quinta-feira, 7 de julho de 2022

Transplante de fezes pode beneficiar muita gente", diz médico gaúcho sobre nova aposta de Harvard”

 Pesquisadores da tradicional universidade dos EUA sugerem a criação de bancos de microbiota fecal para tratamento de doenças

06/07/2022 - Cientistas de uma das instituições de ensino mais respeitadas do mundo, a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, estão propondo a criação de bancos de fezes humanas. Isso mesmo: os pesquisadores acreditam que transplantes de microbiota fecal podem ajudar a tratar uma série de doenças e até retardar o envelhecimento.
A notícia é recebida com entusiasmo pelo médico gaúcho Pedro Schestatsky (leia a entrevista abaixo), PhD em Neurologia em Harvard e autor do livro Medicina do Amanhã - que, não por acaso, dedica um capítulo inteiro ao intestino. Integrante do quadro clínico do Hospital Moinhos de Vento, na Capital, Schestatsky, que foi professor da UFRGS por 10 anos, vem estudando esse tipo de tratamento para males como Alzheimeresclerose múltipla e Parkinson
Em 2018, quando o Hospital Ernesto Dorneles, em Porto Alegre, sediou o primeiro transplante fecal da América Latina para síndrome do intestino irritável, o neurologista foi o receptor (à época, GZH inclusive publicou uma reportagem sobre o tema). Parece inusitado, mas pesquisas indicam que pessoas acometidas por uma série de enfermidades (de asma a doenças autoimunes) podem se beneficiar dessa terapia, que ainda é alvo de preconceito e de comentários muitas vezes jocosos. 
No Rio Grande do Sul, já temos bastante gente estudando o tema. A maioria são pesquisadores da área da microbiologia. Entre os médicos, ainda há um certo desdém, por isso a chancela de Harvard, onde estudei em 2012, é importantíssima. A ciência finalmente está se curvando ao papel do intestino – celebra Schestatsky.
Órgão de ouro
Cerca de 90% dos neurotransmissores cerebrais, como a dopamina, a serotonina e a noradrenalina (que compõem a maioria dos antidepressivos), são produzidos no intestino -  chamado de “segundo cérebro”. É por isso, segundo Schestatsky, que alguns pesquisadores apostam no transplante de fezes até mesmo para tratar casos de depressão e ansiedade.
Melhor do mundo
A tribo Hadza, que vive no norte da Tanzânia, na África, tem a fama de possuir o “melhor cocô do mundo”. De acordo com Schestatsky, o grupo é fonte de estudos pela diversidade e eficiência do microbioma intestinal. Isso é resultado de hábitos alimentares milenares, baseados no consumo de caça (animais selvagens) e na coleta de frutos silvestres e tubérculos.
"O transplante de fezes pode beneficiar muita gente", projeta Schestatsky
Como o senhor avalia essa aposta de Harvard no cocô?
Fico muito feliz ao ver que a ciência finalmente está reconhecendo o intestino como um dos órgãos mais importantes do nosso corpo. É o nosso órgão maestro, o órgão de ouro. Não se trata apenas da conexão entre o intestino e o cérebro. Ele está conectado a tudo, por isso é tão importante cuidarmos dele. Quando analisamos os cocôs de idosos centenários, por exemplo, percebemos que são mais diversificados, ao contrário de quem só se alimenta com produtos industrializados, o que abre portas para o maior inimigo do ser humano: inflamação no corpo inteiro. O assunto é palpitante, mas ainda temos muito a aprender sobre ele.
O senhor inclusive já recebeu um transplante de fezes e até foi tema de reportagem em ZH, há quatro anos. Como foi?
Foi uma experiência muito importante, uma prova de conceito, de mostrar que o procedimento é seguro e que pode, de fato, trazer bons resultados além de gastrointestinais. No RS, já temos bastante gente estudando o tema. A maioria são pesquisadores da área da microbiologia. Entre os médicos, ainda há um certo desdém.
A aposta de Harvard pode mudar isso?
Sem dúvida. A chancela de Harvard é importantíssima. É uma universidade que conta com algumas das maiores mentes do mundo, então não é pouca coisa. O transplante de fezes pode beneficiar muita gente com patologias intestinais e extra-intestinais, como asma, diabetes, doenças autoimunes etc. Fonte: GZH.


O cocô pode salvar vidas: saiba o que é o transplante de fezes

06/07/2018 - Fique à vontade para rir ao ler as próximas linhas, mas não deixe que seu humor escatológico comprometa a seriedade com que se deve tratar do tema. Estamos falando do transplante de microbiota fecal. Sim, é isso mesmo: transplante de fezes.
Por mais estranho que possa parecer, trata-se de um procedimento que pode representar a solução para diversas doenças.
Sábado passado (30), Porto Alegre sediou o primeiro transplante fecal da América Latina para o tratamento do diabetes. O procedimento foi realizado no Hospital Ernesto Dorneles (HED), sob o comando do médico gastroenterologista Guilherme Becker Sander, chefe do Serviço de Endoscopia do HED, em um paciente que tem especial apreço pelo assunto: o também médico Pedro Schestatsky, diabético e professor de neurologia da Faculdade de Medicina da UFRGS que se dedica ao estudo desse tipo de tratamento para atacar males neurológicos, como Alzheimer, esclerose múltipla, autismo e Parkinson.

O transplante é relativamente simples (veja o vídeo acima , na fonte). O doador precisa ter uma boa microbiota, nome pomposo para o que se conhecia popularmente como flora intestinal. Trata-se de um conjunto de microrganismos – algo em torno de 100 trilhões de bactérias – que faz nosso intestino funcionar sem sobressaltos. São as bactérias do bem que nos habitam. No caso de Schestatsky, ele escolheu um doador vegano, que passou por baterias de exames de sangue e fezes para atestar a qualidade do material que doaria. Mas o veganismo não é pré-requisito. Observa-se uma gama de fatores no doador, como a presença de bactérias perigosas, como salmonela, e os hábitos gerais de vida. O receptor também passa por uma preparação, semelhante à exigida a quem vai se submeter a um exame de colonoscopia. São dois dias tomando laxativos para “zerar” a microbiota. É como esvaziar o intestino de bactérias ruins para substituí-las pelas boas.
Mas o que o intestino tem a ver com diabetes? Pesquisas em diferentes áreas têm demonstrado o papel do órgão nas infecções e nas inflamações sistêmicas e em outros quadros de saúde desequilibrados e a gigantesca conexão dele com o cérebro, o que já fez com que fosse chamado de segundo cérebro”. Acredite: 90% dos neurotransmissores cerebrais, como a serotonina, a noradrenalina e a dopamina – os mesmos que estão contidos nos antidepressivos –, são produzidos no intestino, abrindo a possibilidade para o uso dessa técnica para casos de depressão e ansiedade.
40 mil mortes evitadas por ano
Uma boa flora intestinal está associada a um sistema imunológico mais forte, e a transferência de microbiota já tem se mostrado eficiente em certos casos. No tratamento da colite pseudomembranosa, um quadro de diarreia grave provocado pela superbactéria Clostridium difficile, resistente a antibióticos, o transplante de fezes se mostrou 100% eficiente, evitando cerca de 40 mil mortes por ano no mundo, 14 mil no país. O problema é uma das principais causas de doenças em pacientes internados na rede hospitalar. Pesquisadores da Universidade do Arizona também observaram, em um ensaio aberto, que os sintomas do autismo sofreram significativa melhora após a transferência de microbiota nos pacientes. 
Apesar de um histórico indicativo de um futuro promissor a favor da saúde, o transplante de fezes ainda sofre estigmas, um dos alvos de Schestatsky quando encarou o desafio para tratar seu diabetes. 
As pessoas ainda pensam que é comer cocô. A partir dessa experiência, quero provar a segurança do procedimento e demonstrar a dinâmica disso para que possa ser oferecido a pacientes de casos extremos – diz o neurologista.
As possibilidades de tratamento via transplante de fezes ampliam-se dia a dia. Tanto é que já existem bancos de fezes. No Brasil, o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) abriu o primeiro espaço desse tipo para armazenar o material doado, que fica a uma temperatura de 80°C negativos e precisa ser utilizado em até seis meses. O problema é que para se tornar um doador é preciso aprovação em todos os testes que asseguram a qualidade das fezes e muitos candidatos não conseguem passar nessa seleção.
Schestatsky acredita que o procedimento realizado no Ernesto Dornelles ajudará a coroar o intestino como causa de inflamações e doenças crônicas. No caso dele, os resultados positivos já aparecem na busca por reduzir a medicação contra o diabetes.
Meu perfil glicêmico melhorou significativamente nas primeiras horas. Ficamos todos muito empolgados. Paralelamente, meu sono nos dois últimos dias está quase normal, provavelmente pela ação do transplante sobre o eixo intestino-cérebro – avalia.
O neurologista é um entusiasta do procedimento. Em outros experimentos, a técnica se mostrou eficaz contra a obesidade e em tratamento de autistas, que apresentaram melhora significativa na socialização e no contato visual, duas carências de quem têm o espectro.
O transplante é para casos em que mudanças de hábito e outras opções de tratamento já foram testadas e descartadas.
O tom ainda é muito jocoso (para falar do transplante), mas é, sem dúvida, uma terapia séria que tem marcado efeito. Muita coisa ainda será descoberta – aposta Sander. 
O melhor cocô do mundo
Entre a maioria dos mortais de vida moderna existe uma grande dificuldade para se manter hábitos saudáveis, mas uma tribo distante da África gaba-se de ser fonte de estudos e pesquisas por conta da diversidade e eficiência do microbioma. O povo hadza é um dos poucos no mundo que mantêm há cerca de 10 mil anos hábitos alimentares baseados no consumo de caça e na coleta de frutos silvestres e tubérculos. 
A flora intestinal de seus integrantes é invejável e suscita uma espécie de turismo escatológico e científico sobre o povo. Digamos que eles são os detentores de um dos melhores, senão o melhor, cocô do mundo. A microbiota dessa tribo milenar da Tanzânia é rica em bactérias do bem e está associada a uma melhor imunidade. Fonte: GZH.

Transplante de fezes ainda tem indicação bastante limitada

"Transplante de fezes ainda tem indicação bastante limitada", diz médico do Hospital de Clínicas de Porto Alegre Chefe do Serviço de Gastroenterologia do HCPA, Mário Reis Álvares-da-Silva afirma que procedimento ainda precisa passar por mais estudos e que não é "panaceia".

07/07/2022 - O tema do transplante de fezes - objeto de estudo de pesquisadores de Harvard, como destaquei em GZH na última quarta-feira (6) - segue repercutindo. À frente do Serviço de Gastroenterologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), o professor Mário Reis Álvares-da-Silva traz mais elementos para o debate.Em e-mail enviado à coluna, o médico hepatologista, coordenador substituto do Programa de Pós-Graduação em Gastroenterologia e Hepatologia da UFRGS, diz que a microbiota intestinal, de fato, é um tema promissor e capaz de revolucionar o tratamento de doenças, mas faz ressalvas importantes. "O transplante de fezes pode beneficiar muita gente", diz médico gaúcho sobre nova aposta de Harvard. Segundo o especialista, o procedimento ainda tem indicação “bastante limitada na prática clínica”. Embora já venha sendo realizado no HCPA, isso ocorre em situações específicas. Ou seja: o transplante não deve ser visto como panaceia - até porque ainda há um longo caminho científico pela frente. A microbiota fecal tem sido alvo, inclusive, de estudos na UFRGS, motivando teses de doutorado e dissertações de mestrado. No caso da Universidade de Harvard, uma das instituições de ensino mais respeitadas do mundo, com sede nos Estados Unidos, cientistas estão propondo a criação de bancos de fezes humanas, pois acreditam que transplantes de microbiota fecal podem ajudar a tratar uma série de doenças e até retardar o envelhecimento.

Leia a íntegra do e-mail enviado pelo dr. Mário Reis Álvares-da-Silva à coluna: Prezada Juliana BublitzLi, com interesse, a nota de sua coluna publicada hoje em ZH, a respeito de microbiota intestinal. Sou médico hepatologista, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, chefe do Serviço de Gastroenterologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e ex-coordenador e atual coordenador substituto do Programa de Pós-Graduação em Gastroenterologia e Hepatologia da UFRGS. A reportagem, com informações do Dr. Pedro Schestatsky, querido colega e ex-professor de Neurologia da nossa Universidade, merece, a meu ver, um contraponto. Explico por quê:a) a microbiota intestinal é uma área de pesquisa bastante promissora que deve revolucionar o entendimento e a terapêutica de várias enfermidades, mas o transplante de fezes ainda tem indicação bastante limitada na prática clínica e não deve ser divulgado como uma panaceia;b) não há preconceito algum em relação à microbiota intestinal no meio acadêmico especializado, sendo esse um tema recorrente em congressos médicos. Em nosso serviço no HCPA, o transplante de fezes é realizado, há alguns anos, em situações específicas;c) o estudo da microbiota representa importante área de pesquisa no PPG Gastroenterologia e Hepatologia da UFRGS, com resultados muito significativos, tanto em modelos experimentais, como em humanos, tendo sido motivo de teses de doutorado e dissertações de mestrado de vários alunos. Assim, não posso concordar com a informação geral de que "há desdém entre os médicos" em relação ao tema. Listo alguns estudos do meu grupo de pesquisa publicados em revistas internacionais na área (10.1016/j.cgh.2021.03.045; 10.4254/wjh.v13.i12.2052; 10.2147/CEG.S262879; 10.1080/07315724.2019.1627955) e o recente consenso brasileiro em microbiota intestinal, do qual fiz parte (10.1590/S0004-2803.202000000-72);d) é importante relatar que há riscos ainda não bem estudados em relação ao transplante de fezes. Os inúmeros estudos em andamento em todo o mundo provavelmente trarão em breve informações valiosas a esse respeito.Confesso que também sou um entusiasta da microbiota, como o Dr. Pedro, mas no momento o entusiasmo deve ser modulado, para que evitemos levar à população a promessa de um tratamento que carece de evidências mais conclusivas.Atenciosamente, Prof. Dr. Mário Reis Álvares-da-SilvaChefe Serviço de GastroenterologiaHospital de Clínicas de Porto Alegre. Fonte: GZH.

quarta-feira, 15 de junho de 2022

'O problema não é de quem treme, é de quem vê': empresário reúne relatos de quem descobriu ter Parkinson ainda jovem

Documentário traz também depoimentos de especialistas; veja o filme

15/06/2022 - Depois de mudar radicalmente sua rotina, escrever dois livros sobre a doença de Parkinson e começar a ministrar palestras sobre inclusão, diversidade e como ressignificar a vida, o executivo Guto Pedreira, de 58 anos, morador do Jardim Oceânico, lançou o documentário “Hoje não, a vida tem que seguir”, que trata da doença. O projeto nasceu há um ano, quando Guto procurou a documentarista Angela Zoe para tirar seu sonho do papel.

— Estava ficando muito incomodado por pessoas diagnosticadas com Parkinson sentirem tanta vergonha disso. Muitas não saem de casa por tremerem, andarem de forma diferente. Eu precisava fazer algo. Resolvi contar histórias de vida e de pessoas com menos de 60 que descobriram ter a doença. E a melhor maneira seria um filme — conta.

Guto captou a verba para o projeto com parentes e amigos. Chegou a procurar empresas farmacêuticas responsáveis por um medicamento contra a doença e médicos, mas não houve interesse. No documentário, ele dá seu próprio depoimento e reúne outras cinco pessoas, de diferentes cidades, faixas etárias e classes sociais, com o Parkinson em diferentes estágios.

— É importante mostrar que mesmo com todas as complicações essas pessoas conseguem levar a vida numa boa. Também abre os olhos para os que estão ao redor saberem de sua importância nesse processo. É possível ajudar e apoiar. O problema não é de quem treme, é de quem vê —diz.

Um dos objetivos foi mostrar que o diagnóstico muda a vida, mas é preciso seguir em frente. Além de revelar a forma como os personagens lidam com o problema, há a visão de especialistas.

— A ideia nasceu em junho e em setembro começamos as gravações com uma equipe muito gabaritada de cinema. Quero desmistificar a doença. Ela não é um mal, é só a diminuição da dopamina no cérebro. Olham para a gente com pena e acham que estamos à beira da morte. É um preconceito muito claro — afirma. — O Parkinson não mata, não é o fim da vida. O grande problema é a falta de conhecimento.

O documentário, lançado em abril, tem até agora 11 mil views, e a expectativa é chegar a um milhão de espectadores. Guto conta que recebe mensagens de espectadores dizendo que o filme fez com que se sentissem representados e lhes deu coragem para saírem de casa.

O empresário não nega que a doença seja cruel, mas destaca que é necessário aprender a conviver com ela:

— Hoje eu sou uma pessoa muito melhor do que eu era, me sinto completo e valorizo as pequenas coisas da vida. Se eu posso me ajudar, por que não ajudar também outras pessoas?

Ele pretende ainda fazer um filme mais técnico e criar um podcast, ambos a partir do olhar de quem tem a doença. O documentário está disponível no site movimentoaleatorio.com.br. Fonte: O Globo.

Previsão de resiliência à doença de Parkinson em indivíduos de alto risco por meio de um estudo de associação genômica ampla.

07 jun 2022 - Previsão de resiliência à doença de Parkinson em indivíduos de alto risco por meio de um estudo de associação genômica ampla.

Uma pontuação de resiliência da doença de Parkinson (DP) com base em um estudo de associação genômica ampla conseguiu identificar pacientes com menor probabilidade de desenvolver DP, apesar da presença de fatores genéticos de alto risco.

quinta-feira, 9 de junho de 2022

Investigadores descobrem a proteína chave da doença de Parkinson “Toggle Switch” ("chave bi-direcional")

JUNE 9, 2022 - Pesquisadores descobriram uma nova função para a alfa-sinucleína, um conhecido marcador de proteína de Parkinson, com relevância para o tratamento da doença.

Quando muitas pessoas pensam na doença de Parkinson, associam-na a Michael J. Fox. Talvez ele se destaque porque foi diagnosticado em uma idade tão jovem, já que o Parkinson é relativamente comum. Na verdade, há quase um milhão de americanos vivendo com ele, e cerca de 60.000 mais são diagnosticados a cada ano, de acordo com a Fundação Parkinson, bem como outras pessoas notáveis, incluindo George H.W. Bush, Muhammad Ali, Billy Connolly, Neil Diamond e Billy Graham.

Felizmente, os cientistas estão trabalhando duro, procurando entender a doença, a fim de desenvolver curas e tratamentos. Novos progressos foram feitos nessa frente em novas pesquisas que revelaram insights importantes sobre uma proteína-chave.

Uma das características da doença de Parkinson (DP) é o acúmulo no cérebro de uma proteína conhecida como alfa-sinucleína. Por mais de duas décadas, a alfa-sinucleína tem sido um ponto focal de atenção para pesquisadores, médicos e fabricantes de medicamentos interessados ​​em DP. Mas a função da alfa-sinucleína não é bem compreendida. Um novo estudo liderado por pesquisadores do Brigham and Women’s Hospital, do Harvard Stem Cell Institute e do Broad Institute of Harvard e do MIT lança uma nova luz sobre o papel da alfa-sinucleína, revelando uma nova função para a proteína com relevância para DP e condições relacionadas. Os resultados serão publicados hoje (9 de junho de 2022) na revista Cell.

“Nosso estudo oferece novos insights sobre uma proteína que é conhecida por estar no centro do desenvolvimento da doença de Parkinson e distúrbios relacionados”, disse o autor correspondente Vikram Khurana, MD, PhD, chefe da Divisão de Distúrbios do Movimento do Departamento de Neurologia. na Brigham and Harvard Medical School, e pesquisador principal do Ann Romney Center for Neurologic Diseases no Brigham. “Esta é uma proteína que está sendo alvo da terapêutica atual, mas sua função tem sido elusiva. Tradicionalmente, acredita-se que a alfa-sinucleína desempenha um papel na ligação à membrana celular e no transporte de estruturas conhecidas como vesículas. Mas nosso estudo sugere que a alfa-sinucleína está levando uma vida dupla”.

As pistas iniciais de Khurana e colegas vieram de modelos de levedura e mosca da fruta de toxicidade de alfa-sinucleína e foram fundamentadas por meio de estudos de células humanas, neurônios derivados de pacientes e genética humana. A equipe descobriu que a mesma parte da proteína alfa-sinucleína que interage com as vesículas também se liga a estruturas “P-body”, maquinaria na célula que regula a expressão de genes por meio de RNAs mensageiros (mRNAs). Em neurônios derivados de células-tronco pluripotentes induzidas gerados a partir de pacientes com DP com mutações no gene da alfa-sinucleína, a estrutura fisiológica e a função do corpo P foram perdidas e os mRNAs foram regulados de forma anormal. O mesmo ocorreu em amostras de tecidos de cérebros post mortem de pacientes. Análises genéticas humanas apoiaram a relevância desses achados para a doença: pacientes que acumulam mutações nos genes do corpo P pareciam estar em maior risco de DP.

Os autores descrevem a alfa-sinucleína como um “interruptor” que regula duas funções muito distintas: transporte de vesículas e expressão gênica. Em estados de doença, o equilíbrio é quebrado. Os resultados têm implicações potenciais para o desenvolvimento de tratamentos para DP. Os autores observam que é necessária mais clareza sobre quais componentes da maquinaria do corpo P podem ser os melhores alvos para uma intervenção terapêutica. Estudos genéticos em andamento visam identificar quais pacientes podem ser mais adequados para tal intervenção e quanto essa via recém-descoberta contribui para o risco da doença e progressão da doença em pacientes com DP em geral.

“Se quisermos desenvolver tratamentos direcionados à alfa-sinucleína, precisamos entender o que essa proteína faz e as possíveis consequências da redução de seu nível ou atividade”, disse o principal autor Erinc Hallacli, PhD, do Departamento de Neurologia e o Ann Romney Center for Neurologic Diseases no Brigham. “Este artigo fornece informações importantes para preencher nossas lacunas de conhecimento sobre essa proteína, o que pode ser benéfico para a tradução clínica”.  Original em inglês, tradução Google, revisão Hugo. Fonte: Scitechdaily.

Três circuitos cerebrais distintos no tálamo contribuem para os sintomas de Parkinson

June 8, 2022 - Three distinct brain circuits in the thalamus contribute to Parkinson's symptoms.

A segmentação desses circuitos pode oferecer uma nova maneira de reverter a disfunção motora e a depressão em pacientes com Parkinson.

A doença de Parkinson é mais conhecida como um distúrbio do movimento. Os pacientes muitas vezes experimentam tremores, perda de equilíbrio e dificuldade em iniciar o movimento. A doença também tem sintomas menos conhecidos que não são motores, incluindo depressão.

Em um estudo de uma pequena região do tálamo, os neurocientistas do MIT já identificaram três circuitos distintos que influenciam o desenvolvimento de sintomas motores e não motores do Parkinson. Além disso, eles descobriram que, manipulando esses circuitos, eles poderiam reverter os sintomas de Parkinson em camundongos.

As descobertas sugerem que esses circuitos podem ser bons alvos para novos medicamentos que podem ajudar a combater muitos dos sintomas da doença de Parkinson, dizem os pesquisadores.

"Sabemos que o tálamo é importante na doença de Parkinson, mas uma questão-chave é como você pode montar um circuito que possa explicar muitas coisas diferentes que acontecem na doença de Parkinson. de melhores terapias", diz Guoping Feng, professor de James W. e Patricia T. Poitras em Ciências do Cérebro e Cognitivas no MIT, membro do Broad Institute de Harvard e do MIT, e diretor associado do McGovern Institute for Brain Research na MIT.

Feng é o autor sênior do estudo, que aparece hoje na Nature. Ying Zhang, bolsista de pós-doutorado J. Douglas Tan no Instituto McGovern, e Dheeraj Roy, bolsista NIH K99 e bolsista McGovern no Broad Institute, são os principais autores do artigo. (segue...)

Receptor canabinóide tipo 1 na doença de Parkinson: um estudo de tomografia por emissão de pósitrons com [18F] FMPEP-d2

08 June 2022 - RESUMO

Fundo

O sistema endocanabinóide é um sistema neuromodulador generalizado que afeta várias funções e processos biológicos. Altas densidades de receptores de canabinóides tipo 1 (CB1) e endocanabinóides são encontradas nos gânglios da base, o que os torna um grupo-alvo interessante para o desenvolvimento de drogas em distúrbios dos gânglios da base, como a doença de Parkinson (DP). (segue...) Original em inglês, tradução Google, revisão Hugo. Fonte: Cannabinoid Receptor Type 1 in Parkinson's Disease: A Positron Emission Tomography Study with [18F]FMPEP-d2.

quarta-feira, 8 de junho de 2022

Droga experimental tem como alvo os estágios iniciais do Parkinson

O composto parece seguro em ensaios preliminares, mas a eficácia ainda não está clara

Os lisossomos, vistos aqui dentro de uma célula eucariótica, são o alvo de um novo medicamento para tratar a doença de Parkinson.CHRISTOPH BURGSTEDT/SCIENCE PHOTO LIBRARY VIA GETTY IMAGES

8 JUN 2022 - Um medicamento experimental está levantando novas esperanças para aqueles com doença de Parkinson. Até agora, o composto foi testado apenas em animais e em uma avaliação inicial de segurança em humanos. Mas os resultados mostram que ela inibe uma via celular que dá origem à doença, que os pesquisadores vêm trabalhando há quase 20 anos. Os investigadores estão agora lançando ensaios clínicos expandidos.

“Este é um passo muito, muito importante”, diz Patrick Lewis, neurocientista que estuda os mecanismos do Parkinson no Royal Veterinary College da Universidade de Londres. Se mais testes provarem que o composto é eficaz em humanos, diz Lewis, que não esteve envolvido no novo estudo, ele provavelmente seria administrado aos pacientes assim que exibissem os primeiros sinais de desenvolvimento do distúrbio progressivo. “A esperança é que [o novo medicamento] retarde a progressão da doença”.

O Parkinson afeta cerca de 10 milhões de pessoas em todo o mundo. Isso ocorre quando as células do cérebro que produzem o neurotransmissor dopamina param de funcionar ou morrem. Com o tempo, isso causa um declínio generalizado na função cerebral, levando a tremores e perda de controle muscular. Os medicamentos atuais podem ajudar a substituir a dopamina perdida e reduzir os sintomas, mas nenhuma terapia retarda ou interrompe a própria progressão da doença.

O novo estudo se concentra em um gene chamado quinase 2 de repetição rica em leucina (LRRK2). Pessoas com mutações nesse gene correm alto risco de desenvolver Parkinson. Entre outras funções, o LRRK2 modifica um conjunto de proteínas chamado Rab guanosina trifosfatos, que atuam como controladores de tráfego aéreo, orquestrando o fluxo de proteínas dentro e fora das células.

As mutações aceleram o Rab e reduzem a eficiência das estruturas celulares chamadas lisossomos, que mastigam e reciclam proteínas indesejadas. Isso cria um acúmulo de subprodutos tóxicos que podem matar neurônios e levar ao mal de Parkinson, diz Carole Ho, diretora médica da Denali Therapeutics, uma startup de biotecnologia na Califórnia.

Em 2012, pesquisadores da Genentech descobriram um medicamento candidato que inibe o LRRK2. Mais tarde, os cientistas do Denali ajustaram a estrutura para criar um medicamento chamado DNL201, que pode ser tomado por via oral. Isso levou aos estudos em animais que mostraram que bloqueia LRRK2, reduz Rab e melhora a função lisossomal.

Mas estudos em animais com a droga também revelaram que os tecidos nos pulmões e nos rins – que normalmente produzem altos níveis de proteína de LRRK2, chamada dardarin – acabaram com vesículas maiores que o normal, pequenos recipientes cheios de líquido dentro das células. Isso levantou “preocupações significativas” de que o DNL201 causaria efeitos colaterais nas pessoas, diz Lewis.

Para testar essas preocupações, os autores por trás do novo estudo deram DNL201 a ratos, macacos e 150 voluntários humanos por 28 dias. A ideia era reduzir os níveis de dardarin o suficiente para restaurar a função de Rab ao normal, mas não tanto quanto bloquear completamente a função de dardarin, diz Danna Jennings, neurologista do Denali, que liderou o trabalho.

Nos animais, a droga reduziu os níveis de Rab e aumentou a função lisossomal. Foi bem tolerado quando administrado a 122 voluntários saudáveis ​​e 28 pacientes com Parkinson, que não mostraram sinais de problemas pulmonares ou renais ou outros efeitos colaterais. O rastreamento de marcadores químicos sugeriu que o DNL201 também reduziu os níveis de LRRK2 no sangue e que o composto estava ativo no cérebro, relatam os pesquisadores hoje na Science Translational Medicine. Este ensaio clínico em estágio inicial não foi projetado para avaliar se o composto foi eficaz em retardar a doença de Parkinson.

“É emocionante”, diz Tanya Simuni, neurologista da Northwestern University. Os resultados, diz ela, estão alinhados com a noção de que inibir o trabalho do LRRK2 poderia restaurar a função lisossomal e bloquear a progressão do Parkinson. “Isso certamente nos dá esperança.” Dito isso, tanto Lewis quanto Simuni dizem que parece duvidoso que o novo medicamento reverta os sintomas em pacientes com a doença, porque é improvável que restaure neurônios produtores de dopamina que já foram danificados ou mortos.

Funcionários do Denali dizem que também completaram testes de segurança em humanos com um medicamento intimamente relacionado, o DNL151, que também inibe o LRRK2. Mas eles ainda precisam divulgar os dados do ensaio clínico desse composto. Os testes mostram que o DNL151 dura mais tempo no sangue do que o DNL201, o que pode reduzir a frequência com que os pacientes devem tomá-lo.

A empresa já está trabalhando em um ensaio clínico de segundo estágio para o DNL151 e planeja avançar com um ensaio semelhante para o DNL201. Os estudos darão a droga aos pacientes por até 48 semanas, o que deve ajudar os pesquisadores a determinar se a administração crônica da droga produz efeitos colaterais nos pulmões, rins ou em outros lugares, diz Jennings. Original em inglês, tradução Google, revisão Hugo. Fonte: Science.