, coautor do estudo e professor da Universidade Simon Fraser, no Canadá, concorda: “Na verdade, duas das nossas sete descobertas genéticas estão localizadas nesta região específica que contém os genes do grupo sanguíneo XG, e essa região é altamente atípica porque é compartilhada pelos cromossomos sexuais X e Y. Isto é realmente bastante intrigante, pois não sabemos muito sobre estas partes do genoma; nosso trabalho mostra que há benefícios em explorar mais profundamente esta terra incógnita genética.”

Para os autores, o atual estudo esclarece alguns dos fatores de risco mais críticos para a demência e fornece novas informações que podem contribuir para a prevenção de doenças neurodegenerativas e estratégias futuras para intervenções específicas. Fonte: Correiodecarajas.

sexta-feira, 22 de março de 2024

Descoberta de uma via metabólica bacteriana intestinal que impulsiona a agregação de α-sinucleína

22 de março de 2024 - Descoberta de uma via metabólica bacteriana intestinal que impulsiona a agregação de α-sinucleína.

Hidrogel pode aumentar a sobrevivência de células nervosas precursoras para o cérebro

Mais células amadureceram em neurônios dopaminérgicos com hidrogel de colágeno: estudo

Ratos são retratados se amontoando e farejando objetos.

22 de março de 2024 - Encapsular células nervosas precursoras em um hidrogel de colágeno pode aumentar a eficácia do transplante de células-tronco para o cérebro, um tratamento potencial para substituir células nervosas produtoras de dopamina que são perdidas em pessoas com doença de Parkinson, de acordo com um estudo pré-clínico.

"Nosso hidrogel nutre, apoia e protege as células depois que elas são transplantadas para o cérebro, e isso melhora drasticamente sua maturação e capacidade reparadora", disse Eilís Dowd, PhD, líder do estudo na Faculdade de Medicina, Enfermagem e Ciências da Saúde da Universidade de Galway, na Irlanda, em um comunicado à imprensa da universidade.

"Em última análise, esperamos que o desenvolvimento contínuo deste gel promissor leve a uma melhoria significativa nas abordagens de reparo cerebral para pessoas que vivem com Parkinson", disse Dowd.

O estudo, "Sobrevivência e maturação de progenitores dopaminérgicos derivados de células-tronco pluripotentes humanas no cérebro de ratos parkinsonianos é aprimorado pelo transplante em um hidrogel enriquecido com neurotrofina", apoiado por bolsas de pesquisa da Fundação Michael J. Fox para Pesquisa de Parkinson (MJFF), foi publicado no Journal of Neural Engineering.

Os sintomas de Parkinson são causados pela perda progressiva de neurônios dopaminérgicos, as células nervosas especializadas que produzem dopamina, um mensageiro químico no cérebro.

O reparo cerebral baseado em células é uma abordagem terapêutica promissora para a doença de Parkinson, em que os neurônios dopaminérgicos perdidos são substituídos pelo transplante de neurônios saudáveis. Esses neurônios podem ser derivados de células-tronco pluripotentes induzidas, ou iPSCs, que são reprogramadas a partir de células adultas, como células da pele, e convertidas em neurônios dopaminérgicos.

Na verdade, as terapias baseadas em células-tronco já começaram os testes clínicos, incluindo um ensaio avaliando bemdaneprocel, que demonstrou eficácia sustentada 1,5 anos após o tratamento, e outro chamado STEM-PD.

No entanto, as iPSCs precisam ser transplantadas para o cérebro muito cedo em sua maturação de células-tronco para neurônios totalmente funcionais. Mesmo assim, a maioria das células transplantadas não amadurecem totalmente em neurônios dopaminérgicos, uma vez que estão dentro do cérebro.

Assim, "é imperativo continuar estudos pré-clínicos rigorosos para identificar métodos para melhorar seu resultado para maximizar seu potencial reparador/reconstrutivo", escreveram Dowd e seus colegas.

Encapsular células em hidrogéis feitos com colágeno, a proteína mais abundante no tecido conjuntivo, tem o potencial de resolver muitas limitações do transplante. Esses hidrogéis atuam como arcabouço, protegendo as células das respostas imunes, e podem ser infundidos com fatores neurotróficos, proteínas que induzem a sobrevivência, o desenvolvimento e a função dos neurônios.

Em última análise, esperamos que o desenvolvimento contínuo deste gel promissor leve a uma melhoria significativa nas abordagens de reparo cerebral para pessoas que vivem com Parkinson.

Gel aumentou a sobrevivência, função dos neurônios dopaminérgicos em estudo prévio no rato

Em trabalhos anteriores, a equipe de Dowd encapsulava neurônios dopaminérgicos primários em um hidrogel de colágeno carregado com um fator neurotrófico chamado GDNF. O transplante com o gel especializado aumentou drasticamente a sobrevivência e a função dessas células em um modelo de rato de Parkinson.

Neste novo estudo, os pesquisadores testaram o método do gel usando células precursoras dopaminérgicas (DAPs) derivadas de iPSCs (iPSC-DAPs). As células foram transplantadas para o cérebro de um rato de Parkinson, com ou sem o gel, e com ou sem os fatores neurotróficos GDNF e BDNF.

As células derivadas de iPSC sobreviventes foram visíveis em todos os quatro grupos já uma semana após o transplante. Ainda assim, as células do enxerto foram significativamente maiores nos dois grupos tratados com iPSC-DAPs no hidrogel, com ou sem fatores neurotróficos, do que nos dois grupos sem hidrogel.

Isso sugeriu que "não apenas o hidrogel era citocompatível com essas células, os efeitos benéficos do gel já estavam se manifestando logo após o transplante", escreveram os pesquisadores.

Embora as células transplantadas com o hidrogel estimulassem uma resposta imune mais ampla, os pesquisadores observaram que isso provavelmente era "um reflexo do tamanho maior do enxerto nos grupos de hidrogel". Fonte: Parkinsons News Today.